domingo, 12 de abril de 2009

ENCHENTES: O MUNDO, PERPLEXO PERGUNTA. POR QUÊ?

ENCHENTES: O MUNDO, PERPLEXO PERGUNTA. POR QUÊ?

Um grande número de pessoas morreram, em conseqüência das chuvas no Estado de Santa Catarina. Outras ficaram desabrigadas e desalojadas e muitos municípios decretaram estado de calamidade pública, alguns em estado de emergência. As estradas foram interditadas em decorrência de deslizamentos e quedas de barreiras provocadas pelas chuvas.

Apegando-se ao que lhe restaram, algumas pessoas, em Santa Catarina, teimavam em não sair de suas casas, mesmo sabendo do risco que corriam. Outras tiveram que sair praticamente à força.

As chuvas também obrigaram milhares de pessoas a deixarem suas casas em várias partes do país. Houve desalojados no Estado do Rio de Janeiro e no Espírito Santo. Também houve estragos no Vale do Paraíba.

Por que? - Esta é a pergunta que o Brasil e o mundo inteiro faz. O Espiritismo explica. E nos conscientiza de que nada acontece por acaso e que ninguém é golpeado sem mais nem menos, como se fosse um inseto intruso. Deus, por sua vez, não decreta a morte de ninguém. Ele dá a cada Espírito o livre-arbítrio, para que cada um possa possa escolher os seus caminhos.

Somos Espíritos eternos em evolução. Não estamos aqui a passeio, nem pelos nossos belos olhos, mas para aprendermos, para evoluirmos. Assim, a lei de causa e efeito, ou lei de ação e reação, é uma lei divina que rege todos os elementos que compõem o Universo. Não há efeito sem causa. Aplicada aos homens, a lei de causa e efeito tem por finalidade regulamentar-lhes as ações, visando a sua educação, sob a mais rigorosa justiça. Ela abrange toda a trajetória do Espírito, no infinito dos mundos.

Mas, onde entra em tudo isso a problemática das catástrofes? A resposta dos Espíritos à pergunta 737, de Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos (Com que fim Deus castiga a Humanidade com flagelos destruidores?), é que " ... a destruição é necessária para a regeneração moral dos Espíritos ... "

O articulista Marcelo Henrique, de Santa Catarina, (cellos@bol.com.br), na matéria "Catástrofe e desencarnações em massa - A visão espírita", destaca três aspectos na resposta dos Espíritos à questão formulada por Kardec: a destruição, a necessidade e a regeneração moral. Diz o articulista: "Em muitas situações, o nexo casual entre a catástrofe e a ação humana acha-se presente. Movido por interesses mesquinhos e sem a adequada compreensão do conjunto (leia-se a contemporânea preocupação com os ecossistemas, a preservação do meio ambiente), os homens alteram a composição geológica, com escavações, desmatamentos, aterro e outros mais, e sua imprevidência acaba gerando as ocorrências das mencionadas catástrofes 'naturais' (questão 741 de O Livro dos Espíritos).

Marcelo Henrique destaca "a situação daqueles que, migrando de suas cidades para os grandes centros, habitam os morros, nas periferias das metrópoles, e, sem a mínima infra-estrutura, ficam à mercê das primeiras enxurradas, que levam seus barracos, que fazem desmoronar enormes pedras, vitimando, não raro, diversas pessoas. Há, aí, um misto entre o evento natural e a ação humana, como causa direta do evento fatal".

Quanto à chamada "fatalidade", na questão 851 de O Livro dos Espíritos, as Entidades Venerandas respondem à pergunta de Allan Kardec: (Há uma fatalidade nos acontecimentos da vida, segundo o sentido ligado a essa palavra? Quer dizer, todos os acontecimentos são predeterminados e, nesse caso, em que se torna o livre-arbítrio?)

Eis a resposta:

"A fatalidade não existe senão para a escolha feita pelo Espírito, ao encarnar-se, de sofrer esta ou aquela prova; ao escolhê-la, ele traça para si mesmo uma espécie de destino, que é a própria conseqüência da posição em que se encontra. Falo das provas de natureza física, porque, no tocante às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o seu livre-arbítrio sobre o bem e o mal, é sempre senhor de ceder ou resistir. Um bom Espírito, ao vê-lo fraquejar, pode correr em seu auxílio, mas não pode influir sobre ele a ponto de subjugar-lhe a vontade. Um Espírito mau, ou seja, inferior, ao lhe mostrar ou exagerar um perigo físico pode abalá-lo e assustá-lo, mas a vontade do Espírito encarnado não fica por isso menos livre de qualquer entrave."

