domingo, 31 de maio de 2009

Saibamos confiar - Ler Matéria - Jornal O CLARIM

Walkiria Lúcia de Araújo Cavalcante

“Não andeis, pois, inquietos” – Jesus (MATEUS, 6:31). (Vinha de Luz, cap. 86)
Paciência, a arte de saber esperar. Confiar nos desígnios de Deus, sabendo que o nosso momento presente corresponde ao nosso melhor momento de aprendizagem. O qual não o faremos, se assim não o quisermos.
“O Livro dos Espíritos” em sua questão 709 desdobra o tema: “Meios de Conservação”. Mas o que achei interessante foi a resposta dada pelos espíritos, que tomamos a liberdade de aplicá-la ao tema proposto: “Já respondi dizendo que há maior mérito em suportar todas as provas da vida com coragem e abnegação.” Retornamos para “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo IX, item 07 e nos deparamos com a seguinte mensagem: “A dor é uma bênção que Deus envia aos seus eleitos; não vos aflijais, pois quando sofrerdes, mas bendizei, ao contrário, o Deus todo-poderoso que vos marcou pela dor neste mundo para a glória no céu.”
Não há sofrimento sem causa pregressa. Este é um dos itens (A Paciência) do Evangelho que, particularmente, mais leio. Como se pudesse adquirir a paciência por osmose. Sei que não é assim. Mas aprendi com a doutrina que quanto mais uma lição é repassada, mais permanece fixada em nossa mente, ficando mais fácil para a prática diária em nossas vidas. Só fazemos aquilo que sabemos. Antes de tudo temos que ter a informação. E isto a doutrina faz por nós. Não existem mistérios. Tudo está na natureza. Com a evolução vamos compreendendo melhor as informações que nos fogem no momento atual.
Ao mais desavisado que se depara com a afirmação que devemos nos sentir os eleitos de Deus e ainda bendizê-Lo, pode parecer, no mínimo, uma fé cega. Mas isto não é verdade. Aprendemos nos itens 01 a 03 do capítulo V, Justiça das Aflições, do próprio Evangelho, que não recebemos nenhuma herança que não é nossa. Isto já é muito reconfortante. Mas, ao mesmo tempo, aprendemos que a responsabilidade não é do outro e sim nossa. Constatamos que ainda sofremos por nossa irresponsabilidade.
Ser pacientes também é uma forma de sermos caridosos. “A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.” Realmente às vezes damos a esmola não numa atitude de ajuda ao próximo, mas como uma forma de nos livrarmos naquele momento de quem nos incomoda. Mas perdoarmos, na acepção da palavra, é bem mais difícil. Mas não é impossível. Há uma outra diferença: aquele que nos pede algo, pede e vai embora; aqueles que estão conosco a caminho, estão ao nosso lado. E parece que quanto mais tentamos nos “livrar”, mais “grudados” ficamos. É a lei de afinidade que nos “puxa” uns para os outros. E sem sabermos direito quem foi o ofensor ou o ofendido estamos juntos novamente para nos reajustarmos com as Leis Divinas. E dependendo dos laços que nos vinculam ao passado, somos os dois ao mesmo tempo. Tendo a certeza que só o amor e o perdão mútuos nos libertarão e unirão.
Por isso fazemos questão de difundir o estudo da doutrina espírita e o evangelho no lar, que servem não-somente de purificador moral, mas, também, como antídoto diário contra males futuros. Em alguns casos não os impedindo, mas dando-nos força moral para enfrentá-los. Não podemos ganhar a guerra se não nos dispusermos a vencermos a batalha. Momentos difíceis vivemos todos nós; sofrimentos, temos em quantidade, mas não podemos nos deixar abater por eles.
A proposta é clara. Devemos suportar todas as provas da vida com coragem e abnegação. Com galhardia. Quando alguém nos faz um mal não devemos conjecturar o porquê. Devemos analisar como resolver o problema, não deixando que ele crie raízes em nossas vidas. Que à semelhança de uma árvore que tem raízes profundas, essas situações mal resolvidas, que geram mágoas, não acabem por se enraizar em nosso subconsciente, criando cicatrizes difíceis e demoradas para serem solucionadas. Nos momentos mais difíceis de nossas vidas não nos perguntemos que mal fizemos em outra encarnação para merecermos o que estamos vivenciando. Antes, perguntemos a nós mesmos o que já aprendemos, no decorrer de tantas encarnações e desencarnações, o que poderemos colocar em prática. E se, mesmo assim, o mal persistir por alguns momentos, elevemos o nosso olhar para o Alto e procuremos em nossas lembranças mais remotas as benesses que Deus já nos enviou. Fortaleçamos o evangelho no lar e confiemos que a noite mais escura termina com um sol fulgurante.
Lembremos sempre da seguinte frase: “A vida ensina que sempre ganha, aquele que cede, que serve, que perde, por mais estranho que esse comportamento pareça ao utilitarismo materialista” (Livro Nas Fronteiras da Loucura, Manoel P. de Miranda, psicografado por Divaldo P. Franco, capítulo 22, Atendimento Coletivo). Não percamos nunca de vista os princípios basilares da doutrina. E nem douremos demais a pílula para que a mensagem trazida pelos espíritos e codificada por Kardec não perca sua essência.

