Jesus, ao começar a oração mais famosa da cristandade, utiliza a expressão “Pai nosso”, indicando que o criador era o pai de todas as criaturas, já que não estabeleceu exceções, utilizando expressões como “pai só dos cristãos”, “pai somente dos justos” ou qualquer outra ideia segregativa. Aliás, ele mandou amar ao próximo e, questionado sobre isso, contou a parábola do bom samaritano.
O pai é a nossa origem comum. Dele derivamos, a despeito de todas as roupagens que envergamos em cada reencarnação: riqueza, pobreza, beleza, força, inteligência. Filhos de um mesmo pai, irmãos de uma mesma família universal, herdeiros desse belo planetinha azul que insistimos em maltratar.
Como um verdadeiro pai Jesus se referiu à divindade em várias passagens: no filho pródigo, no caso do pão e da serpente. Um pai justo, presente e amoroso, como resgatado por Allan Kardec, e que não é pai de uma só pessoa, e sim de todos nós, pairando além das nossas comezinhas jaulas que aprisionam Deus aos nossos caprichos.
Cuidemos assim dos meus, dos seus. São todos filhos de Deus. Do mais odiado ser encarnado à mais carismática celebridade, todos têm o DNA do Criador, uma visão que põe por terra o preconceito, o orgulho de nos acharmos melhores, fortalecendo a fraternidade, a interdependência, por nos vincular a essa origem comum.
Não somos seres à parte da criação. Fazemos, sim, parte do processo de construção do reino de Deus, como co-criadores, e nos fazemos nessa condição de artífices da obra divina no amor ao nosso irmão, fazendo a sua vontade assim na Terra como no céu: o amor.
O espiritismo rompe com o Deus antropomórfico, sectário e traz nas palavras do insigne codificador um Deus reconhecido pelos seus atributos, estampados em suas obras. Como dito na obra A Gênese: “Deus é, pois, a inteligência suprema e soberana, é único, eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, e não pode ser diverso disso”.
E, além disso tudo, é o Criador de tudo e de todos. Causa primária de todas as coisas, Ele é o pai de todos nós. Sobre Ele sabemos pouco, mas podemos senti-lo na chuva amena que bate na janela, no nascer de sol e na noite cheia de estrelas. Mas, também em momentos que, como espíritos encarnados, fazemos Deus presente em nossas atitudes.
Mais do que a expressão “meu Deus”, que particulariza, lembremo-nos de refletir essa paternidade divina pelas palavras de Jesus, na invocação do “Pai nosso”, conceito agregador que nos lembra desse laço fraternal que nos une, com o céu e entre os que estão na Terra.
Fonte: http://www.correioespirita.org.br/categoria-de-materias/artigos-diversos/1826-pai-nosso
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