terça-feira, 1 de março de 2011

Os tempos CHEGARAM

Não há quem não esteja percebendo a violência dos novos tempos colidindo com o velho mundo que se despede. A vida já não é mais a mesma, avalia reflexivo e convencido o sábio ancião, reclinado em sua poltrona, olhando de frente para o horizonte. De fato, os tempos chegaram marcando a Grande Transição, conforme a expressão do Espírito Joanna de Ângelis. A Terra se encontra sob sofrimento impiedoso. O dissenso tomou o lugar do consenso, a compreensão quase desapareceu e os encarnados assistem atônitos à despedida do velho mundo que parte deixando a melancolia própria dos portos varados de apitos e adeuses, usando a expressão do poeta. “Este mundo não é mais o meu”, desabafa do alto de seus 90 anos o renomado escritor Hermínio Miranda. “Me sinto como um ET aqui”, acrescenta ele, com justa indignação aos rumos temerosos que o planeta tomou.
Na seara social, destacam-se a busca pelo prazer a qualquer custo, a prática do hedonismo tem sido de fazer inveja aos equivocados morais de todos os tempos. O consumismo incontido, uma das vítimas de qualquer sistema econômico selvagem, é estimulado pelos mais requintados e irresistíveis apelos publicitários, contrastando com a miséria que grassa do outro lado da sociedade privilegiada.
Ovelhas vão se perdendo na trajetória do infortúnio, não conseguindo tantas vezes resistir às duas provas do caminho. Nos ambientes religiosos de todos os credos, os ataques do egoísmo, do personalismo, do apego ao poder, da ambição e da discórdia insistem em desafiar a atmosfera sagrada. Antigas revoltas emergem nos corações conscientes que se tornaram empedernidos. Velhas estruturas estão desabando e o planeta se encurta sob o avanço vertiginoso da comunicação eletrônica, ao mesmo tempo em que os valores morais, no mais das vezes, perdem suas preciosas referências éticas, enquanto os direitos humanos ousam invadir as cocheiras mais entrincheiradas da violência. Que mundo é este? chora desesperada a mãe que perdeu um filho na guerra suja do tráfico.
Na política, que é arte de servir ao interesse coletivo, os desvios éticos chegam a envergonhar até os cronistas policiais mais experientes, ruborizadas que ficam pelos escândalos inimagináveis que se sucedem na banalização do cotidiano. Indiferentes às graves advertências de Chico Xavier (“tenho visto muitos políticos em estado deplorável na erraticidade”), conhecidos personagens públicos prosseguem a sua marcha de equívocos inconsequentes e impensados.
O vendaval vai arrastando a todos e a tudo no cipoal da despedida do velho planeta. As religiões sofrem cisões internas, as seitas novas se proliferam e os escândalos batem às portas dos templos religiosos. Perplexos, os sensatos se perguntam: onde vamos parar?
É o planeta de provas e expiações, de um lado, mergulhado nos abismos tenebrosos dos equívocos humanos, mas, de outro lado, oferecendo precioso aprendizado e induzindo à fé inabalável as fileiras que trabalham em favor do Bem e da construção de um mundo melhor. Nada se desenvolve ao sabor do acaso, ensina a sabedoria Espírita.
Chico Xavier costumava dizer, segundo o testemunho da médium Maria Gertrudes, que frequentava a histórica mesa mediúnica de Uberaba, que até 2012 as coisas ferveriam, melhorando a partir de então. E Divaldo Franco advertia que as dores e incompreensões marcariam época, num crescendo. Ou então que será cada vez mais difícil a vida no planeta, como apregoou um Espírito benfeitor. Seria o ano de 2012 um marco divisor entre o retirante planeta das sombras e o mundo de regeneração que espera mais adiante pelos terráqueos? Muitos acreditam que sim, mas outros acreditam que não é por aí. Especular não é pecado, lembra o confrade César Tadeu, pois afinal já se disse que o ser humano é capaz de sobreviver às mais inimagináveis privações, menos a privação da esperança, pois sem esperança ninguém será capaz de sobreviver.
