Por Werlany Maciel
Quando o assunto em pauta é a alimentação sem carne, a divergência, mesmo no meio espírita, é grande.
É interessante saber que o vegetarianismo é dividido em 4 grupos, sendo que nenhum desses consomem carne:
1) Ovo-lacto vegetariano: não consome nenhum tipo de carne, consome ovos e leite;
2) Lacto-vegetariano: não consome nenhum tipo de carne e ovos, consome leite;
3) Vegetariano restrito ou puro: não consome carne, leite, ovos, mel e derivados;
4) Vegano (do inglês vegan): não consome carne, ovos, leite, mel e derivados; não utilizam vestuários com material de origem animal e nem produtos testados em animais.
Muitos questionariam: o espírita é obrigado a seguir o vegetarianismo? A resposta, obviamente, é não. O Espiritismo nada obriga e é, acima de tudo, uma filosofia de vida, não aplica o dogma como base religiosa.
Talvez, a pergunta mais sensata seria: o espírita deve refletir sobre a possibilidade de tornar-se vegetariano? A resposta, logicamente, é sim.
O Espiritismo muito nos instrui sobre esta possibilidade desde Allan Kardec: “Será meritório abster-se o homem da alimentação animal, ou de outra qualquer, por expiação? Sim, se praticar essa privação em benefício dos outros” (questão 724 do Livro dos Espíritos).
E quanto a participação de Chico Xavier no programa Pinga Fogo, em 1971, em que ele parecia instruir uma alimentação com #carne para a maioria das pessoas? São justificáveis para a época. Seria leviano da parte dos Espíritos afirmar que o Espiritismo condenava o consumo de carne, pois eram escassas as informações sobre as alternativas nutricionais em substituição à carne; o que não mais se aplica nos dias de hoje.
São diversos exemplos de pessoas, atletas, crianças e idosos vegetarianos e saudáveis. Então, por que ainda comer carne?
Em 1943, André Luiz em Missionários da Luz já dava indícios de que a nossa inteligência podia trabalhar em prol de uma alimentação vegetariana e esclarecia:
"(…) esquecíamos de que a nossa inteligência, tão fértil na descoberta de comodidade e conforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de incentivar os suprimentos protéicos ao organismo, sem recorrer às indústrias da morte.”
Em O Consolador, Emmanuel foi incisivo ao CONDENAR o consumo de carne: “A ingestão das vísceras dos animais é um erro de enormes consequências, do qual derivaram numerosos vícios da nutrição humana. É de lastimar semelhante situação, mesmo porque, se o estado de materialidade da criatura exige a cooperação de determinadas vitaminas, esses valores nutritivos podem ser encontrados nos produtos de origem vegetal, sem a necessidade ABSOLUTA dos matadouros e frigoríficos.”
Sob justificativas antigas, em que os conhecimentos eram quase nulos sobre a nutrição vegetariana, muitos espíritas ignoram os mais recentes relatos mediúnicos que apontam o atraso espiritual da humanidade em comer carne de irmãos “menores”.
Deixemos bem claro que ser vegetariano não implica em ser bom, e não ser, não implica em ser ruim. Entretanto, sem dúvidas, quando se deixa de comer nossos irmãos, a sintonia com energias elevadas se dá mais facilmente. Lembrando uma citação de Babajiananda, um sábio irmão: "Não é deixando de comer carnes que o ser se espiritualiza, é se espiritualizando que ele deixa de comer carnes.”
Tudo na vida é adaptação. Segundo A Gênese em 1868, “(…) à medida que o senso moral predomina, a sensibilidade se desenvolve, a necessidade da destruição diminui; termina mesmo por se extinguir e por tornar-se odiosa; então, o homem passa a ter horror ao sangue.”
Já temos muita informação sobre o assunto, sendo cada um capaz de discernir o certo do errado, o bom do ruim. Cada ser é único e responde a novas revelações de maneiras diferentes. Muitos estão preparados, muitos ainda não. Segundo Jesus, “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”, aqueles que ainda não, certamente um dia terão. Aí está o que chamamos de progresso e evolução espiritual.
Segundo o Irmão X, psicografado por Chico Xavier: “Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros.”
A combinação alimentar cereais/leguminosas resulta em uma qualidade proteica maior do que qualquer proteína animal. Os cereais são boas fontes de metionina e as leguminosas, de lisina.
Uma dieta variada com feijões, lentilhas, grãos e vegetais contêm todos os aminoácidos essenciais porque um complementa o que falta no outro. Podemos satisfazer nossa necessidade proteica facilmente, consumindo a combinação adequada de fontes de aminoácidos ao longo do dia.
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