domingo, 20 de junho de 2010

Jornal "o Clarim"

A missão de cada um
Octávio Caúmo Serrano

A orientação acima é de Emanuel, mentor de Francisco Cândido Xavier.
Efetivamente, vivemos num planeta de provas e expiações. As provas, que são os testes com os quais nos deparamos diariamente, e as expiações que são a carga de erros que trazemos do passado, demandando reparação.
Apesar de serem estas as tarefas principais, todos temos igualmente uma missão. Ou mais de uma. Entre elas destacamos a luta pela evolução pessoal e a batalha pelo aprimoramento coletivo.
Quando Jesus nos ensinou, conforme capítulo XXIII de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que quem fosse a Ele e não aborrecesse sua mãe, seu pai, seu cônjuge, seus filhos e irmãos não poderia ser seu discípulo, ensinava que a prioridade de cada um é a vida espiritual.
Como espíritas, sabemos que estamos na Terra em processo de aperfeiçoamento e que o próximo, parente ou não, é um instrumento para atingirmos esse objetivo. Não podemos crescer sozinhos porque é no contato com o semelhante que temos oportunidade de testar se já adquirimos virtudes. Como saber se somos pacientes sem que haja alguém testando a nossa paciência? Como saber se suportamos a ingratidão se não convivermos com o mal agradecido?
Aborrecer pai, mãe etc., significa dar prioridade ao mundo espiritual, compreendendo que o mundo material é provisório e circunstancial. Independente de qual seja a nossa posição na sociedade, podemos progredir e sair daqui melhor do que chegamos. Além disso, mesmo enquanto estamos aqui, podemos viver com mais alegria do que a miséria permite. Basta ser inteligentemente resignado. Não confundir resignação com passiva acomodação, mas entender que Deus autoriza tudo o que acontece a qualquer um de nós, porque é o que precisamos em cada momento.
Quando se fala em missão, logo nos vem à mente uma tarefa importante e grandiosa. Todavia há missões aparentemente modestas, mas de grande importância. O simples fato de casar e ter uma família sob nossa responsabilidade já nos torna um missionário. Teremos que receber espíritos para ajudá-los a crescer – os filhos – e, quase sempre, também aprender com eles. Podemos produzir cidadãos ou marginais, dependendo da formação que lhes damos. A partir daí, impossível imaginar como esse espírito pode interferir na sociedade.
Sem perceber, nós, que não temos uma missão de grande repercussão, podemos estar formando um importante missionário com tarefas programadas para a edificação da paz no mundo. Ou podemos criar um delinquente que irá marginalizar uma comunidade inteira pelo seu poder de liderança no campo do mal.
“Dá conta de tua administração” – Jesus (Lucas, 16:2). É a regra básica que nos leva a cumprir nossa verdadeira missão. Qual é a nossa administração? Não importa. Basta estar bem intencionados e ir fazendo que o céu sempre nos ajudará.
Com fé em Deus, sigamos em frente!

Jornal "o Clarim"

Estranha contradição
Cairbar Schutel

Publicado em 01 de agosto de 1936

Parece paradoxal que o Espiritismo conte dentre os seus maiores adversários os sacerdotes da Igreja de Roma e os mais entusiastas prosélitos da Religião Católica. Se a nossa Doutrina não faz outra coisa senão proclamar a existência de Um Deus bom, amoroso, indulgente e sábio; se ela apresenta esse Deus cheio de carícias para com seus filhos, e nos recomenda que O adoremos, em espírito e verdade, e em toda parte, com todas as forças do nosso entendimento, do nosso coração, da nossa alma, por que motivo a Igreja nos apoda e assaca injúrias, quando deveria unir-se a nós para extinguir a incredulidade que lavra pelo mundo, ainda mesmo entre aqueles que se intitulam católicos porque os pais o foram?
Se o Espiritismo preceitua, como o Cristo, o amor ao próximo, sem exclusão de católicos, de judeus e de gentios, se ele ordena a caridade para com todos, como meio de salvação, por que razão o sacerdotalismo o impugna, taxando-o de herético e pagão?
Se a Doutrina Espírita, sancionando a Comunicação dos Espíritos, vem nos demostrar a imortalidade da alma, o prosseguimento da vida, portanto, dos que indevidamente chamamos de “mortos”, os nossos parentes e amigos, conhecidos e desconhecidos, sendo esses fatos a base fundamental da Religião, a rocha inamovível da Fé, por que repele a Igreja esta Verdade, preferindo substituí-la por manifestações diabólicas, que nada edificam e vão de encontro com a bondade e justiça de Deus, vão de encontro com a Doutrina da imortalidade e da Esperança do futuro dos nossos entes caros e do nosso próprio futuro além do túmulo?
Se o Espiritismo tem como base dos seus estudos o Novo Testamento, a Palavra de Jesus Cristo e reproduz a mesma Doutrina do Mestre num maravilhoso fac-símile, a ponto de proclamar como Jesus fazia, a excelsa recomendação: “Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos perseguem e caluniam; orai pelos que vos maltratam”, qual é a razão da Igreja execrar o Espiritismo e excomungar aos que dão obediência às suas recomendações?
Se nós, com o Espiritismo, fazemos muita questão de recomendar aos estudiosos o cumprimento dos preceitos de Jesus, exarados nas parábolas do Bom Samaritano (S. Lucas, X, 25-37); do Juízo Final (Mateus, XXV, 31-46); das Dez Virgens (Mateus, XXV, 1-13); Dos Talentos (Mateus, XXV, 14-30); e todas as mais: do Joio e do Trigo, da rede, do grão de mostarda, do fermento, da pérola, do tesouro escondido, do cego que guia cegos; se, enfim, a nossa recomendação é o estudo do Evangelho, em espírito e verdade, por que o sacerdotalismo, que se diz representante de Deus, nos renega e afirma que não temos parte com Jesus?
Se, com conclusão, recomendamos a oração como um preceito de submissão ao Senhor do Céu e da Terra, e a “Prece Dominical”, que foi a que Jesus ensinou aos seus discípulos como a regra áurea para nos dirigirmos a Deus e obtermos perdão das nossas faltas, como ousa o clero afirmar que somos irreligiosos, descrentes e partícipes das instruções do Satanás?
Uma das duas: ou a Igreja de Roma não conhece a Doutrina de Jesus, ou então ela constitui-se sua legítima inimiga.
Estranha contradição!

Jornal "o Clarim"

Perispírito
Redação

Com base em Kardec, recordemos alguns enfoques pertinentes ao tema:
O estudo das propriedades do perispírito, dos fluidos espirituais e dos atributos fisiológicos da alma abre novos horizontes à Ciência e dá a chave de uma multidão de fenômenos incompreendidos até então, por falta de conhecimento da lei que os rege. (G. I 40)
Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito desempenha importante papel em todos os fenômenos fisiológicos e patológicos. Quando as ciências médicas tiverem na devida conta o elemento espiritual na economia do ser, terão dado grande passo, e horizontes inteiramente novos se lhe patentearão. As causas de muitas moléstias serão, a esse tempo, descobertas e encontrados poderosos meios de combatê-las. (O.P. § 1, 12)
O Espiritismo demonstrou a existência do perispírito, suspeitado desde a antiguidade e designado por São Paulo sob o nome de corpo espiritual, isto é, o corpo fluídico da alma. (G. I 39)
Enquanto o Espírito se acha unido ao corpo, serve-lhe o fluido perispirítico de veículo ao pensamento, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam, no Espírito, as sensações que os agentes exteriores produzam. Servem-lhe de fios condutores os nervos como, no telégrafo, ao fluido elétrico serve de condutor o fio metálico. (G. XI 17)
O perispírito é o traço de união entre a vida corpórea e a vida espiritual. É por seu intermédio que o Espírito encarnado se acha em relação contínua com os desencarnados. (G. XIV 22)
Por meio do perispírito é que os Espíritos atuam sobre a matéria inerte e produzem os diversos fenômenos mediúnicos. (O.P. § 1, 13)
Embora fluídico, o perispírito não deixa de ser uma espécie de matéria, o que decorre do fato das aparições tangíveis. Todos os efeitos que daí resultam cabem na ordem dos fatos naturais. Desaparece o maravilhoso, e essa causa se inclui toda nas propriedades materiais do perispírito. (L.M. 58)
Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito se une, molécula a molécula, ao corpo em formação. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união. Nasce, então, o ser para a vida exterior. (G. XI 18)
A união do perispírito e da matéria carnal cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em consequência da desorganização do corpo. Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula. (G. XI 18)
Qualquer que seja o grau em que se encontre, o Espírito está sempre revestido do perispírito, cuja natureza se eteriza, à medida que ele se depura e se eleva na hierarquia espiritual. (L.M. I 55)
Propriedade do perispírito, peculiar à sua natureza etérea, é a penetrabilidade. Matéria nenhuma lhe opõe obstáculo; ele as atravessa todas, como a luz atravessa os corpos transparentes. Daí vem que não há como impedir que os Espíritos entrem num recinto inteiramente fechado. Eles visitam o preso no seu cárcere tão facilmente como visitam a um que está no campo a trabalhar. (O.P. § 2, 16)
O Espírito tira seu invólucro semimaterial do fluido universal de cada globo. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, operando-se, porém, essa mudança com a rapidez do relâmpago. (L.E. 94 e 187)
O perispírito das pessoas vivas goza das mesmas propriedades que o dos Espíritos. Não se acha confinado no corpo: irradia e forma em torno deste uma espécie de atmosfera fluídica. (O.P. § 3, 22) Pessoas podem achar-se em contato pelos seus perispíritos. (O.P. § 1, 11)
A constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos. O envoltório perispirítico de um Espírito se modifica com o progresso moral que realiza em cada encarnação. (G. XIV 10)

Matéria - Revista RIE

A teoria e os fatos espíritas
Cairbar Schutel

Publicado na RIE em novembro de 1925

O Espiritismo é um conjunto harmonioso de ideias e fatos, cujas verdades demonstráveis constituem a crença na imortalidade, com suas consequências morais admitidas por todas as seitas do mundo.
O Espiritismo pode ser comparado ao indivíduo; a “teoria espírita” é a alma, o “corpo íntimo”, com suas relações sensitivas; o “corpo físico” são os fenômenos cujo sistema de órgãos lhe serve de instrumento para a manifestação de sua atividade exterior.
Assim, pois, a Doutrina Espírita, quer em sua forma objetiva, quer em sua forma subjetiva, reveste um caráter espiritual, identificando-se perfeitamente a teoria com os fatos, a alma – corpo íntimo, com os fenômenos – corpo físico que positiva a sua veracidade.
O pensamento básico que Fichte expendeu, sintetizando o seu estudo sobre os fenômenos, define perfeitamente o Espiritismo: “um individualismo divino e essencialmente real”.
Assim como todo o corpo é órgão da alma, o instrumento da sua atividade com o seu sistema de órgãos, os fatos espíritas constituem esse “corpo-indivíduo” que confirma a existência espiritual de um princípio com o qual se conforma ao caráter do indivíduo.
Dissemos, num dos últimos artigos, que os fatos do Espiritismo são reais, positivos, não tendo faltado, para confirmarem a sua realidade, nem mesmo os aparelhos chamados constatadores da força-física e que demonstram a existência de inteligências extraterrenas que por eles têm provado a sua ação.(1)
De fato, dentre a grande variedade de fenômenos verificados nas experiências, salientam-se os seguintes: – “Sons de vozes humanas, sons de instrumentos musicais, ruídos, pancadas; mudança de atmosfera, odores diversos; escrita direta, impressão na greda e na farinha, moldagens em gesso e em parafina; levitação e transporte de objetos sem contato; materializações parciais e completas, fotografia, etc.
Desde 1848, essas manifestações têm se tornado comuns, mas, em todas as idades do mundo, elas foram conhecidas, merecendo o testemunho da história, da consciência universal e da filosofia de todos os tempos.
Existem, não há dúvida, a par da teoria espírita, outras que têm sido lembradas para explicar esses fatos, mas nenhuma delas tem a precisão e clareza de lógica, nem vem munida dos argumentos indispensáveis às exigências da razão e do bom-senso.
São os caracteres que revestem a teoria espírita que explicam a sua irredutibilidade, pois, se as suas ideias tivessem, em vez de formas vivas, concretas, formas dogmáticas, abstratas, o sistema explicativo dos fenômenos que lhe são peculiares já teria desaparecido, tal a luta sustentada, há mais de setenta anos, com adversários terríveis de todas as escolas religiosas e científicas, que se constituíram seus mais figadais inimigos.
Nota-se, porém, que o contrário é que tem acontecido: a hostilidade, incitando a curiosidade, o livre-exame, a pesquisa, o estudo, o raciocínio, restituiu ao Espiritismo as suas qualidades e direitos, constituindo-o o mais valioso assunto que à ciência cumpria investigar.
Atualmente podemos dizer que nos achamos a meio caminho andado. No terreno dos fatos, as hostilidades cessaram, ninguém mais os contesta, e até a imprensa de todos os credos, de todos os países e lugares, sem receio do que se possa dizer, junta o seu concurso pela difusão destes fenômenos, embora a apreciação pessoal dos escritores não prime pela justeza de uma crítica bem fundada.
Atualmente, todos, pode-se dizer, se unem numa mesma voz para repetirem a afirmativa do sábio: – “Os fatos existem”.
Não se é mais preciso citar Gibier, Bécour, Richet, Delanne, Lombroso, Lodge, Myers, Morselli, Wallace, Crookes; os próprios fatos inutilizaram todas as objeções infundadas, todas as negações sistemáticas.
Resta intensificar o trabalho de raciocínio para que os pensadores, presos ao grilhão da religião e da ciência oficial, estudando os efeitos nas suas manifestações formais, reunindo-as num ser complexo e concreto, cheguem ao conhecimento verdadeiro da causa que os aciona.
E esse trabalho parece que já está sendo feito, com o despertar das nossas faculdades superiores. Além disso, abrangendo o Espiritismo um diâmetro ilimitado e abraçando não só o mundo visível, mas também o invisível, absorverá todas as menores formas de religião e de ciência e fará salientar as maiores verdades que se relacionam com a vida, fazendo delas uma fonte incessante de inspiração e santificação.
Um Ideal Superior, espiritual, sem o elemento da imortalidade, é uma quimera.
A fenomenologia espírita é uma conquista positiva e incontroversa que alicerça o monumento da verdade e as hipóteses, ou sejam, os julgamentos pessoais que hão de ceder à força poderosa dessa mesma verdade.