Mas a verdade é que esse sentimento mágico da esperança, capaz de nutrir a sobrevivência em face dos mais cruéis destinos, tem uma razão de ser, fundada em informações concretas. Benfeitores espirituais consoladores sinalizam através de psicografias diversas que é preciso perseverança para vencer este túnel provatório do tempo que cruzamos, pois, mais adiante, estará a madrugada clarificadora da nova época, que virá encantar os terráqueos. “Estão próximos os tempos em que neste planeta reinará a grande fraternidade”, garante o Evangelho Segundo o Espiritismo.
No livro Barão de Santo Ângelo, o Espírita da Corte, a psicografia de autor não identificado confirma as expectativas do porvir: “As luzes do passado se projetam no presente para preparar o futuro, que está chegando em velocidade que os encarnados não conseguem medir. Tempo virá de romance, de poesia, de literatura, que inundará a Terra de harmonia e beleza.” Por sua vez, o Espírito Pedro de Alcântara, na psicografia fidedigna do médium Heitor Luz Filho, no livro “Eterna Voz dos que não Morreram” (Editora Lorenz) também segue na mesma direção: “Vislumbram-se já, nos contornos da madrugada, claridades que esmaecem a luz das estrelas, no dealbar do dia (...) “a autora começa a surgir, trazendo ao homem a luz e o calor, o estímulo ao trabalho e a força das realizações “.
Portanto, a recomendação vigente na literatura Espírita é que não nos surpreendamos de encontrar as iniquidades onde menos esperávamos, como recomenda fraternalmente Joanna de Ângelis” por mais indigestas que se apresentem essas iniquidades, como a malversação do dinheiro coletivo doado pelos fiéis, fato que vem ocorrendo para estarrecimento de participantes das organizações religiosas; os desvios éticos que vão desde posições insensatas e irrefletidas, ao convívio do sagrado ao lado do profano. Assim sendo, segundo a mesma literatura espírita, nada disso há de permitir esmorecer o verdadeiro Espírita-cristão na escalada do calvário de suas provas. Por eles, no suplício da cruz, Jesus há de permanecer repetindo: “Pai, perdoai, pois eles não sabem o que fazem”, apregoa-se.
A propósito dos equívocos humanos escabrosos que perfilam em nossa frente, banalizando o que fora até então impensável, nossa marcha na direção do bem deve ser cada vez mais cultivada. “Façamos a nossa parte da melhor maneira possível”, recomenda, ainda, a mesma Joanna de Ângelis.
A recompensa será grande para quem perseverar no caminho reto dos princípios legados por Jesus, garantem os exegetas de plantão. “Bombeiros” tentando minimizar a chama dos estragos surgem de todos os lados, a chamar a atenção para o fato de que tudo é transitóio; passam os dias de glória, mas também passam os dias de aflição. A época não é inusitada. Tempos adversos já enfrentaram vultos imortais da Era cristã como o venerável Bento, no século VI com sua contagiante proposta beneditina de sabedoria: “Ouve teu coração, quando a prioridade é criticar e agir. Estar no planeta sem ter a pretensão de ser do planeta” e por aí a fora. Francisco de Assis no século XIII, sobreviveu aos holocaustos de sua época: a fome, a miséria, as guerras. Assim também Francisco de Paula no final da Idade Média onde grassavam os abusos eclesiásticos, a busca do prazer pelo prazer e os enfrentamentos fratricidas.
Que todos aqueles que perseguem o Bem sejam, pois, luzes para iluminar as trevas de seu tempo. Essa é , sem dúvida, garantem religiosos de todos os credos, a melhor receita para cruzar os tempos difíceis por que atravessa a Humanidade. O resto, dizem os exegetas, seria pura perda de tempo, pois a vitória será da luz, sempre da luz, lembra Jose Hermógenes do alto de sua octogenária sabedoria yoga.

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