sexta-feira, 8 de março de 2019

Kardec esclarece: Igualdade dos direitos do homem e da mulher

O LIVRO DOS ESPÍRITOS, cap. IX - 8. LEI DE IGUALDADE


817. São iguais perante Deus o homem e a mulher e têm os mesmos direitos?

“Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir?”

818. Donde provém a inferioridade moral da mulher em certas regiões?

“Do predomínio injusto e cruel que sobre ela assumiu o homem. É resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre homens moralmente pouco adiantados, a força faz o direito.”

819. Com que fim mais fraca fisicamente do que o homem é a mulher?

“Para lhe determinar funções especiais. Ao homem, por ser o mais forte, os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves; a ambos o dever de se ajudarem mutuamente a suportar as provas de uma vida cheia de amargor.”

820. A fraqueza física da mulher não a coloca naturalmente sob a dependência do homem?

“A força que a um sexo Deus concedeu é para que proteja o outro, não para que o escravize.”

Deus apropriou o organismo de cada ser às funções que lhe cumpre desempenhar. Tendo dado à mulher menor força física, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, apropriada à delicadeza das funções maternais e à fragilidade dos seres confiados aos seus cuidados.

821. As funções a que a mulher é destinada pela Natureza terão importância tão grande quanto as deferidas ao homem?

“Sim, maior até. É ela quem lhe dá as primeiras noções da vida.”

822. Sendo iguais perante a lei de Deus, devem os homens ser iguais também perante as leis humanas?

“O primeiro princípio de justiça é este: não façais aos outros o que não quereríeis que vos fizessem.”

a) – Assim sendo, uma legislação, para ser perfeitamente justa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher?

“Dos direitos, sim; das funções, não. Preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete. Ocupe-se do exterior o homem e do interior a mulher, cada um de acordo com a sua aptidão. A lei humana, para ser eqüitativa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher. Todo privilégio a um ou a outro concedido é contrário à justiça. A emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização. Sua escravização marcha de par com a barbaria. Os sexos, além disso, só existem na organização física. Visto que os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto nenhuma diferença há entre eles. Devem, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos.”


Fonte: O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.



Nota dos Colaboradores do Blog: Ao observar a doutrina de Kardec, não podemos nos esquecer de que ele era um homem de sua época. E que os espíritos desencarnados antes foram também homens encarnados de sua época, por isso o contexto do pensamento se encaixa no tempo em que eles viveram. Posteriormente, podemos observar na leitura das obras de Chico Xavier o pensamento dos espíritos durante as décadas de 40 a 70 do séc. XX, o pensamento de homens que foram encarnados nessas décadas e podemos notar a evolução contínua do pensamento em várias questões, dentre elas, a da igualdade. 
Levando em consideração que os espíritos desencarnados nada mais são do que pessoas antes encarnadas em suas devidas épocas, é justo afirmar que, assim como o mundo físico evolui, o Mundo Espiritual acompanha essa evolução, principalmente na área do pensamento, pois os espíritos que desencarnam tendem a levar consigo o pensamento da época em que viveram. Podemos ver relatos dessa evolução de pensamento em livros como Nosso Lar, Sinal Verde e Violetas na Janela, cada um mostrando as mudanças que o próprio Mundo Espiritual faz para se adaptar à evolução do mundo físico.
Em Nosso Lar, podemos acompanhar o pensamento dos homens e mulheres desencarnados entre o fim do século XIX e a década de 40. Em Sinal Verde, já podemos notar como o Mundo Espiritual está se adaptando à década de 70 e em Violetas na Janela, já encontramos um Mundo Espiritual totalmente adaptado para receber os espíritos desencarnados no início do século XXI.
Portanto, não podemos descontextualizar a época e o pensamento da época em que as passagens foram escritas. Hoje, muito do que lemos na Doutrina Espírita escrita e decodificada no séc. XIX pode parecer retrógrado, sexista e por vezes até racista a alguns, mas não devemos nos esquecer de que os irmãos que estão do outro lado também foram encarnados e carregaram consigo o contexto do tempo em que viveram. Assim como nós, que vivemos nesta época de transição planetária, também levaremos para o Mundo Espiritual o pensamento de nossos tempos quando chegar a hora do nosso desencarne.

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