1- Magnetoscópio, de Rutter; Pêndulo, de Briche; Aparelho, de Leger; Biômetro, de Lucas; Galvanômetro, de Puyfontaine; Magnetômetro, de Fortin e Baraduc; Cilindros, de Thoré; Estenômetro, de Joire; Sensitivômetro, de Durville; Aparelho, de Fayol, etc

Matéria - Revista RIE

Abortiva ou não abortiva, eis a questão!
Ricardo Orestes Forni

“A ninguém é concedida a faculdade de interromper o fenômeno da vida, sem assumir penoso compromisso de que não se liberará sem pesado ônus.” – Joanna de Angelis.

Mais uma vez, a inteligência do homem volta a produzir uma nova pílula para impedir a chamada gravidez indesejada. Vejamos o texto de uma reportagem da revista VEJA, edição 2155, de 10 de março de 2010, páginas 107 a 108: Todos os anos 80 milhões de mulheres no mundo inteiro engravidam sem planejar. Delas, 60% optam por interromper a gestação – boa parte de forma bastante arriscada. Vinte milhões dos abortos realizados anualmente são conduzidos, segundo a Organização Mundial de Saúde, por pessoas despreparadas e em lugares sem os cuidados mais básicos de higiene e segurança. Tais descuidos matam a cada ano quase 70.000 mulheres.
Deixa-me interromper um pouco para fazer uma pergunta: se as condições desses abortos mencionados fossem seguras e higiênicas, estaria tudo bem? Se não morressem setenta mil mulheres, mas fossem abortados, com segurança, setenta mil embriões ou fetos, a moral estaria íntegra?
Enquanto cada um pensa, vamos reproduzir a opinião de Joanna de Angelis, no livro Após A Tempestade, psicografia de Divaldo: Alega-se, também, que é medida salutar a legalização do aborto, em considerando que a sua prática criminosa é tão relevante, que a medida tornada aceita evita a morte de muitas mulheres temerosas que, em se negando maternidade, se entregam a mãos inescrupulosas e caracteres sórdidos, que agem sem os cuidados necessários à preservação da saúde e da vida... Um crime, todavia, de maneira alguma justifica a sua legalização, fazendo que desapareçam as razões do que o tornavam prática ilícita.
Continuemos sobre a pílula ser ou não abortiva. Relata a reportagem: “Recentemente, o laboratório francês HRA Pharma lançou, no mercado europeu, uma versão mais duradoura da “pílula do dia seguinte”, que pode ser tomada até cinco dias depois do sexo sem proteção. (destaque do autor) Sob o nome comercial de ellaOne, a nova pílula está em análise na FDA, a agência americana de controle de medicamentos. O efeito mais prolongado da ellaOne explica-se por seu mecanismo de ação. Em relação a suas antecessoras, ela é a única a agir diretamente sobre a progesterona, inibindo a sua atuação. Do latim progestare, “a favor da gestação”, esse hormônio está envolvido em todas as etapas da gravidez. Na dosagem prescrita, uma pílula de 30 miligramas de acetato de ulipristal (seu princípio ativo) evita ou retarda a ovulação.”
Tudo parece muito bem, não? Não se iluda. Mais à frente: “Elas também podem evitar uma gravidez, caso os óvulos já tenham amadurecido. Isso porque tendem a tornar o ambiente uterino hostil ao espermatozoide.”
Meu amigo, releia o parágrafo anterior. Hostil somente ao espermatozoide ou também hostil ao ovo que procura abrigo na intimidade do útero, por desequilibrar a progesterona da mulher? Essa sutil colocação é extremamente importante porque essa pílula pode ser tomada até o quinto dia, após o relacionamento sexual, com 60% de eficácia! Ora, após cinco dias da relação, o espermatozoide já fecundou o óvulo. A vida teve início. A vinculação espiritual já está em curso. Como a gravidez seria evitada, senão através de um processo abortivo, por transformar o ambiente uterino hostil? A hostilidade que a nova substância acarreta no útero não é somente contra o espermatozoide, mas contra tudo que dependa da progesterona – “a favor da gestação” – que é inibida pela “inocente” ellaOne!
Ah! Deixa-me reproduzir um pequeno trecho: “... os contraceptivos orais de emergência, quaisquer que sejam eles, não funcionam se a fecundação já tiver ocorrido.” –defendem muitos autores da área médica. Será que o ambiente hostil, criado pela nova substância, no interior do útero, favoreceria a fixação do óvulo fecundado na parede uterina? Como provar, com absoluta certeza, que todo um sistema de hormônios envolvidos no mecanismo da ovulação e fecundação não sofre uma ação desorganizadora, através dessa substância – acetato de ulipristal – que se intromete nesse processo?
Abortiva ou não abortiva, vale a pena arriscar? Na dúvida, diz o ditado pró-réu, faça a opção por você, pela sua paz de consciência.
O aborto, portanto, mesmo quando aceito e tornado legal nos estatutos dos homens fere, violentamente, as leis divinas, continuando crime para quem o pratica ou a ele se permite submeter.
Legalizado, torna-se aceito, embora continue não moral. – Joanna de Angelis.

Matéria - Revista RIE

Lutar sempre
Redação

A dedicação ao trabalho na seara espírita e o aprimoramento moral no dia a dia representam fatores importantes na presente jornada terrena.
A conduta pessoal reflete no trabalho. O trabalho ajuda a superar dificuldades pessoais.
A união do grupo de trabalho é essencial para o êxito da empreitada.
Quando a amizade vai além dos encontros nas reuniões, melhor ainda.
A preocupação com o próximo é importante. Rancor por ele, nem pensar. Trata-se da trilha da caridade e da boa sintonia, com disciplina e responsabilidade.
Atividades particulares nunca devem trazer perturbação à tarefa, a nível ideal.
Trabalhadores mais experientes devem orientar os que chegam e prepararem-se para desafios mais amplos.
Seguir o coração é importante. Ter em mente a base doutrinária alicerçada em Kardec também.
Momentos de fraqueza e vacilo podem ocorrer neste mundo ainda de expiação e provas. Buscar forças na prece é fundamental nessas ocasiões.
Unida, a equipe ultrapassa situações às vezes cruéis e quase insolúveis.
A fé, aliada à inspiração, acalenta os passos dos que perseveram no embate.
Anos de exercício no trabalho devem representar experiência para enfrentar percalços que surgem.
Nunca pensar em desistir.
O resultado gratificante será, um dia, imensamente superior a todas as dificuldades superadas com determinação.
Trata-se do cumprimento da programação reencarnatória, onde aborrecimentos e obstáculos são naturais no estágio evolutivo em que nos encontramos.
Lembremo-nos de cultivar a humildade e a modéstia. Trabalhadores calejados sabem da importância deste tema.
À medida que o trabalho cresce a luta se torna mais árdua e a vigilância precisa ser maior.
Sentimentos de orgulho e vaidade precisam ser combatidos.
Decisões importantes devem ser tomadas sempre após muita reflexão.
Os trabalhadores apoiarem-se uns nos outros é fundamental para que não se equivoquem. Um pode se enganar mas não o âmago de todos ao mesmo tempo.
Manter a mansidão e a calma nas horas difíceis é prudente, estando alerta para a cólera não se instalar.
Quando o trabalho é realizado em conjunto, o apoio é conjunto também.
A verdade deve fluir para que a confiança mútua seja alcançada e mantida.
O estudo da Doutrina Espírita sempre deve estar presente. Além de esclarecer continuamente e cada vez mais, ele proporciona a boa sintonia que alimenta a realização do trabalho e a divulgação dos princípios doutrinários fundamentais sem distorções.
O grupo de trabalho será tão mais forte quanto mais souber amar e tão mais unido quanto mais souberem seus membros mutuamente se apoiar.
Outrora, muito já vivemos na senda do erro e do desvio e precisamos buscar forças para não retornar a essa trilha, auferindo aspectos positivos desse aprendizado para não tornar a fracassar, mas, ao contrário, sairmos vitoriosos na jornada e na luta atual.
Sintamo-nos motivados a levar adiante a oportunidade presente de, ombreando com benfeitores espirituais, colaborar com Jesus na instalação de uma nova era em nosso planeta e em nossa humanidade.
Continuemos trabalhando juntos e unindo nossos esforços.
Fraternidade e solidariedade possam ser sentimentos sempre em exercício nos nossos corações.

Situação do espirita apos a morte

Muitos espíritas estão desencarnando em situações deploráveis, recebendo socorro em sanatórios no Plano Maior da Vida em virtude das péssimas condições morais e psíquicas em que se encontram.

Este quadro é descrito com muita propriedade no livro Tormentos da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo Pereira Franco, que traz informações edificantes para nós, espíritas, sobre a importância de um bom desempenho de nossas funções, assumidas ainda no Mundo Espiritual.

O Espírito Manoel Philomeno de Miranda ressalta que as experiências narradas no livro permitem compreender que “a crença é muito importante, no entanto, a vivência dos postulados exarados na Codificação tem regime de urgência e não pode nem deve ser postergada”. E Bezerra de Menezes, logo no início da obra, lembra que “Jesus acentuou que mais se pedirá àquele a quem mais se deu, considerando-se o grau de responsabilidade pessoal, em razão dos fatores predisponentes e preponderantes para a conduta”.

Em adição, em No Mundo de Chico Xavier, consta informação interessante do Espírito Romeu do Amaral Camargo, tempos depois de sua desencarnação, comentando acerca da situação dos espíritas ao adentrar no Mundo Espiritual. Conta Chico Xavier que Romeu do Amaral “prosseguia trabalhando ativamente em organizações espíritas-cristãs do Plano Superior e que nós, os espíritas, carregamos enormes responsabilidades nos ombros, porque recebemos o conhecimento libertador de que as leis de Deus funcionam na consciência de cada um”. E o Espírito complementa que “não havia visto dentre os companheiros já desencarnados com os quais convivia, um só que não se queixasse de condições deficitárias para com a Doutrina Espírita. Tão grandes eram as bênçãos recolhidas, que todos admitiam terem saído da experiência física reconhecendo-se endividados para com o Espiritismo Cristão, pelo qual, segundo opinião deles mesmos, deviam ter trabalhado mais”.

