sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O Evangelho Segundo o Espiritismo

Reuniões espíritas

Onde quer que se encontrem duas ou três pessoas reunidas em meu nome, eu com elas estarei. (S. MATEUS, cap. XVIII, v. 20.)
Estarem reunidas, em nome de Jesus, duas, três ou mais pessoas, não quer dizer que basta se achem materialmente juntas. É preciso que o estejam espiritualmente, em comunhão de intentos e de idéias, para o bem. Jesus, então, ou os Espíritos puros, que o representam, se encontrarão na assembléia. O Espiritismo nos faz compreender como podem os Espíritos achar-se entre nós. Comparecem com seu corpo fluídico ou espiritual e sob a aparência que nos levaria a reconhecê-los, se se tornassem visíveis. Quanto mais elevados são na hierarquia espiritual, tanto maior é neles o poder de irradiação. É assim que possuem o dom da ubiqüidade e que podem estar simultaneamente em muitos lugares, bastando para isso que enviem a cada um desses lugares um raio de suas mentes.
Dizendo as palavras acima transcritas, quis Jesus revelar o efeito da união e da fraternidade. O que o atrai não é o maior ou menor número de pessoas que se reúnam, pois, em vez de duas ou três, houvera ele podido dizer dez ou vinte, mas o sentimento de caridade que reciprocamente as anime. Ora, para isso, basta que elas sejam duas. Contudo, se essas duas pessoas oram cada uma por seu lado, embora dirigindo-se ambas a Jesus, não há entre elas comunhão de pensamentos, sobretudo se ali não estão sob o influxo de um sentimento de mútua benevolência. Se se olham com prevenção, com ódio, inveja ou ciúme, as correntes fluídicas de seus pensamentos, longe de se conjugarem por um comum impulso de simpatia, repelem-se. Nesse caso, não estarão reunidas em nome de Jesus, que, então, não passa de pretexto para a reunião, não o tendo esta por verdadeiro motivo. (Cap. XXVII, nº 9.)
Isso não significa que ele se mostre surdo ao que lhe diga uma única pessoa; e se ele não disse: “Atenderei a todo aquele que me chamar”, é que, antes de tudo, exige o amor do próximo; e desse amor mais provas podem dar-se quando são muitos os que exoram, com exclusão de todo sentimento pessoal, e não um apenas. Segue-se que, se, numa assembléia numerosa, somente duas ou três pessoas se unem de coração, pelo sentimento de verdadeira caridade, enquanto as outras se isolam e se concentram em pensamentos egoísticos ou mundanos, ele estará com as primeiras e não com as outras. Não é, pois, a simultaneidade das palavras, dos cânticos ou dos atos exteriores que constitui a reunião em nome de Jesus, mas a comunhão de pensamentos, em concordância com o espírito de caridade que ele personifica. (Capítulo X, nº 7 e nº 8; cap. XXVII, nº 2 a nº 4.)
Tal o caráter de que devem revestir-se as reuniões espíritas sérias, aquelas em que sinceramente se deseja o concurso dos bons Espíritos.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXVIII, itens 4 e 5.)

A transição e o caminho para a Nova Era



A transição para uma Nova Era está inserida em um Planejamento Divino. No caminho podem ocorrer transes físicos, espirituais, psíquicos, políticos e sociais. A Espiritualidade tem propiciado alertas e orientações continuadas, mas mantendo a tônica do apoio e do consolo.

O Codificador inseriu nas obras básicas mensagens espirituais e fez comentários preciosos sobre o cumprimento da Lei do Progresso.

Mensageiros espirituais prosseguem até nossos dias a nos oferecer orientações sobre os momentos de transição que estamos vivendo.

Acompanhemos alguns destaques de assertivas e esclarecimentos emanados da Espiritualidade superior.

O Espírito Santo Agostinho, em O Evangelho segundo o Espiritismo, comenta que “o progresso é uma das leis da Natureza. Todos os seres da Criação, animados e inanimados, estão submetidos a ele pela bondade de Deus, que deseja que tudo se engrandeça e prospere. A própria destruição, que parece aos homens o termo das coisas, é apenas um meio de se chegar, pela transformação, a um estado mais perfeito, visto que tudo morre para renascer e nada sofre o aniquilamento.

