Dagoberto desencarnou. Viu-se do outro lado da vida. Espantou-se com o que viu… era igual, mas era diferente. Sentia-se mais leve, mas ainda se sentia ele. Enfim, chegava ao grande mistério da existência, mas não sabia o que fazer, para onde ir. Logo aproximou-se um rapaz, de semblante sereno e com uma prancheta a tiracolo.
O rapaz se aproxima e, após cumprimentar Dagoberto, gentilmente, começa a fazer-lhe perguntas. Nome… Quantas pessoas ajudou… Quanta vezes lutou para fazer o que era certo… Na terceira pergunta, Dagoberto se indigna e diz, mais espantado ainda: “- Não vai perguntar o que eu fui, qual foi a minha religião?”.
Como o protagonista de nossa história introdutória, alimentamos, cotidianamente, a ilusão de que ao final da jornada terrestre seremos inquiridos sobre aspectos formais de nossa existência: títulos, cargos, vinculações religiosas, posses e etc. Esquecemo-nos de que o questionário trazido pelo “rapaz da prancheta” busca avaliar os avanços que obtivemos naquela encarnação como Espíritos, pela ótica da vida eterna.
Essa nossa prestação de contas da existência se dá, como toda prestação de contas, focada nos objetivos acordados. Certamente, acordamos antes da encarnação, avanços no sentido da melhoria no campo dos sentimentos, do aprendizado no amor e tudo isso que fazemos ou vivenciamos, inclusive a religião, pois ela é (ou deveria ser) um instrumento para avançarmos como espíritos. Não confundamos os meios com os fins!
O rapaz da prancheta que nos abordará não estará interessado em capas ou couraças, e sim no nosso avanço interior, de que forma nós fizemos uso desses instrumentos para nos tornarmos um pouco melhor ao fim dessa encarnação. Um questionamento que devemos nos fazer a cada dia, antecipando as inquirições da prancheta.
Se fosse ao contrário, se essas coisas valessem por elas mesmas, não teríamos o reinício pela reencarnação, com a bênção do esquecimento, na qual levamos na bagagem apenas o interior. Tudo na Terra é transitório, à exceção dos avanços que fazemos no campo do espírito. Esse é o tesouro que Jesus falava, que a ferrugem não corrói e os ladrões não roubam.
O questionário da prancheta do rapaz é universal. Cabe para espíritas ou para vinculados a qualquer denominação religiosa, para nascidos em qualquer parte do globo terrestre, para todas as raças e povos. Ele quer saber dos nossos avanços no amor, uma grandeza universal que se manifesta dia a dia, impulsionado, é verdade, mas para além de roupagens transitórias que ostentamos, às vezes garbosos, na jornada terrena.
Marcus Vinicius de Azevedo Braga
fonte: http://www.agendaespiritabrasil.com.br/2017/03/04/o-rapaz-da-prancheta/
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