Portanto, percebemos dos ensinamentos dos Espíritos que, embora façam referência mais detida às experiências dos espíritas após a morte, a condição de felicidade ou sofrimento destes guarda estreita relação com a vivência dos ensinamentos morais, e por isso, trata-se de possibilidade que acomete qualquer um que, de posse do conhecimento dos valores da Vida Eterna, estagna-se na marcha do progresso, independente de sua religião.

Neste sentido, Eurípedes Barsanulfo, em palestra educativa narrada por Manoel Philomeno de Miranda, alerta que “todo conhecimento superior que se adquire visa ao desenvolvimento moral e espiritual do ser. No que diz respeito às conquistas imortais, a responsabilidade cresce na razão direta daquilo que se assimila. Ninguém tem o direito de acender uma candeia e ocultá-la sob o alqueire, quando há o predomínio de sombras solicitando claridade” (Capítulo 22 do livro Tormentos da Obsessão).

A culpa e os pesares da consciência são maiores quanto melhor o homem sabe o que faz. Kardec conclui primorosamente este ensinamento, afirmando que “a responsabilidade é proporcional aos meios de que ele [o homem] dispõe para compreender o bem e o mal. Assim, mais culpado é, aos olhos de Deus, o homem instruído que pratica uma simples injustiça, do que o selvagem ignorante que se entrega aos seus instintos” (questão 637 de O Livro dos Espíritos).

Por fim, fiquemos com a exortação de Bezerra de Menezes, orientando para que “cuidemos-nos, todos nós, de nos preservar do mal, suplicando o divino socorro, conforme propôs o incomparável Mestre, na Sua oração dominical, buscando-Lhe o amparo e a inspiração, a fim de podermos transitar com equilíbrio pelos difíceis caminhos da ascensão espiritual” (Capítulo 1 do livro Tormentos da Obsessão).

Fonte: Site OSGEFIC
http://espiritananet.blogspot.com

Aos amigos Seguidores deste blog

Atenção,
Caros amigos seguidores do Blog entendendo a Doutrina Espirita,
Venho por meio desta postagem dizer a vocês que fiquei um tempo ausente do blog devido a problemas familiares de meu seio particular.
Milha Irmã Priscila precisa de muitas orações e luz pois quase ela regressou para o plano espiritual devido uma trombose cerebral.Devido a sua permanencia na Terra, minha querida irmã ainda não terminou sua missão na Terra.
Graças aos nossos divinos amigos espirituais Dr. Bezerra de Menezes e Dr. Fritz, junto com suas respectivas equipes de médicos da corrente do espaço, minha querida irmã continua no seio de seus entes querido Terrenos.
Desculpe-me pelas demoras das postagems e gostaria que todos colaborassem comigo, na finalidade de tornar o Evangelio do Cristo cada vez mais conhecido.
Agradeço desde ja a paciência de vocês e mais uma vez, peço ajuda a vós que conhecem o Evangélio de Jesus tão bem quanto eu, a rezas e velar pela saude de minha querida irmã carnal.
Um abraço a todos e muita paz no coração de vocês.
Elaine Christina

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Grupo Fraternal de Espiritismo

lázaros



“ sê limpo...” Jesus


Pedintes das doações do Cristo somos todos nós lázaros de redenção.



Se perambulamos caprichosos pelas vias da facilidade, configura-se em nós a condição de lázaros da simplicidade.



Se nos propomos ao destaque no serviço da Causa, somos lázaros de virtudes.



Se acreditamos que humildade encontra-se apenas na aceitação, somos lázaros de sabedoria.



Se pensamos que a ciência nos afasta de Deus, somos lázaros de visão superior.



Se orgulhosamente entendemos que não necessitamos de mãos rudes que nos amparem e de orações intercessórias, somos lázaros de entendimento.



Na antiguidade, o lázaro era aquele desprovido de beleza em sua aparência física e quase sempre trazia, abaixo de seus andrajos, máculas fétidas provindas da morféia. No entanto, com Jesus o símbolo do lázaro equivale-se a dos últimos nas ordenações humanas, mas também dos primeiros a estarem no “seio de Abraão”, adentrando as regiões de ventura não apenas porque tenham sofrido muito, mas porque tendo tirado do sofrimento os valores da humildade, do perdão e da perseverança, limparam-se, despojando-se de sensações superficiais e ascenderam em si mesmos o brilho espiritual enriquecendo-se e transformando-se em cintilantes obreiros da Verdade.




Damiano

médium Luiz Cláudio, culto cristão no lar, Petrópolis(RJ)

15 de maio de 2006

Atmosfera Espiritual

Padrão dos pensamentos determina ambiente

Allan Kardec usou o mesmo título, em sua Revista Espírita de maio de 1867, para abordar a questão da influência dos maus fluidos - produzidos pelos sentimentos contrários à caridade -, que tornam os ambientes desagradáveis e muitas vezes intoleráveis.

Não é outra a causa dos constrangimentos que se estabelecem nos relacionamentos, especialmente em grupos onde o ambiente "parece pesar" e surgem as sensações de desconforto. E há que se considerar que a permanências desses "ambientes pesados", característicos de ondas mentais conflitantes, pode acarretar graves prejuízos morais e mesmo desuniões e danos à saúde, já que desencadeadores de obsessões.

A abordagem do Codificador é extremamente lúcida e coerente. Selecionamos alguns trechos ao leitor, indicando, todavia, a fonte original para leitura e estudo na íntegra, conforme citado no primeiro parágrafo.

"(...) sabemos que, numa reunião, além dos assistentes corporais, há sempre auditores invisíveis; que sendo a impermeabilidade uma propriedade do organismo dos Espíritos, estes podem achar-se em número ilimitado num dado espaço. (...) Sabe-se que os fluidos que emanam dos Espíritos são mais ou menos salutares, conforme seu grau de depuração. Conhece-se o seu poder curativo em certos casos e, também, seus efeitos mórbidos de indivíduo a indivíduo. Ora, desde que o ar pode ser saturado desses fluidos, não é evidente que, conforme a natureza dos Espíritos que abundam em determinado lugar, o ar ambiente se ache carregado de elementos salutares ou malsãos, que devem exercer influências sobre a saúde física, assim como sobre a saúde moral?

Quando se pensa na energia da ação que um Espírito pode exercer sobre um homem, é de admirar-se da que deve resultar de uma aglomeração de centenas ou milhares de Espíritos? Esta ação será boa ou má conforme os Espíritos derramem num dado meio um fluido benéfico ou maléfico, agindo à maneira das emanações fortificantes ou dos miasmas deletérios, que se espalham no ar. Assim se pode explicar certos efeitos coletivos, produzidos sobre massas de indivíduos, o sentimento de bem-estar ou de mal-estar, que se experimenta em certos meios, e que não tem nenhuma causa aparente conhecida, o entusiasmo ou o desencorajamento, por vezes a espécie de vertigem que se apodera de toda uma assembléia, de toda uma cidade, mesmo de todo um povo.

Em razão do seu grau de sensibilidade, cada indivíduo sofre a influência desta atmosfera viciada ou vivificante. Por este fato, que parece fora de dúvida e que, ao mesmo tempo que a teoria e a experiência, nós achamos nas relações do mundo espiritual com o mundo material, um novo princípio de higiene, que, sem dúvida, um dia a ciência fará entrar em linha de conta.(...)"

Ora, o trecho transcrito é por demais claro. Ele remete a outras tantas considerações, impossíveis de serem trazidas ao simples espaço de um artigo. Mas poderíamos ponderar sobre como subtrarir-se a estas influências (e Kardec aborda isso na continuidade do texto).

O fato concreto é que somos sempre responsáveis pelo tipo de influência que atraímos ou alterações que produzimos nos fluidos que nos circundam por força dos sentimentos e pensamentos que cultivamos.

Numa assembléia, pequena ou numerosa, o padrão dominante dos pensamentos é fator decisivo para determinar o tipo de sensação que vigorará "no ar" daquele ambiente. Alterá-lo também é tarefa dos mesmos pensamentos e sentimentos. Fruto da perseverança no bem e no reconhecimento dos valores que conduzem ao estabelecimento da harmonia na convivência.

Uma vez mais surge a necessidade da melhora moral como único recurso de vivermos melhor.

Matéria publicada originariamente no jornal O Clarim, de março de 2004.














Padrão dos pensamentos determina ambiente

Allan Kardec usou o mesmo título, em sua Revista Espírita de maio de 1867, para abordar a questão da influência dos maus fluidos - produzidos pelos sentimentos contrários à caridade -, que tornam os ambientes desagradáveis e muitas vezes intoleráveis.

Não é outra a causa dos constrangimentos que se estabelecem nos relacionamentos, especialmente em grupos onde o ambiente "parece pesar" e surgem as sensações de desconforto. E há que se considerar que a permanências desses "ambientes pesados", característicos de ondas mentais conflitantes, pode acarretar graves prejuízos morais e mesmo desuniões e danos à saúde, já que desencadeadores de obsessões.

A abordagem do Codificador é extremamente lúcida e coerente. Selecionamos alguns trechos ao leitor, indicando, todavia, a fonte original para leitura e estudo na íntegra, conforme citado no primeiro parágrafo.

"(...) sabemos que, numa reunião, além dos assistentes corporais, há sempre auditores invisíveis; que sendo a impermeabilidade uma propriedade do organismo dos Espíritos, estes podem achar-se em número ilimitado num dado espaço. (...) Sabe-se que os fluidos que emanam dos Espíritos são mais ou menos salutares, conforme seu grau de depuração. Conhece-se o seu poder curativo em certos casos e, também, seus efeitos mórbidos de indivíduo a indivíduo. Ora, desde que o ar pode ser saturado desses fluidos, não é evidente que, conforme a natureza dos Espíritos que abundam em determinado lugar, o ar ambiente se ache carregado de elementos salutares ou malsãos, que devem exercer influências sobre a saúde física, assim como sobre a saúde moral?

Quando se pensa na energia da ação que um Espírito pode exercer sobre um homem, é de admirar-se da que deve resultar de uma aglomeração de centenas ou milhares de Espíritos? Esta ação será boa ou má conforme os Espíritos derramem num dado meio um fluido benéfico ou maléfico, agindo à maneira das emanações fortificantes ou dos miasmas deletérios, que se espalham no ar. Assim se pode explicar certos efeitos coletivos, produzidos sobre massas de indivíduos, o sentimento de bem-estar ou de mal-estar, que se experimenta em certos meios, e que não tem nenhuma causa aparente conhecida, o entusiasmo ou o desencorajamento, por vezes a espécie de vertigem que se apodera de toda uma assembléia, de toda uma cidade, mesmo de todo um povo.

Em razão do seu grau de sensibilidade, cada indivíduo sofre a influência desta atmosfera viciada ou vivificante. Por este fato, que parece fora de dúvida e que, ao mesmo tempo que a teoria e a experiência, nós achamos nas relações do mundo espiritual com o mundo material, um novo princípio de higiene, que, sem dúvida, um dia a ciência fará entrar em linha de conta.(...)"

Ora, o trecho transcrito é por demais claro. Ele remete a outras tantas considerações, impossíveis de serem trazidas ao simples espaço de um artigo. Mas poderíamos ponderar sobre como subtrarir-se a estas influências (e Kardec aborda isso na continuidade do texto).

O fato concreto é que somos sempre responsáveis pelo tipo de influência que atraímos ou alterações que produzimos nos fluidos que nos circundam por força dos sentimentos e pensamentos que cultivamos.

Numa assembléia, pequena ou numerosa, o padrão dominante dos pensamentos é fator decisivo para determinar o tipo de sensação que vigorará "no ar" daquele ambiente. Alterá-lo também é tarefa dos mesmos pensamentos e sentimentos. Fruto da perseverança no bem e no reconhecimento dos valores que conduzem ao estabelecimento da harmonia na convivência.

Uma vez mais surge a necessidade da melhora moral como único recurso de vivermos melhor.

Matéria publicada originariamente no jornal O Clarim, de março de 2004.

Mediunidade Mental

Recolhimento interior facilita intercâmbio

Allan Kardec publicou em sua Revista Espírita (1), de março de 1866, com o título que igualmente utilizamos na presente abordagem, uma correspondência recebida da Argélia, à qual ele acrescenta seus sempre ponderados e bem fundamentados comentários. O assunto, inclusive, foi levado para debate na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e ensejou que os espíritos transmitissem algumas instruções que ele igualmente publicou na mesma edição acima referida.

