terça-feira, 1 de março de 2011

Evolução do Cristianismo

Cairbar Schutel

Publicado em 5 de setembro de 1936

Muitas coisas eu tenho para vos dizer, mas vós não podeis suportar agora, mas quando vier o Espírito da Verdade vos fará lembrar tudo o que eu disse e vos ensinará todas as coisas. (S. João XVI, 12-15). Jesus.

O Cristianismo não tem caráter imutável, não é uma doutrina que disse a primeira e a última palavra e permanece imoto como um “frade de esquina”, sofrendo as injunções subalternas e a ação do progresso, sem aumentar a sua claridade e fazer valer seus princípios regeneradores e persuasivos.
Sem dogmas, que inutilizam o livre-exame e a liberdade de pensar, livre de todo o sectarismo, o Cristianismo é uma doutrina nitidamente de caráter progressivo, como sói acontecer a todas as ideias que vêm fazer progredir a humanidade.
Nada permanece imóvel, no Universo, e assim como a Ciência abre-nos as suas portas, facultando-nos, a cada passo que damos, mais amplos horizontes de progresso e perfeição, assim também o Cristianismo que é a mais lídima exposição do Verbo Divino – da Religião, em toda a extensão da palavra – proporciona-nos mais bastas luzes, à medida que a nossa visão espiritual torna-se apta para recebê-la. o que não compreendíamos ontem estamos compreendendo hoje, e o que não compreendemos hoje compreenderemos amanhã.
Há 2 000 atrás, embora Jesus tivesse muito para dizer, não o fez, devido à falta de compreensão dos seus discípulos, naquela época, mas prometeu que nos enviaria novas verdades, em tempo oportuno, e até chegaríamos a conhecer todas as coisas.
Esse propósito com que o Mestre expressou-se explica, nitidamente, o caráter progressivo da sua Doutrina. Assim como o Cristianismo ampliou a Lei do Sinai, com o descortino de novas modalidades do amor a Deus e ao próximo, o Espiritismo, explicando o sentido oculto de algumas passagens evangélicas, veio dar um novo influxo à fé, desdobrando aos nossos olhos mais latos horizontes de vida e de instrução, no seio incomensurável do Cosmos.
A crença não é um tesouro que se conserva enterrado, nem a pedra de raro valor que permanece no fundo da caixa, sem satisfazer as nossas necessidades, assim como não representa a mina da parábola que se ata a um lenço e aí fica, sem movimento, mas, sim, o talento, com o qual ganhamos outros talentos, a semente de mostarda que se transforma em árvores e produz milhares de milhões de sementes.
Dar caráter imutável ao Cristianismo é desnaturar a sua essência, é negar os propósitos do Seu Fundador.
A fé, a crença não se pode cristalizar, pois o seu caráter espiritual demonstra o seu caráter progressivo.
O Senhor disse: “Muitas coisas eu tenho para vos dizer, mas vós não podeis suportar agora; porém, quando vier o Espírito da Verdade vos fará lembrar tudo o que eu disse e vos ensinará todas as coisas”.

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