quinta-feira, 3 de junho de 2010

FENÔMENOS MEDIÚNICOS NA VIDA DOS SANTOS

Parte III



Santa Rita de Cássia

Estudados que estão os fenômenos de materialização e de luminescência produzidos por esta extraordinária médium, vejamos o caso de transporte do corpo, com ela ocorrido.

As religiosas, estarão lembrados os leitores, haviam se surpreendido ao depararem com Rita de Cássia dentro do claustro, em oração (em transe?), sem que pudessem atinar como pudera ela ir parar ali. Pelo que se compreende da leitura de seu hagiológio, o fato teria ocorrido no mesmo dia em que se deram as materializações que vimos de estudar. Tal fato encontra apoio na fenomenologia espírita, ou deveremos levá-lo à conta de autêntico milagre? Sem receio de errar, ficamos na primeira hipótese.

Sobre o aparecimento de objetos em recintos fechados, o transporte, o aporte, a hiloclastia ou que nome quer que se lhe dê, muito já se tem escrito e a parapsicologia confirma a realidade do fenômeno. Sobre ele Kardec falou, e várias perguntas fez aos Espíritos, obtendo respostas interessantes. Citemos, contudo, autor não espírita, livre, pois, da pecha de sectarista. Valhamo-nos de novo de René Sudre (Tratado de Parapsicologia ).

"Todos os grandes teleplastas deram esses fenômenos. Em doze transportes que Crookes observou, assinala dois particularmente notáveis. O primeiro ocorreu com Miss Fox. Durante uma sessão que se realizava na sala de jantar, uma campainha de mão que fora deixada em sua biblioteca ressoou bruscamente em seus ouvidos e tocou durante cinco minutos em todos os cantos do aposento, antes de cair ao seu lado. Ora, Miss Fox tinha penetrado apenas na sala de jantar; a porta estava fechada a chave; a campainha achava-se momentos antes na biblioteca, sobre um livro onde Crookes a havia deixado e seu filho mais moço brincara com ela, enquanto Crookes recebia a paciente".

Acrescentemos que Crookes, ao deixar a biblioteca para receber Miss Fox, trancara seus filhos nesse local, onde estava a campainha, guardando a chave no bolso. Ao voltar, depois, em busca da sineta, o pesquisador e seus filhos notaram que ela já lá não estava. Os meninos haviam permanecido ali o tempo todo (e nem poderiam ter saído, pois a porta fora trancada).

O médium Slade também produziu fenômenos de desaparecimento e reaparecimento do objetos. Uma vez, em plena claridade, uma mesinha levitada telecineticamente passa por debaixo de outra mesa maior e ninguém mais a vê. Ao cabo de alguns minutos reapareceu no ar, caindo bruscamente no chão. Depois desapareceu um estojo de termômetro. A seguir um pedaço de carvão mineral e ainda um livro. Instantes após, tudo isto reaparecia. As mãos de Slade, em momento algum, tinham deixado de repousar sobre a mesa. Fenômenos idênticos foram ainda observados por Ochorowicz, Lebiedzinski, além de outros experimentadores.

Entretanto, dirá alguém, no caso de Rita de Cássia o que se deu não foi transporte de objetos, mas do próprio corpo. Também aqui, porém, não há novidade, embora se trate de fenômeno bem mais raro. Mas não passou despercebido aos observadores. Assim é que Léon Denis reproduz o caso seguinte, testemunhado por Gibier:

"No decurso de uma sessão ocorreu um fato surpreendente. A médium, em transe, encerrada na jaula, foi encontrada do lado de fora, ao terminar as experiências".

Lombroso, (Hipnotismo e Espiritismo) a propósito do assunto, comenta:

"Há fenômenos nas sessões medianímicas que, segundo alguns autores, não se podem explicar pela energia própria do médium, mas pela suposição de que, graças a uma razão ignorada, produza-se em torno dele uma atmosfera ultra física; nela as leis comuns de gravidade, coesão, impenetrabilidade e inércia da matéria são suspensas, como se nosso espaço assumisse quatro ou mais dimensões. Essa hipótese, primitivamente lembrada por Zollner, explicaria, sobretudo, os fenômenos de transporte e auto levitação, os de auto desaparição e reaparição".

Deslocação do espinho da imagem

Rita de Cássia orava aos pés da cruz, e eis que de repente um espinho salta da coroa de espinhos da imagem do Crucificado, indo alojar-se em sua testa.

Há que se considerar a possibilidade de que o espinho não tenha, realmente, saltado da coroa para o frontal da religiosa e sim, tenha havido apenas um fenômeno de estigmatização. Assim, sem perder de vista esta possibilidade, abandonêmo-la por ora e aceitemos como verdade que o acúleo tenha se desprendido da imagem e ido atingir a testa de Rita, o que é provável, já que esta moça destaca-se, como temos visto, pelos fenômenos de efeitos físicos.

Sobre a realidade de tais fenômenos, em contraposição aos efeitos intelectuais, acreditamos não hajam dúvidas. Rhine, o "pai da parapsicologia", após seus muitos anos de pesquisa criteriosa, dá o fato como provado. A comissão formada pela Sociedade Dialética de Londres já assim se manifestara a respeito:

"1º - Uma força emanante dos operadores pode agir sem contato ou possibilidade de contato sobre objetos materiais".

"2º - É freqüentemente dirigida com inteligência".

O fenômeno é bastante comum nos casos de assombramento, que vez por outra ilustram as manchetes dos jornais, onde vem narrado o susto dos moradores de certas casas, que são atingidos por pedradas, garrafadas, etc. No caso de Rita de Cássia, o estado de recolhimento em que se achava, a própria exaltação religiosa, foram elementos suficientes para que suas forças telergéticas tenham produzido a deslocação do espinho, que veio a ferir sua testa.

Ranieri (Forças Libertadoras) menciona o caso, bem recente aliás, da menina Maria José, de Jaboticabal, em São Paulo, em que pregos e agulhas penetravam o seu corpo, causando reboliço na família. A criança chegou a ser apresentada em programas de televisão. Por vezes a simples lembrança ou desejo de apanhar um prego ou agulha de que, eventualmente se tivesse necessidade, fazia com que esses objetos se cravassem nas carnes de Maria José.

Esse autor expõe ainda os sofrimentos de Da. Lucrécia, mulher pobre de Lorena, também em São Paulo, que vivia atormentada pelas incontáveis agulhas que penetravam seu corpo e que, a princípio, reclamavam intervenção cirúrgica para serem extraídas e que depois passaram a ser retiradas com um alicate, após fazer-se com que caminhassem pela carne até mostrarem a ponta. Ranieri contou mais de trezentas agulhas retiradas. Outras mais continuaram a aparecer e houve inclusive atestado médico, passado mediante exame radiográfico, onde a existência das agulhas fundamente penetradas na carne foi comprovada.

Rita de Cássia, um espinho. Maria José, pregos. Lucrécia, agulhas.

Embora no primeiro caso a motivação tenha sido outra, tecnicamente o fenômeno é o mesmo.

setembro/1979

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