O subliminal positivista e a personalidade humana - Ler Matéria - Revista RIE

Cairbar Schutel

Publicado na RIE em setembro de 1930

SÃO PAULO, o doutor dos gentios, numa das suas memoráveis epístolas, revoltado contra a incredulidade dos sábios do seu tempo, disse que — “a ciência incha e o amor edifica”.
Esta sentença de quatro palavras traduz perfeitamente o modo de ver a vida por aqueles que, presos à ciência convencional do nosso mundo, parece terem feito profissão de fé negativista.
A muita ciência, para os que não estão treinados nas lides espirituais, não há dúvida que conduz à descrença. O atleta que só exercita os músculos dos braços não pode ter fortes os das pernas e vice-versa.
Quem cultiva o intelecto, fazendo isolar as vibrações do cérebro das vibrações do coração, não se pode equilibrar sob os ditames da verdade, porque a verdade não é só raciocínio, mas sentimento também; o homem pensa, mas sente e muitas vezes o sentimento se alia mais facilmente à percepção que à própria razão. Se de um lado o ser humano é dotado de visão e audição, de outro ele tem sensações, porque sem sensação não pode haver percepção.
Sabemos que todas as manifestações se fazem por meio de vibrações que despertam a sensação, visto ser a sensação a única via que vai ter à percepção.
Como isolar-se o homem do horizonte largo em que deve agir para cercear-se a estreitos limites que não abrangem absolutamente o seu campo de ação, e negar seres e coisas que não são percebidos pelas suas vistas! Vamos concordar que esse modo de julgar destoa completamente dos princípios da lógica e do bom senso.
Encerrar-se o “sábio” num positivismo dogmático, cuja conclusão antecipada é a dissolução, o neantismo, a morte como epílogo da existência terrestre, fazer deste dogma um princípio, um postulado, e proclamar depois que todas as manifestações psíquicas nada mais são que estratificações de propriedades vitais do médium, é o cúmulo do senso pervertido aliado ao orgulho.
Como poderá o médium construir inconscientemente personalidades que nunca conheceu e que demonstram a sua identidade como tendo vivido na Terra! Como poderá essa “estratificação mediúnica” se transformar em individualidades que se fotografam e materializam-se, afirmando-se completamente distintas da pessoa do médium, narrando sua existência anterior, dando seus nomes, idade, local de nascimento e falecimento, contando particularidades da sua vida, de pleno acordo com os registros e pesquisas feitas depois com grandes dificuldades, sendo ainda que não só o médium como os assistentes ignoravam todos esses fatos e desconheciam o próprio indivíduo!
Que teoria difícil, para não dizer impossível de se compreender, é essa proclamada pelos “positivistas da ciência”!
O próprio adepto de tão extravagantes ideias não sabe como se haver para conciliar os princípios dos “complexos físicos” com os do panteísmo que absorve a força vital com o seu inconsciente no Todo Universal.
A negação da alma como entidade permanente que assiste e preside a renovação das células e subsiste ao desmembramento do corpo, não se apoia em fato algum que os materialistas possam evocar para fazerem valer a sua teoria. Ela não passa de uma teoria negativista com brilhos de ciência.
Ao contrário, todos os fatos psíquicos, sejam os anímicos, sejam os propriamente ditos espíritas, vêm em favor da “teoria espírita”, muito racional, muito lógica e que não nasceu de um artigo de fé, de um dogma, mas dos próprios fatos que ergueram-na sobre os seus sólidos fundamentos.
Demais, como explicar esses “complexos de propriedades físicas” vencendo o fluxo e refluxo da matéria, guardando reminiscências, presidindo os atos da memória, finalmente, exercendo uma tarefa inteligente, melindrosíssima em que a inteligência é figura proeminente, mas sem consciência do que faz, e coisa mais irrisória ainda, sem consciência de si mesma!
Uma inteligência que não é inteligência, uma sabedoria que não é sabedoria, um ser que age de maneira verdadeiramente douta, aumenta concomitantemente em saber, em critério, com espírito de distribuição equitativa, que morre mas que não morre, que se extingue com o último alento dos pulmões, com a última palpitação do coração, mas que, entretanto, quintessencia-se por uma transformação enigmática, e apresenta-se na forma subliminal fazendo milagres, operando maravilhas e prodígios, é mais sublime ainda que o homunculos de Wagner admirado por Mefistófeles.
A Ciência é um grande ascensor do progresso humano, mas quando descamba pelos terrenos acidentados da negação sistemática é um dos maiores fatores do retrocesso, da degradação da humanidade.
O subliminal do positivismo não resiste a uma análise.
Em face da ciência cai diante das provas palpáveis que nos são apresentadas todos os dias; em face da moral é a desagregação da família, da sociedade, é as trevas se batendo contra a luz, é a queda da humanidade alheia a todos os sentimentos altruísticos, a todas as nobres paixões que nos guiam à senda da verdadeira felicidade.

Criacionismo, Evolucionismo e Espiritismo - Ler Matéria - Revista RIE

Eliseu Mota Júnior

Neste ano de 2009 a comunidade científica comemora o bicentenário do nascimento de Charles Robert Darwin (12/02/1809-19/04/1882), e o sesquicentenário da primeira edição de seu livro A origem das espécies, ocorrida em 24 de novembro de 1859. Por causa dessas efemérides, renasceram os debates em torno do criacionismo e do evolucionismo, as duas principais teorias sobre a criação do universo. Por isso, faremos uma pequena síntese de cada uma delas e daremos uma visão espírita desse importante assunto.
O criacionismo, embasado na Gênese bíblica, sustenta que, cerca de quatro mil anos antes da era cristã, Deus criou o mundo em seis dias, na seguinte ordem: a luz (primeiro dia); o firmamento (segundo dia); a terra, as plantas, as ervas e as árvores frutíferas (terceiro dia); o Sol, a Lua e as estrelas (quarto dia); os animais marinhos e as aves (quinto dia); os animais domésticos, os répteis, os animais selvagens, o homem e a mulher (sexto dia). E, havendo Deus terminado a criação, no sétimo dia descansou de sua obra.
Charles Darwin foi o primeiro cientista a oferecer uma alternativa a esse relato bíblico da criação. Observando plantas e animais numa viagem de cinco anos ao redor do mundo, ele concluiu que a evolução explica a diversidade dos seres vivos, tendo como base a chamada seleção natural, teoria segundo a qual os integrantes das diferentes espécies competem reciprocamente na luta pela vida, saindo vencedor aquele que apresentar qualquer variação de habilidade mais vantajosa. Em suma, os mais fracos perecem e os mais aptos sobrevivem, legando à sua descendência as variações benéficas. No tocante à origem do homem, os evolucionistas sustentam que a transição entre o reino animal e a espécie humana foi feita através dos primatas e dos homens pré-históricos. Estão de acordo em que o homem e a família dos macacos se separaram a partir de um antepassado comum.
Uma visão espírita livre de preconceitos pode aceitar o evolucionismo e a teoria cosmogônica do “big bang”, segundo a qual tudo começou a partir da singularidade, um minúsculo átomo energético que sofreu uma expansão súbita e originou o universo, há mais ou menos dezoito bilhões de anos. Antes do “big bang” havia uma espécie de “campo quântico inicial”, onde a noção de materialidade não tem sentido, pois não existia traço algum do que seja material. No instante primordial ocorreu uma transferência de energia extremamente elevada, que permitiu a criação do átomo primitivo. E isto num contexto onde o espaço e o tempo ainda não têm existência física. A “grande explosão ou expansão” inicial poderia ter sido caótica, desordenada, mas os componentes desse universo nascente obedecem a uma ordem rigorosa desde a fase inicial, como se o homem tivesse nascido em um universo feito para ele, intencionalmente construído na sua medida por uma inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, a que o Espiritismo denomina Deus.
Atualmente os cientistas constataram a existência de um fenômeno de ordem subjacente, que conduz inelutavelmente ao surgimento da vida. Com efeito, eles lembram que a desordem não é um estado natural da matéria, mas um estado que precede a emergência ou a eclosão de uma ordem mais elaborada. Ficou demonstrada a existência de uma espécie de trama contínua que une o inerte, o preexistente e o vivo, a matéria tendendo a se estruturar para se tornar matéria viva. A Doutrina Espírita esclarece que Deus criou o espírito (princípio inteligente do universo) e a matéria, os quais, unidos por um agente intermediário, originaram a criação, cujo ápice é exatamente a vida.
De fato, na lúcida visão de Léon Denis, “não sendo a vida mais que uma manifestação do espírito, traduzida pelo movimento, essas duas formas de evolução são paralelas e solidárias. A alma elabora-se no seio dos organismos rudimentares. No animal está apenas em estado embrionário; no homem, adquire o conhecimento, e não mais pode retrogradar. Porém, em todos os graus ela se prepara e conforma o seu invólucro. As formas sucessivas que reveste são a expressão do seu valor próprio. A situação que ocupa na escala dos seres está em relação direta com o seu estado de adiantamento” (Depois da morte, pp. 132-l33). Em outras palavras, “a alma dorme no mineral, sonha no vegetal, agita-se no animal e desperta no homem”.
Em síntese, ao mostrar que “fé raciocinada só o é aquela que enfrenta a razão face a face em todas as épocas da humanidade”, o Espiritismo é o único elo capaz de uni-las, porque sem ele “a ciência continua manca e a religião prossegue na sua cegueira”, como diria o cientista Albert Einstein.

