quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ler Matéria - Revista RIE


A missão do homem inteligente na Terra
Octávio Caúmo Serrano

Título do item 13 do Capítulo VII de o Evangelho Segundo o Espiritismo.

Deveríamos já de início definir, segundo o nosso entendimento, o que é um homem inteligente.
Na nossa visão, o homem inteligente não é apenas o que sabe muito e tem rapidez de raciocínio. Nem aquele que é dotado de extremo bom senso quando se trata de participar de alguma empreitada. É o que tem, isto sim, todo um conjunto de atributos emoldurados pelo mais sublime sentimento que o homem deve possuir: a humildade. O homem inteligente é o que conhece a si mesmo.
O orientador Ferdinand, em Bordeaux – 1862, deixou-nos a mensagem em pauta com aconselhamentos interessantes.
Recomenda logo de início que não devemos ter orgulho do que sabemos por que esse saber tem limites bem estreitos. Já dizem que o pseudossábio pensa que sabe; o verdadeiro sábio tem certeza de que nada sabe.
Se tivermos discernimento e olharmos à nossa volta, veremos quantas utilidades corriqueiras utilizamos sem ter a mínima ideia de como elas são feitas ou funcionam. E se conhecemos a função e a intimidade de algumas poucas, seguramente desconhecemos a da maioria, mesmo em se tratando das mais corriqueiras. O forno por micro-ondas, a lâmpada, o controle-remoto, a fabricação do plástico, da tinta, do papel, do lápis etc. E lidamos com eles no cotidiano. Daí o espírito afirmar no parágrafo anterior que o saber tem limites bem estreitos. E, numa lembrança do que disse Jesus a Nicodemus, estamos falando apenas das coisas da Terra.
Diz que mesmo se nos julgarmos uma sumidade no globo não temos razão para envaidecimento. Devemos agradecer a Deus por nos situar num lugar e condição em que podemos desenvolver mais conhecimentos para depois fazer uso desses dotes ao favorecer o maior número de pessoas que pudermos.
A inteligência que temos nunca deverá ser usada para humilhar ou diminuir o semelhante e sim para tentar tirá-lo da inferioridade e da ignorância por estar ainda entre as inteligências retardatárias.
A natureza de cada ferramenta insinua para que ela serve. O martelo para pregar, o serrote para cortar e a inteligência para ensinar. Percebe-se naturalmente sem precisar ser gênio.
Mas o serrote não corta sem o serrador e o martelo não prega sem o trabalhador. Assim, a inteligência morta, armazenada na mente de quem a possui, sem espalhar-se a benefício dos outros, é ferramenta que enferruja e para nada se aproveita.
Da mesma forma ela será nociva se servir apenas para espalhar desordem, discórdia, maldade. O operário não usa o serrote para agredir o patrão nem o empregado o martelo para ofender quem lhe paga. Assim como a ferramenta deve ser usada cuidadosamente e com habilidade, para que produza o que dela se espera, a inteligência pode construir ou destruir segundo o uso pelo seu possuidor.
A inteligência, quando é atributo de um espírito adiantado, é a grande ponte para um futuro espiritual feliz, já que produz o bem onde estiver, beneficiando todos os que dele se aproximam. Ajuda para que o Plano Divino tenha menos trabalho na produção do progresso da humanidade.
Lamentavelmente, como acontece com a riqueza e com a beleza, a inteligência é geralmente usada para encher-nos de falsa superioridade. Esses três atributos são tão frágeis que basta um golpe de má sorte ou imprevidência para que o rico empobreça, um simples desastre para que a beleza se esvaia e uma doença cerebral para que a inteligência não possa mais ser manifestada, causando sofrimento e frustrações ao espírito que fica como o motorista de um carro com pneus furados e motor fundido! Por mais habilidade que tenha como condutor da máquina, não poderá tirá-la do lugar.
Sintetizando esta nossa análise, o espírito Ferdinando, autor da mensagem, diz que basta uma poderosa mão para retirar-lhe o que ela mesma lhe deu. Dependendo de como a inteligência seja usada, será mesmo um ato de misericórdia do plano divino, privar o homem da sua lucidez, impedindo-o de criar mais e mais faltas que lhe custarão remorsos e dolorosos flagelos, quer na erraticidade, pela cobrança da consciência, quer numa nova encarnação quando terá de consertar os erros cometidos e, geralmente, em condições mais difíceis do que quando tinha à sua disposição recursos intelectuais que o faziam um ser privilegiado.
Devemos sempre agradecer ao Espiritismo pelas lúcidas orientações e a esses Espíritos bondosos que insistem em alertar-nos para que não cometamos erros banais – o que é comum na maioria –, a fim de sofrermos menos e aproveitar a vida na Terra como bons alunos da escola da reencarnação.

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