A destruição propriamente dita - No O Liivro dos Espíritos, questão 728, as Entidades Venerandas dizem que o chamamos destruição não é mais que transformação. Surge uma indagação, que é a mesma que Allan Kardec fez aos Espíritos, no século 19: "A necessidade de destruição é a mesma em todos os mundos?" (questão 732, de O Livro dos Espíritos). "É proporcional ao estado mais ou menos material dos mundos e desapareece num estado físico e moral mais apurado. Nos mundos mais avançados que o vosso as condições da existência são muito diferentes."

Em depoimentos colhidos pelas equipes das televisões, junto a pessoas que estão em Santa Catarina, algumas delas dizem que se é chocante assistir tudo isso pela televisão, mais ainda é estar presente, no local. Na questão 738 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta: "Deus não poderia empregar, para melhorar a Humanidade, outros meios que não os flagelos destruidores?" a resposta é: "Sim, diariamente os emprega, pois deu a cada um os meios de progredir pelo conhecimento do bem e do mal. É o homem quem não aproveita; então, é necessário castigá-lo em seu orgulho e fazê-lo sentir a fraqueza."

A questão referente à morte dos bons e dos maus nesses episódios, não passou despercebida por Kardec. (Nesses fiagelos, porém, o homem de bem sucumbe como os perversos, Isso é justo?) - questão 738-a:'Diante a vida o homem relaciona tudo ao corpo, mas após a morte pensa de outra maneira. Como já dissemos: a vida do corpo é quase nada; um século do vosso mundo é um relâmpago na eternidade. Os sofrimentos que duram alguns dos vossos meses ou dias, nada são apenas um ensinamento que vos servirá no futuro. Os Espíritos que preexistem e sobrevivem a tudo formam o mundo real. São eles os filhos de Deus e o objetivo de sua solicitude; os corpos não são mais que disfarces sob os quais aparecem no mundo. Nas grandes calamidades que dizimam os homens eles são como um exército que, durante a guerra, vê os seus uniformes estragados, rotos ou perdidos. O general tem mais cuidado com os soldados do que com as vestes."

Solidariedade _. Caridade, o amor em ação -

Todos nós sentimos orgulhosos pela espécie humana, quando vemos a mobilização de pessoas de todas as raças e de todas as condições sociais, no Brasil e no mundo, no auxílio às pessoas atingidas pelas catástrofes.

Esta é uma das facetas da caridade, o amor em ação, o amor sem barreiras. É a lei do amor, que "substitui a personalidade pela fusão dos seres e extingue as misérias sociais. Feliz aquele que, sobrelevando-se à humanidade, ama com imenso amor seus irmãos em sofrimento ! Feliz aquele que ama, porque não conhece as angústias da alma, nem as do corpo! Seus pés são leves, e ele vive como transportado fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou essa palavra divina - amor - fez estremecerem os povos, e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo", (O Evangelho Segundo o Espiritismo, Edições FEESP - capítulo XI )Amar o próximo como a si mesmo), item 8 (A Lei de Amor).

Edgard Armond dizia que o verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que não apenas dá o que sobra, mas divide o que tem. A hora é de juntarmos nossos esforços em favor dos corações em sofrimento.

A cada ação de desprendimento, vamos nos espiritualizando e diminuindo o nosso apego ao mundo material, tão passageiro. Olhemos em volta. Quantos bens nos são disponibilizados no dia-a-dia, até mais do que precisamos ! E se observarmos no que nos sobra e que simplesmente jogamos fora, certamente daremos um puxão de orelha em nós mesmos, e diremos: "Mas que egoísta que eu sou!"

Este é o maior desafio a ser vencido, para fazer valer a encarnação. Jesus disse que o Filho do Homem não veio à Terra para ser servido, mas para servir. E nós também, aqui estamos para servir. A caridade é a virtude por excelência e constitui a mais alta expressão do sentimento humano, sobre cuja base as construções elevadas do Espírito encontram firmeza para realizar atividades nobres, em, prol de todas as criaturas. (...)

Altamirando Carneiro - Jornal Espírita

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