Ao mesmo tempo que os seres vivos progridem moralmente, os mundos que eles habitam progridem materialmente. [...]” e, “[...] a Terra esteve material e moralmente num estado inferior ao em que hoje se acha, e atingirá, sob esse duplo aspecto, um grau mais elevado. Ela chegou a um dos seus períodos de transformação, em que, de mundo expiatório, tornar-se-á mundo regenerador. Os homens, então, serão felizes na Terra, porque nela reinará a lei de Deus”.1

Allan Kardec, em A Gênese, tece considerações sobre o tema em diversos capítulos, sendo oportuna a transcrição das seguintes afirmações dos Espíritos:
“O progresso da Humanidade se efetua, pois, em virtude de uma lei. Ora, como todas as leis da Natureza são obra da eterna sabedoria e da presciência divina, tudo o que é efeito dessas leis resulta da vontade de Deus, não de uma vontade acidental e caprichosa, mas de uma vontade imutável. Quando, por conseguinte, a Humanidade está madura para subir um degrau, pode-se dizer que os tempos marcados por Deus são chegados, como se pode dizer também que, em tal estação, eles chegam para a maturação dos frutos e sua colheita.

[...]

[...] a Humanidade tem realizado incontestáveis progressos. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material.Resta-lhes, ainda,um imenso progresso a realizar: fazerem que reinem entre si a caridade, a fraternidade e a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral. [...]

[...]

À agitação dos encarnados e desencarnados se juntam, por vezes e mesmo na maioria das vezes, já que tudo se conjuga, na Natureza, as perturbações dos elementos físicos [...].

É no período que ora se inicia que o Espiritismo florescerá e dará frutos. É, pois, para o futuro, mais que para o presente, que trabalhais; mas era necessário que esses trabalhos fossem elaborados previamente, porque preparam as vias da rege neração pela unificação e pela racionalidade das crenças. Felizes os que os aproveitam desde hoje [...]”.2

Em outra parte de A Gênese, o Codificador insere mensagem do Espírito Arago, aliás, muito esclarecedora:

“Num mesmo sistema planetário todos os corpos que dele dependem reagem uns sobre os outros; todas as influências físicas aí são solidárias, e não há um só dos efeitos, que designais sob o nome de grandes perturbações, que não seja a consequência da componente das influências de todo esse sistema.

[...]

A matéria orgânica não poderia escapar a essas influências; as perturbações que ela sofre podem, então, alterar o estado físico dos seres vivos e determinar algumas dessas doenças que atacam de maneira geral as plantas, os animais e os homens. Como todos os flagelos, essas doenças são para a inteligência humana um estimulante que a impele, por necessidade, à procura dos meios de as combater, e à descoberta das leis da Natureza.

[...]

Quando se vos diz que a Humanidade chegou a um período de transformação, e que a Terra deve elevar-se na hierarquia dos mundos, não vejais nestas palavras nada de místico, mas, ao contrário, a realização de uma das grandes leis fatais do Universo, contra as quais se quebra toda a má vontade humana”.3

Desde as obras psicográficas iniciais de Francisco Cândido Xavier, estão presentes os temas sobre a evolução do planeta e suas naturais transformações materiais e espirituais.

O autor espiritual Emmanuel, na obra A Caminho da Luz, alerta que “aproxima-se o momento em que se efetuará a aferição de todos os valores terrestres para o ressurgimento das energias criadoras de um mundo novo [...]”.4 Em outra parte da mesma obra, pondera que “numerosas transformações são aguardadas e o Espiritismo esclarece os corações, renovando a personalidade espiritual das criaturas para o futuro que se aproxima.

[...]

