terça-feira, 2 de novembro de 2010

Nosso Lar

Richard Simonetti

A que você atribui o sucesso do filme “Nosso Lar”, nos cinemas brasileiros?
Da parte dos espíritas, a satisfação de ver a descrição da morada dos mortos, feita por André Luiz, em psicografia de Chico Xavier, saltar do livro homônimo para as telas. Do público em geral, a curiosidade de ver essa ampla e objetiva visão do Além, conforme a proposta da Doutrina Espírita.

É notável a descrição das regiões umbralinas, muito bem transpostas para o cinema, com efeitos especiais espetaculares. Não obstante, não parecerá fantasiosa para o leigo?
As regiões umbralinas têm sido detectadas por videntes de variadas religiões, ao longo do tempo, situadas como infernais. Não há nada, portanto, de novo. A Doutrina Espírita nos mostra a realidade espiritual, antes revestida pelo manto da fantasia.

O problema do leigo é entender esse mundo espiritual muito semelhante ao mundo físico, semelhante demais para muitos.
Sempre pergunto aos que duvidam: se não é assim, como vocês o imaginam? Não há como escapar à ideia de que o Espírito habita um mundo de formas. A paisagem pode ser diferente, mas sempre haverá uma paisagem, constituída de seres e coisas.

Não é o Espírito uma luz que irradia, segundo está na questão 88, de O Livro dos Espíritos? Difícil vê-lo interagindo num mundo de formas.
É simples entender isso, lembrando a existência do Corpo celeste, a que se refere o apóstolo Paulo, na Primeira Epístola aos Coríntios (15:44): Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual.

Paulo antecipava a ideia do perispírito, revelado pela Doutrina Espírita?
Exatamente. É o corpo espiritual veículo de manifestação do Espírito, no plano em que atua, e elo de ligação com o corpo físico, enquanto encarnado. É, ainda, o perispírito, “xerox” do corpo físico, quanto à forma, que permite ao vidente identificar espíritos desencarnados. Quando ele diz que está vendo o Espírito do senhor Epaminondas, vê, na realidade, o senhor Epaminondas em seu corpo espiritual.

Esse corpo celeste ou perispírito é feito de matéria?
Sim. Matéria rarefeita, quinta-essenciada como dizia Kardec, o que nos leva à conclusão de que o mundo espiritual também é feito de matéria ou não haveria como o Espírito interagir nele, a partir do perispírito. Compreendendo isso, não é difícil admitir que o Espírito desencarnado transita por um espaço diferente do plano físico nos arranjos, mas semelhante nas formas e na constituição. É tudo matéria, em vários níveis de densidade.

E os mundos celestes ou divinos, a que se refere Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo, habitados por Espíritos depurados, também são constituídos de matéria?
São inabordáveis para nós outros, ainda iniciantes na arte de compreender a vida espiritual, nos vários planos do infinito. Mas não é difícil admitir que sejam feitos também de matéria, cada vez mais sutilizada, o mesmo acontecendo com os perispíritos daqueles que os habitam.

E como fica a ciência nessa história? Chegará um dia a admitir as revelações espíritas sobre o mundo espiritual?
Sem dúvida. Os físicos, esses incríveis visionários que enxergam aparentes fantasias que a experiência acaba comprovando, concebem que existem “n” universos paralelos. Não é difícil imaginá-los como representações de vários níveis do mundo espiritual.

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