Escreve o correspondente: "(...)Fico alguns instantes à espera, como depois de uma evocação. Então sinto a presença do espírito por uma impressão física e logo surge em meu pensamento uma imagem que me faz reconhecê-lo. Estabelece-se a conversa mental, como na comunicação intuitiva, e esse gênero de palestra tem algo de adoravelmente íntimo. Muitas vezes meu irmão e minha irmã encarnados me visitam, às vezes acompanhados por meu pai e minha mãe, do mundo dos Espíritos.(...)"

E comenta o Codificador, com toda sua clareza: "Esta mediunidade, à qual damos o nome de mediunidade mental, certo não é adequada para convencer os incrédulos, porque nada tem de ostensivo, nem desses fatos que ferem os sentidos. É toda para a satisfação íntima de quem a possui. Mas também é preciso reconhecer que se presta muito à ilusão e que é o caso de desconfiar das aparências. Quanto à existência da faculdade, não se poderia pô-la em dúvida. Pensamos mesmo que deve ser a mais freqüente, porque é considerável o número das pessoas que, em vigília, sofrem a influência dos Espíritos e recebem a inspiração de um pensamento, que sentem não ser seu. A impressão agradável ou penosa que por vezes se sente à vista de alguém que se encontra pela primeira vez; o pressentimento da aproximação de uma pessoa; a penetração e a transmissão do pensamento são outros tantos efeitos devidos à mesma causa e que constituem uma espécie de mediunidade, que pode dizer-se universal, pois cada um lhe possui, ao menos, os rudimentos. Mas para experimentar seus efeitos marcantes é necessária uma aptidão especial, ou melhor, um grau de sensibilidade mais ou menos desenvolvido, conforme os indivíduos.(...)"

Das instruções sobre o assunto, recebidas dos espíritos, encontramos quatro publicadas na Revista Espírita. A primeira delas está assinada pelo espírito H. Dozon (médium: Sr. Delanne) e apresenta os seguintes comentários: "É possível desenvolver o sentido espiritual, como diariamente se vê desenvolver-se uma aptidão por um trabalho constante. Ora, sabei que a comunicação do mundo incorpóreo com os vossos sentidos é constante; ela se dá a cada hora, a cada minuto, pela lei das relações espirituais. (...) Constantemente estão ao vosso lado; eles vos vigiam; vossos familiares vos inspiram, vos suscitam pensamentos, vos guiam; falam-vos e vos exortam; protegem os vossos trabalhos, ajudam-vos a elaborar os vossos desígnios, formados pela metade e os vossos sonhos ainda indecisos; anotam vossas boas resoluções, lutam quando lutais. (...) Oh! Não, jamais negueis vossa assistência diária; jamais negueis vossa mediunidade espiritual (...)"

Já a segunda mensagem, assinada por um Espírito Protetor (Médium: Sra. Causse), traz o seguinte ensinamento: " Sim, esse gênero de comunicação espiritual é mesmo uma mediunidade, como, aliás, tendes ainda outros a constatar, no curso de vossos estudos espíritas. É uma espécie de estado cataléptico, muito agradável para quem o experimenta. Proporciona todas as alegrias da vida espiritual à alma prisioneira, que aí encontra um encanto indefinível, que gostaria de experimentar sempre. Mas é preciso voltar de qualquer modo. E semelhante ao prisioneiro ao qual permitem tomar ar num prado, a alma entra constrangida na célula humana. (...) Esta mediunidade existe no estado inconsciente em muitas pessoas. Sabeis que há sempre perto de vós um amigo sincero, sempre pronto a sustentar e a encorajar aquele cuja direção lhe é confiada pelo Todo-Poderoso. Não, meus amigos, esse apoio não vos faltará jamais; cabe-vos saber distinguir as boas inspirações entre todas as que se chocam no labirinto de vossas consciências. (...)"

A terceira mensagem está assinada por São Luís (Médium: Sra. Delanne) e esclarece: "Já vos foi dito que a mediunidade se revelava por diferentes formas. A que vosso Presidente qualificou de mental está bem chamada. É o primeiro degrau da mediunidade vidente e falante. (...) enquanto que o médium mental pode, se for bem formado, dirigir perguntas e receber respostas, sem o intermediário da pena ou do lápis, mais facilmente que o médium intuitivo. Porque aqui o Espírito do médium, estando mais desprendido, é um intérprete mais fiel. Mas para isto é necessário um ardente desejo de ser útil, trabalhar em vista do bem com um sentimento puro, isento de todo pensamento de amor-próprio e de interesse. De todas as faculdades mediúnicas é mais sutil e a mais delicada: o menor sopro impuro basta para a manchar. Só nessas condições é que o médium mental obterá provas da realidade das comunicações. (...)"

E, finalmente, a última mensagem, assinada por Luís de França (Médium: Sra. Breul), traz o seguinte ensinamento: "Seguramente, meus amigos, a mediunidade, que consiste em conversar com os Espíritos, como com pessoas que vivem a vida material, desenvolver-se-á mais, à medida que o desprendimento do Espírito se efetuar com mais facilidade, pelo hábito do recolhimento. Quanto mais avançados moralmente forem os Espíritos encarnados, maior será esta facilidade de comunicações.(...)"

Ora, toda essa transcrição, com sua beleza textual e, ao mesmo tempo, fonte de tão amplos esclarecimentos, não tem outro objetivo senão destacar que estamos sempre amparados pela Bondade Divina através da presença carinhosa dos bons espíritos. E, igualmente, que podemos sim buscar a inspiração, a orientação superior, por nós mesmos, através do recolhimento mental e do aprimoramento moral que nos aproxima dos bons espíritos.

Ninguém está desamparado, sozinho, abandonado. Estamos todos envoltos em vibrações de amor daqueles que nos acompanham e orientam do Plano Espiritual. Todavia, por nossa vez, temos o dever de nos aprimorarmos moral e intelectualmente, para que possamos, com mais clareza, captar as suaves e consoladoras instruções que sempre nos são transmitidas.


Nota do autor: todas as transcrições são parciais; recomendamos consulta à íntegra do texto, diretamente na Revista Espírita, na edição referida.
(1) edição Edicel, tradução de Julio Abreu Filho.
Matéria publicada originariamente na RIE - Revista Internacional de Espiritismo, edição de junho de 2005.

A Vida na Terra

Dra. Adriana Dias da Cunha Oliveira

Se observarmos, há um ou dois séculos atrás, veríamos que o mundo em si, evoluiu. Antes os homens demoravam dias para se locomover a certas distâncias e para se comunicar. Gradativamente, e com muito esforço e desejo de progresso, surgiram os primeiros meios de locomoção, os primeiros carros, o primeiro avião, até chegar a aparelhos possantes. Inventaram o telégrafo, correios precários e, hoje, temos o telex, a Internet, ligações intermundiais.

O campo médico evoluiu bastante. Até há um século, haviam pestes, doenças epidêmicas não controláveis, que matavam populações inteiras, até surgirem as vacinas, os medicamentos salutares à vida, graças às pesquisas humanas, exaustivas e constantes de pessoas que dedicaram toda uma vida na descoberta de meios para salvar o homem e melhorar sua qualidade de vida e a cura d várias doenças.

Até bem pouco tempo, o ser humano adentrava ao mundo através do parto normal, que, em vezes sem conta, se complicava, perdendo-se muitas mães, muitos bebês. Então se iniciaram as cesarianas, que vieram dar mais chances de sucesso nos casos complicados e o homem, mais uma vez, se viu cercado de mais recursos para a vida. Não haviam anestesias, e quando em último caso se recorria à cirurgia, esta era feita com muita dor e sofrimento. E foram surgindo medicamentos potentes para aliviar a dor operatória e técnicas mais especializadas. Hoje já se tem cura para muitos tipos de câncer e já se estabiliza a AIDS.

Há algumas décadas, nossas bisavós precisavam fazer sabão em casa, moer café todos os dias, buscar água na cisterna, esquentá-la no fogão para tomar banho. Agora, a energia e a água entram em nossas casas com a maior facilidade, que nem sequer paramos um minuto para refletir nisto tudo.

As mulheres passavam dias tecendo fios de algodão, para costurar nas mãos as vestes precárias. Hoje vamos nas lojas e as encontramos de todas as formas, gostos e tamanhos.

Temos televisão, telefones mirabolantes, aparelhos eletrodomésticos, cada vez mais desenvolvidos para nos servir, para facilitar nosso viver, nosso dia a dia. Tornou-se fácil se locomover, se comunicar de todas as maneiras. Mas se por um lado, houve progresso material, muito ainda temos que evoluir espiritualmente.

O ser humano nem sempre agradece a Deus a chance de todas estas facilidades, e vem se esquecendo dos meios principais que permitem o viver, sem os quais a vida seria impossível mesmo com tanta tecnologia, que é a natureza, as florestas, as matas, os rios, a água cristalina. Desmatam-se as florestas, o clima se altera, a água vai se tornando bem perecível.

Ainda temos visto aquelas pessoas, que sem nenhum respeito pela vida, que dizem Ter um Deus, a dedicar suas vidas para produzir bombas, armamentos, munições de toda a espécie. Ensinam as suas crianças, desde cedo, a usar armas, a cultuar a morte, a guerra, a violência. Pessoas sem alma, que não pensam em progredir materialmente e espiritualmente, em respeitar seus semelhantes, seus filhos, suas mulheres, que são senão um objeto descartável. Um mundo de guerras constantes, onde nada se constrói, a não ser o ódio e desavenças e vivem, por isto, em plena miséria material, moral e espiritual. Pessoas que não medem conseqüências de seus atos criminosos, violentos e têm orgulho em matar, em destruir. Em um dia, são capazes de lesar o que demorou séculos para ser construído.

Homens, elevem seus pensamentos a Deus, em prece de respeito, reconhecimento e pedido de proteção, enquanto houver tempo. Vamos pensar na paz mundial, no mundo sem violência, sem maldade, sem ataques terríveis ao próprio companheiro de caminhada. Vamos pensar em preservar nossas florestas, evitar destruições ambientais, valorizar a água. Pensar em viver com mais igualdade de posições, de posses, com menos egoísmo, para que não haja tantas mortes causadas pela fome, pela carência material e pela dificuldade de acesso à saúde.

Valorizemos o que nossos antepassados conquistaram, para tivéssemos mais recursos e conforto.

Esperamos que o homem não mais se destrua em guerras mundiais, levando a perder tudo o que já está construído, porque, através destes atos, podemos perder o chão em que pisamos, o teto que nos abriga, a água que nos revigora, o alimento que vem da Terra.

Homens, liguem a Deus, porque, pelos atos bárbaros que temos visto, atentando contra o ser humano e a natureza, corremos o risco de que os próprios elementos da natureza se desequilibrem, causando grandes catástrofes, que já são previstas pelos biólogos, geólogos e demais cientistas. Reflitam em ter que viver tão carentes de recursos, a ter que aprender novamente a sobreviver num solo áspero, sem plantas, sem água, sem vestimentas, procurando peixes ou uma caça para cozinhar, num fogo feito entre as pedras, sem teto para se abrigar.

Acordemos para tudo isso enquanto o relógio do tempo corre e somos chamados para aprendermos a vislumbrar, acima de nós, um céu azul, um sol que ilumina, a água que cai em forma de chuva, e, reconhecer que tudo isto ocorre graças ao Ser maior que é Deus, que cria, que governa, que rege, e que é só amor, é só vida.

Uberlândia, 22 de setembro de 2001

O Bem: A Subida Que Não Cansa

A. Corrêa de Paiva



Aprendi, há muito tempo, que o bem é uma subida que não cansa.

Para o espírita, está máxima apresenta infinitos valores filosóficos, porque, na verdade, ele sabe que – Fora da caridade não há salvação, como bem asseverou Allan Kardec.

Sabe mais o espírita: sabe que não existe sofrimento sem a sua razão de ser, visto Deus ser Pai de amor e bondade, justiça e misericórdia. Significa isto que ninguém sofre sem merecer a dor que purifica.

No caminho do bem, ou seja, da caridade, é preciso não desprezar o uso da razão, que esclarece, ao lado do amor, que consola. O amor deve andar de mão dadas com o esclarecimento, que instrui. Daí a asserção da Doutrina Espírita, conforme instrução do Espírito de Verdade: “Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”.