Então a Terra, como aquele mundo longínquo da Capela, ver-se-á livre das entidades endurecidas no mal [...]. Ficarão no mundo os que puderem compreender a lição do amor e da fraternidade sob a égide de Jesus, cuja misericórdia é o verbo de vida e luz, desde o princípio”.5

Emmanuel também discorre:

“[...] depois da treva surgirá uma nova aurora. Luzes consoladoras envolverão todo o orbe regenerado no batismo do sofrimento. O homem espiritual estará unido ao homem físico para a sua marcha gloriosa no Ilimitado, e o Espiritismo terá retirado dos seus escombros materiais a alma divina das religiões, que os homens perverteram, ligando-as no abraço acolhedor do Cristianismo restaurado. Trabalhemos por Jesus, ainda que a nossa oficina esteja localizada no deserto das consciências”.6

Já no final da obra Há Dois Mil Anos, Emmanuel reproduz importante diálogo que provém do Alto, o qual está relacionado com a etapa do ciclo evolutivo em que vivemos:

“Sim! amados meus, porque o dia chegará no qual todas as mentiras humanas hão de ser confundidas pela claridade das revelações do céu. Um sopro poderoso de verdade e vida varrerá toda a Terra [...].

[...]

Trabalharemos com amor, na oficina dos séculos porvindouros, reorganizaremos todos os elementos destruídos, examinaremos detidamente todas as ruínas buscando o material passível de novo aproveitamento e, quando as instituições terrestres reajustarem a sua vida na fraternidade e no bem, na paz e na justiça, depois da seleção natural dos Espíritos e dentro das convulsões renovadoras da vida planetária, organizaremos para o mundo um novo ciclo evolutivo, consolidando, com as divinas verdades do Consolador, os progressos definitivos do homem espiritual”.7

Sobre esse aspecto, o Espírito Bezerra de Menezes comenta, em manifestação psicofônica recente, que “Jesus está no leme e os seus arquitetos divinos comandam os movimentos que lhe produzem alteração da massa geológica, enquanto se operam as transformações morais.

[...]

Nos dias atuais, como no passado, amar é ver Deus em nosso próximo; meditar é encontrar Deus em nosso mundo íntimo, a fim de espargir-se a caridade na direção de todas as criaturas humanas.

Trabalhar, portanto, o mundo íntimo, não temer quaisquer ameaças de natureza calamitosa através das grandes destruições que fazem parte do progresso e da renovação, ou aquelas de dimensão não menos significativa na intimidade doméstica, nos conflitos do sentimento, demonstrando que a luz do Cristo brilha em nós e conduz-nos com segurança.

[...]

Sejam celebradas e vividas a crença em Deus, na imortalidade, nas vidas ou existências sucessivas, fazendo que as criaturas deem-se as mãos construindo o mundo de regeneração e de paz pelo qual todos anelamos...

[...]

Ainda verteremos muito pranto, ouviremos muitas profecias alarmantes, mas a Terra sairá desse processo de transformação mais feliz, mais depurada, com seus filhos ditosos rumando para mundo superior na escalada evolutiva”.8

Em outra manifestação, a mesma Entidade espiritual esclarece:

“...Estamos agora em um novo período. Estes dias assinalam uma data muito especial, a data da mudança do mundo de provas e expiações para o mundo de regeneração. A grande noite que se abatia sobre a Terra lentamente deu lugar ao amanhecer de bênçãos.

[...]

Iniciada a grande transição, chegaremos ao clímax, e na razão direta em que o planeta experimenta as suas mudanças físicas, geológicas, as mudanças morais são inadiáveis. Que sejamos nós aqueles Espíritos-espíritas que demonstremos a grandeza do amor de Jesus em nossas vidas”.9

A etapa da transição que ora se vive, sem dúvida, tem o Mestre Jesus no leme!

