quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Dicas de Leitura


Clique Do pó das Estrelas ao Homem
Votos: (1 votos)

Autor(a): Souza, Hebe Laghi de
Editora: Allan Kardec Editora
Paginas: 210

Qual a origem da vida? De onde viemos? O que somos? A longa trajetória da vida na Terra é descrita pela autora, respeitada geneticista, com o olhar dividido entre a matéria e o espírito, mas conjugado sob a luz do espiritismo. A origem do nosso planeta, as manifestações de vida originais nos reinos vegetal e animal, e depois a marcha contínua da evolução, a conquista da memória e a construção histórica, tudo se revela de forma clara e lógica, sob um manto aparente de "acasos" e "possibilidades". O homem, um ser muito especial, é o foco desta obra que procura no passado material do planeta a essência espiritual que anima eternamente a criação.


Clique Renovando Atitudes
Votos: (1 votos)

Autor(a): Francisco do Espírito Santo Neto, Hammed
Editora: BOA NOVA

Elaborado a partir do estudo e análise de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", o autor espiritual Hammed afirma que somente podemos nos transformar até onde conseguirmos nos perceber. Ensina-nos como ampliar a consciência, sobretudo através da análisedas emoções e sentimentos, incentivando-nos a modificar os nossos comportamentos inadequados e a assumir a responsabilidade pela nossa própria vida.


Clique Legião
Votos: (3 votos)

Autor(a): Robson Pinheiro
Editora: Casa dos Espíritos


Interpelado por Jesus para que se identificasse, a entidade responsável por um grave processo obsessivo respondeu: “Meu nome é Legião, pois somos muitos”. Desde então, o Evangelho relata inúmeros acontecimentos nos quais os representantes das trevas são confrontados com a política divina, expressa por Jesus em seus ensinos.

Este romance pretende realizar um esboço da estrutura extrafísica das legiões de seres que se opõem ao Cristo e seus enviados, através de uma descrição com detalhes até então inéditos. Organizações, indivíduos, peritos em diversas áreas do conhecimento constituem o vasto mundo do império do mal.

Magos negros, cientistas, vampiros e quiumbas, sob o comando dos chamados dragões, são alguns dos personagens que o autor introduz. Paralelamente, apresenta a atividade dos guardiões, localizados vibratoriamente numa hierarquia cada vez mais especializada de seres sintonizados com o bem.


Mensagens

Eternidade


O que eu tenho não me pertence embora faça parte de mim.

Tudo o que sou me foi um dia emprestado pelo Criador, para que eu possa dividir com aqueles que entram na minha vida.

Ninguém cruza nosso caminho por acaso e nós não entramos na vida de alguém sem nenhuma razão.

Há muito o que dar e o que receber; há muito o que aprender, com experiências boas ou negativas.

É isso…tente ver as coisas negativas que acontecem com você como algo que acontece por uma razão precisa.

E não se lamente pelo ocorrido, além de não servir de nada reclamar, isso vai lhe vendar os olhos para continuar seu caminho.

Quando não conseguimos tirar da cabeça que alguém nos feriu, estamos somente reavivando a ferida, tornando-a muitas vezes bem maior do que era no início.

Nem sempre as pessoas nos ferem voluntariamente.

Muitas vezes somos nós que nos sentimos feridos e a pessoa nem mesmo percebeu; e nos sentimos decepcionados porque aquela pessoa não correspondeu às nossas expectativas.

Às nossas expectativas!!!

E sabemos lá quais eram as suas expectativas?

Nós tanto nos decepcionamos quanto decepcionamos os outros.

Mas, claro, é bem mais fácil pensar nas coisas que nos atingem.

Quando alguém lhe disser que o magoou sem intenção, acredite nela!

Vai lhe fazer bem, assim, talvez ela poderá entender quando você, sinceramente, disser que “foi sem querer.”

Dê de você mesmo o quanto puder!

Sabe, quando você se for, a única coisa que vai deixar é a lembrança do que fez aqui.

Seja bom, tente dar sempre o primeiro passo, nunca negue uma ajuda ao seu alcance, perdoe e dê de você mesmo.

SEJA UMA BENÇÃO!

Deus não vem em pessoa para abençoar.

Ele usa os que estão aqui dispostos a cumprir essa missão.

Todos nós podemos ser anjos.

A eternidade está nas mãos de todos nós.

Viva de maneira que quando você se for, muito de você ainda fique naqueles que tiveram a boa ventura de encontrá-lo!!!


Chico Xavier

Vida após a morte é tema atual no cinema brasileiro




Notícias


José Antonio M. Pereira*

Em 2009, as telas brasileiras exibiram com grande sucesso o filme “Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito”. Na sequência, virão novas produções relacionadas ao Espiritismo: “Chico Xavier”, “Nosso Lar” e “As Mães de Chico Xavier”.

A produção do filme sobre Chico Xavier já encerrou as filmagens e o lançamento está previsto para abril de 2010. Concebido pela mesma equipe de “Bezerra de Menezes”, o filme, “As Mães de Chico Xavier” também será lançado em abril, pela Fox Filmes. Não conseguimos notícias oficiais sobre “Nosso Lar”, mas segundo o jornalista Mário Cesar Filho, o filme já está sendo rodado e é uma produção americana, mas com elenco brasileiro. Ele flagrou um dos cenários e encontrou o ator Renato Prieto, que interpretará André Luiz. Mário Cezar publicou o que conseguiu saber no seu blog, “Rascunho passado a Limpo”, em julho de 2009.

Mas além dessas produções, que estarão em cartaz em breve, claramente centradas na vida após a morte, outros filmes nacionais recentes trataram do tema, mesmo que não tenha sido o assunto central.

O filme Besouro, dirigido por João Daniel Tikhomiroff, conta a saga de Manoel Henrique Pereira, exímio lutador de capoeira, que nasceu na Bahia em 1897. Embora a escravidão já tivesse sido abolida, os negros eram proibidos de praticar sua cultura e viviam sob opressão constante. A história é contada com a presença marcante de personagens espirituais das crenças afro-brasileiras e, nesse contexto, o filme mostra o intercâmbio com alguns dos protagonistas que passam para o outro lado da vida.

Outra produção que mostra a comunicação com os “mortos”, com a mesma naturalidade, é o documentário “Hebert de Perto”. Dirigido por Roberto Berliner e Pedro Bronz, o filme é sobre a vida e música de Herbert Vianna, líder da banda Os Paralamas do Sucesso. Após anos de uma sólida carreira, o vocalista e compositor sofre um acidente aéreo com o ultraleve que pilotava. O acidente tira a vida de sua esposa, Lucy Needham, e Herbert chega praticamente sem vida ao hospital, recuperando-se de forma surpreendente. Neste filme, a presença espiritual é ainda mais notável, pois são depoimentos do próprio Herbert que descrevem, com naturalidade, o seu contato com a esposa.

Algo que nos chamou a atenção nos dois casos foi a forma da abordagem do tema, distante do tratamento de terror, de coisa fantástica ou sensacionalista. Isso mostra uma mudança cultural, onde a existência e a comunicação com os espíritos passa a ser tratado como coisa comum no nosso dia a dia. E isso partindo de artistas reconhecidos, cineastas, escritores, pessoas cultas, formadores de opinião em primeira instância, e aceitos pelo público em geral.

Cremos que isto é só o começo.


Saiba mais em:

Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito. Site do filme:

http://www.bezerrademenezesofilme.com.br/


Chico Xavier. Site do filme e do blog:

http://www.chicoxavierofilme.com.br/

http://www.chicoxavierofilme.com.br/site/?cat=1


Nosso Lar. Blog Rascunho Passado a Limpo:


http://rascunhopassadoalimpo.blogspot.com/2009/07/nosso-lar-o-filme.html


Rádio Boa Nova:

http://www.radioboanova.com.br/noticia.php?id=7269


Besouro:

http://www.besouroofilme.com.br/


Herbert de Perto:

http://www.herbertdeperto.com.br/


Espiritismo.Net - Chico Xavier vai ao cinema:

http://www.espiritismo.net/content,0,0,1093,0,0.html


* José Antonio M. Pereira coordena o ESDE e é médium da Casa de Emmanuel, além de integrante da Caravana Fraterna Irmã Scheilla, no Rio de Janeiro. Também é colaborador da equipe do Serviço de Perguntas e Respostas do Espiritismo.net.

Universo - A Casa do Pai




Escrito por: Américo Domingos Nunes Filho


Segundo a excelsa doutrina espírita, "Deus é eterno, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom. Criou o universo, que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais". ("O Livro dos Espíritos", pág. 23, F.E.B).

Além desse edificante ensinamento, extraído da "Introdução", encontramos, no tesouro doutrinário da primeira obra básica, mais pérolas, como a definição de que "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas" e os grandiosos comentários do insigne codificador do espiritismo, Allan Kardec, dizendo: "Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da Criação.

"O universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa...

"A harmonia existente no mecanismo do universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente. Atribuir a formação primária ao acaso é insensatez, pois que o acaso é cego" (págs. 53 e 53, F.E.B).

Compulsando livros hodiernos, analisando o pensamento científico a respeito do cosmo e do seu instante inicial ("big bang"), ficamos perplexo e emocionado, porquanto tudo o que foi descrito pela codificação kardeciana, em relação à causalidade do universo, está sendo confirmado pelos astrofísicos.

O cientista da Califórnia, George Smoot, afirma o seguinte: "Quando examinamos de perto o "big bang", o evento mais cataclísmico que podemos imaginar, descobrimos que ele parece ter sido cuidadosamente preparado".

Igualmente, destacamos o que relata o astrofísico Fred Hoyle: "Uma interpretação dos fatos, baseada no bom senso, sugere que um superintelecto domina completamente tanto a física como a química e a biologia, e que não há forças cegas importantes operando na natureza".

Os cientistas ensinam que a grande explosão inicial, dando formação ao universo, ocorreu há cerca de 15 bilhões de anos, num tempo muito inferior a um trilionésimo de segundo sendo que o cosmo inicialmente ocupava, apenas, um espaço físico muito inferior a um trilionésimo do núcleo de um átomo. A temperatura era bastante superior a um trilhão de graus centígrado

Impossível, diante de tais revelações científicas, não crermos em uma inteligência, imaterial e onipotente, causa motriz do universo, desde que o acaso não pode produzir semelhante efeito, de espantosa complexidade.

Em verdade, uma bomba foi acionada e a sua origem se encontra fora dos parâmetros da ótica material. Podemos afirmar que o cosmo se materializou, naquele instante, havendo a possibilidade, portanto, de existirem outros universos semelhantes ao nosso, albergando também cada um algumas centenas de bilhões de galáxias e dez bilhões de trilhão de planetas.

Certamente, a vida pulula com abundância no espaço sideral, reafirmando o princípio básico espírita da "pluralidade dos mundos habitados", por sinal já ensinado pelo Mestre Jesus, no evangelho de João, 14:2: "Na casa de meu Pai há muitas moradas".

