sábado, 28 de agosto de 2010

Céu e Inferno

Sérgio Biagi Gregório

1) O que significa a palavra céu?

Céu – É o espaço ilimitado e indefinido onde se movem os astros; espaço acima de nossas cabeças. Vem do latim coelum, formada do grego coilos, côncavo, porque o céu parece uma imensa concavidade.

2) Como o céu foi introduzido no campo religioso?

Cogita-se que o céu tenha sido o primeiro objeto de culto da humanidade, geralmente associado às quase ubíquas divindades uranianas.

3) Como as diversas religiões veem o céu? E o Espiritismo?

Para os budistas, é a morada dos deuses, ou Devas, isto é, dos espíritos que, pelos seus méritos, conquistaram uma situação privilegiada.

Para os chineses, o céu é um trapézio regular invertido, dividido em compartimentos paralelos, os quais constituem cada um dos andares. Este trapézio assenta sobre o monte Meru, que emerge do oceano.

Para as religiões pagãs clássicas, o céu foi a personificação da abóbada celeste.

Na Bíblia, serve para designar o lugar donde veio Cristo e para onde voltou, que é o lugar dos bem-aventurados. A teologia católica reconhece três céus: o primeiro é o da região do ar e das nuvens; o segundo, o espaço em que giram os astros; e o terceiro, para além deste, é a morada do Altíssimo, a habitação dos que o contemplam face a face.

Para o Espiritismo, a palavra céu indica o espaço universal; são os planetas, as estrelas e todos os mundos superiores em que os Espíritos gozam de todas as suas faculdades, sem as tribulações da vida material nem as angústias inerentes à inferioridade.

4) O que significa a palavra inferno?

Inferno – É um termo usado por diferentes religiões, mitologias e filosofias, representando a morada dos mortos, ou lugar de grande sofrimento e de condenação. A origem do termo é latina: infernum, que significa "as profundezas" ou o "mundo inferior".

Observação: enquanto a palavra céu designa ao mesmo tempo o mundo dos astrônomos e astronautas e a morada em que Deus reúne os seus eleitos, a palavra inferno tem conotação estritamente mitológica, religiosa e filosófica.

5) Como o termo inferno passou da mitologia para a religião?

Na mitologia grega, Hades é um lugar invisível, eternamente sem saída, e designa as riquezas subterrâneas da terra, entre as quais se encontra o império dos mortos. Na simbologia, entretanto, o subterrâneo é o local das ricas jazidas, o lugar das metamorfoses, das passagens da morte à vida, da germinação. As religiões, de um modo geral, têm íntima relação com o mito, a mitologia. Com o passar do tempo, porém, foram modificando as suas interpretações do mito. Em se tratando do inferno, modificaram-no, entendendo-o como o destino de apenas alguns; pessoas que não assumiram uma conduta louvável no ponto de vista religioso, e que por isso, foram condenadas ao sofrimento jamais visto pelo mundo material.

6) Como o inferno é visto pela tradição cristã?

Na tradição cristã, a conjunção luz-trevas simboliza os dois opostos: céu e o inferno. Nesse sentido, o céu é o lugar para onde vão as almas dos justos gozar as bem-aventuranças no paraíso; o inferno é o lugar para onde vão as almas dos que morreram em pecado mortal. Lá os esperam as mais trágicas dores: tonéis ferventes, tridentes, em fim, um sofrimento eterno.

7) Como o céu e o inferno são vistos pela Doutrina Espírita?

De acordo com a teologia católica, céu e inferno são lugares circunscritos. Para o Espiritismo, são estados de consciência da pessoa. Os Espíritos que praticaram o mal vão sofrer as conseqüências de seus atos. Pode-se dizer que estão no inferno, porque haverá muito sofrimento, em decorrência da desobediência às leis naturais, inscritas por Deus na consciência de cada vivente. Os Espíritos que praticaram o bem vão se beneficiar das bem-aventuranças.

8) Por que temos facilidade em retratar o inferno e dificuldade para com o céu?

Isso se deve porque o planeta Terra ainda é um mundo de provas e expiações, em que o mal predomina sobre o bem. Quando ele for elevado a mundos mais evoluídos, com certeza pintaremos o céu com tintas mais brilhantes.

Nota: Os antigos acreditavam na materialidade da abóbada celeste, supondo os astros nela fixos. Tinham a Terra como o centro do universo. Assim, a ideia que fazemos do Céu é fruto da concepção grega e babilônica (imutável, calmo, vida eterna). Copérnico, no Século XVI, quebra a tradição milenar e coloca o Sol no centro do Universo. Com isso a Terra entrou no Céu. Mais tarde, Galileu, com a descoberta do telescópio, corrobora tal afirmação. A Ciência parecia ir contra a Bíblia; mas a Bíblia ensina como ir ao Céu, não como ele foi feito.



São Paulo, março de 2009.

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