Referências:

1KARDEC, Allan. O evangelho segundo do espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp. (atualizada). Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 3, item 19.
2______. A gênese. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 18, itens 2, 5, 9.
3______. ______. Cap. 18, item 8.
4XAVIER, Francisco C. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel. 37. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Introdução, p. 13.
5______. ______. Cap. 24, item Lutas renovadoras, p. 250-251.
6______. ______. Cap. 25, p. 260.
7______. Há dois mil anos. Pelo Espírito Emmanuel. 4. ed. esp. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 2, cap. 6, p. 346--347.
8FRANCO, Divaldo P. Novas responsabilidades. Pelo Espírito Bezerra de Menezes. In: Reformador, ano 128, n. 2.176, p. 8(262)-9(263), jul. 2010.
9______. Momento da gloriosa transição. Pelo Espírito Bezerra de Menezes. In: Reformador,
ano 128, n. 2.175, p. 8(222), jun. 2010.

(Revista Reformador, Novembro de 2010)

Médiuns sensacionalistas

Escrito por Vianna de Carvalho (Espírito)


A frase de João Batista: "É necessário que Ele cresça, e que eu diminua", tem atualidade no comportamento dos médiuns de todas as épocas, especialmente em nossos dias tumultuados.

À semelhança do preparador das veredas, o médium deve diminuir, na razão direta em que o serviço cresça, controlando o personalismo, a fim de que os objetivos a que se entrega assumam o lugar que lhes cabe.

A mediunidade é faculdade neutra, a que os valores morais do seu possuidor oferecem qualificação.

Posta a serviço do sensacionalismo entorpece os centros de registro e decompõe-se. Igualmente, em razão do uso desgovernado a que vai submetida, passa ao comando de Entidades perversas e frívolas, que se comprazem em comprometer o invigilante, levando-o a estados de desequilíbrio como de ridículo, por fim, ao largo do tempo, empurrando o médium para lamentáveis obsessões.

Entre os gravames que a mediunidade enfrenta, a vaidade e o personalismo do homem adquirem posição de relevo, desviando-o do rumo traçado, conduzindo-o ao sensacionalismo inquietante e consumidor.

Neste caso, o recolhimento, a serenidade e o equilíbrio que devem caracterizar o comportamento psíquico do médium cedem lugar à inquietação, à ansiedade, aos movimentos irregulares das atrações externas, passando a sofrer de irritação, devaneios, e à crença de que repentinamente se tornou pessoa especial, irrepreensível e irreprochável, não tendo ouvidos para a sensatez nem discernimento para a equidade.

Torna-se absorvido pelos pensamentos de vanglória, e, disputado pelos irresponsáveis que lhe incensam o orgulho, levam-no à lenta alucinação, que o atira ao abismo da loucura.

A faculdade mediúnica é transitória como outra qualquer, devendo ser preservada mediante o esforço moral de seu possuidor, assim tornando-se simpático aos Bons Espíritos que o inspiram à humildade, à renúncia, à abnegação.

Quando o personalismo sensacionalista domina o psiquismo do homem, naturalmente que o aturde, tornando-se mais grave nos sensores mediúnicos cuja constituição delicada se desarticula ao impacto dos choques vibratórios dos indivíduos desajustados e das massas esfaimadas, insaciadas, sempre à cata de novidades e variações, sem assumirem compromissos dignificantes.

S. João Bosco, portador de excelentes faculdades mediúnicas, resguardava-as da curiosidade popular, utilizando-as com discrição nas finalidades superiores.

Santa Brígida, da Suécia, que possuía variadas expressões mediúnicas, mantinha o pudor da humildade, ao narrar os fenômenos de que se fazia objeto.

José de Anchieta, médium admirável e curador eficiente, agia com equilíbrio cristão, buscando sempre transferir para Jesus os resultados das suas ações positivas.

S. Pedro de Alcântara, virtuoso médium possuidor de vários "dons", ocultava-os, a fim de servir, apagado, enquanto o Senhor, por seu intermédio, se engrandecia.

Santa Clara de Montefalco procurava não despertar curiosidade para os fenômenos mediúnicos de que era instrumento, atribuindo-os todos à graça divina de que se reconhecia sem merecimento.

Os médiuns que cooperaram na Codificação do Espiritismo, sensatamente anularam-se, a fim de que a Doutrina fixasse nas almas e vidas as bases da verdade e do amor como formas para a aquisição dos valores espirituais libertadores.