O trabalho - Jornal O CLARIM

Cairbar Schutel

Publicado em 15 de agosto de 1928

A vida consiste no trabalho, e feliz daquele que bem sabe aproveitar o seu tempo, trabalhando sem cessar, fazendo obra de engrandecimento moral, obra de engrandecimento espiritual.
Felizes os que ao saírem desta vida, ao chegarem à Outra, puderem dizer – trabalhei e lutei, não para encher as arcas de um tesouro aparente, fictício, mas para melhorar o mundo em que vivi, engrandecer as almas que comigo caminharam, aperfeiçoar a minha individualidade a fim de prepará-la para a posse da Imortalidade.
“A vida é combate”, disse o poeta. Lutemos. “A vida é trabalho, na qual cinzelamos o diamante que nos há de adornar a fronte”. – Trabalhemos: transformemos a lagarta imóvel que jaz em nós em célere borboleta e a chama que arde vagorosamente nos íntimos refolhos do nosso “eu” em estrela que cintile no firmamento azul da infinda felicidade.
Homens obreiros, agitai as vossas forjas, sulcai a terra produtiva que o Senhor vos deu! Operários, que os sons dos vossos malhos se cruzem e façam ouvir em todas as cidades; que o zunido dos vossos motores encham os ares!
Filósofos! de pena em riste traçai normas de conduta aos homens; animai-os com as vossas esperanças; convencei-os da existência de uma vida mais cheia de encantos e pródiga em riqueza que os aguarda; moralizai-os no amor ao próximo; exaltai-vos no amor a Deus, para que façam jus à herança prometida!
Trabalhai, pois é do trabalho que vem o salário; do salário virá a felicidade.
A hora que atravessamos é de lutas e de trabalho.
Lembrai-vos que Jesus trabalhou e lutou toda a sua existência no mundo, nos três planos da vida, material, moral e espiritual, e que o “Pai trabalha sem cessar!”
Trabalhai porque o grande obreiro já se acha entre nós, e ai daquele que for achado debruçado na charrua; ai daquele que disser: “O Senhor demora a vir; folguemos!
Trabalhemos e sejamos humildes no cumprimento do dever; indulgentes, generosos, benevolentes mas enérgicos para que um dia, o qual embora apenas vislumbramos, possamos ser discípulos daquele que é o Poder, a Luz e o Amor do Mundo e diante de quem todas as potestades curvam os joelhos.

O Espírita e a Caridade - Ler Matéria - Jornal O CLARIM

O espírita estudioso sabe que toda a moral de Jesus está consubstanciada na caridade e na humildade: caridade, que é o contraponto do egoísmo, e humildade, que representa o contraponto do orgulho.
Não há quem não anseie pela felicidade. Entretanto, ela jamais será alcançada sem a presença dessas duas virtudes.
Isso porque a felicidade é um estado de espírito e tem a ver com o equilíbrio da mente e do coração, neste mundo e no outro.
Ninguém tem, efetivamente, essa paz de espírito se a consciência lhe cobra ter sido, no relacionamento com o próximo, maquiavélico, falso, dissimulado, insincero, antifraterno.
Essa paz interior, entretanto, brota, quando o sentimento de solidariedade, de fraternidade, de amor, é exercitado, de inúmeras maneiras:
A paciência com o próximo mais próximo;
O amparo à criança e ao idoso;
A assistência ao enfermo e ao recluso, e assim por diante.
Cada um tem a sua programação reencarnatória e nela diversas formas de praticar a caridade e a humildade.
Salvar-se, no entendimento espírita, significa bem aproveitar essas oportunidades, saindo-se vencedor nessa programação.
Representa caridade e humildade calar-se diante da ofensa e perdoar.
Quem assim age está indo contra o egoísmo e o orgulho.
E não é somente com relação ao próximo, mas também em relação a Deus.
Quem ama o próximo está amando ao Criador. Quem revolta-se diante do próximo está se revoltando diante do Pai Maior: é como se dissesse, murmurando, “Deus é injusto colocando no meu caminho pessoa ou pessoas que me servem de prova, testando-me continuamente.”
Não se podendo amar verdadeiramente a Deus sem a prática efetiva da caridade em relação ao próximo, a garantia do progresso espiritual e moral reside no seu exercício.
Às vezes ouve-se questionamentos sobre se a filantropia seria caridade ou não.
A filantropia, por definição, significa amor à humildade.
Assim sendo, se é caridade o amor ao próximo, é caridade também o amor à humildade (Jesus nos ama, a todos).
Como se sabe sobejamente, pelos ensinamentos espíritas, a caridade pode ser espiritual e/ou material e isso se aplica tanto a uma pessoa em particular como a um grupo maior ou menor de pessoas.
Na programação reencarnatória de todos está presente tanto uma como outra forma de caridade, desde a vida em família como a vida em sociedade.
O que varia de um para outro indivíduo é a particularidade da tarefa, seja em função de prova, de reparação, ou de ambos.
No estágio evolutivo em que nos encontramos, ninguém se considerará missionário, no sentido religioso da palavra. Entretanto, quedar indiferente em relação às necessidades do próximo, se se pode de alguma forma ajudar, representa culposa omissão, da qual um dia se haverá de prestar contas.
A Doutrina Espírita, com o seu tríplice e indispensável aspecto, enfatizando a prática da caridade como condição para o desenvolvimento espiritual e moral, mostra o caminho a ser seguido pelos que já a compreendem.
Quanto mais estudo mais é sentida a necessidade da prática da caridade; quanto mais a caridade é praticada mais profundamente é sentido o efeito dessa causa em termos de bem estar espiritual.
Pela análise da essência da mensagem espírita, constata-se que o Espiritismo representa o Consolador, a reviscência do Cristianismo na sua pureza dos primeiros tempos cristãos. Ser espírita verdadeiro e buscar ser verdadeiro cristão.

