terça-feira, 20 de julho de 2010

Ler Matéria - Jornal O CLARIM

Dever e caridade
Cairbar Schutel

Publicado em 8 de agosto de 1936

O trabalho de propaganda, pelo qual nos empenhamos, aplicando todas as nossas aptidões, além de ser uma tarefa que se acha adstrita aos nossos afazeres na Terra, é um dos maiores exercícios de caridade que não pode deixar de concorrer para o nosso bem-estar futuro.
Se mais não fizemos que pregar, insistentemente, a existência e imortalidade da alma e, portanto, a sorte que aguarda os crentes e os descrentes, os bons e os maus, as almas liberais e as avaras, os simples, os humildes, os orgulhosos e os enfatuados, já teríamos realizado o nosso dever e exercido, na frase de S. Paulo, a mais alta expressão da Caridade Cristã.
Com efeito, a imortalidade da alma, ou seja, o prosseguimento da nossa existência, à despeito da transformação que chamamos morte, é o princípio fundamental de todos os cometimentos e, consequentemente, o ponto de partida, o fundamento de uma orientação firme para bem nos guiarmos na estrada da vida.
Poder-se-á comparar a existência, o modo de agir de um homem que em nada crê, julgando ser o túmulo a sua última morada, com a existência de um outro que, orientado pelos princípios espíritas, já sabe que a morte nada mais é que um incidente na sua ascensão para a felicidade, pela conquista de conhecimentos que enriquecem e santificam sua alma!
O princípio da Imortalidade, quando aceito, não como um artigo de fé-cega, mas, após acurado estudo e experiências positivas e bem controladas, constitui o pivô mágico sobre o qual nos equilibramos para triunfarmos nas lutas e aproveitarmos o tempo da nossa peregrinação terrestre. Além de tudo, a Doutrina da Imortalidade nos faculta uma soma enorme de consolações e esperanças que, em vão, procuraríamos em qualquer religião da Terra e em todas as ciências, que constituem o orgulho da nossa civilização.
A imortalidade individual implica a existência, portanto, dos nossos parentes, dos seres queridos que, segundo afirma o Espiritismo, não foram absorvidos nas voragens dos túmulos e, consequentemente, ela vem nos dizer que nós também não seremos destruídos nesse combate que teremos todos de enfrentar contra a morte.
“Mors janua est” – a morte é a porta da vida –, como disse o filósofo, e repetiu-nos, numa carta que nos enviou o grande biologista francês recém-desencarnado, Professor Charles Richet.
Pois bem, em troco dessa grande Luz que o Espiritismo nos proporciona, julgamos que, por dever e caridade, nos cumpre erguer bem alto esse lábaro sagrado, que constitui a Verdadeira Fé, para que, os que nos são próximos bebam dessa Água que desaltera e vivifica e prossigam, intemeratamente, nas lutas pelo seu aperfeiçoamento espiritual, certos de que, assim fazendo, terão magnificamente aproveitado a sua existência terrestre.
A Imortalidade é a Luz da Vida; só por ela, podemos vislumbrar, desde já, o futuro que nos espera.

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