Para os partidários do ateísmo, a matéria formada casualmente através do "big bang" é a única realidade do universo, negando a origem causal extrafísica. A física moderna assinala que, no significado tradicional do termo, não existe matéria propriamente dita, desde que a matéria é pura energia condensada. O que aparentemente se constata pelos nossos sentidos como sólido, compacto, impenetrável, verdadeiramente não existe. Segundo Einstein, "o materialismo morreu de asfixia por falta de matéria".

A proclamação científica hodierna da unidade matéria-energia fez com que fendessem todas as muralhas da cidadela materialista. A constatação do campo energético causal do cosmo pela ciência encoraja a todos aqueles que esperam encontrar indícios de uma "Inteligência Superior", responsável pela formação sideral, obra planejada e executada pelo "Grande Geômetra do Universo", a quem Jesus chamava de "Meu Pai" e o evangelho define como "Amor".

A presença do Criador como artífice maior das galáxias, já foi confirmada pela ciência, através do pesquisador George Smoot, divulgando dados obtidos do satélite COBE (Cosmic Background Explorer), afirmando a presença de ondulações na radiação cósmica de fundo, a qual corresponde à energia remanescente da grande explosão inicial, ou seja, os restos do "big bang".

A identificação das ondulações revela a existência de um agente causal, na formação do mundo sideral, justificando, inclusive, à organização de bilhões de galáxias, bem diferenciadas em enxames e não distribuídas aleatoriamente por todo o universo, o que aconteceria se o acaso pudesse presidir a formação do "big bang".

Anunciando a descoberta das ondulações na radiação cósmica de fundo, o cientista Smoot afirmou, em grande momento de inspiração: "Se você é religioso, isto é como olhar para Deus... Estas são as estruturas mais antigas e maiores jamais vistas. Não apenas são as sementes da estrutura atual do universo, isto é, das galáxias e enxames de galáxias, mas são evidências do nascimento do universo e existem desde o momento da criação".

Para o famoso homem de ciências, perceber as ondulações, "era como detectar as impressões digitais do Criador", identificando no cosmo as marcas deixadas por Ele.

Sir James Dean, na obra "O Universo Misterioso", relata que o universo "começa a parecer mais um grande pensamento do que uma grande máquina", ao lado das palavras grandiosas de Albert Einstein: "O espírito científico, fortemente armado com o seu método, não existe sem a religiosidade cósmica". O insigne descobridor da "Lei da Relatividade" explica-nos que a religiosidade cósmica "consiste em espantar-se, em extasiar-se, diante da harmonia das leis da natureza, revelando uma inteligência tão superior que todos os pensamentos do homem e toda a sua criatividade só podem desvendar, diante dela, a sua própria insignificância".

Astrofísica hodierna expressa a opinião de que há realmente uma inteligência que regula a evolução do mundo sideral. O cientista Robert Jastrow faz a seguinte observação: "Considere a enormidade do problema. A ciência provou que o universo surgiu através de uma explosão em determinado momento. Perguntamos: Que causa produziu este efeito? Quem ou o que colocou a matéria e a energia no universo?

E a ciência não pode responder a essas questões, porque, de acordo com os astrônomos, nos primeiros momentos da sua existência, o universo estava extraordinariamente comprimido, e era devorado pelo calor de um fogo que está além da imaginação humana."

Em verdade, como filhos de Deus e imortais herdeiros de todo o mundo sideral, somos proprietários de incalculável número de moradas, importantes e necessárias para granjearmos conhecimentos, despertarmos potencialidades e progredirmos incessantemente, até chegarmos à perfeição relativa, tão bem assinalada e exercida pelo excelso Mestre Jesus ("Obras Póstumas", pág.150, FEB).

No momento em que nos conscientizarmos plenamente da presença magnânima de Deus em nós, sentiremos a verdadeira felicidade, a qual já é vivenciada pelos espíritos puros, como o Cristo: "Pai, a minha vontade é que onde estou, estejam também comigo os que me deste." (Evangelho de João: 17:24).



NOTA: O autor é presidente da AME-RIO (Associação Médico-Espírita do Estado do Rio de Janeiro) e vice-presidente da ADE-RJ (Associação de Divulgadores do Espiritismo do Estado do Rio de Janeiro).

Bullying escolar - uma visão espírita




Por Edgard Diaz de Abreu

Todas as crianças e adolescentes têm direito a escolas onde existam alegria, amizade, solidariedade e respeito às características individuais de cada um deles. Aramis Antonio Lopes Neto

Neste artigo vamos abordar uma das formas de assedio moral, o bullying escolar, prática cada vez mais freqüente nas escolas, e que vem causando grandes transtornos nas vidas das vítimas desse processo.

A prática de bullying começou a ser pesquisada há cerca de 10 anos na Europa, quando descobriram que essa forma de violência estava por trás de muitas tentativas de suicídios de adolescentes.

Não temos a pretensão de esgotar o tema, mas apenas e sobretudo lançar um pouco de luz num assunto tão importante, e alertar para esta pratica tão desumana da nossa sociedade. Não resta dúvida que o mundo atual encontra-se enfermo, e a ética está abandonada por grande parte da população, resultando em comportamentos cuja tônica é o egoísmo.

Trata-se de forma de exclusão escolar e por extensão social, perversa e cruel, já que, normalmente, colegas de escola freqüentam muitas vezes os mesmos lugares, tais como cursinhos de inglês, academias de ginástica, shopping centers, e festinhas; estando em contato certamente grande parte do dia, inclusive fora das escolas.
Psicólogos têm me asseverado que o bullying tem ocorrido em vários escolas da rede particular do Rio de janeiro, estando inclusive mais presentes nas grandes escolas, pois em escolas pequenas, fica mais difícil de realizar a prática sem chamar a atenção dos professores e da direção da escola.

Lembrando a pergunta 754 de “O Livro dos Espíritos” A crueldade não derivará da carência de senso moral?
“Dize – da falta de desenvolvimento do senso moral; não digas da carência, porquanto o senso moral existe, como princípio, em todos os homens. É esse senso moral que dos seres cruéis fará mais tarde seres bons e humanos. Ele, pois, existe no selvagem, mas como o princípio do perfume no gérmen da flor que ainda não desabrochou.”

O que viria a ser o bullying escolar? Seria quando um grupo de colegas de uma mesma escola, freqüentemente da mesma turma, promove uma segregação, de forma repetitiva, tentando isolar um dos membros da turma, seja este membro rapaz ou moça, de forma que este fique isolado e sem ambiente na turma, o que gera muitas vezes na vítima, depressão, apatia, falta de motivação, baixa do rendimento escolar, falta de apetite e tendência ao isolamento (passa a não ter prazer em sair de casa ou a se relacionar com as pessoas) e vontade de trocar de escola.

A motivação para essa conduta tem muitas causas, mas poderíamos relacionar algumas que nos parecem as mais freqüentes: busca de poder no grupo (necessidade de dominar), egoísmo, vaidade, sedução, insegurança, necessidade de chamar a atenção para si, segregação racial, segregação de classe social (aluno bolsista) etc.

A forma de execução do bullying acontece de muitas maneiras, sendo freqüente entre os rapazes o uso da força física ou psicológica e da intimidação, e entre as moças a mentira, a fofoca, a maledicência, e a difamação; todas de forma orquestrada, ou seja, de comum acordo e planejadas pelo grupo agressor, para desacreditar a vítima, de forma progressiva, numa atitude de franca antipatia, muitas vezes ignorando a vítima nos ambientes que ela freqüenta, como se ela não existisse, levando essa vítima a um stress com os sintomas relacionados acima, demonstrando a que nível de perversão alguns adolescentes estão chegando.

O levantamento realizado pela ABRAPIA, em 2002, envolvendo 5875 estudantes de 5ª a 8ª séries, das escolas públicas e privadas localizadas no município do Rio de Janeiro, revelou que 40,5% desses alunos admitiram ter estado diretamente envolvidos em atos de bullying, naquele ano, sendo 16,9% alvos, 10,9% alvos/autores e 12,7% autores de bullying.

Estudos demonstraram que a média de idade de maior incidência entre os agressores, situa-se na casa dos 13 a 14 anos, estando presente entretanto com freqüência até os 19 anos. A grande maioria, ou seja, 69,3% dos jovens admitiram não saber as razões que levam à ocorrência de bullying.

Muitas vezes os colegas percebem a situação, mas por medo se omitem, pois temem ser a próxima vítima.
Não resta dúvida que este tipo de conduta retrata um grande apego às coisas materiais e, por extensão, afastamento da religião de uma forma geral, ou seja, estes alunos, na sua grande maioria, não possuem crença religiosa, estando movidos na luta pelas aquisições materiais principalmente, já que desconhecem a vida espiritual. Podemos notar neste processo o que já relatamos em artigo anterior, “Desafios na educação do Adolescente” (RIE Agosto 2006), que trata da falta de limites de uma grande parte dos adolescentes atualmente. São pessoas que não têm pudor, e fazem de tudo para conquistar seus objetivos, passando por cima de tudo e de todos, achando que os fins justificam os meios.

Na pergunta 755 de “O Livro dos Espíritos” Kardec interroga os espíritos : “Como pode dar-se que no seio da mais adiantada civilização, se encontrem seres às vezes tão cruéis quanto os selvagens ?

Do mesmo modo que numa àrvore carregada de bons frutos se encontram frutos estragados.São, se quiseres, selvagens que da civilização só tem a aparência, lobos extraviados em meio de cordeiros. Espíritos de ordem inferior e muito atrasados podem encarnar entre homens adiantados, na expectativa de também se adiantarem; contudo, se a prova for muito pesada, vai predominar a natureza primitiva.”

Todos sabemos que a criança para o seu pleno desenvolvimento necessita sentir-se amada, valorizada, aceita, incentivada à auto-expressão e ao diálogo, incentivada à pratica religiosa, principalmente na adolescência, porém a noção de limites precisa e deve ser estabelecida com firmeza e sobretudo com coerência. Mas observa-se, na sociedade atual, crianças as quais são criadas dentro de padrões de liberalidade excessiva, sem limites, sem noções de responsabilidade, sem disciplina, sem religião e muitas vezes sem amor; estas serão aquelas com maior tendência aos comportamentos agressivos, tais como o bullying, pois foram mal acostumadas e por isso esperam que todos façam as suas vontades e atendam sempre às suas ordens.

É importante observar, que num mundo com tantas mazelas como o nosso, pode ser possível que, algumas vezes, os pais desses algozes, percebam o bullying praticado pelos filhos, mas façam vista grossa, por perceberem que a prática do filho pode estar rendendo-lhe algum tipo de vantagem, o que torna o ato mais desumano ainda, pois estaria presente a conivência paterna. Tal ato poderia ser facilmente explicado pela falta de ética e educação dos referidos pais, fato tão comum nos dias atuais.