Motivos de resignação - Ler Matéria - Revista RIE

Muitas pessoas murmuram diante das dificuldades da vida, o que representa, de maneira consciente ou inconsciente, revolta contra Deus.
É como se dissessem: não mereço os obstáculos, as provas que estou vivenciando; que Deus está sendo injusto comigo!
Trata-se de um foco equivocado frente à existência corpórea no planeta em que vivemos.
Fomos, como o espírita estudioso sabe, criados simples e ignorantes mas tendo por meta nos tornarmos sábios e benevolentes no curso do tempo.
Deus, que nos ama, a par de nos ter concedido a consciência, a inteligência, a razão, o livre-arbítrio, nos proporciona ciclicamente programações reencarnatórias.
Cada programação reencarnatória é cuidadosamente preparada por benfeitores espirituais, dela podendo participar o Espírito que irá reencarnar, se já tem condições para isso.
Na programação são levados em conta, entre outros aspectos, o lado daquilo que o Espírito fez ou deixou de fazer em existência ou existências físicas anteriores, e o lado daquilo que, no momento presente, mais útil é ao seu desenvolvimento espiritual, na direção do progresso incessante.
Os desafios da vida, as provas, bem como as expiações, portanto, têm por finalidade servir à evolução de cada um, não representando desamor de Deus por nós, mas, muito pelo contrário, amor e misericórdia; amor pela obra (que somos nós) que Ele mesmo criou; misericórdia para com nossos equívocos, débitos, erros pregressos.
Cada Espírito reencarnado, portanto, encontra-se no melhor local e na melhor situação para enfrentar lances que, se bem resolvidos, representarão acréscimo aos seus valores e à sua bagagem espiritual.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo V, item 12, 52ª edição – FEB, que tem o título deste editorial, Kardec pondera:
Por estas palavras: Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados, Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem e a resignação que leva o padecente a bendizer do sofrimento, como prelúdio da cura.
Não se trata, como o espírita estudioso sabe, apenas da cura de enfermidades orgânicas, mas, também, de cura das enfermidades da alma.
Prossegue Kardec:
Também podem essas palavras ser traduzidas assim: Deveis considerar-vos felizes por sofrerdes, visto que as dores deste mundo são o pagamento da dívida que as vossas passadas faltas vos fizeram contrair; suportadas pacientemente na Terra, essas dores vos poupam séculos de sofrimentos na vida futura. Deveis, pois, sentir-vos felizes por reduzir Deus a vossa dívida, permitindo que a saldeis agora, o que vos garantirá a tranquilidade no porvir.
O espírita, com sua fé raciocinada, pode, pois, entendendo o mecanismo das provas e expiações no contexto do progresso do Espírito, suportar um “mal” com resignação, conformar-se, sem murmurar, diante de certos desafios, sejam eles de ordem material, espiritual ou moral, não significando isso que irá cruzar seus braços, mas que terá como lema: buscarei modificar para melhor tudo que estiver ao meu alcance, mas me resignarei diante daquilo que não conseguir mudar!
Finaliza Kardec:
O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme o modo por que encare a vida terrena.
Resignáveis, portanto, são todas as provas, expiações, perdas, sofrimentos que o encarnado não conseguir reverter, lembrando-se que Deus nunca coloca nos ombros de seus filhos fardos superiores às suas forças.
Com os olhos, bem como a mente e o coração, voltados para o futuro melhor e mais feliz que nos aguarda, pelo próprio esforço, podemos entender e sentir a transitoriedade da existência material.

sábado, 30 de maio de 2009

Humberto de Campos - Biografia




Humberto de Campos nasceu na pequena localidade de Piritiba, no Maranhão, em 1886.

Foi menino pobre. Estudou com esforço e sacrifício. Ficou órfão de pai aos 5 anos de idade. Sua infância foi marcada pela miséria. Em sua "Memórias", ele conta alguns episódios que lhe deixaram sulcos profundos na alma.

Tempo depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, então Capital da República, onde se tornou famoso. Brilhante jornalista e cronista perfeito, suas páginas foram "colunas" em todos os jornais importantes do País.

Dedicou-se inteiramente à arte de escrever, e por isso eram parcos os recursos financeiros. A certa altura da sua vida, quando minguadas se fizeram as economias, teve a idéia de mudar de estilo.

Adotando o pseudônimo de Conselheiro XX, escreveu uma crônica chistosa a respeito da figura eminente da época - Medeiros e Albuquerque-, que se tornou assim motivo de riso, da zombaria e da chacota dos cariocas por vários dias.

O Conselheiro, sibilino e mordaz, feriu fundo o orgulho e a vaidade de Medeiros, colocando na boca do povo os argumentos que todos desejavam assacar contra Albuquerque. O sucesso foi total.

Tendo feito, por experiência, aquela crônica, de um momento para outro se viu na contingência de manter o estilo e escrever mais, pois seus leitores multiplicaram, chovendo cartas às redações dos jornais, solicitando novas matérias do Conselheiro XX.

Além de manter o estilo, Humberto se foi aprofundando no mesmo, tornando-se para alguns, na época, quase imortal, saciando o paladar de toda uma mentalidade que desejava mais liberdade de expressão e mais explicitude na abordagem dos problemas humanos e sociais.

Quando adoeceu, modificou completamente o estilo. Sepultou o Conselheiro XX, e das cinzas, qual Fênix luminosa, nasceu outro Humberto, cheio de piedade, compreensão e entendimento para com as fraquezas e sofrimentos do seu semelhante.