Todo sensacionalismo altera a face do fato e adultera-lhe o conteúdo.

Quando este se expressa no fenômeno mediúnico corrompe-o, descaracteriza-o e põe-no a serviço da frivolidade.

Todos quantos se permitiram, na mediunidade, o engano do sensacionalismo, não obstante as justificações sob as quais se resguardam, desceram as rampas do fracasso, enganados e enganando aqueles que se deixaram fascinar pelos seus espetáculos, nos quais, o ridículo passou a figurar.

O tempo, este lutador incessante, encarrega-se de aferir os valores e demonstrar que a "árvore" que o Pai não plantou "termina" por ser arrancada.

Quando tais aficionados da mediunidade bulhenta se derem conta do erro, caso isto venha acontecer, na Terra, possivelmente o caminho de retorno à sensatez estará muito longo e o sacrifício para percorrê-lo os desencorajará.

Diante do sensacionalismo mediúnico, recordemo-nos de Jesus, que após os admiráveis fenômenos de socorro às massas jamais aceitava o aplauso, as homenagens e gratulações dos beneficiários, recolhendo-se à solidão para, no silêncio, orar, louvando e agradecendo ao Pai, a Eterna Fonte geradora do Bem.

Mensagem psicografada por Divaldo P. Franco em 1989, transcrita em o Reformador.

(Extraída de www.espirito.org.br)

Vida Além da Vida Tema: Vida Além da Vida: Objetivo de Emmanuel

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Orai e Vigiai Orai e Vigiai: A Essa Inteligência Suprema

Dinheiro e Amor - Chico Xavier

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O Evangelho Segundo o Espiritismo

Os inimigos desencarnados

Ainda outros motivos tem o espírita para ser indulgente com os seus inimigos. Sabe ele, primeiramente, que a maldade não é um estado permanente dos homens; que ela decorre de uma imperfeição temporária e que, assim como a criança se corrige dos seus defeitos, o homem mau reconhecerá um dia os seus erros e se tornará bom.
Sabe também que a morte apenas o livra da presença material do seu inimigo, pois que este o pode perseguir com o seu ódio, mesmo depois de haver deixado a Terra; que, assim, a vingança, que tome, falha ao seu objetivo, visto que, ao contrário, tem por efeito produzir maior irritação, capaz de passar de uma existência a outra. Cabia ao Espiritismo demonstrar, por meio da experiência e da lei que rege as relações entre o mundo visível e o mundo invisível, que a expressão: extinguir o ódio com o sangue é radicalmente falsa, que a verdade é que o sangue alimenta o ódio, mesmo no além-túmulo. Cabia-lhe, portanto, apresentar uma razão de ser positiva e uma utilidade prática ao perdão e ao preceito do Cristo: Amai os vossos inimigos. Não há coração tão perverso que, mesmo a seu mau grado, não se mostre sensível ao bom proceder. Mediante o bom procedimento, tira-se, pelo menos, todo pretexto às represálias, podendo-se até fazer de um inimigo um amigo, antes e depois de sua morte. Com um mau proceder, o homem irrita o seu inimigo, que então se constitui instrumento de que a justiça de Deus se serve para punir aquele que não perdoou.
Pode-se, portanto, contar inimigos assim entre os encarnados, como entre os desencarnados. Os inimigos do mundo invisível manifestam sua malevolência pelas obsessões e subjugações com que tanta gente se vê a braços e que representam um gênero de provações, as quais, como as outras, concorrem para o adiantamento do ser, que, por isso; as deve receber com resignação e como conseqüência da natureza inferior do globo terrestre. Se não houvesse homens maus na Terra, não haveria Espíritos maus ao seu derredor. Se, conseguintemente, se deve usar de benevolência com os inimigos encarnados, do mesmo modo se deve proceder com relação aos que se acham desencarnados.
Outrora, sacrificavam-se vítimas sangrentas para aplacar os deuses infernais, que não eram senão os maus Espíritos. Aos deuses infernais sucederam os demônios, que são a mesma coisa. O Espiritismo demonstra que esses demônios mais não são do que as almas dos homens perversos, que ainda se não despojaram dos instintos materiais; que ninguém logra aplacá-los, senão mediante o sacrifício do ódio existente, isto é, pela caridade; que esta não tem por efeito, unicamente, impedi-los de praticar o mal e, sim, também o de os reconduzir ao caminho do bem e de contribuir para a salvação deles. É assim que o mandamento: Amai os vossos inimigos não se circunscreve ao âmbito acanhado da Terra e da vida presente; antes, faz parte da grande lei da solidariedade e da fraternidade universais.