Devemos ressaltar que o apoio da família, neste momento, é fundamental, entretanto é necessário ter prudência, pois num primeiro momento o sentimento que predomina é o da retaliação, ou mesmo da vingança. Mas a Doutrina Espírita nos ensina que violência gera violência, ou que o ódio gera mais ódio ainda, lembrando a frase do Apóstolo Paulo de Tarso: “Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”.

Devemos procurar os professores da turma em questão e colocar o ocorrido, de forma serena, mas com firmeza, numa tentativa de amenizar a situação, o que nem sempre é fácil, se não houver a participação de pais, professores e funcionários, em virtude dos traumas e das humilhações já vivenciadas, algumas vezes uma troca de turma numa mesma escola já pode ajudar. Podemos ainda incentivar o convívio com outros colegas, com os quais essas crianças não tinham convívio ainda, às vezes até por falta de oportunidade. Devemos ainda, caso a criança encontre-se deprimida, lançar mão da ajuda de um profissional, como um psicólogo, para ajudar na recuperação desta criança, facilitando assim sua reintegração na escola. Devemos ressaltar que trocar de escola pode não ser uma boa idéia, pois assim estaríamos dando o entendimento a criança, que toda vez que houver um problema em sua vida, é só mudar de lugar que tudo estará resolvido, ou seja, fugir do problema em vez de procurar resolvê-lo.

Gostaríamos de lembrar como aprendemos na Doutrina Espírita, que nada acontece por acaso, e sendo assim tudo na vida encerra um ensinamento e, portanto, concorre para o nosso crescimento; dentro desta visão, as crianças que sofrem esta prática de assédio moral, podem estar passando por um processo de aprendizado, que as impeça de se comportarem desta forma com os outros no futuro, e ao mesmo tempo, podem estar sendo incentivadas à humildade (do latim HUMUS = terra fértil para a colheita) e a solidariedade, práticas das quais poderiam estar se afastando lentamente, em razão do mundo atual mostrar-se muito egoísta, cruel e algumas vezes prepotente, onde a imoralidade e a falta de ética, são coisas corriqueiras, assunto por nós já mais detalhado no artigo “A ética e o mundo atual” (RIE Agosto 2007).

Lidar com as adversidades da vida requer vontade, fé, serenidade e coragem (cor = coração), lembrando ainda que: “ A vontade é a mola do mundo, mas o amor é a manivela”, e relembrando Joanna de Ângelis “ Só o amor transforma conhecimento em sabedoria”.

E, para encerrar, como espíritas devemos estar sempre atentos para os atos de nossos filhos, para que não façam aos outros, o que não gostariam que lhes fizessem. Podemos nos basear no exemplo de Eurípedes Barsanulfo que, em sua escola Espírita em Sacramento, a primeira do Brasil, no início do século XX, dizia que não se satisfazia em criar cidadãos para a sociedade, mas que procurava criar filhos de Deus. A explicação é simples: filhos de Deus respeitam tudo que é criação de Deus, são, portanto, éticos e ecologicamente corretos, pois são incapazes de destruir o que Deus criou, respeitando assim a natureza e os seus semelhantes.
Fonte: Revista Rie - fev/2008

A Cultura da Paz




Escrito por Robson Pinheiro

Paz é uma condição de não-violência em relação aos indivíduos, instituições ou nações. Pode-se dizer que é um estado de harmonia, não conflituoso, entre opostos. Nesse estado, não há identidade absoluta de idéias, ideais ou formas-pensamento. Contudo, existe respeito às diferenças, às inúmeras maneiras de pensar, crer ou agir. Num ambiente pacífico, valoriza-se a liberdade de consciência e de expressão a ponto de transcender a simples quietação entre as partes.

O respeito às diferenças, que promove a paz e a sustenta, faz com que as pessoas — que, por mais afinadas, jamais pensam e acreditam exatamente da mesma maneira — vejam-se não como adversários; talvez como pólos complementares, fruto da diversidade e da riqueza da vida. Sem dúvida os membros das comunidades humanas são mais do que máquinas fadadas a agir e pensar de modo idêntico, programado.

Como método de manifestação da cultura da paz, a não-agressão e a concórdia podem ser das maneiras mais elegantes de se lhe revelar, embora nem sempre as partes envolvidas estejam de acordo com o pensamento um do outro. Ou seja, a cultura da paz não implica acatar tudo o que se diz ou que se fala, escreve ou publica, mas impera entre os pacificadores uma lei não escrita de respeito mútuo. Essa ética, pela qual se pauta o Homo pacificus, impede que os opostos se convertam, automaticamente, em inimigos ou adversários. Pode-se abraçar convicções distintas sem transformá-las em elementos de dissensão; pode-se discordar do outro sem denegrir sua imagem. Compreende-se que é possível difundir idéias ou lutar em âmbito filosófico, fazendo apologia da sua visão de uma verdade relativa, sem transformar o outro em rival ou inimigo declarado.

Sob a visão da espiritualidade, ao analisar os eventos históricos de todos os tempos, identificamos alguns tipos psicológicos diretamente ligados à cultura da paz ou à disseminação da guerra. E não falo apenas da disputa entre nações, sobretudo refiro-me ao estado de conflito interno, inclusive entre indivíduos que — ao menos se supõe — deveriam se respeitar, por se dedicarem à mesma bandeira, à mesma causa. Nesse caso, destaca-se aquele que sustenta e incentiva a paz, defendendo muitas vezes nobres ideais, mas que, contraditoriamente, espalha a guerra e transforma o campo de exercício do pensamento em arma para denegrir a imagem alheia. Consciencialmente, ele se mistura aos que estão em grave crise evolutiva; sua atitude denota a não tolerância de qualquer outra face da verdade, de uma forma diferente de buscar a verdade ou, ainda, analisando de uma maneira mais abrangente, de nenhuma outra visão de espiritualidade.

Em meio aos representantes do maior pacifista da história humana, Jesus, parece ser dos lugares onde a paz é menos compreendida, ainda não vivida. O estado de não-violência às vezes soa apenas como fachada. Tão logo surja alguém que pense, fale ou escreva algo inusitado, que possivelmente apresente uma visão mais real, progressista e menos romântica da vida e da espiritualidade… é o suficiente para que a situação de harmonia desapareça. Esvai-se o cessar-fogo das palavras e agressões, que imediatamente chega ao fim. Vêm à tona as trocas de gentilezas, que destilam o veneno da agressividade verbal e dificilmente não descambam para o ataque pessoal.
Consola-nos o fato de que caminhamos todos, os seres vinculados ao planeta Terra, para maior compreensão e vivência da paz. Também provoca-nos satisfação saber que existem aqueles que são capazes de apresentar seu ponto de vista, aprender e viver por vias alternativas à guerra individual, filosófica ou verbal, tornando-se assim instrumentos evolutivos de grande sintonia com a cultura da paz.

Somente o cultivo fervoroso da paz consegue estabelecer entre irmãos de humanidade condições de viver em harmonia, com vigência de valores éticos e respeito às diferenças. A paz promove a existência e a sobrevivência dos opostos com alto grau de produtividade intelectual e emocional, uma vez que o contraste entre ambos se afigura apenas como mola propulsora de progresso em busca de uma expressão mais ampla da vida, da verdade, independentemente de que lado esteja essa mesma verdade.

É hora de modificar a cultura da guerra, dominadora da maioria dos seres vinculados à Terra. A reciclagem dos valores humanos acumulados ao longo dos milênios é de grande urgência, pois, diante dos tempos novos que devem-se estabelecer no mundo, precisamos, os espíritos ligados à política divina e crística, conquistar a superação das rivalidades pessoais. Só assim se poderá trazer ao mundo a renovação real e não apenas fruto de ideações religiosas ultrapassadas. A demolição do estado interior de agressão e agressividade faz com que a paz se estabeleça definitiva. A paz íntima e consciencial, com o natural respeito e a compreensão pelo direito do outro de pensar, falar e agir de forma diferente da nossa, traz o selo da aproximação, da solidariedade, do entendimento e da responsabilidade mútua. Eis o que fomenta o progresso e desmilitariza o mundo íntimo, desarmando o espírito humano para viver mais plenamente um estado concreto de pacificação.

Ângelo Inácio (espírito)
Psicografia de Robson Pinheiro

Estranhos comportamentos


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Escrito por Robson Pinheiro

“Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão;
Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada.
E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano.”
Mt 18:15-17



Muitas vezes vemos pessoas que se dizem seguidoras do Cristo — adeptos de alguma filosofia religiosa que se utiliza de palavras e ensinamentos de Jesus como exemplo a ser seguido — agindo de forma antiética, anticristã.

Isso ocorre, por exemplo, quando alguém toma uma atitude que consideramos errada ou tem um comportamento, opinião ou ponto de vista diferente do nosso. Esse é o caso mais clássico de atitude estranha ao Evangelho. Em geral, discordamos da pessoa, falamos ou escrevemos sobre ela e divulgamos o fato para uma multidão de outras pessoas. Estamos empenhados em defender nosso ponto de vista e denegrir o outro ou provar que ele está errado ou com más intenções. Todos ficam sabendo a respeito de nossa opinião. Justificamos nossa atitude dizendo que estamos defendendo a verdade, o aspecto doutrinariamente correto. No entanto, ela mesma, a pessoa que acreditamos estar errada ou haver incorrido em alguma falta, é a última a saber de nossa discordância.

E, o que é pior, a pessoa em questão pode estar com a melhor das intenções, tentando acertar, e nós divulgamos — “para os outros, primeiro” — toda a nossa opinião a respeito do que a pessoa fez, de seu aparente erro, mas não damos a ela a chance de concertar, de ao menos saber que errou ou como errou.

É interessante o conselho de Jesus, quando nos pede para procurarmos primeiramente a pessoa, em particular, a fim de resolvermos com ela o ponto de discórdia. Depois, então, ele recomenda chamar duas ou três testemunhas, caso o problema não tenha sido solucionado, e somente mais tarde, depois de várias tentativas, é que deveríamos levar à comunidade (eklesia) o objeto da discussão, de forma a se obter a opinião da maioria.

Será esse nosso comportamento habitual, o mais acertado diante de tantos que julgamos estar em erro? Será a nossa opinião a respeito da verdade aquilo que realmente é a verdade? Ou será a nossa opinião uma mera opinião, como a do outro?

Normalmente desenvolvemos uma ação muito contrária ao que Jesus ensinou. Primeiro levamos a público o fator discordante, depois chamamos duas ou três pessoas “amigas” e, por último, a pessoa que é alvo dos nossos comentários é quem fica sabendo pela boca de outros.