A alma sofredora do País buscou avidamente Humberto de Campos e dele recebeu consolação e esperança. Eram cartas de dor e desespero que chegavam às suas mãos, pedindo socorro e auxílio. E ele, tocado nas fibras mais sensíveis do coração, a todas respondia, em crônicas, pelos jornais, atingindo milhares de leitores em circunstâncias idênticas de provações e lágrimas.

Fez-se amado por todo o Brasil, especialmente na Bahia e São Paulo. Seus padecimentos, contudo, aumentavam dia-a-dia. Parcialmente cego e submetendo-se a várias cirurgias, morando em pensão, sem o calor da família, sua vida era, em si mesma, um quadro de dor e sofrimento. Não desesperava, porém, e continuava escrevendo para consolo de muitos corações.

A 5 de dezembro de 1934, desencarnou. Partiu levando da Terra amargas decepções. Jamais o Maranhão, sua terra natal, o aceitou. Seus conterrâneos chegaram mesmo a hostilizá-lo.

Três meses apenas de desencarnado, retornou do Além, através do jovem médium Chico Xavier, este, com 24 anos de idade somente, e começou a escrever, sacudindo o País inteiro com suas crônicas de além-túmulo.

O fato abalou a opinião pública. Os jornais do Rio de Janeiro e outros estados estamparam suas mensagens, despertando a atenção de toda gente. Os jornaleiros gritavam. Extra, extra! Mensagens de Humberto de Campos, depois de morto! E o povo lia com sofreguidão...

Agripino Grieco e outros críticos literários famosos examinaram atenciosamente a produção de Humberto, agora no Além. E atestaram a autenticidade do estilo. "Só podia ser Humberto de Campos!" - afirmaram eles.

Começou então uma fase nova para o Espiritismo no Brasil. Chico Xavier e a Federação Espírita Brasileira ganharam notoriedade. Vários livros foram publicados.

Aconteceu o inesperado. Os familiares de Humberto moveram uma ação judicial contra a FEB, exigindo os direitos autorais do morto!

Tal foi a celeuma, que o histórico de tudo isto está hoje registrado num livro cujo título é "A Psicografia ante os Tribunais", escrito por Dr. Miguel Timponi.

A Federação ganhou a causa. Humberto, constrangido, ausentou-se por largo período e, quando retornou a escrever, usou o pseudônimo de Irmão X.

Nas duas fases do Além, grafou 12 obras pelo médium Chico Xavier.

"Crônicas de Além-Túmulo", "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", "Boa Nova", "Novas Mensagens", "Luz Acima", "Contos e Apólogos" e outros foram livros que escreveu para deleite de muitas almas.

Nas primeiras mensagens temos um Humberto bem humano, com características próprias do intelectual do mundo. Logo depois, ele se vai espiritualizando, sutilizando as idéias e expressões, tornando-se então o escritor espiritual predileto de milhares.

Os que lerem suas obras de antes, e de depois, de morto, poderão constatar a realidade do fenômeno espírita e a autenticidade da mediunidade de Chico Xavier.

O mesmo estilo, o mesmo estro!

Fonte: Revista REFLEXÕESEdição n.º 5 - Maio de 1999 - Fernandópolis - SP - Brasil

A FICHA - IRMÃO X

A FICHA - IRMÃO X

João Mateus, distinto pregador do Evangelho, na noite em que atingiu meio século de idade no corpo físico, depois de orar enternecidamente com os amigos, foi deitar-se para um merecido descanso. Sonhou que alcançava as portas da Vida Espiritual e, deslumbrado com a leveza de que se via possuído, intentava alçar-se, para melhor desfrutar a excelsitude do Paraíso, quando um funcionário de Passagem Celeste se aproximou, a lembrar-lhe solícito.

"João para evitar qualquer surpresa desagradável no avanço, convém uma vista d´olhos em sua ficha..."

E o viajante recebeu primoroso documento, em cuja face leu, espantadiço:

João Mateus
Renascimento na Terra em 1904
Berço manso
Pais carinhosos e amigos
Inteligência preciosa
Cérebro claro
Instrução digna
Bons livros
Juventude folgada
Boa saúde
Invejável noção de conforto
Sono calmo
Excelente apetite
Seguro abrigo doméstico
Constante proteção espiritual
Nunca sofreu acidentes de importância
Aos 20 anos de idade, empregou-se no comércio
Casou-se aos 25 anos, em regime de escravização da mulher
Católico romano até os 26
Presenciou, sem maior atenção, 672 missas
Aos 27 de idade, transferiu-se para as fileiras espíritas
Compareceu a 2.195 sessões de Espiritismo, sob a invocação de Jesus
Realizou 1.602 palestras e pregações doutrinárias
Escreve cartas e páginas comoventes
Notável narrador
Polemista cauteloso
Quatro filhos
Boa mesa em casa
Não encontra tempo para auxiliar os filhos na procura do Cristo
Efetuou 106 viagens de repouso e distração
Grande intolerância para com os vizinhos
Refratário a qualquer mudança de hábitos para a prestação de serviços aos outros
Nunca percebe se ofende ao próximo, através de sua conduta, mas revela extrema suscetibilidade ante a conduta alheia
Relaciona-se tão somente com amigos do mesmo nível
Sofre horror às complicações da vida social, embora destaque incessantemente o imperativo da fraternidade entre os homens
Sabe defender-se com esmero em qualquer problema difícil
Além dos recursos naturais que lhe renderam respeitável posição e expressivo reconforto doméstico, sob o constante amparo de Jesus, através de múltiplos mensageiros, conserva bens imóveis no valor de Cr$ 600.000,00 e guarda em conta de lucro particular a importância de Cr$ 302.000,00
Para Jesus, que o procurou na pessoa de mendigos, de necessitados e doentes, deu durante toda a vida 90 centavos
Para cooperar no apostolado do Cristo, já ofereceu 12 cruzeiros em obras de assistência social.

DÉBITO...

Quando ia ler o item referente às próprias dívidas, fortemente impressionado, João acordou.
Era manhãzinha...

