quinta-feira, 18 de junho de 2009

A) O ESPIRITISMO NA ATUALIDADE

Depois de séculos de obscurantismo religioso e do dogmatismo imposto, consciências amadurecidas começam a despertar em busca de solução para os seus problemas transcendentes. Nos dias de hoje, vê-se um surto desenfreado de seitas e doutrinas que procuram atender aos Espíritos inquietos, sedentos de novas luzes. Há um inegável interesse pelo fenômeno, como resposta a velhas questões filosóficas, sem qualquer conseqüência de ordem moral.

Nesse diapasão, vê-se um crescimento do espiritualismo no mundo, redescobrindo velhas práticas, com roupagem moderna. Presas ao imediatismo da vida material, as criaturas especulam em todos os campos possíveis, no encalço de fórmulas mágicas ou de revelações fantásticas que lhes atendam os anseios da curiosidade vã.

Quando se trata do comportamento humano e das suas conseqüências morais, o homem ainda se reserva o direito de não esmiúçá-lo, conservando-se como era (e como pretende continuar sendo), protegido pelos mecanismos de defesa da sua personalidade. A nova ordem de coisas custa a penetrar nos corações mais endurecidos.

O Espiritismo, porém, como o Consolador Prometido pelo Cristo, surge no horizonte humano como um oásis em meio ao universo da desinformação e da desesperança, oferecendo ao homem o conhecimento da verdade que liberta e eleva o Espírito.

Enquanto muitos ainda permanecem presos aos modismos, buscando soluções imediatistas para problemas enraizados na personalidade desde longa data, e aderindo a práticas místicas do passado, com roupagem moderna, “o Espiritismo, nos tempos modernos, é, sem dúvida, a revivescência do Cristianismo em seus fundamentos mais simples”, como enfatiza Emmanuel.

Mostrando ao homem que ele é o interexistente, isto é, aquele que vive entre os dois mundos, oferece-lhe novas oportunidades de realização, por alterar-lhe o panorama das cogitações mentais. A sobrevivência além da morte já não encerra a criatura nos círculos intransponíveis do céu, inferno e purgatório. A pluralidade dos mundos habitados, da mesma forma, não prende o Espírito nas teias incompreensíveis da mesquinha problemática planetária.

O Diálogo entre vivos e mortos alarga o universo do conhecimento e preserva os laços afetivos bem formados. Os sofrimentos não são senão nódulos temporários na cadeia da evolução, dissolvidos pelo trabalho digno e pelo conhecimento de si mesmo, que levam o indivíduo a harmonizar-se definitivamente com os imperativos da lei divina. O princípio da reencarnação passa a ser entendido como a chave que abre as portas da existência a todos quantos desejem ardentemente atingir a perfeição a que todos estamos destinados pela Justiça e o Amor Divinos.

Hoje, encontramos na literatura espírita toda sorte de recursos para a renovação necessária, a começar pelas obras da Codificação. N’O Evangelho, o roteiro para a solidificação do comportamento fraterno cristão. Em O Livro dos Espíritos, os princípios filosóficos para a fortificação do pensamento bem formado. Em O Livro dos Médiuns, a prática mediúnica à luz da fenomenologia perispíritica.

Além disso, a obra de Francisco Cândido Xavier, com mais de 400 títulos, surge com um indispensável complemento para o conhecimento do Espírito imortal, mormente com as mensagens dos Espíritos André Luiz e Emmanuel. Da pena mediúnica ainda, cumpre ressaltar a obra de Divaldo Pereira Franco, composta de muitos títulos e ditada por Joanna de Angelis, Bezerra de Menezes, Victor Hugo e muitos outros Espíritos.

Não bastasse todo esse manancial de bênçãos, há ainda o trabalho dos clássicos como Léon Denis, Gabriel Delanne, Camille Flammarion e Ernesto Bozzano, entre os mais notáveis. Autores contemporâneos devem ser lembrados também: Hernani Guimarães Andrade, Jorge Andréa, Hermínio C. Miranda, Richard Simonetti, Paulo Alves Godoy, José Herculano Pires, Manoel Pelicas São Marcos e outros.

Nos dias atuais, vê-se ainda o surgimento de novas práticas que se colocam dentro do vasto círculo da fenomenologia do espírito, entre as quais destacamos a TRVP (Terapia Regressiva a Vidas Passadas) e a TCI (Transcomunicação Instrumental), que auxiliam na elucidação de algumas questões da competência da Doutrina Consoladora. Todavia “urge o estabelecimento de recursos para a ordenação justa das manifestações que dizem respeito à nova ordem de princípios que se instalam vitoriosos na mente de cada um”, adverte Emmanuel.

Hoje, sente-se a necessidade da unificação do Espiritismo, em torno do ideal do ensino espírita, do aprendizado da Doutrina, principalmente no que diz respeito ao Evangelho de Jesus, com a prática da caridade e do amor ao semelhante. Congressos mundiais ou internacionais vêm sendo organizados com essa finalidade, no Brasil e na Europa. É um fato histórico, de grande significado.

Se o Espiritismo começou com a curiosidade (causada pela estranheza dos fenômenos) e passou para a fase do raciocínio e da filosofia, é chegado o terceiro momento: da aplicação e das conseqüências. Já superamos a etapa da fé cega e chegamos ao porto seguro da fé raciocinada, sob as claridades inegáveis de um novo tempo. Não basta conhecer o Evangelho; é preciso praticá-lo. Não é suficiente ter os exemplos de Jesus na memória; é imprescindível inscrevê-los no coração e segui-Lo, além dos limites do tempo...