Na prática da caridade, junto do pão, que alimenta, do remédio, que cura, da roupa, que protege e do aluguel que alivia, é preciso não menosprezar a palavra e o gesto de benevolência e indulgência, que consola e encoraja o socorrido, nosso irmão, animando-o na sua prova e na sua expiação, de modo que ele possa levar de vencida suas dificuldades e suas dores, sabendo que Deus é Pai de amor e bondade.

Foi por conhecer tão bem a Deus, que Jesus disse aos sofredores: “Bem aventurados sois, vós os que sofreis, por que sereis consolados”.

Pela lei de causa e efeito, a criatura sempre colhe o que semeia. “É dando que se recebe”. O receber é efeito como o dar é causa. Todo efeito justifica uma causa; toda causa gera um efeito. Em razão disto, fácil nos é entender o ensino de Jesus quando ele afirma que “cada qual receberá conforme suas próprias obras”.

A pessoa esclarecida sobre a razão de ser dos seus infortúnios – é óbvio – sentir-se-á mais fortalecida e mais encorajada a suportar, com humildade, os reveses da vida, compreendendo que nada acontece por acaso. Assim, sejam quais forem as vicissitudes que a estejam flagelando, ela se esforçará para superar tudo, escudada na certeza de que Deus, na sua sabedoria, permitindo que tudo aconteça – é porque está lhe guardando o melhor.

Busquemos, pois, com seriedade, o estudo da Doutrina Espírita, certos de que ela é a verdade da sentença de Jesus: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Ela será a força propulsora a impelir-nos na árdua escalada do nosso aperfeiçoamento.



A Flama Espírita - Uberaba, Minas Gerais, junho de 2001

Seres Desencontrados

Iris Zuhldorff Corduan

Todos conhecem a bela história de Romeu e Julieta, uma história triste e romântica de dois seres que se amavam e que o destino separou.

Pois bem. Seus espíritos, muitas vezes, depois de mortos os seus corpos, se reencarnaram desde a época de seu romance, e levaram vidas de sofrimento e de angústia, pois Romeu nunca encontraria Julieta, , corporalmente.

Mas, a humanidade estava se desenvolvendo cada vez mais no campo moral e intelectual, e o ano de 2,200 marcaria um acontecimento excepcional: é que, para essa época, fora marcada uma reunião da qual participariam todos os espíritos iluminados, encarnados e desencarnados, do nosso mundo.

Na data marcada, Romeu e Julieta abandonaram seus corpos ( como fazem todos os espíritos evoluídos) para se dirigirem ao monte do Himalaia, lugar escolhido para a reunião.

Naquele dia, realizava-se um espetáculo nunca visto por olho de espírito, quanto mais por olho humano... Milhares de clarões esplendorosos singravam o espaço, e a noite parecia dia, visa pelos olhos espirituais. Voando, esses espíritos assemelhavam-se a sóis em movimento, espalhando a sua luz por toda a terra.

Voltemos a Romeu e Julieta. Eram belos espíritos, de enormes áureas espirituais.

O curioso era que suas áureas coincidiam em tamanho e luminosidade. Quando se viram, logo se reconheceram!

E que encontro feliz foi aquele! Souberam imediatamente que ainda se amavam muito, mas com amor puríssimo, extraterreno. Permaneceram juntos durante toda a reunião, e foram horas felicíssimas. A reunião, que foi magnífica, durou uma semana, e então Romeu e Julieta se separaram, com o consolo, porém, de que muito se visitariam espiritualmente, pois que viviam em países apartados por grandes distâncias.

Muitas vezes eles atravessariam essas distâncias num abrir e fechar de olhos, porque qualquer lugar do mundo está a fácil alcance de um espírito de luz. Freqüentemente se visitaram, conforme combinaram, e sua felicidade consistia nessas visitas, nas quais festejavam o seu reencontro depois de tantos anos. Mas essa felicidade pouco duraria...

Certa vez, quando se visitaram, esqueceram de marcar outro encontro.

Que fazer então? A saudade era tanta... e cada qual resolveu fazer uma visita imprevista.

Mas, quis o destino que Romeu saísse do seu corpo ao mesmo tempo que Julieta.

Assim, seus espíritos tomaram rumos diferentes quando cruzaram o espaço. E o pobre Romeu achou o corpo de Julieta inerte, e a infeliz Julieta encontrou o corpo de seu amado como se estivesse morto... Julgaram ambos, então, que o seu amado tivesse morrido. Que dor terrível eles sentiram! Cada qual voltou triste a seu corpo e passaram o resto da vida em prantos e sofrimento.

Eis o que aconteceu: um desencontro de almas. Foi o destino, foi Deus que assim o quis. Mas, os espíritos de Romeu e Julieta desencarnarão, um dia, e então estarão novamente unidos, espiritualmente, e terão épocas felizes

Revista Kardequinho – Fevereiro de 1965

Quem Procura deve Achar

Israel A. Alfonso

Algumas pessoas procuram o Centro Espírita quando o desespero faz com que elas vençam o medo e os preconceitos. Possivelmente, será a única vez que isso irá acontecer. Essa oportunidade única não poderá ser desperdiçada, para que essas pessoas possam encontrar algo novo, necessário para impedir que sejam dominadas, de vez, pela desesperança e desistam, até, da própria vida terrena.

É, pois, uma grande responsabilidade para os espíritas dar a essas visitas todo o cuidado que elas merecem. Perdê-las é fracassar, é deixar de cumprir a mais importante missão de uma casa espírita aberta à comunidade: acolher, para orientar e apoiar.

Não pode haver erro sem conseqüências, possivelmente dolorosas. Os que não receberem acolhida eficaz por parte dos responsáveis pelo Centro que procuram, podem sofrer muito.

Atendemos, não faz muito tempo, uma jovem senhora que recebeu, de um "guia"', o diagnóstico de que seu estado era gravíssimo. Saiu correndo do Centro, em desequilíbrio e apavorada com o diagnóstico recebido, a tal ponto que sua família, em plena n madrugada, teve que chamar um médico para atendê-la. Outro, desempregado, juntamente com a esposa, buscou ajuda e recebeu a informação de que somente existiam, ao seu redor, nuvens negras. Saiu do Centro em desespero diante do que o esperava na experiência já vivida.(?) Com "guias”. como esses, quem precisa de inimigos? Com Centros que abrem as portas para prestar esse tipo de "ajuda", quem precisa procurar problemas para piorar a vida?

Mas, se não se têm a infelicidade de encontrar, nos Centros, "guias" despreparados, poderão deparar-se com outras situações, corno, por exemplo, ser ignorados pelos freqüentadores do Centro, saírem de lá sem qualquer orientação, ou mesmo sem um convite para que retornem. Essas situações podem ser tão desastrosas quanto a de receber os "conselhos" exemplificados acima.

Por isso, o Centro Espírita deve estar preparado para receber as pessoas que o procuram. Deve procurar conhecê-las, quando chegam. Deve ter equipe preparada para ouvir e encaminhar á atividade da casa que melhor atenda cada caso. Muitas vezes, o problema nem é de ordem espiritual: as pessoas precisam sentir apoio e encontrar interlocutores sérios, preparados para ouvir e interessados nessa tarefa

Seriedade, planejamento, avaliação dos resultados dos casos assistidos, preparo dos médiuns e das pessoas que trabalham são absolutamente necessários para que possamos realizar um bom trabalho.

Creio que já é hora'de os Centros priorizarem a evangelização, o trabalho de orientação e apoio aos encarnados, deixando de lado a dedicação, presente em muita casa Espírita, quase exclusiva ao mediunismo, muitas vezes exibicionista.

Dirigente Espírita – Janeiro e Fevereiro de 2000.

ANTOLOGIA DE TROVAS

ISMAEL GOMES BRAGA



Depois das maravilhas de “Parnaso de Além-Túmulo” e “Antologia dos Imortais”, os poetas voltaram à Terra para nos dar 312 trovas, isto é, quadrinhas de sete sílabas com um pensamento completo.

O novo livro foi preparado, para publicação, pelo mesmo erudito Elias Barbosa que organizou a “Antologia dos Imortais”. Para isso, consultou ele 73 obras sobre poesia e nos dá excelentes biografias dos 95 poetas que escreveram o livro pelas mãos de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. As trovas de números ímpares foram recebidas pelo primeiro e as de números pares pelo segundo desses médiuns.

E’ curioso que todos os poetas sejam de tempos recentes, quase todos nascidos no século dezenove. Só vimos um do último decênio do século dezoito, nascido em 1791 e desencarnado em 1857.

Outro fato digno de nota é que os melhores poetas, os verdadeiros poetas, morrem jovens, trazem missão breve. São muito raras as exceções e uma dessas exceções é já aludida acima, de poetisa nascida em 1791 e desencarnada em 1857. Trata-se de “A Cega”, como era conhecida a poetisa gaúcha Delfina Benigna da Cunha, mulher bela e enamorada, cuja vida mesma é um poema comovente e misterioso.

Naquele tempo não existiam livros para cegos, como hoje. Delfina ficou cega aos vinte meses de idade; portanto, teria a triste sina de ser analfabeta. Sem a reencarnação não se poderia compreender como aprendeu ela a língua e a versificação para deixar livros de versos impecáveis. Realmente nasceu sabendo, nasceu literata.

A aparição de “A Cega” nos meios espíritas ocorreu aqui no Rio, numa sessão a que assistiam o doutrinador cego Luís Antônio Mileco Filho e o autor destas linhas. Pela médium Dolores Bacellar, Delfina Benigna da Cunha nos contou em lindos versos a sua dolorosa história e nos deu pistas para encontrarmos notícias de sua vida, encerrada um século antes e já completamente esquecida.

Neste novo livro, que traz o título de “Trovadores do Além”, essa poetisa colabora com as trovas 238 e 310, que dizem:



Suor de todo momento —

Vida elevada de plano.

Dia atolado na rede —

Suicídio cotidiano.



Casamento — obra de Deus —

Obrigação para dois:

Encanto chega primeiro,

Serviço chega depois.



O mais perseverante desses doutrinadores em verso é Casimiro Cunha, que já nos apareceu em “Parnaso de Além-Túmulo”, “Cartilha da Natureza”, “Gotas de Luz”, “Juca Lambisca”, “Antologia dos Imortais”, e, agora, em “Trova­dores do Além”. Eis algumas trovas dele:



Se alguém te insulta, a ferir-te

O anseio de amor e paz,

Não lamentes, nem te irrites...

Calando-te, vencerás.



Fiscaliza as palavrinhas.

De humilde e pequena brasa,

Começa a lavrar o incêndio

Que devora toda a casa.



Levanta, ajuda e conserta,

Que falar e repreender

São tarefas da palavra

Que todos podem fazer.



Não olvides que a criança,

No caminho, vida a fora,

Vai devolver-te, mais tarde,

O que lhe deres agora.



A trova é como que um provérbio um pouco mais longo e rimado, com finalidade educativa; não pode ser apenas beleza, senão...



“À trova com boa rima

Mas sem um bom pensamento

Lembra uma linda menina

Com cabecinha de vento.”



Devemos escolher as que mais se aplicam ao nosso caso ou melhor se afinam com o nosso gosto, e decorá-las para aplicar na vida.



Emílio de Menezes colaborou com excelentes trovas neste livro. Eis uma amostra:



Estranha contradição

Que a Terra vira e revira:

Muita mentira é paixão,

Muita paixão é mentira.


Ninguém cometa a loucura

Que até hoje inda me abafa.

Coisa triste é a sepultura

Com lembrança da garrafa.



Esclarecer nunca pude

Esta nota incontroversa:

Muito silêncio — virtude,

Muita virtude — conversa.



O livro todo é de trovas escolhidas. Se fossemos citar tudo que nos agrada, teríamos de copiar o livro inteiro.



E’ uma obra para se reler sempre, como outras de bons versos, igualmente recebidas pelos médiuns de Uberaba.



Há mais de uma centena de bons poetas trabalhando para nos ensinar boa doutrina, no Brasil, presentemente. Não sabemos de caso semelhante em outras terras. Nossa responsabilidade está crescendo sempre!



