domingo, 10 de junho de 2012

O MOVIMENTO ESPÍRITA EM BOSTON



Foto: Boston - MA
Nahur Fonseca, do movimento espírita de Boston, escreveu um texto instigante, 
a pedido do EC*, onde mostra sua visão do movimento espírita de Boston e 
norte-americano em geral.


Um Movimento Imigrante

Uma das perguntas que nós mais ouvimos quando encontramos confrades 
espíritas brasileiros é esta: como é o movimento espírita nos EUA?

Nós reconhecemos nossa posição privilegiada, de quem há participado do 
movimento espírita de uma das suas localidades mais ativas no país há quase 
dez anos.


A maioria dos centros espíritas nos EUA foram fundados por trabalhadores espíritas 
vindos do Brasil para atender o público de imigrantes brasileiros. Neste contexto, a 
casa espírita se transforma numa extensão do movimento espírita brasileiro.

A palestra pública, o atendimento fraterno, o estudo sistematizado do Espiritismo, 
evangelização espírita infanto-juvenil, a reunião mediúnica, a biblioteca e a livraria 
espíritas são tarefas comuns a todos os centros, com as naturais exceções.

Essas tarefas são realizadas em sua maioria, em português, e periodicamente 
contam com a participação de palestrantes espíritas que viajam do Brasil para 
visitar vários estados dos EUA. A contribuição desses palestrantes é muito 
importante para essa vertente do movimento espírita nos EUA.

Costumamos ouvir dizer que conhecem-se mais expositores espíritas brasileiros 
morando-se em Boston do que se conheceria no Brasil. Eles ajudam a manter o 
vínculo com o movimento espírita brasileiro, dão orientações para centros espíritas 
durante seus primeiros anos de existência e são a atração de eventos para cuja 
organização unem-se os centros espíritas de uma região.


Um Movimento que Fala Inglês

A outra face do movimento espírita nos EUA, ou o movimento espírita americano 
propriamente dito, é aquele promovido para o público americano na língua inglesa. 
Apesar de esta vertente ter nascido com a primeira viagem de Chico Xavier àquele 
país,foi nos últimos cinco ou seis anos que vimos esse movimento adquirir mais 
características próprias, um envolvimento mais expressivo das casas espíritas, e o 
surgimento de lideranças mais ativas.
Dizemos isso sem nenhuma censura aos predecessores do movimento espírita 
americano. Somos gratos pelos trabalhos que lhes couberam de semeadura, de
criação das instituições e das organizações unificadoras do movimento.


O Conselho Espírita dos Estados Unidos

Dentre as organizações do movimento espírita dos EUA, destacamos o United States 
Spiritist Council (www.spiritist.us), ou Conselho Espírita dos Estados Unidos, o qual 
exerce um papel de unificação das casas espíritas através de comunicações 
periódicas, bem como de unificação do movimento espírita através de publicações, 
como uma série de estudos sistematizados do Espiritismo, recursos pedagógicos 
para evangelização infanto-juvenil, web sites, tudo na língua inglesa.


O Conselho Espírita Internacional


Outra organização que exerce um papel importante no movimento espírita dos EUA 
éo Conselho Espírita Internacional (www.intercei.com). A esta instituição cabe o 
papel de publicar a Revista Espírita na língua inglesa, em colaboração com a FEB,
Federação Espírita Brasileira, e uma equipe de editores e revisores do
movimento espírita americano.


O CEI também promove periodicamente um encontro com as lideranças espíritas
de todo o mundo, trabalhando a unificação do movimento espírita como um todo.
Outro trabalho importante realizado pela FEB em parceria com o CEI é a 
tradução das obras espíritas "clássicas" para o inglês entre outras línguas.

A Sociedade Espírita de Baltimore


Uma das lideranças dessa nova fase do movimento espírita dos EUA é a Spiritist
Society of Baltimore (www.ssbaltimore.org), ou Sociedade Espírita de Baltimore.
A SSB tornou-se um foco de recursos para o movimento espírita na língua
inglesa -- como a retomada da edição da Revista Espírita, a criação de um 
programa de estudo sistematizado da Doutrina Espírita, e etc. -- bem como de 
inovações para adaptar o movimento espírita ao público americano -- desde 
pequenas coisas como a observação dos horários de trabalho e de refeições que 
são parte da cultura americana, até a criação de um evento espírita ao molde dos 
simpósios acadêmicos bastante comuns nesse país.

O Simpósio Espírita dos Estados Unidos e outros eventos


Além do United States Spiritist Simposium (www.spiritistsymposium.org), ou Simpósio
Espirita dos Estados Unidos, que já está em sua quinta edição a ser realizada em São
 Francisco no dia sete de maio, outros eventos regionais e locais constam na agenda
dos espíritas de Boston. O encontro espírita da família (www.familyspiritistretreat.org)
 da região nordeste dos EUA, a jornada espírita de Peabody
(www.cantinhodeluz.net/jorespe), o encontro espírita Auta de Souza de
Malborough (www.getuh.org/encotrofraternoautadesouza.html), o encontro bienal de
espiritismo de Massachusetts e o seminário anual de Divaldo Franco em Boston nos
dias 25 e 26 de março deste ano (www.akssma.com). Com exceção do simpósio
espírita, os demais eventos são realizados em duas línguas com atividades
paralelas ou interpretação simultânea.


Foto: Quarto Encontro Espírita da Família


A maior omissão do movimento espírita nos EUA, aos olhos de um espírita do 
Brasil, na minha opinião, são as atividades de assistência social em seu entendimento 
mais amplo.
Não julgamos que essa ausência seja resultado de uma falha de caráter do
movimento espírita americano, nem da inexistência de carências humanas no país,
mas sim de uma confluência de fatores, tais sejam a pouca idade das casas espíritas,
a rotatividade de trabalhadores que chegam com uma meta a cumprir e que têm data
para voltar, entre outras barreiras legais e culturais.
No nosso modo de ver, os fatores que dificultam a expansão do movimento 
espírita dos EUA, serão solucionados à medida que novos trabalhadores espíritas 
americanos ou que pretendam residir permanentemente no país sejam agregados ao 
movimento.

O Potencial do Movimento Espírita nos Estados Unidos


Em suma o movimento espírita nos EUA é relativamente novo, e possui um grande
potencial. A cultura americana tem-se aberto cada vez mais à espiritualidade. Basta 
ver a evolução das produções cinematográficas espiritualistas, a penetração das 
idéias de entidades como Deepak Chopra, ou o Dalai Lama; as entrevistas em 
programas populares de terapeutas de vidas passadas; os seriados de TV sobre
médiuns e sobre manifestações espirituais físicas e intelectuais; e etc.


Quando esses segmentos da sociedade (re) descobrirem o Espiritismo, 
especialmente quando bem compreenderem e bem sentirem as conseqüências dos 
princípios iluminativos da Doutrina Espírita, então sim poderemos dizer que teremos 
não apenas um movimento espírita nos EUA, mas dos EUA dirigido pelos e para os
habitantes daquele país.


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