BIBLIOGRAFIA:

Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo
Xavier, F. C. - Roteiro

TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA

“O Reino dos Céus é semelhante a um homem, pai de família, que ao romper da manhã saiu a assalariar trabalhadores para a sua vinha. E tendo feito com eles o ajuste de um denário por dia, mandou-os para a sua vinha. Saiu, ainda, pela terceira hora, e viu estarem outros na praça, ociosos. E disse-lhes: ide vós também para a minha vinha e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saiu, porém, outras vezes, pela sexta e pela nona hora do dia; e fez o mesmo.

E tendo ainda saído à undécima hora achou outros que lá estavam, também desocupados e lhes disse: por que estais vós aqui o dia todo, ociosos? Responderam-lhe eles: porque ninguém nos assalariou. Ide então vós também para a minha vinha. Porém, lá no fim da tarde, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: chama os trabalhadores e paga-lhes o jornal, começando pelos últimos e acabando nos primeiros. Tendo chegado, pois, os que foram ajustados na hora undécima, recebeu cada um o seu denário.

E chegados também os que tinham ido primeiro , o seu denário. E chegados também os que tinham ido primeiro julgaram que haviam de receber mais; porém também estes não receberam mais do que um denário cada um. E ao recebê-lo, murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes, que vieram por último, não trabalharam senão uma hora e tu os igualastes conosco, que aturamos o peso do dia e do calor. Porém ele, respondendo a um deles, lhe disse:

Amigo, eu não te faço agravo; não concordaste comigo no preço de um denário pelo teu dia? Toma o que te pertence e vai-te, que eu de mim quero dar também este último tanto como a ti. Não é licito fazer o que quero? Acaso teu olho é mau porque eu sou bom? Assim, os últimos, serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, pois muitos são os chamados, mas poucos os escolhidos”. (Mateus, 20:1-16. Ver também Mt, 22:1-14).

”Parábola da festa de Núpcias”. Consideramos que nesta parábola, entre outras coisas, o Mestre aproveita para mais uma vez admoestar os homens sobre o seu inveterado costume de reparar sempre demais nas coisas que dizem respeito aos outros do que cuidar das que lhes são próprias. Estamos sempre prontos para superavaliar o nosso próprio mérito e subestimar o merecimento alheio e parece-nos injustiça que os outros recebam mais ou tanto quanto nós por um serviço que, na nossa opinião, executamos tão bem ou melhor do que eles.

Avaliando o nosso próprio valor, somos invariavelmente levados a exagerá-los perante o mundo, em detrimento do valor real que muitas vezes possui o nosso semelhante. Por isso, Jesus, conhecedor profundo de nossas fraquezas, ministra-nos lições que nos alertam e nos obrigam a considerar melhor o nosso procedimento, ajudando-nos a aceitar sem revoltas e sem murmurações tudo o que nos couber na vida, pois recebemos sempre o que melhor nos serve e de acordo com o nosso merecimento.

As reiteradas vezes que o pai de família, durante as várias horas do dia, desde o amanhecer até a última hora, sai, para convidar e assalariar novos trabalhadores, devem significar para nós a constância com que somos chamados a realizar a nossa tarefa, e o pagamento, sempre de acordo com o nosso esforço, perseverança e dedicação, nem sempre proporcional ao tempo gasto para executá-la, simboliza as conquistas definitivas que vamos fazendo, em busca de nosso aperfeiçoamento no caminho da evolução.

As referências que notamos no texto evangélico, sobre a hora terceira, hora sexta e hora nona, correspondem, respectivamente, de acordo com a divisão do dia usada naquele tempo, às nossas atuais 9 horas, 12 horas e 15 horas do dia, sendo ainda, a undécima hora deles igual às 17 horas de hoje.

Em face do orgulho que caracterizava as classes elevadas dos judeus daquela época, objetivava o Mestre com a sua Doutrina, abater aquele sentimento mau, ao mesmo tempo que animava os esforços das classes menos favorecidas, enchendo de esperanças e de coragem os pecadores que se arrependiam, mostrando-lhes, ainda, que a questão não era de classe, nem de culto ou de nacionalidade, mas sim de trabalho para obter merecimento recompensado e encorajado, igualmente, os trabalhadores que tardiamente adquiriam o conhecimento das verdades evangélicas.

Com muito mais propriedade, ainda, pode a parábola ser explicada através da Lei da Reencarnação, sendo então fácil aceitarmos a aparente desproporção da paga, visto tratar-se no caso, de caminheiros da eternidade em diferentes estágios evolutivos, uns mais e outros com menos realizações trazidas do passado e portadores, portanto, de necessidades diferentes.

Da mesma forma se esclarece porque haverá primeiros que serão últimos e últimos que serão primeiros, pois o que decidirá será a maneira como caminharmos, isto é, se nos esforçamos para frente, em linha reta, seremos dos primeiros e, no caso contrário, se tomarmos atalhos tortuosos, seremos dos últimos, não obstante pudéssemos ter sido dos primeiros, a iniciar a marcha e a adquirir conhecimentos.

Igualmente, muitos serão chamados de cada vez e todos serão chamados no curso dos tempos, mas, como é sempre muito grande o número de recalcitrantes e retardatários em relação aos obedientes e diligentes, acontece que poucos são os escolhidos de cada vez.

BIBLIOGRAFIA:

Xavier, F. C - Roteiro

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