quarta-feira, 22 de julho de 2009

malucos modernos Workaholic, doença do consumismo WELLINGTON BALBO

Certa vez alguém perguntou à inesquecível figura de Francisco Cândido Xavier:
Chico, sexo antes do casamento é permitido?
O médium, com sua peculiar mineirice, respondeu:
Tudo é permitido, porém, sem amor nada vale a pena, nem sexo nem casamento.

A resposta de Chico é colossal, abrangente pode ser aplicada tranqüilamente em nossa vida nos mais variados assuntos.

Aliás, a resposta de Chico cabe perfeitamente aos pais cujo objetivo de vida principal se resume em galgar degraus na careira profissional, conquistando pontos com a sociedade, mas perdendo pontos com a família e negligenciando deveres fundamentais pertinente à educação dos filhos.

Ora, a atividade profissional e a dedicação do individuo a ela é fundamental, porquanto, lembrando Maslow, trabalho, a depender do ponto de vista, enquadra-se dentro das necessidades básicas da criatura humana. Sem o dividendo advindo dos labores de nossa profissão, como manter família, ou vulgarmente dizendo: Como trazer o pão de cada dia ao lar. E a alimentação é uma necessidade básica de todos. Por isso, afirmamos a importância da dedicação do profissional aos labores profissionais, contudo, sem exageros.

A propósito, interessante lembrar que as intensas vontades de consumir superestimadas pelas propagandas, pelo marketing e pela mídia de forma geral, ajudaram a construir os workaholics, ou seja, pessoas viciadas em trabalho.

Acrescente-se a isso o intenso clima de competição vigente no mundo atual e pronto. Está formado o cenário perfeito para os malucos modernos! Viciados em trabalho, alucinados por competir, insaciáveis para mostrar suas qualidades, ou melhor, suas conquistas no âmbito puramente material aos seus colegas, ou melhor dizendo, rivais.

Logo, com todos esses afazeres, naturalmente a família e os filhos são esquecidos. Com valores esquecidos e a educação dos filhos relegada à terceiros, quartos e quintos, a desorganização instala-se em toda a sociedade.

Sem valores como respeito, companheirismo, amizade e, principalmente amor ao próximo, a violência em suas mais variadas vertentes - como o sentimento de posse, cobranças descabidas, pressões psicológicas e abusos de autoridade - infiltra-se na sociedade, trazendo consigo a desconfiança, o medo, as aflições e angustias que caracterizam criaturas perdidas, sem objetivos mais ousados no campo de seu desenvolvimento como seres imortais.

Em conversa com uma de minhas professoras tomei nota de uma pesquisa elaborada por ela e realizada com crianças de 8 a 15 anos matriculadas no ensino público e privado. Umas das perguntas da pesquisa:

Trabalhar é legal? Justifique.
Oitenta por cento das respostas fez corar porque afirmavam que trabalhar não é legal, ocupa muito tempo, não deixando espaço para os filhos. Veja, caro leitor e leitora, a mensagem que os pais estão transmitindo aos seus filhos é negativa. O garoto quer o pai ao seu lado, soltando pipa, brincando de carrinho, contando histórias, sendo criança com ele, mas repreendendo na hora certa, ensinando, instruindo, orientando...

Importante, pois, refletir no que estamos ofertando aos nossos familiares e filhos. Será que queremos vê-los crescer e considerar natural ser, por exemplo, um workaholic?

Será que queremos instalar nos pequenos corações de nossos filhos a idéia de que o trabalho se resume apenas à atividade profissional, e é algo chato, que ocupa tempo e desagrega a família?

Por isso, lembrando o inesquecível Chico, pode-se afirmar que, sem amor nada vale a pena, nem mesmo trabalhar.
Pensemos nisso.


WELLINGTON BALBO
é escritor e articulista espírita. Seu novo lançamento "Espiritismo atual e educador", já está disponível. Informações pelo e-mail: wellington_plasvipel@terra.com.br

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