À noite, bem humorado, reuniu-se aos companheiros, relatando-lhes a ocorrência.
Estava transformado, dizia. O sonho modificara-lhes o modo de pensar. Consagrar-se-ia doravante ao trabalho mais vivo, no movimento espírita: pretendia renovar-se por dentro, reuniria agora palavra e ação.
Para isso, achava-se disposto a colaborar substancialmente na construção de um lar, destinado à recuperação de crianças desabrigadas que, desde muito, desejava socorrer.
A experiência daquela noite inesquecível era, decerto, um aviso precioso. E, sorridente, despediu-se dos irmãos de ideal, solicitando-lhes novo reencontro para o dia seguinte. Esperava assentar as bases da obra que se propunha levar a efeito.
Contudo, na noite imediata, quando os amigos lhe bateram à porta, vitimado por um acidente das coronárias, João Mateus estava morto.


Fonte:
Livro "Contos e Apólogos", psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Irmão X, edição FEB.

Link da Página: http://www.grupoandreluiz.org.br/ler_materia.php?id=19

(Publicado em 21/01/2007)

A PROTEÇÃO DE SANTO ANTÔNIO

Conta-nos venerando amigo que Antônio de Pádua, no luminoso domicílio
do plano superior, onde trabalha na extensão da glória Divina,
continuamente recebia preces de pequena familia dos montes italianos.
Todos os dias, era instado a prestar socorros e enlevava-se com as
incessantes manifestações de tamanha fé.
O admirável taumaturgo, por vezes, nas poucas horas de lazer,
recreava-se anotando o registro dos petitórios, procedentes daquele
reduzido núcleo familiar. Sorria, encantado, relacionando-lhes as
solicitações. O grupinho devoto suplicava-lhe a concessão das melhores
coisas. Lembrava-lhe o nome, a propósito de tudo. Nas enxaquecas dos
donos da casa. Nos sonhosdas filhas casadouras. Nos desatinos do rapaz.
Nos sapatos das crianças.
O santo achava curiosa a repetição das rogativas. Variavam de
trimestre a trimestre, repetindo-se, porém, cronologicamente. Assim é
que determinava aos colaboradores o fornecimento de recursos sempre
iguais, de conformidade com as estações. Dinheiro e utilidades, socorro
e medicação, alegria e reconforto.
Reproduziam-se os votos, na atividade rotineira, quando Santo Antônio
reparando, mais detidamente, as notas de que dispunha, verificou,
surpreso, que aquele punhado de crentes confiantes não apresentara,
ainda , nem um só pedido de trabalho. O protetor generoso meditou,
apreensivo, e como a devoção continuasse, fresca e ingênua, por parte
dos beneficiários, deliberou visitá-los pessoalmente.
Expediu aviso prévio e desceu, no dia marcado, para verificações
diretas. Desejava inteirar-se de quanto ocorria.
De posse da notificação, celestino, inteligente cooperador espiritual
dele, veio esperá-lo, não longe da residência humilde dos camponeses.
O iluminado solicitou notícias e o companheiro de boas obras
respondeu, respeitoso.
— Em breve, sabereis tudo.
Com efeito, daí a momentos penetravam em pequeno recinto rural, uma
casa antiga, um jardim abandonado, um quintal escarpado entregue ao
mato inútil e um telheiro a ruir, fingindo estábulo, onde uma vaca
remoía a última refeição.
Entraram.
Na sala, em trajes domingueirosde regresso da missa, um casal de
velhos ouvia a conversação dos filhos, um jovem robusto, duas moças
casadeiras e duas crianças.
Santo Antônio abençoou o quadro doméstico, observando que a sua
efígie era guardada carinhosamente por todos. As impressões verbais
eram intercaladas de louvores ao seu nome. De instante a instante,
assinalava-se o estribilho:
— Graças a Santo Antônio!
Voltando-se para o cooperador atento, o pretigioso amigo celeste
pediu esclarecimentos quanto aos serviços do grupo. Foi informado,
então, de que nenhum dos membros daquela comunidade possuia trabalho
certo, convenientemente remunerado. Celestino, aliás, terminou sem
circunlóquios:
— O pessoal gira em torno de uma vaca, que torno participante de
vossas bênçãos.
— Como? — indagou o santo, admirado.
— O pai, que se diz doente, angaria capim, de modo a alimentá-la. As
Jovens ordenham-na duas vezes por dia. O rapaz conduz o leite à vila
para vender. Bolinha, a vaca protetora, sai do quintal somente cinco
dias por ano, quando passeia junto a rebanho próximo. é obrigada a
fornecer seis a oito litros de leite, em média diária, e um bezerro
anualmente. A dona da casa envolve-a em atmosfera de doce agasalho e os
meninos escovam-na cuidadosamente. Apesar disso, porém, vive abatida,
entre as cercas do escarpado curral. Sabendo nós quanto amor consagrais
a esta granja, repartimos com a humildade vaquinha as dádivas
incessantes que vossa generosidade nos envia. Desse modo,
garantimos-lhe a saúde e o bem-estar, porquanto, se a produçao dela
cair, que sucederá aos vossos despreocupados devotos? Bolinha é tudo o
que lhes garante o pão e a vestimenta de hoje e de amanhã.
Antônio dirigiu-se ao estábulo, pensativo...
Acariciou o animal heróico e voltou ao interior.
Na palestra intima, animada, ouvia-se, de momento a momento:
—Louvado seja Santo Antônio!
—Viva Santo Antônio!
—Santo Antônio rogará por nós!
De permeio, sobravam queixas do mundo.
O advogado celestial, algo triste, convidou o companheiro a
retirar-se e acrescentou:
— Auxiliemos positivamente esta família tão infeliz.
Antônio acercou-se da vaca, levantou-a, e sem que bolinha percebesse
guiou-a para alto, de onde se contemplava enorme precipício. Do cimo, o
santo ajudou-a a projetar-se rampa abaixo. Em breves segundos a vaca
não mais pertencia ao rol dos animais vivos na Terra.
Ante o colaborador assombrado, explicou-se o taumaturgo:
— Muitas vezes, para bem amparar, é imprescindivel retirar as escoras.
E voltou para o Céu.
Do dia seguinte em diante, as orações estavam modificadas. Os
camponeses fizeram solicitação geral de serviço e, com o trabalho digno
e construtivo de cada um, a prosperidade legítima lhes renovou o lar,
carreando-lhes paz, confiança e júbilos sem-fim...
Quantos Benfeitores Espirituais são diariamente compelidos a imitar,
no mundo dos homens encarnados, a proteção de Santo Antônio?

IRMÃO X
(Retirada do Livro "Luz Acima" Psicográfia de
Francisco Cândido Xavier edição FEB.)

Espetáculos Inesquecíveis - Operários do Palco




Mais de 15 mil pessoas já se emocionaram com estes espetáculos. Venha você também!