Creio ser muito importante avaliar nosso comportamento diante de situações semelhantes e depois vermos se estamos realmente sendo cristãos ou espíritas, como preferirmos.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Além da Eternidade

Dicas de Filmes
Além da Eternidade
Richard Dreyfuss & Holly Hunter
Category: Film & Animation


ROTEIROS DA VIDA - TRAILER

TRAILER DO FILME ESPÍRITA ROTEIROS DA VIDA, DE ANTONIO XAVIER, MESMO DIRETOR DE OS ÓRFÃOS

Ave Maria - Elizabete Lacerda (de Marcus Viana)

lizabete Lacerda - Interpreta e dedica aos amigos uma linda canção de um dos maiores compositores e arrajadores mineiro, Marcus Viana. Música: Ave Maria

Hino e vultos do Espiritismo

JESUS CRISTO - O Homem de Nazaré

Esta Música é interpretada pelo cantor Roberto Carlos

Olhem estas imagens Maravilhosas

Elevação

Léon Denis discorre de forma clara e simples, porque ele vivia isto; como o ser humano deve buscar a sua elevação.

XIV

ELEVAÇÃO: Espírito, Alma, tu que percorres estas páginas, donde vens e para onde vais? Sobes do fundo do abismo e galgas os degraus inumeráveis da escada da vida. Tu caminhas para as moradas eternas, onde a grande Lei nos chama e para as quais a mão de Deus nos conduz. Vais para a Luz, para a Sabedoria, para a Beleza! Contempla e medita! Por toda parte, obras belas e potentes solicitam tua atenção. Em seu estudo, hau­rirás, com coragem e confiança, o justo sentimento do teu valor e do teu futuro. Os homens só se odeiam, só se desprezam, porque ignoram a ordem magnífica pela qual estão todos estreitamente aproximados. Teu caminho é imenso; mas o fim excede em esplendor tudo quanto podes conceber. Agora pare­ces bem pequeno no meio do colossal Universo; mas, tu és grande pelo pensamento, grande por teus des­tinos imortais. Trabalha, ama e ora! Cultiva tua inteligência e teu coração! Desenvolve tua consciência; torna-a mais vasta, mais sensível. Cada vida é um cadinho fe­cundo, de onde deves sair purificado, pronto para as missões futuras, maduro para tarefas sempre mais nobres e maiores. Assim, de esfera em esfera, de círculo em círculo, prosseguirás em tua carreira, adquirindo forças e qualidades novas, unido aos se­res que amaste, que vivem e reviverão contigo. Evolverás em comum, na espiral das existências, no seio de maravilhas insuspeitadas, porque o Uni­verso, e assim tudo, se desenvolve pelo trabalho e expande suas metamorfoses vivas, oferecendo gozos, satisfações sempre crescentes, sempre renovadas, às inspirações, aos puros desejos do Espírito! Nas horas de hesitação, volta-te para a Natureza: é a grande inspiradora, o templo augusto em que, sob véus misteriosos, o Deus escolhido fala ao cora­ção do prudente, ao Espírito do pensador. Observa o firmamento profundo: os astros que o povoam são os estádios de tua longa peregrinação, as estações da grande via a que teu destino te conduz. Vem! elevemos nossas Almas; paira um instante comigo, pelo pensamento, entre os sóis e os mundos! Mais alto, sempre mais alto, no éter insondável! Lá embaixo, a Terra não é mais que um ponto na vasta extensão. Diante de nós e acima de nós, os astros se multiplicam. Por toda parte, esferas de ouro, fogos de esmeraldas, de safira, de ametista e de turquesa descrevem seus movimentos ritmados. Em nossos rumos, voga astro enorme, arrastando uma centena de mundos planetários em sua órbita, centenas de mundos que evolucionam em curvas sábias. Apenas en­trevisto, ei-Io que já foge, continuando a carreira com o seu esplêndido cortejo (28). Depois dele, apresen­tam-se dez sóis, de cores diferentes, grupados na mesma atmosfera luminosa que os cerca, como que a formar uma faixa de glória. E sempre os sistemas sucedem aos sistemas, paraísos ou galés flutuantes, mundos magníficos, vestidos de azul, de ouro e de luz. Mais longe, os cometas errantes, as pálidas nebulosas das quais cada átomo é um sol no berço (29). Sabe de uma coisa: todos esses mundos são as moradas de outras sociedades de Almas. Até pelas longínquas estrelas, cujos alvores trêmulos levam centenas de séculos a chegar ao nosso orbe, por toda parte, a família hu­mana estende seu império; por toda parte temos irmãos celestes. Somos destinados a conhecer todas essas moradas e a gozá-Ias. Reviveremos nessas terras do Espaço, em corpos novos, a fim de aí adqui­rir forças, conhecimentos, méritos maiores, e nos elevarmos ainda mais alto em nossa perpétua viagem. Tantos mundos quantas escolas para a Alma, quantos campos de evolução para cultivar o nosso entendimento e, ao mesmo tempo, para construir organismos fluídicos cada vez mais delicados, puri­ficados, brilhantes. Depois das lutas, dos tormentos, dos reveses de mil existências árduas, depois das provações e das dores dos ciclos planetários, virão os séculos de felicidade, nesses astros felizes, cujas claridades projetam sobre nós raios de paz e de ale­gria. Em seguida, as missões benditas, os novos apostolados, a tarefa invejável de provocar o estímulo, o desabrochar das Almas adormecidas, de auxiliar, por nossa vez, nossos irmãos mais moços em suas peregrinações através das regiões materiais. Enfim, atingiremos as sublimes profundezas, o céu de êxtase, onde vibra, mais poderoso, mais me­lódico, o pensamento divino, onde o tempo e a dis­tância se anulam, onde a luz e o amor unem as suas irradiações, onde a Causa das causas, em sua fecundidade incessante, concebe para todo o sempre a vida eterna e a eterna beleza! Em nossos dias, o céu não pode ser o que foi tanto tempo para a ciência humana, isto é, um es­paço vazio, triste e deserto. O Infinito se transfor­ma e se anima. O círculo de nossa vida se alarga em todos os sentidos. Sentimo-nos ligados a esse Uni­verso por mil laços. Sua vida é a nossa; sua história é nossa história. Fontes desconhecidas de meditação, de sensação, se abrem; o futuro toma aos nossos olhos caráter muitíssimo diferente. Uma impressão profunda nos invade, ao pensar em destinos tão am­plos. Para sempre somos unidos a tudo que vive, ama e sofre. De todos os pontos do Espaço, de todos esses astros que brilham na extensão, partem vozes que nos chamam, as vozes dos nossos irmãos mais velhos; e essas vozes nos dizem: "Marcha, marcha, eleva-te pelo trabalho; faze o bem; cumpre o teu dever. Vem a nós outros que, iguais a ti, pensamos, lutamos e sofremos nesses mundos da Matéria. Vem prosseguir conosco tua ascensão para Deus!" Dos espaços majestosos, baixemos nossos olha­res para a Terra. Apesar de suas proporções mo­destas, ela tem, sabemo-Io, seus encantos, sua be­leza. Cada sítio tem sua poesia, cada paisagem sua expressão, cada vale seu sentido particular. A va­riedade é tão grande nos prados do nosso mundo quanto nos campos estrelados. O verão é o sorriso de Deus! Nada mais suave, mais inebriante do que a apoteose de um belo dia em que tudo é carícia, doçura, luz. A florinha escondida na relva, o peixe que se esgueira entre as águas, fazendo espelhar ao sol suas escamas de prata, o pássaro que modula suas notas do alto das ramadas, o murmúrio das fontes, a canção misteriosa dos álamos e dos olmei­ros, o perfume selvagem dos musgos, tudo isso aca­lenta o pensamento, regozija o coração. Longe das cidades, encontra-se a calma profunda que penetra a Alma, separando-a das lutas e das decepções da vida. Só e então se compreende a verdade destas grandes palavras: "O ruído é dos homens, o silêncio é de Deus!" A contemplação e a meditação provocam o des­pertar das faculdades psíquicas e, por elas, todo um mundo invisível se abre à nossa percepção. Ensaiei, no correr desta obra, exprimir as sensações experi­mentadas do alto dos cimos ou à borda dos mares, descrever o encanto dos crepúsculos e das auroras; a serenidade dos campos, sob o real esplendor do Sol, o prodigioso poema das noites estreladas, a su­blimidade dos luares, o enigma das águas e dos bosques. Há momentos de êxtase em que a Alma se transporta fora do seu invólucro e abraça o Infinito; horas de intuição e entusiasmo em que o influxo divino nos invade qual uma onda irresistível, em que o pensamento supremo vibra e palpita em nosso ín­timo, onde brilha, por um instante, a centelha do gênio. Essas horas inolvidáveis, eu as vivi algumas vezes e, em cada uma delas, acreditei na visita, na penetração do Espírito. Devo-Ihes a inspiração de minhas mais belas páginas e de meus melhores dis­cursos. Aquele que se recolhe no silêncio e na solidão, diante dos espetáculos do mar ou das montanhas, sente nascer, subir, crescer em si mesmo imagens, pensamentos, harmonias que o arrebatam, encantam e consolam das terrestres misérias, e lhe abrem as perspectivas da vida superior. Compreende então que o pensamento de Deus nos envolve e nos penetra quando, longe das torpezas sociais, sabemos abrir­-lhe nossas almas e nossos corações. * Certamente poderiam fazer-nos muitas objeções. Por exemplo, dizerem-nos: "Fazeis sobressair os encantos da Natureza, mas não nos mostrais a sua feal­dade. Ela não tem somente sorrisos e carícias; pos­sui também revoltas, cóleras, furores·. Não falais dos monstros, nem dos flagelos que se lhe deparam. Que utilidade achais na existência dos animais fe­rozes, dos reptis, das plantas venenosas? Por que as convulsões do solo, as catástrofes, as epidemias, todos os males que geram o sofrimento humano?" Ser-nos-á fácil responder. O belo, diremos, ne­cessita dos contrastes. Todos os artistas, pensadores, escritores de valor, o sabem. E quando verificamos que, no conjunto dos mundos, a Terra ocupa um lugar inferior, e é, antes de tudo, para os Espíritos moços, uma escola, uma pousada de lutas, de provação e, às vezes, de reparação, como admirar-nos de que não seja dotada de todas as vantagens que possuem os mundos superiores? Os perigos, os obstáculos e as dificuldades de toda espécie são fatores essenciais ao progresso, outros tantos aguilhões que estimulam o homem em 'seu caminhar, outras tantas causas que o constrangem a observar, a adquirir engenho, a tornar-se previdente, comedido em seus atos. É na alternativa forçada do prazer e da dor que está o princípio da educação das Almas. Daí a necessidade para os seres, desde os mais rudimentares até os mais desenvolvidos, de lutar e de sofrer. O progresso não poderia realizar-se sem o equilíbrio indispensável dos sentimentos opos­tos, gozos e penas que se alternam no ritmo gran­dioso da vida. Mas é principalmente a dor, física e moral, que forma a nossa experiência: a sabedoria humana é o seu prêmio. Quanto aos movimentos sísmicos, às tempesta­des, às inundações, notemos que têm suas leis. Essas leis, basta conhecê-Ias, para se Ihes prever e ate­nuar os efeitos. Quando