Fonte: Reformador – abril, 1965

Responsável pela transcrição: Wadi Ibrahim

Materializações

Ismael Gomes Braga

No começo de 1964 a apreciada revista "O Cruzeiro" pôs em discussão pública os fenômenos de materialização de Espíritos. Pela revista, pelo jornal, pelo rádio, pela televisão, esses fenômenos entraram em calorosa e benéfica discussão perante o grande público, quando em via de regra esses fenômenos são estudados somente em pequenas rodas de iniciados. Esta discussão é utilíssima, porque mais cedo ou mais tarde a verdade vence toda a oposição, e a materialização de Espíritos é verdade demonstrada durante cem anos de estudos de sábios.

Como já assistimos a longas séries de sessões de materialização, aproveitamos . a oportunidade para mencionar algumas observações inéditas e que talvez possam interessar aos estudiosos, não aos negadores sistemáticos.

Em todas as nossas sessões os Espíritos que dirigiam os trabalhos exigiam que o médium ficasse bem ligado à poltrona e manietado, alegando que ele correria perigo durante o transe, e quase sempre no fim da sessão nós o encontrávamos exatamente como o deixáramos antes„ porém certa vez houve uma exceção muito chocante.

Deixam0os o médium muito bem ligado pelo tronco, pelos braços e pelas pernas à poltrona, na cabina escura. A sessão correu bem.

Dentro da cabina escura havia uma vitrola com duas pilhas de discos fonográficos. Quando se iniciava a sessão, falando em voz direta de dentro da cabina, o Espírito nos perguntava que disco desejávamos ouvir. Cada um de nós dizia o nome de um disco e ele o procurava nas pilhas, punha na vitrola e o executava, demonstrando assim que via perfeitamente bem no escuro absoluto.

Apareceram diversos Espíritos materializados, todos iluminados, uns mais, outros menos, por sua própria luz. Quando recebemos ordem de fazer a prece final, foi-nos advertido:

"Abreviem o encerramento, porque o médium vai despertar e sentir dores; tivemos que modificar o controle que vocês fizeram."

Abreviamos a prece e corremos para a cabina, porque o médium começara a soltar dolorosos gemidos. Fomos encontrá0lo numa posição incrível: com o tronco dobrado como se não tivesse espinha dorsal; a cabeça entre os joelhos, fortemente atada às pernas, e estas à cadeira. Pela cintura, estava ligado ao espaldar da cadeira. A corda lhe entrava pela carne no pescoço e nos dificultava cortá-la ou desatar os nós.

Ele sofria e gemia profundamente, em grande ansiedade. Finalmente conseguimos cortar a corda do pescoço e libertá-lo daquele sofrimento. Ele não se lembrava de nada que se passara estava em sono profundo quando foi mudado o controle.

As cordas eram as mesmas que havíamos empregado, mas todo o controle que havíamos feito tinha sido substituído por outro, mais apertado e bárbaro.

Ninguém entrara na cabina. Todos eram companheiros honestos, estudiosos sérios. A sessão se realizava num lar amigo, de toda a nossa confiança.

Mesmo admitido que alguém houvesse entrado na cabina, ninguém poderia dobrar assim um corpo humano. Só o puderam fazer os Espíritos, em sono profundo e em parte desmaterializado o corpo do médium.

A desmaterialização parcial ou total do corpo do médium é bem conhecida e foi observada com Miss d'Esperance, Centurione Scotto, Dona Ana Prado e outros médiuns.

Os desconhecedores dos fenômenos se limitam a negar esses fatos, mas, apesar de todas as negações, eles são verdadeiros.

Noutra sessão e com outro médium, o controle era mais severo. A poltrona do médium estava aparafusada ao soalho e ele algemado e fortemente ligado a ela.

Materializou-se um índio gigantesco, com uma força hercúlea. Com sua mão enorme pegou-me na cabeça e a torceu, quase a deslocando do pescoço. Tomou de cima da mesa uma estatueta de gesso duríssimo, recoberta de uma substância fosforescente, para ser vista no escuro, e quebrou-a toda entre os dedos, como se fosse casca de pão.

Depois de outras demonstrações de força, arrancou do soalho a poltrona com o médium e colocou-a brutalmente em cima da mesa, fora da cabina. Nem dois ou três homens fortes poderiam realizar essa proeza, tão idiota e sem gosto.

Os pesquisadores de fraudes podem negar à vontade, porque o fato é verdadeiro e de certa forma inexplicável.

Ao lado desses fatos grosseiros, assistimos a outros de grande beleza.

Cecília era um Espírito de belíssima jovem que aparecia ricamente iluminada, vestida de noiva, com um belo ramalhete de flores no braço esquerdo.

A uma sessão compareceu um assistente cego, guiado pela esposa. Quando Cecília se aproximou do casal, a Senhora exclamou

"Que pena você não poder vê-Ia! Não é uma noiva, é um anjo descido do céu!"

Nesse momento - coisa incrível! - o ramalhete de flores desapareceu, e Cecília, com as duas mãos livres, tomou as mãos do cego e levou-as ao seu próprio rosto, depois à cabeleira, fazendo que ele pelo tato lhe percebesse as formas.

O cego exclamou, comovido

"Obrigado, Cecília! O cego vê pelo tato: tua bondade me permite ver-te! Deus te pague!"

Depois, ela lhe aplicou passes magnéticos sobre os olhos e nós víamos partirem de suas mãos centelhas de luz azul.

Nosso grupo de estudiosos não procurava fraudes, só procurava fatos positivos para estudar e aprender, e obtivemos os mais variegados fenômenos. Mas houve igualmente sessões negativas, sem nenhum fenômeno e sem explicação alguma do insucesso.

Há também quem não procura fenômenos, só procura fraudes, e estes igualmente recebem o que procuram: fraudes por toda à parte, reais ou imaginárias!

Sua má fé os sintoniza com Espíritos que sentem prazer em decepcioná-los e em fazê-los ver mistificações e fraudes em todas as sessões.

Os semelhantes se atraem mutuamente: quem busca a verdade, com humildade e paciência, termina por encontrá-la; mas quem só imagina mistificação e fraude, em seus irmãos, encontra o que procura: sofre mistificações e fraudes.

Os fenômenos inteligentes são mais convincentes do que os físicos.

Um livro cheio de sabedoria, escrito harmoniosamente por um só Espírito e pelas mãos de dois médiuns, como "Sexo e Destino", ou um livro de belos versos, escritos por cento e dez poetas espirituais, em seus estilos próprios, e pelas mãos de dois médiuns de graus de cultura muito diferentes, como "Antologia dos Imortais", tem muito mais força de convencer do que uma longa série de sessões de efeitos físicos.

No Brasil já temos uma rica literatura mediúnica à disposição dos estudiosos. Quem realmente deseje aprender, deve estudar nossa literatura, começando de Allan Kardec até chegar aos nossos dias.

Essa multidão de espíritas que existe hoje no Brasil e que vão realizando uma obra social digna de todos os louvores, foi, toda ela, convencida pelos fenômenos inteligentes, não por efeitos físicos.

Esperemos que esta ampla discussão das materializações desperte maior atenção para nossa literatura, para algumas centenas de bons livros que existem em nossa língua e que o Espiritismo faça novas conquistas.

A discussão será benéfica para muitos.

Reformador – Março de 1964.

JESUS

ITAYR DE NACARATI





Jesus, irmão superno, ó Mestre deste mundo!

eu creio em ti, Jesus, e nos exemplos teus;

creio na tua vinda a este planeta immundo,

ó symbolo do Amor, Jesus, filho de Deus!



Creio que o teu olhar, tão cheio de doçura,

tão cheio de perdão, de carinho e bondade,

não deixará de vir, nas horas de amargura,

trazer-nos o conforto, a paz e a caridade.



Creio que no momento em que te levantaram,

no cimo do Calvario, em forma de uma cruz,

derramaste o perdão aos que crucificaram,

no lenho da amargura, o teu corpo, Jesus.



Creio seres do Bem o precursor altivo

de que fala Moysés no Testamento Velho,

e creio que és, Jesus, o filho de Deus vivo,

como diz a expressão de Pedro no Evangelho.



Creio no que revela e constata a sciencia,

que não tiveste nunca, a nossa origem, não!

creio que de teu corpo a sublimada essencia

era conforme ao gráo de tua elevação...



Creio que o teu olhar, como um pharol ingente,

ha de sempre aclarar os nossos corações.

Creio que a tua luz será, eternamente, o

fanal da Esperança em nossas afflições.



O’ meu doce Jesus, ó meu Jesus amado,

feito Carinho, Amor, Perdão, Misericordia,

estende sobre nós o teu manto sagrado,

ó symbolo da Paz, Harmonia e Concordia!


Fonte: Reformador – junho, 1936
Responsável pela transcrição: Wadi Ibrahim

Obrigado Senhor

Pela vida;

Pela oportunidade de trabalhar e servir;

Pela benção da vida física;

Pelo corpo, mesmo doente, que oportuniza

Refazimento e reajustes perante as Leis de Deus.

Que a harpa do coração, vibre aos acordes do

Amor, na sinfonia do Bem.

Que eu possa Senhor, mesmo incompreendido,

Aprender a perdoar ...

Somos os nossos pensamentos.

A árvore foi um dia uma minúscula semente;

A porcelana foi um dia uma porção de barro;

O pão foi um dia simplesmente grãos de trigo;

Em verdade, as nuvens passam, e o Céu Azul,

Volta a brilhar.

Assim também, as nuvens de dificuldades passam, o Sol do Amor, volta a aquecer os corações.

A vida palpita em tudo.



Do Livro Vida – Inesquecível Presente

Autor: Ites Alves Mariano

O Perispírito dos Espíritos Puros

Ivo de Magalhães

ENSINARAM-NOS OS Evangelistas, por intermédio da extraordinária mediunidade da Senhora Collignon, que até mesmo os puros Espíritos são dotados de perispírito, porém de natureza bem diversa daquele que reveste o Espírito dos materialmente encarnados.

Lemos, com efeito, na obra comumente denominada "Os Quatro Evangelhos", publicada por Jean-Baptiste Roustaing, a seguinte revelação:

"O perispírito dos Espíritos puros (o grifo é nosso) é, por sua sutileza, de natureza muito diversa, pelo que toca à atração, da do perispírito dos materialmente encarnados, o que lhes torna impossível aderirem à matéria do corpo humano."

Já antes, era-nos dito:

"O aparecimento de Jesus na terra foi uma aparição espírita tangível. O Espírito tomou - segundo as leis naturais que vos acabamos de explicar - todas as aparências do corpo. O perispírito que o envolvia (o grifo é nosso) foi feito mais tangível..."

Portanto, Jesus, Espírito puro, para o cumprimento de sua missão terrena, dera mais tangibilidade cio seu perispírito, bastando-lhe, para tanto, atrair a si os fluidos ambientes necessários, conforme adiante se verá.

Esse ensinamento trouxe, bem o sabemos, alguma preocupação a estudiosos da Doutrina Espírita, pelo fato de haver Bezerra de Menezes, ao tempo em que entre nós ainda se encontrava, declarado

"Os anjos, porém, que já não têm perispírito, porque são puros Espíritos, precisam tomar, na ocasião, no infinito seio do fluido universal, o que os revisa e os torne visíveis."

Na verdade, porém, não há contradição alguma - nem seria lícito admitir que houvesse - entre o que nos revelaram os Evangelistas, na obra publicada por Roustaing, e o que, para o matutino "O Paiz", escreveu Bezerra de Menezes, sob o pseudônimo Max, em magnífico artigo reproduzido no "Reformador" de março do ano passado.

O grande apóstolo do Espiritismo no Brasil estava justamente aludindo a inúmeros casos, registrados pela História Sagrada, de anjos (Espíritos puros) baixados a Terra em missão, para tanto retirando do fluido universal o que os revestisse e os tornasse visíveis, como bem explicado está em "Os Quatro Evangelhos", onde nos é revelado ainda:

"O perispírito pode, com propriedade, ser qualificado de semimaterial, em razão de que, de si "mesmo fluídico, pode materializar-se à vontade. É, com relação "à vossa matéria, o que é o vapor "com relação .à água: matéria tênue, porém matéria, capaz de, em dada ocasião, tomar a aparência "de matéria compacta. Não lograreis, repetimos, compreender a natureza dessa parte do vosso ser, senão quando a vossa inteligência se houver desenvolvido bastante "para sondar as profundezas do "éter que vos cerca."