Valor do Ingresso: R$30,00
Aposentados/Professores/Estudantes/A.B.O/A.M.E/
Classe Teatral/Ouvintes da Rádio Mundial/ Rádio Boa Nova
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sombra não assombra- Workshop

Descubra sua luz interior

“Desvende os mistérios e contradições que existem em você mesmo. Conheça o lado oculto de sua personalidade, a sombra que, ao longo da vida, acompanha seus passos, o influencia e interfere em suas escolhas.”

Livre-se do medo, da angústia, da insegurança e do preconceito. Aprenda com Miriam Salete – psicóloga, estudiosa e pesquisadora do comportamento –, a libertar-se do seu lado sombrio e iluminar sua caminhada na direção da felicidade.
Em São Paulo, durante o evento “A sombra não assombra – descubra sua luz interior” – realizado por iniciativa do Grupo Espírita Geam, com apoio da Butterfly Editora– Miriam Salete, especialista no comportamento humano, explicará como reconhecer e aceitar em si o lado sombra, para se tornar um ser, não perfeito, mas mais feliz.

A sombra não assombra
O workshop “A sombra não assombra – descubra sua luz interior”, será ministrado no dia 7 de junho, domingo, das 14 às 17h, no Grupo Espírita Geam (Rua Força Pública, 24, São Paulo), ao lado da estação Carandiru do Metrô. Depois da apresentação, a doutora Miriam Salete vai responder as perguntas dos participantes. Para participar, inscreva-se pelo telefone (11) 2221-4028 (de segunda a sexta-feira, das 14 às 18 horas), ou por e-mail: workshop@terra.com.br. No valor da inscrição – R$ 30,00 – estão inclusos o livro “A sombra não assombra” (São Paulo: Butterfly Editora), lançamento de Miriam Salete, e o coffebreak.
“O caráter antagônico da Natureza é descrito pela literatura, pela psicologia e pela filosofia. Foi Heráclito quem primeiro descreveu a função reguladora dos contrários, mostrando que, em algum momento, as coisas correm em direção ao seu contrário. Foi seguindo os caminhos da Natureza que Jung descreveu este mesmo jogo antagônico na psique humana. Demonstrou a inclinação natural da psique de convergir na direção de um centro - para o si-mesmo.
Jung chama a atenção para o perigo de haver identificação com um dos pólos, o que resultaria em doença psíquica. A unilateralidade romperia a tensão necessária para manter o equilíbrio e a saúde psíquica.
O lado sombra, ao ser reprimido, faz pressão para se manifestar. Daí a necessidade de se compreender essa força psíquica.
Como acredita Jung, "é no oposto que se acende a chama da vida".
Jung alerta que o confronto com os opostos, e a sua integração, é fundamental para se alcançar a totalidade, para que o homem se torne um ser, não perfeito, mas mais feliz.
Totalidade inclui reconhecer e aceitar em si, as qualidades que estão em oposição "ao ideal do ego", as qualidades opostas aos valores culturais e morais. A integração dos opostos é um processo que começa pelo reconhecimento da sombra, ou seja, da parte da personalidade que contém os aspectos primitivos, reprimidos, inadequados aos padrões estéticos e morais de uma cultura.
Tomar consciência da sua sombra é condição "sine qua non" para o indivíduo começar o caminho rumo ao autoconhecimento.
Quem não conhece sua face sombria, só conhece uma face de "sua moeda", é um ser unilateral, iludido sobre sua natureza humana, e, por isso, presa fácil do mal, adepto do recurso de projetar no outro, no mundo, as qualidades que não reconhece em si.
A sombra reprimida e relegada ao inconsciente, torna-se um potencial de energia, energia essa que vem a tona sob a forma de projeção.”

A sombra não assombra – descubra sua luz interior

Programação
14 horas – Início do workshop.
15h30 – Coffebreak.
15h45 – Segunda parte do workshop.
16h30 – Espaço para perguntas.
17h – Encerramento.

Inscrições e informações
workshop@terra.com.br

Local
Grupo Espírita Geam
Rua Força Pública, 24 (Santana), CEP 02012-080 – São Paulo – SP.

Divulgação
www.jornaldosespiritos.com

Apoio
Butterfly Editora
.

Evangelhos apócrifos

Revelações excluídas da Bíblia
DA REDAÇÃO
Palestra na Livraria Cultura vai explicar a origem e o conteúdo dos Evangelhos apócrifos, não reconhecidos pela Igreja Católica e excluídos da Bíblia.
No próximo dia 19 de junho, sexta-feira, a partir das 19 horas, por iniciativa da Petit Editora, a Livraria Cultura vai apresentar a palestra “Os Evangelhos apócrifos”, de Gilvanize Balbino Pereira, médium que psicografou o livro "Verdades que o tempo não apaga", portador de revelações sobre o tema.
A palavra “apócrifo” é originária do grego apokryphos e significa oculto. O termo é utilizado para classificar os Evangelhos que a Igreja não incluiu na Bíblia. A origem da exclusão reporta ao ano de 367 d.C., quando o bispo Atanásio de Alexandria ordenou a destruição de inúmeros manuscritos, os quais, de acordo com o Concílio de Nicéia, realizado em 325 d.C., não eram merecedores de crédito por se tratar de relatos fantasiosos que contradiziam os dogmas do Catolicismo.
Em virtude do valor histórico desses apócrifos, os religiosos, que detinham sua posse, não cumpriram a determinação do bispo. Com a intenção de preservá-los, enterraram-nos nas margens do rio Nilo, no sopé do penhasco Djebel El-Tarif. Em 1945, urnas de argila contendo mais de mil páginas de papiro – com inscrições em copta, antigo idioma egípcio – foram descobertas por jovens que residiam na aldeia de El-Kasr.
O conjunto desses códices – pergaminhos enrolados – foram denominados Bíblia de Nag Hammadi, nome da localidade onde foram encontrados Até então, os apócrifos eram conhecidos apenas por serem citados.