se estudam os fenômenos da Natureza e o pensamento penetra no fundo das coisas, reconhece-se isto: o que é um mal, na apa­rência, se torna, em realidade, um bem (30). A gran­deza do espírito humano consiste em elevar-se da confusão, do caos das contingências à concepção da ordem geral. Ele pode então sentir-se em segu­rança no meio dos perigos do mundo, porque com­preendeu as grandes leis que, à custa de alguns acidentes, asseguram o equilíbrio da vida e a salva­ção das raças humanas. O homem em quem o sentido profundo, o sentido das coisas divinas ainda não despertou, o céptico, em uma palavra, quaisquer que sejam sua inteligên­cia e seu saber em outras matérias, recusa-se a admi­tir estas coisas. Seria tão supérfluo insistir, quanto explicar a um cego de nascença as cores do Sol e das auroras, os jogos da luz sobre as águas ou sobre as geleiras. Ser-Ihe-ão necessários choques da adver­sidade, o concurso das circunstâncias dolorosas, que o colocarão em contacto direto com o seu destino e lhe farão sentir, juntamente com a utilidade dos sofrimentos, essas noções de sacrifício e de espe­rança pelas quais a vida toma seu sentido real e elevado. Somente, então, poderá penetrar o grande mis­tério do Universo, e compreender que tudo tem sua razão de ser, que a dor tem seu papel, e que podemos tirar proveito de tudo, da provação, da moléstia e da própria morte, porque tudo, segundo o uso que fa­zemos, pode concorrer para o nosso adiantamento, para o nosso melhoramento moral. Desde então, a confiança e a fé o ajudarão a suportar pacientemente o inevitável, a abolir a desventura presente, a sofrer em paz. O conhecimento da Lei lhe dá a certeza de melhores dias e de um futuro sem-fim. A partir desse dia, sua vida, tão obscura, tão vulgar, incolor que é, iluminar-se-á de um raio de luze de poesia, porque a poesia mais verdadeira é feita da ressonância íntima da sinfonia eterna e do acordo de nossos pensamentos, de nossos senti­mentos e de nossos atos com a pauta de nosso des­tino. * Falando qual o fizemos no correr destas páginas, seremos, sem dúvida, acusado de misticismo por mais de uma vez. Mas, todos aqueles cuja sensibilidade e juízo despertaram, que se desenvolveram sob a ação das provações e das lutas da existência, saberão compreender-nos. Certos espíritos terra-a-terra são inclinados a acoimar de místicos, de alucinados, de visionários, todos aqueles cujas percepções excedem o circuito limitado de seus pensamentos habituais. Supõem-se espíritos muito positivos e muito práticos, ao passo que, na realidade, as almas evolvidas, libertas dos preconceitos e das paixões, desdenhosas dos peque­nos interesses materiais, têm, somente elas, a in­tuição das grandes -e altas realidades da vida. Em resumo, a Natureza e a Alma são irmãs, com esta diferença: uma evolve invariavelmente, segundo um plano estabelecido, e a outra, por si mesma, esboça, em uma página em branco, as grandes li­nhas do seu destino. São irmãs, porque provêm am­bas da mesma causa eterna e estão unidas por milhares de laços .. t= o que explica o império da Na­tureza sobre os seres. A Natureza atua sobre as Almas sensíveis qual o magnetizador sobre o seu paciente, provocando o desligamento do Espírito de sua crisálida de carne. Então, na plenitude de faculda­des psíquicas, a Alma percebe um mundo superior e divino que escapa ,à maior parte das inteligências. Nunca esqueçamos isto: Tudo que cai sob os sentidos físicos, tudo que é do domínio material, é transitório, submetido à lei da destruição, à morte. As realidades profundas, eternas, pertencem ao mun­do das causas, ao domínio do invisível. Nós próprios pertencemos a esse mundo, pela parte imperecível de nosso ser. Eis que, pouco a pouco, a experimentação psí­quica e as descobertas dela decorrentes se propagam e se estendem. O conhecimento do duplo fluídico do homem, sua ação a distância, antes e depois da mor­te, a aplicação das forças magnéticas, a manifesta­ção das potências invisíveis, vêm demonstrar a todo observador atento que o mundo dos sentidos é uma pobre e obscura prisão, comparada ao domínio imen­so e radioso aberto ao Espírito. (31) Os sentidos interiores e as faculdades profundas da Alma dormitam ainda na maior parte dos homens que ignoram suas riquezas escondidas, seus poderes latentes. Éessa a razão pela qual seus atos se res­sentem de falta de base, de ponto de apoio. Daí, tantas fraquezas e desfalecimentos. Mas, a hora do despertar está próxima. O homem aprende 3 conhe­cer sua Alma, a extensão de seus poderíeis, de' seus atributos; desde logo a separação e a morte deixarão de existir para ele; a maior parte das misérias que nos assediam desaparecerão, nossos amigos do Espaço virão mais facilmente nos visitar, corresponder conosco. Uma comunhão íntima se estabelecerá entre o Céu e a Terra, e a Humanidade entrará em fase mais alta e mais bela de seus gloriosos destinos. * Com a vista enfraquecida pelo trabalho, lanço ainda um olhar sobre esses céus que me atraem e sobre essa Natureza que' eu amo. Saúdo os mun­dos que serão mais tarde nossa recompensa: Júpiter, Sirius, Órion, as Plêiades e essas miríades de focos, cujos raios trêmulos têm tantas vezes vertido em mi­nha Alma ansiosa a paz serena e as inefáveis con­solações. Em seguida, do Espaço, lanço meu olhar para esta Terra que foi meu berço e será meu túmulo. Ó Terra, planeta, nossa mãe, campo de nossos la­bores e de nossos progressos, onde, lentamente, através da obscuridade das idades, minha consciên­cia desabrocha com a consciência da Humanidade tu flutuas no Infinito, acalentada pelos eflúvios divinos; derramas em volta de ti as vibrações potentes da vida que se agita em teu seio. Dir-se-ia uma har­monia confusa, feita de rumores e de vagidos, uma harmonia que sobe do meio dos mares e dos conti­nentes, dos vales e das florestas, dos rios e dos bos­ques, e à qual se mistura a queixa humana: murmúrio das paixões, vozes de dor, ruídos de trabalho e cân­ticos de festa, gritos de furor e choques de exércitos. As vezes, também notas calmas e graves dominam esses rumores; a melodia humana substitui as harmo­nias da Natureza e o ruído das forças em ação; o cântico da Alma, liberta das servidões inferiores, saú­da a luz. Um cântico de esperança sobe para Deus em hosana, numa prece. É tua alma, ó Terra! que desperta e faz esforços para sair de obscura ganga, para misturar sua irra­diação e sua voz às irradiações e às harmonias dos mundos siderais. É tua alma que canta à alba renas­cente da Humanidade, porque esta desperta a seu turno, sai da noite material, do abismo de suas origens. A alma da Humanidade, que é a da Terra, bus­ca-se, aprende a conhecer-se, a penetrar sua razão de ser; pressente seus grandes destinos, quer reali­zá-Ios. Prossegue tua carreira, Terra que eu amo! Muitas vezes, já, meu Espírito sorveu em teus elementos as formas necessárias à sua evolução. Durante séculos, ignorante e bárbaro, percorri teus caminhos, tuas flo­restas, voguei sobre teus oceanos, nada sabendo das coisas essenciais, nem do fim a atingir. Mas, eis que, chegando ao entardecer da vida, a essa hora crepuscular em que uma nova tarefa se acaba, em que as sombras se elevam à vontade e cobrem todas as coisas com seu véu melancólico, considero o caminho percorrido; em seguida, dirijo meus olhares para diante, para a clareira que se vai abrir para mim no Além e para suas claridades eternas. A esta hora, em que minha Alma se separa, pou­co a pouco, de teus liames, ó Terra, e se prepara para te deixar -, ela compreende o fim e a lei da vida. Consciente do teu papel e do meu, reconhecido a teus benefícios, sabendo por que existo, por que' ajo e como é preciso agir, eu te bendigo, ó Terra, por todos os gozos e por todas as dores, pelas provações salutares que me proporcionaste, porque, em tudo que te devo - sensações, emoções, prazeres, sofri­mentos -, reconheço os instrumentos de minha edu­cação, de minha elevação. Eu te bendigo e te amo, feliz, quando te deixar, pelo pensamento de voltar mais tarde, em nova existência, para trabalhar ainda, para sofrer, para me aperfeiçoar contigo, contribuin­do, por meus esforços, para o teu progresso e o de meus irmãos, que são também teus filhos. (28) As estrelas, cujo afastamento faz que se pareçam imó­veis movem-se em todos os sentidos, em virtude de leis pouco conhecidas. Movimentos formidáveis arrastam cada foco sideral no turbilhão do Infinito. Nosso sistema solar voa com grande velocidade para a constelação de Hércules, e vence em 650 séculos uma distância igual à que nos separa da estrela Alfa do Cen­tauro. Nosso astro central é um dos mais modestos sóis: Canopo o excede de mais de 10.000 vezes em brilho, Arcturo de 8.000. Visto de sua superfície, nosso ofuscante foco seria um ponto im­perceptível. (29) Segundo as observações telescópicas e a fotografia ce­leste, a Ciência estabelece que nosso universo se compõe de um milhar de milhão de estrelas. Camille Flammarion crê que este universo não é único. Nada prova, diz ele, que esse bilhão exista só no Infinito e que, por exemplo, não haja um segundo, um terceiro, um quarto e cem e mil universos semelhantes aos outros. Esses universos podem ser separados por espaços absolutamente vazios, desprovidos de éter e, por conseqüência, invisíveis uns dos outros. Parece até que conhecemos já algumas das estrelas que não pertencem ao nosso universo sideral. Podemos citar, por exem­plo, com Newcomb, a estrela 1.830 do catálogo de Groombridge, a mais rápida, cujo movimento foi determinado. Este foi avaliado em 320.000 metros por segundo, e a força atrativa de nosso universo inteiro não pode ter determinado tal velocidade. Segundo todas as probabilidades, essa estrela vem de fora e atravessa nosso uni­verso qual um projétil. O mesmo se pode dizer da de número 9.352 do catálogo de Lacaille, e mesmo de Arturu, a quarta em grandeza das estrelas visíveis e de Mu de Cassiopéia (conferência de agosto de 1906). Acrescentamos que as potências da Natureza são sem limite na extensão e na duração. A luz, que percorre 300.000 quilômetros por segundo, leva 200 séculos a atravessar a Via - Láctea, formigueiro de estrelas do qual fazemos parte. Essas famílias ou ne­bulosas são inúmeras, e todos os dias se descobrem novas, por exemplo, a segunda de Órion, cuja extensão terrifica a imaginação. Vivemos no seio de um absoluto sem limites, sem começo e sem fim. Ver, também, para pormenores, a nota complementar nº 3, no fim deste livro (30) Vide Depois da Morte cap.IX (31) Vide Cristianismo e Espiritismo, Provas Experimentais da Sobrevivência; No Invisível e O Problema do Ser, do Destino e da Dor.

