quinta-feira, 3 de março de 2011

Reforma espiritual

Existe uma série de ações que devemos ter ao longo de nossa encarnação, a fim de processar nossa reforma individual e purificar nossos sentimentos. Porém, devemos ter em mente que isso deve ocorrer em nosso pensamento e coração, promovendo a mudança de hábitos e comportamentos e, conseqüentemente, de nossa relação com o meio. Não devemos mudar pela simples imposição do meio, sem senti-la, porque será uma mudança forçada que objetiva resultados e benefícios próprios. A reforma pessoal visa mudar o eu na relação com o meio, promovendo evolução e não ganhos pessoais

Para que isso aconteça, temos que desenvolver nosso conhecimento sobre aquilo que objetivamos mudar. Atuar como médium é seguir toda uma filosofia espírita, trabalhar com uma ciência bem delimitada e nos religarmos a Deus sob a ótica da reencarnação. Tudo isso possui teorias que elucidam e nos fazem compreender a realidade dos fatos. Allan Kardec é o grande precursor desse arcabouço prático-teórico que explica ao mundo a realidade espiritual. Suas obras são a base sólida do Espiritismo no Planeta, mas não é apenas a esse autor que devemos declinar nosso interesse e motivação. Encontramos hoje em muitos autores espíritas e espiritualistas em geral, sejam eles encarnados ou desencarnados, fontes vivas de luz e de novos caminhos necessários ao crescimento dos povos. Entre eles poderíamos citar Francisco Cândido Xavier e colaboradores, Ramatís, José Lacerda de Azevedo, entre muitos outros. O conhecimento espírita é como um botão de rosa que vem se abrindo ao mundo, revelando a cada despertar novas verdades. Por isso, não podemos considerar que nossa ciência se restrinja às informações de Kardec, apesar de seu valor e importância indescritíveis. A humanidade e o pensamento vigente evoluem e necessitam de novas técnicas e saberes.


Da teoria à prática

Adquirindo novas informações, devemos processá-las e começar a transformá-las em ações efetivas de mudança em nosso dia-a-dia, principalmente no que concerne aos ensinamentos e ao amor cristão, pois esse é o ensinamento de todos os ensinamentos, hoje e sempre. E isso não deve acontecer apenas entre as paredes dos centros espíritas. O primeiro lugar de exercício desse processo é o nosso lar. Se junto de nossos pais, irmãos, maridos, esposas, filhos e seres ligados diretamente não semearmos o respeito, a fraternidade e a caridade, não será com nossos desafetos e irmãos mais distantes que teremos facilidade de consegui-lo. A grande família cósmica e a grande regeneração planetária acontecerão a partir da transformação das partes que a compõem, e a família é esse micronúcleo que eclode e dissemina o senso comum na sociedade.

Harmonizando nosso lar e direcionando nossas intenções à família, devemos olhar também para nossa atividade profissional. Não existem profissões com maior ou menor dignidade e nem pessoas mais ou menos capazes. O que há em nossas vidas são reencontros que visam resgatar e nos lançar mais próximos da Luz. Nosso ambiente de trabalho é o local em que passamos a maior parte de nossa encarnação e onde mantemos os reencontros mais constantes e repetitivos. Não será nos queixando e lamentando que alcançaremos com êxito nosso intento. Todos nós estaremos ali reunidos pelo mesmo padrão vibratório e pelas mesmas identificações. Se percebemos diferente, levemos todos junto conosco. Trabalhar é a essência de nossa encarnação, é transformar.

Nossa libertação dos vícios comportamentais é o próximo passo. Julgar, falar demais, criticar, mentir, omitir, ser indiferente e alheio, entre outros, são comportamentos danosos a nós e aos outros e devem ser exercitados, a fim de reduzi-los e até eliminá-los. Geralmente nossas atitudes são muito mais perigosas ao espírito do que os vícios químicos. Não que estes não sejam relevantes, muito pelo contrário, são de intensidade proporcional, entretanto, muitas vezes são mais valorizados do que os outros. Obviamente que a alimentação compulsiva, o fumo, as bebidas de álcool e qualquer outro tipo de substância psicoativa, lesam tanto nosso corpo físico quando os espirituais, mas devemos lembrar que vício é vício e existem infinitas formas de danos.

Sermos resignados sem passividade e apatia é outra forma de desenvolvimento individual. Aceitar nossa condição, lutando por um mundo e uma evolução pessoal maior e vendo o que nos acontece é o melhor para cada um e uma benção generosa de Deus.


Jesus, luz em nossas almas

Esse sem dúvida é um caminho de muita dificuldade para seres tão imperfeitos como nós. A melhor forma de conseguir um intento proveitoso é não esquecermos que, para ocorrer tudo isso, devemos estar sempre ao lado de Jesus e de nosso Pai, elevando nossos pensamentos, nossos corações e buscando nosso desdobramento espiritual para junto dos espíritos instrutores, que já estão em lugares um pouco mais elevados do que estamos hoje.



Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 09.

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