Que lição sublime! E com que sabedoria nos é ela ministrada! Aprendemos, assim, que o perispírito é "de si mesmo" fluídico, mas pode ser qualificado de semimaterial pela propriedade que possui de se materializar à vontade. Compreendemos, então, que, não necessitando de contactos materiais, como no caso dos puros Espíritos (quando não baixados em missão, evidentemente), o perispírito, perdendo tudo quanto de material nele se pode conter, torna-se de tal forma espiritualizado, digamos assim, que passa a se confundir, digamos assim também, com o próprio Espírito.

E é precisamente isso que se depreende das seguintes explicações

"Somente o Espírito puro, não "mais sujeito a encarnação alguma "em qualquer planeta que seja, por "já haver atingido a perfeição sideral, dispõe de todos os fluidos, como possuidor que é de uma ciência completa, goza de inteira liberdade e independência e tem a consciência exata da sua origem, seja qual for o perispírito ou corpo "fluídico que tome e assimile às regiões que percorra."

"Jesus houvera podido, unicamente por ato exclusivo da sua vontade, atraindo a si os fluidos ambientes necessários, constituir o perispírito ou corpo fluídico tangível que vestiu para surgir no vosso mundo sob o aspeto de uma criancinha."

Destarte, não nos é difícil compreender que Bezerra de Menezes, quando disse não mais terem perispírito os anjos (puros Espíritos), queria, evidentemente, aludir encarnado que ainda se achava entre nós - ao mediador plástico tal como o possuímos, isto é, semimaterial, enquanto os Evangelistas, dizendo-nos que os Espíritos puros também são dotados de perispírito, aludiam, é igualmente evidente, a um envoltório etéreo, composto unicamente de fluidos espirituais, que não perde, contudo, a propriedade de se materializar mais ou menos intensamente, quando necessário, para tanto tomando esses Espíritos, "na ocasião, no infinito seio do fluido universal, o que os revista e os torne visíveis", como Bezerra de Menezes bem salientou.

Estabelecida está, portanto, segundo nos parece, não uma discordância, mas sim uma perfeita identidade entre os ensinamentos contidos em "Os Quatro Evangelhos" e a explicação de Bezerra de Menezes acerca do perispírito dos Espíritos puros. E nem poderia ser de outra maneira, sabido como é haver sido precisamente o "Kardec brasileiro" quem considerou "preciosa e sagrada" a obra publicada por Roustaing e fê-la, quando Presidente da FEB, reproduzir integralmente no "Reformador".

Essa identidade, aliás, está plenamente sancionada pelo Codificador. De fato, em "O Livro dos Espíritos", faz Allan Kardec a seguinte pergunta, de n.° 186:

"Haverá mundos onde o Espírito, deixando de revestir corpos "materiais, só tenha por envoltório "o perispírito ?"

E logo, do Alto, vem a magistral resposta:

"Há e mesmo esse envoltório "se torna tão etéreo que para vós "é como se não existisse. Esse o estado dos Espíritos ,puros" (o grifo é nosso).

Aí está, dada por quem pode, a explicação clara, cabal, lógica: o envoltório dos Espíritos puros existe - é o que está dito na obra publicada por Roustaing -, mas se torna tão etéreo que, para nós, é como se não existisse. É o que disseram a Kardec os Espíritos superiores!

Mais uma vez somos levados a considerar o quanto Kardec e Roustaing se completam e a bendizer a sabedoria do Alto, fazendo baixar à Terra, na mesma época e no mesmo país - a França de tantas tradições espirituais -, muito pertos um do outro, Kardec em Paris e Roustaing em Bordéus, esses dois excelsos missionários, o primeiro para codificar a Doutrina Espírita e o segundo para divulgar, em espírito e verdade, os ensinamentos contidos nos Evangelhos de Jesus, nos quais, em última análise, está fundamentada essa Doutrina!.

Reformador – Fevereiro de 1975

Ele Mesmo é o Elias...

Ivo de Magalhães

Não podemos deixar passar sem um breve comentário a notícia abaixo transcrita, publicado na edição de 30 de novembro último do prestigioso tornam "O Globo" desta cidade, sob o título "OSSOS DE SÃO JOÃO CON_ FUNDEM CIENTISTAS":

"CAIRO (O GLOBO) - Uma equipe de arqueólogos disse ontem que é difícil demonstrar que os ossos humanos descobertos recentemente num mosteiro ao norte do Cairo são de São João Batista, informou ontem o jornal "AI Akhabar". A Comissão, que se utiliza de técnicas especializadas na análise dos ossos, estuda também os restos que pertenceriam ao profeta Elias e nada descobriu de positivo. O chefe religioso copta Shenouda 11 disse numa entrevista coletiva, na semana passada, que era muito cedo para anunciar que os ossos eram de São João Batista ou do profeta Elias. Insistiu no entanto que a evidência histórica demonstra que os restos dos dois homens "devem estar enterrados em algum lugar no setor norte do mosteiro de San Makarios, a 96 quilômetros -à norte do Cairo", onde foram achados os ossos durante escavações."

Lendo essa notícia, ao nosso pensamento logo acudiu o sublime ensinamento da reencarnação, pedra angular do Espiritismo, que o nosso Mestre e Senhor Jesus revelou a Nicodemos e, outrossim, havia ministrado ao povo quando, referindo-se a João Batista, disse (Mateus - XI:14115):

"E se vós o quereis bem compreender, ele mesmo é o Elias que há de vir."

Logo acrescentando, ante a incompreensão e o espanto que suas palavras causariam: "O que tem ouvidos de ouvir, ouça."

Essa passagem evangélica já foi tão bem explicado por Alan Kardec, no Capítulo ]V de "O Evangelho segundo o Espiritismo" (Ninguém Poderá Ver o Reino de Deus Se Não Nascer de Novo), que não nos move o propósito de abordar tal assunto já tantas vezes abordado. Nosso propósito é, isso sim, ao sabermos que homens de ciência. dispondo das mais modernas técnicas, não conseguem saber se ossos humanos recentemente descobertos em um mosteiro situado ao norte do Cairo pertenceram a João Batista e se outros pertenceram ao profeta Elias, enquanto um chefe religioso copta, por sua vez, declara que os ossos de ambos devem estar enterrados a 96 quilômetros daquela cidade, nosso propósito, dizíamos, é tão-somente o de assinalar a sabedoria do Alto, tudo dispondo de forma a chamar, repentinamente e a um só tempo, a atenção do mundo para Elias e João Batista, a fim de bem nos fazer compreender que, pertencendo as ossadas a quem hajam pertencido, o que realmente importa e não deve ser esquecido é o ensinamento da reencarnação , pois “ele mesmo” - o Batista - era o Elias que havia de vir!

REFORMADOR, FEVEREIRO, 1979

Fixação no Presente

Izaias Claro

Não poucas criaturas, malbaratando o presente e não investindo no futuro, gastam-se e desgastam-se na posocupação. A posocupação é ocupação vã, porque retém a mente fizada em algo já ocorrido no pretérito e que poderia estar superado. É uma atitude típica do depressivo que se compraz, de maneira enfermiça, em fixar-se nas experiências negativas transatas, desperdiçando tempo, energia e oportunidade.

De outras vezes, o ser desgasta-se numa atitude de preocupação. Preocupar-se, como o indica a própria palavra, é o ocupar-se antes com a ocorrência que imagina ocorrerá mais tarde. Com isto a pessoa ocupa-se pelo meno duas vezes, antes da ocorrência e enquanto ela se dá. Na hipótese de posocupar-se com o problema, a criatura terá se ocupado três vezes, isto é, antes, durante e depois.

Pensar e refletir com confiança na problemática, é positivo e necessário. Preocupar-se em excesso é inútil e nada de bom acrescenta.

O ideal, para a existência humana, é a criatura procurar viver sem tristeza pelo passado e sem ansiedade negativa pelo futuro, num interminável e abençoado presente, vivendo cada instante, totalmente, não se preocupando de maneira estéril com o que virá, e também não se posocupando com o que de negativo sucedeu.

A hora é agora.

Como ensina velha canção, quem sabe faz a hora, não espera acontecer...

Emmanuel, pelas mãos queridas de Francisco Cândido Xavier, assevera que hoje é o dia mais importante de nossas vidas; nem o ontem, que já vivemos com suas experiências, nem o amanhã que poderá surgir modificado...

Do livro: "Depressão - Causas, Conseqüências e Tratamento" -
Casa Editora "O Clarim"

Irradiação da Alma

Idalina A. Mattos

É caso curioso, que pouca gente compreende a razão de verificar-se antipatia primeira vista ou imediata simpatia por alguém, sem causa justificada.

Toda causa, ainda que se desconheça deve ter um efeito. A lei das reencarnações, que muitos, recalcados pelo orgulho, não a aceitam, demonstra-nos claramente o motivo dessa anomalia.

Em vidas anteriores espalhamos o joio da intriga, as parasitas da mentira.

Criamos com isso uma aura escura a qual nos acompanhara até que a clareemos pela construção do bem, pela aquisição do moral.

Encontramos na estrada da vida aqueles a quem destruímos as mais caras afeições.

Topamos com os que se desiludiram por nossa culpa; portanto, ss poderemos inspirar-lhes antipatia.

É bem verdade, que ignoramos os feitos do passado, no entanto nos deparamos com as nossas pobres vítimas, devemos, como cristãos, desejosos de progresso, abeirarmo-nos delas, procurando reparar o mal que lhes causamos.

Conhecedores desta filosofia profunda - A Terceira Revelação - poderemos nos reeducarmos para conquistar e irradiar simpatia, desfazendo rixas antigas, resgatando velhas dúvidas. Daqui não sairemos sem que tenhamos pago até o último centavo.

Uma das causas, também das antipatias instintivas, é a divergência dos sentimentos, da maneira de pensar, resultando daí uma antipatia., porque não ha entre um e outro afinidade de idéias. Um, pensa de modo mais elevado que outro que é mais retardado, não havendo entre ambos um entendimento mútuo, originando daí uma aversão natural.

Se lidamos com alguém que não é tratável, portador de atitudes grosseiras, não nos podemos sentir bem ao seu lado, se por ventura formos diferentes. A simpatia é o sol interior que se irradia através de uns olhos meigos ou ativos. Quando simpatizamos sinceramente com alguém podemos estar certos de que estamos lidando com espíritos do mesmo nível de progresso, com raras exceções; semelhante atrai semelhante.

A simpatia entre duas almas vem, muitas vezes, de um passado longínquo, em que ávidas de reencontro se buscam no palco da vida. E, quando deparamos, casualmente, com criatura cuja presença nos encanta, sentindo um arroubo, instintivo, saibamos tratar-se da alma gêmea.

Verificamos que ha pessoas com quem todos simpatizam! Parece existir nos seus tragos fisionômicos algo magnético que prende e seduz! É a irradiação de sua alma que se extravasa!

Ao contrario daquele que espalhou intrigas ou calúnias, semeou, esta, no campo onde vivera as sementes do bem.

Revista Espírita do Brasil - Junho de 1950

A TEMPERATURA DOS ESPÍRITOS

Sylvio Ourique Fragoso





E ao passar diante de mim um Espírito, os cabelos de minha carne se arrepiaram (Jó, 4,15).



Tradicionalmente as narrativas populares sobre aparições vêm associadas às noites de tempestade, quando sopra um vento gélido a bater venezianas e a sacudir o arvoredo, enquanto a chuva tamborila com força na vidraça. Se não há chuva, há que existir ao menos um denso nevoeiro a embaralhar a vista, tanto quanto a própria aparição confunde o pensamento. Na melhor da hipóteses teríamos o palor da lua a se derramar languidamente sobre as cruzes brancacentas de um cemitério meio abandonado. Em Hamlet, Shakespeare faz o fantasma do rei da Dinamarca aparecer junto às névoas, numa noite de "frio acerbo e penetrante". Eça de Queiroz, em O Defunto, prefere o clarão "amarelo e lânguido da lua cheia" a iluminar as forcas junto às quais D. Rui de Cardenas teria de passar em busca de sua aventura amorosa. Shelley escolhe uma "tétrica noite de novembro" para fazer com que a horrenda criatura do Dr. Victor Frankenstein abra os olhos, mortos até então.