Manuscritos do Mar Morto
No ano de 1947, nas grutas de Qumran, no Mar Morto, dois pastores encontraram rolos de papiros escritos em hebraico. A descoberta despertou grande repercussão: os escritos ficaram conhecidos como os “Manuscritos do Mar Morto”. Parte deles é compatível e outra contraditória com a Bíblia. Na mesma época, encontraram-se, em outras grutas da região, apócrifos escritos em aramaico e grego. Em 1955, nessa mesma localidade, foram descobertos papiros escritos em grego, produzidos antes do nascimento de Jesus – os mais antigos dos quais se tem notícia.
Entre os temas polêmicos mencionados nos Evangelhos apócrifos estão referências à reencarnação, a pluralidade das existências, que, segundo evidências históricas, foi declarada heresia durante a realização do 5° Concílio de Constantinopla, realizado em 553 d.C. na cidade de Istambul, na Turquia.
No livro Verdades que o tempo não apaga – dos Espíritos Ferdinando, Tiago e Bernard, psicografado por Gilvanize Balbino Pereira – encontram-se trechos dos Evangelhos apócrifos que mencionam a reencarnação: “Se fôssemos filhos de uma única existência seríamos tais quais as árvores desnutridas (...) que perdem suas seivas em virtudes de serem podadas e, consequentemente, não suportando a poda morrem sem esperança e se olvidam que podem produzir seus brotos e reiniciar mais um ciclo de sua vida”, palavras atribuídas a Jesus pelo aposto André em seu Evangelho.
Verdades que o tempo não apaga menciona outro apócrifo, cuja autoria é de Bartolomeu. Refere-se, igualmente, aos esclarecimentos de Jesus quanto às existências sucessivas: “Ninguém está isento da morte ou de nascer de novo. Meu pai, que é bondoso e pleno em compaixão, permitiu que seus filhos que já viveram outras vidas, retornassem à Terra para novas experiências que lhes trouxessem mais sabedoria”.

A palestrante
A médium Gilvanize Balbino Pereira, que vai ministrar a palestra sobre os apócrifos na Livraria Cultura, recordou a época em que surgiu seu interesse pelo tema: “Meu primeiro contato com os Evangelhos excluídos do Novo Testamento foi no ano de 2002 quando revisava um livro que psicografei sobre os escritos de Bartolomeu. Posteriormente, em São Paulo, visitei uma exposição sobre os manuscritos do Mar Morto, ocasião em que conheci algumas das obras históricas mencionadas no livro 'Verdades que o tempo não apaga'”.
Para entender melhor a importância dos Evangelhos apócrifos, sua origem e conteúdo, participe do evento que será realizado na Livraria Cultura, dia 19 de junho, sexta-feira, a partir das 19 horas. Depois da palestra, Gilvanize Balbino Pereira, que é médium espírita e estudiosa do tema, responderá perguntas dos participantes.
Gilvanize também psicografou "Lanternas do tempo"; "Lágrimas do Sol" e "Cetros partidos", obras que tem como pano de fundo a luta dos cristãos pela afirmação de sua crença ao longo do tempo.

Inscrições gratuitas e informações
evangelhos@petit.com.br

Programa (19 de junho 2009, sexta-feira)
19h – Abertura do evento (Afonso Moreira Jr.)
19h15 – Palestra “Os Evangelhos apócrifos” (Gilvanize Balbino Pereira)
20h30 – Espaço para a palestrante responder a perguntas dos participantes do evento
21h30 – Encerramento

Local
Livraria Cultura
Shopping Bourbon Pompéia
Rua Turiassú, 2.100 (Pompéia), loja 211 (3° piso), próxima da estação Barra Funda do Metrô. CEP 05005-900 – São Paulo – SP.

Iniciativa
Butterfly Editora
www.flyed.com.br

Divulgação
www.jornaldosespiritos.com

Apoio
Livraria Cultura
www.livrariacultura.com.br

Gpec Educação e Cultura
www.gpeconline.com.br

Farmácia Planeta Azul
www.farmaciaplanetaazul.com.br

PSEUDO mentor

Vale repelir dez verdades do que admitir uma mentira

ORSON PETER CARRARA

A base de sustentação fluídica de uma instituição espírita está na reunião mediúnica. É ali, na constância e seriedade dos companheiros que se estabelecem através do tempo os recursos protetores do grupo e da própria instituição. Portanto, quando os espíritos contrários ao bem desejam desestabilizar uma instituição, o primeiro caminho que eles buscam é a reunião mediúnica. É o local onde, se não houver harmonia entre os seus integrantes, seriedade nas tarefas e comprometimento com as propostas do Espiritismo, será fácil ser transformado num foco de intrigas, desunião e origem de inúmeros transtornos que podem levar à derrocada de qualquer grupo.

Eis um caso grave para nossa reflexão.
Um inteligente espírito, ainda devotado ao mal e à perseguição, com objetivos de vingança, desejando destruir um grupo mediúnico que atuava recuperando inúmeros espíritos em dificuldade – e, portanto, atrapalhando os objetivos daquele espírito – descobriu um jeito fácil de provocar a desunião.

Trouxe para o ambiente da reunião, onde ele já se apresentava em inúmeras tentativas exitosas como o mentor da casa, um espírito embriagado e que sentia muita dor de cabeça. Despojou-o sobre um dos médiuns mais considerados do grupo, que passou a sentir fortes dores de cabeça. Através de outro médium, então, o inteligente espírito apresenta-se – novamente como se na condição de mentor – e, depois de considerações iniciais, afirmou que tiraria a dor de cabeça forte que o médium estava sentindo, sem que o próprio médium houvesse antecipado qualquer informação sobre o desconforto mental.

E, confirmando o que prometera, retirou o espírito que ele mesmo trouxera, resultando em alívio imediato para o médium. Aí firmou-se no grupo a idéia do suposto poder daquele espírito que manifestava-se já há algum tempo... Especialmente para aquele médium que viu sua aguda e repentina dor de cabeça desaparecer também num efeito rápido.

Um dos médiuns, todavia, de percepção sintonizada com o bem percebeu o embuste e alertou o grupo. Aí se estabeleceu a confusão, porque especialmente o médium beneficiado repentinamente da incômoda dor melindrou-se com a observação. Daí para a agressão verbal foi um passo. Pronto, estabeleceu-se a desunião, objetivo primeiro daquele inteligente e equivocado espírito.

Quantos de nós já não passamos por essas observações inoportunas que nos fascinam, estabelecem confusão e são fartos caminhos de melindres e desentendimentos?

Algo que exige um pouco mais de reflexão do que a simples aceitação cega de um fato que pode muito bem ser uma bela armadilha bem montada. Daí a oportunidades das sábias recomendações dos espíritos para que estejamos alertas e vigilantes, especialmente aquela trazida por Erasto em "O Livro dos Médiuns", no item 230 do capítulo vinte – Influência Moral do Médium: “(...) Desde que uma opinião nova se apresenta, por pouco que vos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica; o que a razão e o bom-senso reprovam, rejeitai ousadamente; vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só mentira, uma só falsa teoria. (...)”.