Fonte : O Grande Enigma

Reencarnação de Allan Kardec

Já na época de Léon Denis se especulava sobre a reencarnação de Allan Kardec. O estudo nos permite aplicar aquilo que Kardec enfatizava sobre a "Generalidade e Concordância dos Espíritos" Se estudarmos as comunicações "Allan Kardec (Espírito)" Chegaremos aos fatos com relação à este assunto. O Espírita não necessita especular é só estudar.

Capítulo XIII Mensagens dos Invisíveis Publicamos: aqui a série de mensagens ditadas, por meio de incorporação mediúnica, pelos grandes e generosos esplrltos que quiseram colaborar com a nossa obra. A autenticidade desses documentos re­side não somente neles mesmos, pelo fato que eles ultrapassam, em vários pontos, a capacidade das in­teligências humanas, mas, também, nas provas de identidade que a ela se ligam. Assim é que no curso de nossas conversas com o espírito de Allan Kardec, este entrou em certos detalhes precisos sobre sua sucessão e as discussões que surgiram sobre este assunto, entre duas famílias espíritas, com particula­ridades que o médium não podia, absolutamente, conhecer, pois era somente uma criancinha, prove­niente de pais que Ignoravam completamente o Espi­ritismo. Esses detalhes se apagaram de minha me­mória e não pude reconstituí-Ios senão após pesqui­sas e investigação. Quanto ao seu valor científico e moral, ver-se-á que os assuntos tratados nessas mensagens atin­gem o mais alto grau de compreensão humana atual. Eles o ultrapassam, até, em certos casos, mas não permitem entretanto, entrever a gênese da vida uni­versal. Considerando esta obra sob o seu ponto de vista, os autores nos dizem que se poderá haurir uma nova orientação que, no estado atual da evolu­ção que atingimos, é a única compatível "com o grau de compreensão e de resistência do cérebro huma­no." Lembremos, porém, àqueles que tenham esque­cido, que os espfritos experimentam, às vezes, gran­des dificuldades para exprimir por meio de um orga­nismo, de um cérebro alheio, noções e idéias pouco familiares a este último. Ora, é precisamente o caso relativo ao nosso médium e a questão céltica. Allan Kardec verificou isso no curso de suas mensagens, como se verá em seguida. É preciso esforços persis­tentes da vontade para criar, no cérebro do médium, expressões e imagens inusitadas. Isto explica as cri­ticas que puderam ser endereçadas a certos mortos famosos a propósito das diferenças de estilo anota­das nas suas comunicações. Uma outra objeção consiste em pretender que Allan kardec está reencarnado no Havre, desde 1897. trinta anos teriam passado de sua nova existência terrestre. (Se) Ora, pode-se admitir que um esplnfo deste valor tenha esperado tão longo tempo para se revelar por obras ou ações adequadas? Além disso, Allan Kardec não se comunica unicamente em Tours, mas também em .muitos outros grupos espíri­tas da França e da Bélgica. Em todos esses lugares ele se afirma pela autoridade de sua palavra e a sa­bedoria de seus conhecimentos. Eis aqui inicialmente a apresentação do espírito de Allan Kardec pelo guia diretor de nosso grupo: Eu vos anuncio a visita do espírito de Allan Kardec. Constatei a ambiência pura e a bela cor fluídica que envolvem este espírito, o brilho de sua fé na força divina superior. É isto que lhe permitiu durante suas existências, prosseguir uma evolução, que lhe dá, a cada vida, os conhecimentos das intui­ções mais preciosas sobre as formas e as leis da vi­da universal. Ele se ligou particularmente à França, e a cha­ma céltica, isto é, a fé primeira natural, sempre bri­Ihou. sobre ele. Allan Kardec se dedicou a reanimar esta fé na consciência e na subconsciência dos franceses, a fim de os ajudar a elevar seu espfrito e a se aproxi­mar do raio celta. O médium, ignorando completamente a questão céltica, nos oferece garantia perfeita contra a auto­-sugestão. O celtismo representa a fé ardente emanada das correntes superiores e transmitida na vossa re­gião por uma radiação que auxiliou, de modo pode­roso, o desenvolvimento da consciência francesa. É um dos vinculos mais vivazes ao culto divino, ao cul­to da sobrevivência e ao da pátria. Assim, nas vos­sas preces, a pequena chama celta que ilumina as vossas consciências de franceses, se eleva, jorra à medida que a sinceridade se sublima. Vós deveis, na vossa obra, fazer um apelo às reminiscências célticas para ativar esta fé ardente na divindade que provoca, sobre nosso mundo, o en­vio de correntes geradoras e benfeitoras. Esta alta aspiração, os corações puros a possuem. Como, ou­trora, os celtas, as almas que têm sede de ideal pro­curam nas fontes da natureza esta luz benfeitora que simboliza a grandeza divina. Allan Kardec vos dirá como e por que este raio céltico estava ligado ao solo armoricano. (59) Se eu estivesse ainda sobre a Terra eu me ser­viria desse tema para demonstrar que é à centelha transmitida pelos celtas que nós devemos, em graus diversos, a necessidade de crença no Além, a satis­fação do desabrochamento da alma e a percepção da luz espiritual, isto nos prova que todas as criatu­ras são obra de Deus. Concluo vos afirmando que o raio céltico é o guia que vos dirige para o supremo foco da luz. É por esta luz que chegareis a compreender a marcha da vida universal. Nas vossas vidas, à medida que vós subirdes para Deus, vos saciareis nessas fontes poderosas, apreendereis a conhecer as forças insus­peitas do éter, as vibrações criadoras que demons­tram a existência do foco divino. (59) De Armorique , parte da antiga Gália, hoje Bretanha.

Fonte : O Gênio Céltico e o Mundo Invisível

Autenticidade dos Evangelhos

Léon Denis descreve as inserções e modificações feitas nos Evangelhos permitindo-nos entender o porque da ênfase dada por Kardec ao fato de que o Espiritismo segue junto com a Ciência.