Mas com tempestade, luar ou nevoeiro, uma coisa é freqüente: a sensação de frio que assalta aquele que se depara com um ente fantasmático. E os calafrios são tão comuns nos casos de assombramento, que o próprio Pe. Quevedo formulou uma teoria para explicar o fato: na fantasmogênese haveria dispêndio de energia, fazendo cair a temperatura do local onde o fenômeno se dá. O defeito desta hipótese (como de resto o de todas as teorias do ilustre parapsicólogo) é não poder encaixar-se na generalidade dos casos. E também não podemos esquecer a possibilidade de que o arrepio seja apenas uma reação nervosa produzida pelo medo ante o inusitado do ser fantasmal. Parece que foi o que aconteceu com Jó, conforme se deduz do relato bíblico.

De qualquer forma, o Espiritismo veio mostrar que os Espíritos podem revelar sua presença independentemente das condições atmosféricas e do horário. Embora seja certo que o escuro possa tornar perceptível uma aparição demasiado débil para ser vista à luz do dia, tudo o mais vai por conta da imaginação dos contadores de casos.

Mas o fato é que, consumindo energia ou causando medo, nem sempre as aparições provocam frio em quem as vê. Muito ao contrário, algumas vezes os Espíritos deixam marcas de sua presença que mais se associam ao fogo que à gelidez. E é sobre estas ocorrências que nos deteremos.

Os fenômenos de Espíritos que irradiam calor suficiente para queimar objetos e pessoas não é novo. O caso abaixo foi publicado por Richet nos Annales des Sciences Psychiques, e ocorreu em 1654, na Hungria. Vale a pena lembrar que a primeira publicação, feita ainda naquele ano, foi autorizada pelo Monsenhor Lippai, Arcebispo de Sttigont. É o seguinte:

Havia um cidadão de nome Johan Klemens, que não gozava de muito boa fama, e que morreu aos 60 anos. Vai daí, uma mocinha chamada Regina Fischerin começou a entrar em transes durante os quais o Espírito Klemens apresentava-se produzindo toda a fenomenologia que hoje conhecemos bem: luminosidades, transporte de objetos, voz direta, etc. Imagine-se o que isto não terá causado no século XVII. Sabe Deus por qual milagre não escapou a Regina das fogueiras da Inquisição! Pois bem. Um dia a moça desafiou o Espírito para que a tocasse. Ele então a pegou pelo braço, causando-lhe um grande ardor no local, onde surgiu uma bolha de queimadura. Para saber se se tratava de um Espírito bom, Regina pediu-lhe que fizesse o sinal da cruz (!). No mesmo instante a roupa da médium se queimou, deixando ver no local em que se queimara a forma exata de uma cruz. Sinal idêntico apareceu na mão da jovem através da ulceração do tecido, tal como se uma cruz em brasa ali se houvesse encostado.

Aquele Espírito deixou ainda a marca de sua mão, queimada em um pano. Ocorre que, em vida física, Klemens sofrera a amputação da falange distal do dedo indicador, e na marca deixada no tecido essa falange também faltava.

É muito de se notar que neste caso, como em vários outros, as marcas de queimadura deixadas pelas mãos dos Espíritos em panos ou papéis não ultrapassam os limites da própria mão, quando a tendência do fogo seria propagar-se por esses materiais. Mas vejamos outro caso.

Em uma das sessões mediúnicas realizadas pelo Rev. Stainton Moses, um médium viu um Espírito de aspecto desagradável, sentado ali perto. Tratava-se de uma vidência mediúnica, pois que o Espírito não estava materializado. Em certo momento o médium declarou que o Espírito lhe tocara a mão, e todos os presentes puderam ver o que local se tornara avermelhado, com o surgimento de uma bolha de queimadura.

É claro que num caso desses não faltará quem atribua o fenômeno a uma estigmatização produzida por auto-sugestão, algo assim como o efeito da sugestão hipnótica ou de uma conversão histeróide. De fato, através da hipnose é possível não só evitar-se o efeito de uma queimadura real como produzir-se a marca de uma que, na verdade, não haja ocorrido: o hipnotizador encosta o dedo ou um objeto qualquer no indivíduo hipnotizado e afirma estar encostando nele um cigarro aceso ou uma brasa, e o sinal da queimadura aparece. Inversamente, encosta-se um cigarro aceso na pessoa em transe hipnótico afirmando-se que se trata de outra coisa qualquer, e a pele não se queima. Por incrível que isso possa parecer, é um fato. Ficaram famosas as experiências do gênero feitas com Ana Salomon e que até hoje os tratados sobre hipnologia mencionam. Mas essa explicação, obviamente, não se enquadra quando a marca de queimadura não se faz sobre a pele de alguém, mas sobre panos, papel ou madeira. E se nestes casos a explicação deve ser outra que não a sugestão, não há motivo para pretender-se reduzir a um efeito sugestivo todos os casos em que as marcas ocorrem sobre a pele.

O caso seguinte foi citado por Podmore, aquele mesmo que juntamente com Gurney e Myers compunha o famoso trio de "caçadores de fantasmas".

A jovem M. P. dormia com sua irmã no mesmo quarto. Uma noite M. P. acordou com a sensação de que havia mais alguém no local. Assustada, chamou por sua irmã mas esta também já acordara e experimentava a mesma sensação. Nesse momento M. P. sentiu que lhe tocavam o rosto. Aos gritos de ambas toda a família correu para lá, acendendo a luz. Não havia mais ninguém no quarto, mas no rosto da moça viam-se nítidos sinais de queimadura em forma de mão, com os dedos abertos.

Este outro caso foi colhido por Bozzano, conforme publicado em Luce e Ombra, e ocorreu no convento de Santa Clara, na Umbria. Não se estranhe a terminologia aqui usada, pois tal foi a que empregou o Pe. Isidoro, o primeiro a fazer um relatório dos fatos que ora resumimos.

Morrera o Pe. Panzini, abade de Mântua. Aí o Pe. Isidoro Gazale, que fora seu confessor, entendeu que aquela alma encontrava-se no purgatório, e então autorizou a Irmã Clara Isabel Fornari, que começara a "suportar grandes abandonos", a oferecer os tais "abandonos" para a salvação da alma do falecido. Um dia tornou-se visível o desencarnado, e como a Irmã Clara lhe pedisse uma prova de sua presença, o Espírito colocou a mão sobre a mesa de trabalho da freira e imprimiu ali, através de uma queimadura na madeira, o sinal da cruz, "como as almas do purgatório têm o costume de fazer". (!) Em seguida o mesmo Espírito segurou a manga da religiosa e, com a outra mão, uma folha de papel. E as impressões de sua mãos ficaram marcadas, em forma de queimadura, tanto no hábito da monja como no papel. Essas "relíquias" ainda hoje estão guardadas naquele convento.

O leitor já terá deduzido que os "grandes abandonos" que a religiosa vinha experimentando mais não eram que transes mediúnicos. Curiosa mesmo foi a "autorização" que o Pe. Isidoro deu para tal ocorrência. Não podemos refrear a idéia do que teria acontecido se, em vez de "autorizar" o fenômeno, o bom padre resolvesse proibi-lo. É bem capaz que ele, ante a persistência dos "abandonos" em desobediência à sua autoridade, atribuísse tudo à ação do Capirocho...

Para concluir, vamos a mais um caso também ocorrido em um convento e igualmente publicado em Luce e Ombra. Desta vez o cenário das ocorrências foi o Convento das Terciárias Franciscanas de Sant’Ana de Foligno, na Perúgia, onde viveu e morreu a Irmã Tereza Margarida Giesta. Como os fenômenos começaram a ocorrer alguns dias após a sua morte, que se deu em 04/11/1853, antes portanto do advento do Espiritismo, não pode o nosso Pe. Quevedo dizer que tais fatos acontecem "pela vulgarização das idéias espíritas". E depois, idéias espíritas grassando num convento de franciscanas, não é lá muito de se esperar. Pois bem, o fato é que três dias após o decesso da religiosa, todas as freiras passaram a ouvir lastimosos gemidos provindos do quarto antes ocupado pela que ali morrera.

Prosseguiam assim as coisas até que no dia 16 a Irmã Feliciana, intrigada com aqueles sons e mais valente que suas companheiras de hábito, imaginou que um gato se trancara em algum armário do quarto e foi averiguar. Nada porém havia ali. E como os gemidos prosseguissem, a intrépida freira exclamou:

- Jesus, Maria! O que há? - Mal acabara de falar, ouviu nitidamente a voz da falecida (que conhecera bem, pois foram companheiras de trabalho) que dizia:

- Meu Deus, como eu sofro!

Embora já não mais tão corajosa, a monja manteve um diálogo com "a voz" de sua antiga colega. Logo mais, porém, o quarto começou a "encher-se de fumaça" e o Espírito da Irmã Tereza se fez visível. Só que, embora prosseguisse falando, a Irmã Feliciana já não entendia direito o que a aparição lhe falava. Mas viu bem quando o Espírito caminhou e aplicou na porta do quarto um forte tapa com a mão espalmada. Aí a "fumaça" se dissipou e o Espírito sumiu.

A notícia se espalhou pelo convento como fogo em rastilho de pólvora. Todas as religiosas queriam ouvir a narrativa do fenômeno, até que alguém se lembrou de olhar a porta onde o Espírito batera. E foi então que descobriram a impressão da mão da falecida, profundamente queimada na madeira.

Tomando conhecimento da notícia, o arcediago de Foligno mandou redigir uma ata dos fatos. E fez mais: determinou a exumação do cadáver da freira e aplicou-lhe a mão sobre a marca da porta. E a mão se encaixou ali perfeitamente.

Salvo engano, essa é a porta que está hoje em Roma, no "Museu das Almas". É isso mesmo: há no Vaticano o "Museu das Almas" e o "Museu do Diabo". Quem sabe um dia ambos serão fundidos em um só, que se chamará "Museu dos Espíritos"?

O relatório deste caso vem assinado pela Madre Abadessa, pelas Irmãs Decanas, pela Irmã Vigária e ainda pelos padres Vicente Amoressi e Joaquim Priore Medori, este último pró-vigário geral. E o Pe. José Sensi, guardião dos Menores Observadores de São Bartolomeu, certificou que os fatos todos ocorreram segundo as regras da sã moral católica. E também, pode-se acrescentar, segundo as regras do que se conhece sobre a fenomenologia espírita. Tudo indica que a Irmã Feliciana era médium de efeitos físicos. Enquanto o fenômeno era apenas de "voz direta", ela pôde dialogar com o Espírito. Depois, quando o quarto começou a ficar cheio de "fumaça", isto é, quando a liberação de ectoplasma foi mais intensa de modo a permitir a materialização da falecida, o transe mediúnico acentuou-se e a freira, embora ainda consciente, já não captava mais com nitidez o que o Espírito lhe dizia, pelo atordoamento causado pelo próprio transe. Também a famosa médium D’Esperance permanecia consciente durante as materializações que produzia. No caso da Irmã Feliciana, só quando a "fumaça" desapareceu foi que ela conseguiu gritar, chamando a atenção das outras religiosas.

Ainda haveria mais casos para narrar, como aquele atestado por Bozzano, em que as lágrimas vertidas por um Espírito que chorava provocaram queimaduras em uma pessoa, mas o espaço é pouco. Fica porém a interrogação: como é possível a um Espírito, por vexes, gerar calor suficiente para queimar pessoas e objetos? A revista The Progressive Thinker, de abril de 1923, publicou sobre isto a resposta de um Espírito que disse que quando um ser espiritual toca uma pessoa e esta sente frio, é porque as moléculas fluídicas que tornaram o Espírito substancial estão vibrando em freqüência inferior à das moléculas do corpo daquela pessoa, e o inverso se dá quando o Espírito produz uma queimadura. Mas esta resposta, até certo ponto óbvia e simplista, não encerra o problema. Resta saber como agem os Espíritos para queimar um pano ou papel sem que a marca do fogo se espalhe para além dos limites de sua mão ou do desenho que queiram fazer e como podem, com um simples tapa, queimar profundamente a madeira de uma porta.

Mas não obstante todo o calor que possam gerar, o fato é que ainda por muito tempo as aparições deverão continuar provocando nas pessoas menos preparadas para vê-las o mesmo tradicional calafrio que já uma vez arrepiou os cabelos de Jó. E isto com sol, chuva, luar ou nevoeiro.

julho/1984