Autenticidade dos Evangelhos Nos tempos afastados, muito antes da vinda de Jesus, a palavra dos profetas, qual raio velado da verdade, preparava os homens para os ensinos mais profundos do Evangelho. Mas, já desvirtuado pela versão dos Setenta, o Antigo Testamento não refletia, nos últimos séculos antes do Cristo, mais que uma intuição das verdades superiores[i]. “As eternas verdades, que são os pensamentos de Deus – diz eminente individualidade do espaço – foram comunicadas ao mundo em todas as épocas, levadas a todos os meios, postas ao alcance das inteligências, com paternal bondade. O homem, porém, as tem desconhecido muitas vezes. Desdenhoso dos princípios ensinados, arrastado por suas paixões, em todos os tempos passou ele ao pé de grandes coisas sem as ver. Essa negligência do belo moral, causa de decadência e corrupção, impeliria as nações à própria perda, se o guante da adversidade e as grandes comoções da História, abalando profundamente as almas, não as reconduzissem a essas verdades.” Veio Jesus, espírito poderoso, divino missionário, médium inspirado. Veio, encarnando-se entre os humildes, a fim de dar a todos o exemplo de uma vida simples e, entretanto, cheia de grandeza – vida de abnegação e sacrifício, que devia deixar na Terra impagáveis traços. A grande figura de Jesus ultrapassa todas as concepções do pensamento. Eis por que não a pode ter sido criada pela imaginação. Nessa alma, de uma serenidade celeste, não se nota mácula nenhuma, nenhuma sombra. Todas as perfeições nela se fundem, com uma harmonia tão perfeita que se nos afigura o ideal realizado. Sua doutrina, toda luz e amor, dirige-se sobretudo aos humildes e aos pobres, a essas mulheres, a esses homens do povo curvados sobre a terra, a essas inteligências esmagadas ao peso da matéria e que aguardam, na provação e no sofrimento, a palavra de vida que as deve reanimar e consolar. E essa palavra lhes é prodigalizada com tão penetrante doçura, exprime uma fé tão comunicativa, que lhes dissipa todas as dúvidas e os arrasta a seguir as pegadas do Cristo. O que Jesus chamava pregar aos simples “o evangelho do reino dos céus”, era pôr ao alcance de todos o conhecimento da imortalidade e do Pai comum, do Pai cuja voz se faz ouvir na serenidade da consciência e na paz do coração. Pouco a pouco essa doutrina, transmitida verbalmente nos primeiros tempos do Cristianismo, se altera e complica sob a influência das correntes opostas, que agitam a sociedade cristã. Os apóstolos, escolhidos por Jesus para lhe continuarem a missão, muito bem o tinham sabido compreender; haviam recebido o impulso da sua vontade e da sua fé. Mas os seus conhecimentos eram restritos e eles não puderam senão conservar piedosamente, pela memória do coração, as tradições, os pensamentos morais e o desejo de regeneração que lhes havia ele depositado no íntimo. Em sua jornada pelo mundo os apóstolos se limitam, pois, a formar, de cidade em cidade, grupos de cristãos, aos quais revelam os princípios essenciais; depois, vão intrepidamente levar a “boa nova” a outras regiões. Os Evangelhos, escritos em meio das convulsões que assinalam a agonia do mundo judaico, depois sob a influência das discussões que caracterizam os primeiros tempos do Cristianismo, se ressentem das paixões, dos preconceitos da época e da perturbação dos espíritos. Cada grupo de fiéis, cada comunidade, tem seus evangelhos, que diferem mais ou menos dos outros[ii]. Grandes querelas dogmáticas agitam o mundo cristão e provocam sanguinolentas perturbações no Império, até que Teodósio, conferindo a supremacia ao papado, impõe a opinião do bispo de Roma à cristandade. A partir daí, o pensamento, criador demasiado fecundo de sistemas diferentes, há de ser reprimido. A fim de pôr termo a essas divergências de opinião, no próprio momento em que vários concílios acabam de discutir acerca da natureza de Jesus, uns admitindo, outros rejeitando a sua divindade, o papa Damaso confia a São Jerônimo, em 384, a missão de redigir uma tradução latina do Antigo e do Novo Testamento. Essa tradução deverá ser, daí por diante, a única reputada ortodoxa e tornar-se-á a norma das doutrinas da Igreja: foi o que se denominou a “Vulgata”. Esse trabalho oferecia enormes dificuldades. São Jerônimo achava-se, como ele próprio o disse, em presença de tantos exemplares quantas cópias. Essa variedade infinita dos textos o obrigava a uma escolha e a retoques profundos. É o que, assustado com as responsabilidades incorridas, ele expõe nos prefácios da sua obra, prefácios reunidos em um livro célebre. Eis aqui, por exemplo, o que ele dirigiu ao papa Damaso, encabeçando a sua tradução latina dos Evangelhos: “De velha obra me obrigais a fazer obra nova. Quereis que, de alguma sorte, me coloque como árbitro entre os exemplares das Escrituras que estão dispersos por todo o mundo e, como diferem entre si, que eu distinga os que estão de acordo com o verdadeiro texto grego. É um piedoso trabalho, mas é também um perigoso arrojo, da parte de quem deve ser por todos julgado, julgar ele mesmo os outros, querer mudar a língua de um velho e conduzir à infância o mundo já envelhecido. “Qual, de fato, o sábio e mesmo o ignorante que, desde que tiver nas mãos um exemplar (novo), depois de o haver percorrido apenas uma vez, vendo que se acha em desacordo com o que está habituado a ler, não se ponha imediatamente a clamar que eu sou um sacrílego, um falsário, porque terei tido a audácia de acrescentar, substituir, corrigir alguma coisa nos antigos livros? Meclamitans esse sacrilegum qui audeam aliquid in veteribus libris addere, mutare, corrigere.[iii] “Um duplo motivo me consola desta acusação. O primeiro é que vós, que sois o soberano pontífice, me ordenais que o faça; o segundo é que a verdade não poderia existir em coisas que divergem, mesmo quando tivessem elas por si a aprovação dos maus.” São Jerônimo assim termina: “Este curto prefácio tão-somente se aplica aos quatro Evangelhos, cuja ordem é a seguinte: Mateus, Marcos, Lucas e João. Depois de haver comparado certo número de exemplares gregos, mas dos antigos, que se não afastam muito da versão itálica, combinamo-los de tal modo (ita calamo temperavimus) que, corrigindo unicamente o que nos parecia alterar o sentido, conservamos o resto tal qual estava.” (Obras de São Jerônimo, edição dos Beneditinos, 1693, t. I, col. 1425.) Assim, é conforme uma primeira tradução do hebraico para o grego, por cópias com os nomes de Marcos e Mateus; é, num ponto de vista mais geral, conforme numerosos textos, cada um dos quais difere dos outros (tot sunt enim exemplaria quot codices) que se constitui a Vulgata, tradução corrigida, aumentada, modificada, como o confessa o autor, de antigos manuscritos. Essa tradução oficial, que devia ser definitiva segundo o pensamento de quem ordenara a sua execução, foi, entretanto, retocada em diferentes épocas, por ordem dos pontífices romanos. O que havia parecido bom, do ano 386 ao de 1586, o que fora aprovado em 1546 pelo concílio ecumênico de Trento, foi declarado insuficiente e errôneo por Sixto V, em 1590. Fez-se nova revisão por sua ordem; mas a própria edição que daí resultou, e que trazia o seu nome, foi modificada por Clemente VIII em uma nova edição, que é a que hoje está em uso e pela qual têm sido feitas as traduções francesas dos livros canônicos, submetidos a tantas retificações através dos séculos. Entretanto, a despeito de todas essas vicissitudes, não hesitamos em admitir a autenticidade dos Evangelhos em seus primitivos textos. A palavra do Cristo aí se ostenta poderosa; toda dúvida se desvanece à fulguração da sua personalidade sublime. Sob o sentido adulterado, ou oculto, sente-se palpitar a força da primitiva idéia. Aí se revela a mão do grande semeador. Na profundeza desses ensinos, unidos à beleza moral e ao amor, sente-se a obra de um enviado celeste. Ao lado, porém, dessa potente destra, a frágil mão do homem se introduziu nessas páginas, nelas enxertando débeis concepções, ligadas bem mal aos primeiros pensamentos e que, a par dos arroubos da alma, provocam a incredulidade. Se os Evangelhos são aceitáveis em muitos pontos, é, todavia, necessário submeter o seu conjunto à inspeção do raciocínio. Todas as palavras, todos os fatos que neles estão consignados não poderiam ser atribuídos ao Cristo. Através dos tempos que separam a morte de Jesus da redação definitiva dos Evangelhos, muitos pensamentos sublimes foram esquecidos, muitos fatos contestáveis aceitos como reais, muitos preceitos, mal interpretados, desnaturaram o ensino primitivo. Para servir às conveniências de uma causa, foram decotados os mais belos, os mais opulentos ramos dessa árvore de vida. Sufocaram, antes do seu desabrochar, os fortalecedores princípios que teriam conduzido os povos à verdadeira crença, à que eles hoje em dia inda procuram. O pensamento do Cristo subsiste no ensino da Igreja e nos sagrados textos, mesclado, porém, de vários elementos, de opiniões ulteriores, introduzidos pelos papas e concílios, cujo intuito era assegurar, fortalecer, tornar inabalável a autoridade da Igreja. Tal foi o objetivo colimado através dos séculos, o pensamento que inspirou todos os retoques feitos nos primitivos documentos. A despeito de tudo o que na Igreja resta de espírito evangélico, verdadeiramente cristão, foi o suficiente para produzir admiráveis obras, obras de caridade que fizeram a glória das igrejas cristãs e que protestam contra o fato de se acharem associadas a tantos ambiciosos empreendimentos, inspirados no apego ao domínio e aos bens materiais. Seria preciso grande trabalho para destacar o verdadeiro pensamento do Cristo do conjunto dos Evangelhos, trabalho possível, posto que árduo para os inspirados, dirigidos por segura, mas labor impossível para os que só por suas próprias faculdades se dirigem nesse Dédalo em que com as realidades se misturam as ficções, com o sagrado o profano, com a verdade o erro. Em todos os séculos, impelidos por uma força superior, certos homens se aplicaram a essa tarefa, procurando desembaraçar o supremo pensamento das sombras em torno dele acumuladas. Amparados, esclarecidos por essa divina centelha que para os homens apenas brilha de um modo intermitente, mas cujo foco jamais se extingue, eles afrontaram todas as acusações, todos os suplícios, para afirmar o que acreditavam ser a verdade. Tais foram os apóstolos da Reforma. Eles foram, em sua tarefa, interrompidos pela morte; mas do seio do espaço ainda sustentam e inspiram os que se batem por essa grande causa. Graças aos seus esforços, a noite que pesa sobre as almas começa a dissipar-se; raiou a aurora de uma revelação muito mais vasta. É com o auxílio dos esclarecimentos trazidos por essa nova revelação, científica e, ao mesmo tempo, filosófica, já espalhada em todo o mundo sob o nome de Espiritismo, ou moderno Espiritualismo, que procuraremos escoimar a doutrina de Jesus das obscuridades em que o trabalho dos séculos a envolveu. Chegaremos, assim, à conclusão de que essa doutrina é simplesmente à volta ao Cristianismo primitivo, sob mais precisas formas, com um imponente cortejo de provas experimentais, que tornará impossível todo monopólio, toda reincidência nas causas que desnaturaram o pensamento de Jesus.
[i] Nota 1:
Sobre a autoridade da Bíblia e as origens do Antigo Testamento Para a maior parte das igrejas cristãs a Bíblia é a suprema autoridade, sendo os sessenta e seis livros que compõem o Antigo e o Novo Testamento a expressão da “palavra de Deus”. Nós, filhos curiosos do século XX, perguntamos: porque precisamente sessenta e seis livros? Porque nem mais, nem menos? Os livros do Antigo Testamento foram escolhidos, entre muitos outros, por desconhecidos rabinos judeus. O valor desses livros é, de resto, muito desigual. O segundo livro dos Macabeus, por exemplo, é muitíssimo superior ao de Ester; o livro da sabedoria excede em valor o Eclesiastes. O mesmo aconteceu com o Novo Testamento, composto de conformidade com uma norma que os cristãos do primeiro século não conheciam. O Apocalipse foi escrito no ano 68 depois de Jesus-Cristo. O quarto Evangelho só apareceu em fins do século I – alguns dizem no ano 140 –; um e outro trazem o nome de S. João; mas esses dois livros são animados de um espírito bem diferente. O primeiro é obra de um cristão judeu; o outro é escrito por um cristão da escola filosófica de Alexandria, que não só havia rompido com a dogmática judaica, mas se propunha mesmo combatê-la. Compreende-se facilmente que os reformadores protestantes, baseando-se no princípio de que a Bíblia constitui a “palavra de Deus” tenham tropeçado em insuperáveis dificuldades. Foram eles, sobretudo, que emprestaram à Bíblia essa autoridade absoluta que tantos abusos devia ocasionar: é necessário, porém, não os julgar unicamente conforme os resultados da teologia que instituíram. As necessidades do tempo os coagiram a opor à autoridade da Igreja Romana, ao abuso das indulgências, ao culto dos santos, às obras mortas de uma religião em que as frívolas práticas haviam substituído a fé vivificadora, a soberania de Deus e a autoridade da sua palavra, expressa na Bíblia. Não obstante a disparidade dos elementos que compõem essa obra, não se lhe poderia contestar a alta importância e a inspiração por vezes elevada. Um rápido exame nos provará, todavia, que ela não pode ter a origem que lhe é atribuída. Gênesis – Se lermos com atenção os primeiros capítulos do Gênesis verificaremos que encerram duas narrativas distintas da Criação. Os textos do capítulo I até o capítulo II, vv. 1 a 3, contêm uma primeira exposição, mas, no capitulo II, 4, começa uma outra narração; essas duas narrativas nos revelam o pensamento de dois autores diferentes. Um, falando de Deus, o chama Eloim, isto é, “os deuses”. Na opinião de certos comentadores, esse termo designaria as forças, os seres divinos, os Espíritos colaboradores do único. Esse parecer é confirmado por muitas passagens do sagrado livro. “Eis aí está feito Adão como um de nós”, lê-se por exemplo, no Gênesis.[i] “Eu sou o Jahveh de vossos deuses”, diz o Levítico.[ii] No livro de Daniel, falando desse profeta, a mulher de Baltazar afirma que ele possui o espírito dos deuses santos.[iii] Com o plural Eloim, exprimindo a coletividade, o verbo deve ser empregado no singular: os deuses “criou”, ao passo que, falando essas forças de si mesmo, o verbo está no plural. Disse Eloim: “Façamos o homem à nossa imagem”. O outro autor do Gênesis emprega o termo Jeová – Jahveh, segundo os modernos orientalistas – nome particular do Deus de Israel. Essa diferença é constante e se encontra em toda a obra, a tal ponto que os exegetas chegaram a distinguir esses dois autores, designando-os pelos nomes de autor Eloísta e autor Jeovista. Cada um deles tem suas opiniões particulares. O primeiro, por exemplo, se esforçou por dar uma sanção divina à instituição do sábado, alegando que Deus havia, ao sétimo dia, repousado. O segundo explica o problema do sofrimento humano. Provém, diz ele, do pecado, e o pecado decorre da queda de Adão. Terrível encadeamento de conseqüências dogmáticas, que devia pesar aflitivamente sobre o pensamento humano e lhe deter o surto. Renan proclama esse autor o maior dos filósofos. Aí está uma apreciação bem singular. Não se pode, inquestionavelmente, negar que as suas opiniões tivessem inspirado São Paulo, Santo Agostinho, Lutero, Calvino, Pascal; mas em que terríveis dédalos não as emaranharam a razão humana! No capítulo IV do Gênesis uma estranha contradição se patenteia. Depois de haver morto Abel, Caim se retira para um país distante, no qual encontra homens, casa-se e funda uma cidade. Coisa é essa que gravemente afeta a narrativa da Criação e a teoria da unidade de origem das raças humanas. Deuteronômio – Tomemos agora em consideração este quinto livro do Antigo Testamento. Diz o capítulo I, v. 1, que é ele obra de Moisés. Nisso há um primeiro exemplo dessas piedosas fraudes que consistiam em publicar um escrito sob o nome de um autor respeitável para lhe dar maior autoridade. Somos informados da origem desse livro pela narrativa dos Reis, II, XXII, vv. 8 e 10. Foi achado no templo, sob o reinado de Josias, um dos últimos reis de Judá, cinco séculos depois de Moisés, numa época em que o astro da dinastia de Judá já se inclinava para o ocaso. O verdadeiro autor o tinha evidentemente colocado no templo, a fim de que fosse descoberto e apresentado ao rei, piedoso homem, que tomou o livro a sério, acreditou que provinha de Moisés e empregou toda a sua autoridade no sentido de aplicar as reformas nele reclamadas. Os judeus achavam-se então engolfados na idolatria; os preceitos do Decálogo de tal modo estavam esquecidos que o autor do Deuteronômio, um reformador bem intencionado, tendo-se proposto recordá-los, provocou um verdadeiro temor nos espíritos e conseguiu fazer aceitar o seu livro como uma nova revelação. Observemos, a esse respeito, no Deuteronômio, cap. XXVIII, que as sedutoras promessas e as aterradoras ameaças com que se esforça o autor pelo restabelecimento do culto a Jeová se referem exclusivamente à vida terrestre, parecendo não possuir noção alguma da imortalidade. A mesma coisa se dá com o Pentateuco, conjunto de obras atribuídas a Moisés. Em lugar algum o grande legislador judeu, ou os que falam em seu nome, faz menção da alma como entidade sobrevivente ao corpo. Na sua opinião, a vida do homem, criatura efêmera, se desdobra no acanhado círculo da Terra, sem perspectiva aberta para o céu, sem esperança e sem futuro. Na maior parte, os outros livros do Antigo Testamento não falam do futuro do homem senão com a mesma dúvida, com o mesmo sentimento de desesperadora tristeza. Diz Salomão (Eclesiastes, III, vv. 17 e seguintes): “Quem sabe se o espírito do homem sobe às alturas? Meditando sobre a condição dos homens, tenho visto que é ela a mesma que a dos animais. Seu fim é o mesmo; o homem perece como o animal; o que resta de um não é mais do que o que resta do outro; tudo é vaidade”.[iv] É então isso a “palavra de Deus”? Pode-se admitir que ele tenha deixado ao seu povo predileto ignorar os destinos da alma e a vida futura, quando esse princípio essencial de toda doutrina espiritualista era, havia muito tempo, familiar na Índia, no Egito, na Grécia, na Gália? A Bíblia estabelece como princípio o mais absoluto monoteísmo. Nela não se trata da Trindade. Jahveh reina sozinho no céu, zeloso e solitário. Mas Jahveh primitivamente não é mais que um deus nacional, oposto às divindades cultuadas pelos outros povos. Só mais tarde os hebreus se elevam à concepção desse Poder único, supremo, que rege o Universo. Os anjos não se mostram senão de longe em longe, como mensageiros do Eterno. Não há lugar algum para as almas dos homens nos céus tristes e vazios. No ponto de vista moral, Deus é apresentado na Bíblia sob aspectos múltiplos e contraditórios. Dizem-no o melhor dos pais e fazem-no desapiedado para com os filhos culpados. Atribuem-lhe a onipotência, a infinita bondade, a soberana justiça, e rebaixam-no até ao nível das paixões humanas, mostrando-o terrível, parcial e implacável. Fazem-no criador de tudo o que existe, dão-lhe a presciência e, depois, apresentam-no como arrependido da sua obra: Gênesis, cap. VI, vv. 6 e 7: “Ele se arrependeu de ter feito o homem na terra e teve por isso um grande desgosto em seu coração.” E diz o Eterno: “Eu exterminarei da face da terra os seres que criei, desde os homens até os animais, até tudo o que se roja pelo chão, e até os pássaros dos céus, porque me arrependo de os haver criado.” Só Noé e sua família encontraram graça diante do Eterno. Em que se tornam, depois dessa narrativa, a previdência e o poder divino? Assinalemos entretanto: a noção da Divindade se vai depurando à medida que evolve o povo. Os profetas, indivíduos inspirados, reprovam, em nome do Senhor, os sacrifícios cruentos, primeiras homenagens dos hebreus a Jahveh; condenam o jejum e os sinais exteriores de humilhação, nos quais o pensamento não tem a menor intervenção. “Quando me ofereceis os holocaustos de vossas rezes pingues, não me dais prazer algum”, exclama o Eterno pela boca de Amós. “O que exijo é que a retidão seja como uma água que transborda, e a justiça como uma torrente impetuosa”.[v] “Não jejuais como convém – escreve Isaias, – Curvar a cabeça como um junco e fazer cama de saco e de cinza, chamaras tu a isso o jejum agradável ao Senhor? Mas o jejum que me agrada é antes este: Rompe as ligaduras da maldade; desata os laços da servidão, deixa ir livres os oprimidos; reparte o teu pão com o que tem fome e introduze em tua casa os infelizes e os peregrinos; dá de vestir aos nus e não desprezes os teus semelhantes, e então romperá como a aurora tua luz, a justiça irá diante de tua face e a glória do Eterno te acompanhará”.[vi] “O que o Senhor requer de ti – diz Miquéias – é que pratiques a justiça, que ames a misericórdia e que andes humildemente com o teu Deus”.[vii] Em sua obra intitulada Em torno de um livrinho, respondendo às criticas suscitadas pelo seu trabalho sobre o Evangelho e a Igreja, externa o abade Loisy a opinião de que, em seu conjunto, não têm os livros do Antigo Testamento outro objetivo além da instrução religiosa e edificação moral do povo. “Nele se desconhece a exatidão bibliográfica – acrescenta; – a preocupação do fato material e da história objetiva brilha pela ausência.” É também essa a minha opinião. Daí segue que não poderia a Bíblia ser considerada “a palavra de Deus” nem uma revelação sobrenatural. O que se deve nela ver é uma compilação de narrativas históricas ou legendárias, de ensinamentos sublimes, de par com pormenores às vezes triviais. Parece, em certos casos, se inspirarem os autores do Pentateuco em revelações mais antigas, como o faz notar Swedenborg, com provas em apoio. Os iniciados encaram o Antigo Testamento como puramente simbólico e nele pensam descobrir todas as verdades por meio da Cabala. Somos também de opinião que o pode revestir a forma de um símbolo. Do mesmo modo que aí vemos a preparação do povo hebreu para o advento do Cristianismo, sob a direção de Moisés e dos profetas, aos quais se mostra ele às vezes tão rebelde, pode igualmente esse livro representar-nos a marcha ascensional do espírito humano para a perfeição, a que o conduzem os Espíritos superiores de um e do outro mundo. O Antigo Testamento parece destinado a servir de laço entre a raça semítica e a ariana. Jesus, com efeito, não parece mais ariano que judeu? Sua infinita mansidão, a serena claridade de seu pensamento não estão em oposição com os rígidos, com os sombrios aspectos do Judaísmo? Essa obra não remonta a tão antiga data como se tem de bom grado feito crer. Foi em todo caso retocada mais ou menos tempo depois da volta da Babilônia, porque nela a espaços se encontram alusões ao cativeiro dos judeus nesse país.[viii] É bem a obra dos homens, o testemunho da sua fé, das suas aspirações, do seu saber, e também dos seus erros e superstições. Os profetas nela consignaram a palavra vibrante que lhes era inspirada; videntes, descreveram as imagens das realidades invisíveis que lhes apareciam; escritores, delinearam as cenas da vida social e os costumes da época. Foi com o intuito de dar a esses ensinos tão diversos maior peso e autoridade, que foram eles apresentados como emanados da soberana potência que rege os mundos.
[i] Cap. III, 22. [ii] XIX, 3. [iii] Daniel, V, 11. [iv] “Tudo é nada” diz o texto hebraico. [v] "Amós" V, 22, 24. [vi] "Isaías", LVIII, 4-8. [vii] “Miquéias”, VI, 8. [viii] Cerca do ano 700 antes da nossa era. [ii] Nota 3:
Sobre a autenticidade dos Evangelhos Um atento exame dos textos demonstra que, em meio das discussões e das perturbações que agitaram, nos primeiros séculos, o mundo cristão, não se hesitou, para aduzir argumentos. em desvirtuar os fatos, em falsear o verdadeiro sentido do Evangelho. Celso, desde o século II, no Discurso verdadeiro, lançava aos cristãos a acusação de retocarem constantemente os Evangelhos e eliminarem no dia seguinte o que havia sido inserido na véspera. Muitos fatos parecem imaginários e acrescentados posteriormente. Tais, por exemplo, o nascimento em Belém, de Jesus de Nazaré, a degolação dos inocentes, de que a História não faz menção alguma, a fuga para o Egito, a dupla genealogia, contraditória em tantos pontos, de Lucas e Mateus. Como, também, acreditar na tentação de Jesus, que a Igreja admite nesse mesmo livro em que acredita encontrar as provas da sua divindade? Satanás leva Jesus ao monte e lhe oferece o império do mundo, se ele lhe quiser prestar obediência. Se Jesus é Deus, poderia Satanás ignorá-lo? E, se conhecia sua natureza divina, como esperava exercer influência sobre ele? A ressurreição de Lázaro, o maior dos milagres de Jesus, é unicamente mencionada no quarto Evangelho, mais de 60 anos depois da morte do Cristo, ao passo que as suas menores curas são citadas nos três primeiros. Com o quarto Evangelho e Justino Mártir, a crença cristã efetua a evolução que consiste em substituir à idéia de um homem honrado, tornado divino, a de um ser divino que se tornou homem. Depois da proclamação da divindade do Cristo, no século IV, depois da introdução, no sistema eclesiástico, do dogma da Trindade, no século VII, muitas passagens do Novo Testamento foram modificadas, a fim de que exprimissem as novas doutrinas (Ver João, I, 5,7). “Vimos, diz Leblois,[i] na Biblioteca Nacional, na de Santa Genoveva, na do mosteiro de Sannt-Gall, manuscritos em que o dogma da Trindade está apenas acrescentado à margem. Mais tarde foi intercalado no texto, onde se encontra ainda.”
[i] As bíblias e os iniciadores religiosos da humanidade, por Leblois, pastor em Strasburgo. [iii] A obra de S. Jerônimo foi, efetivamente, mesmo em sua vida, objeto das mais vivas críticas; polêmicas injuriosas se travaram entre ele e seus detratores.

Fonte : Cristianismo e Espiritismo