(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XII, itens 5 e 6.)

UM ATENDIMENTO PSICOGRÁFICO EM BORDEAUX - 1861


Ponte de Pierre em Bordeaux - França


Uma das práticas mediúnicas própria de Allan Kardec era a evocação, que hoje utilizamos pouco. Sua intenção de explorar o mundo dos espíritos através das informações espirituais fê-lo utilizar esta técnica, que possibilitou discutir o mesmo assunto com espíritos diferentes através de médiuns diferentes.

No livro “O céu e o inferno ou a justiça divina segundo o Espiritismo” Kardec transcreve (?) um diálogo que se inicia com Sixdeniers, um conhecido do médium que havia se afogado e descrevia suas impressões da vida após a morte, através da psicografia.

Em meio ao “diálogo” o médium tem dificuldades para escrever e passa a redigir a comunicação de um espírito sofredor, que se denomina Valéria, que estava sendo auxiliado por Sixdeniers. Ela evita comentar sobre seu sofrimento, mas é beneficiada com uma prece que o atendente faz em seu favor.

Kardec insere uma nota na qual comenta a condição de espíritos como Valéria e afirma:

“É um erro e um mal repelirmos tais Espíritos que devemos encarar quais mendigos a pedirem esmola. Digamos antes: É um espírito infeliz que os bons me enviam para educar. Conseguindo-o, restar-nos-á toda a alegria decorrente de uma boa ação, e nenhuma melhor que a de regenerar uma alma, aliviando-lhe os sofrimentos. Penosa é muitas vezes essa tarefa e melhor fora, por certo, receber continuamente belas comunicações, conversar com Espíritos escolhidos; mas não é buscando a nossa própria satisfação, nem repudiando as ocasiões que se nos oferecem para praticar o bem que havemos de atrair a proteção dos bons espíritos.” (p. 201)

Com amor

"E, sobre tudo isto, revesti-vos de caridade, que é o vinculo da perfeição." - Paulo. (Colossenses, 3:14.)


Todo discípulo do Evangelho precisará de coragem para atacar os serviços da redenção de si mesmo.

Nenhum dispensará as armaduras da fé, a fim de marchar com desassombro sob tempestades.

O caminho de resgate e elevação permanece cheio de espinhos.

O trabalho constituir-se-á de lutas, de sofrimentos, de sacrifícios, de suor, de testemunhos.

Toda a preparação é necessária, no capítulo da resistência; entretanto, sobre tudo isto é indispensável revestir-se nossa alma de caridade, que é amor sublime.

A nobreza de caráter, a confiança, a benevolência, a fé, a ciência, a penetração, os dons e as possibilidades são fios preciosos, mas o amor é o tear divino que os entrelaçará, tecendo a túnica da perfeição espiritual.

A disciplina e a educação, a escola e a cultura, o esforço e a obra, são flores e frutos na árvore da vida, todavia, o amor é a raiz eterna.

Mas, como amaremos no serviço diário?

Renovemo-nos no espírito do Senhor e compreendamos os nossos semelhantes.

Auxiliemos em silêncio, entendendo a situação de cada um, temperando a bondade com a energia, e a fraternidade com a justiça.

Ouçamos a sugestão do amor, a cada passo, na senda evolutiva.

Quem ama, compreende; e quem compreende, trabalha pelo mundo melhor.

Do cap. 5 do livro Vinha de Luz, de Emmanuel, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.


Suicídio: é possível amenizar os sofrimentos de suas vítimas?

GEBALDO JOSÉ DE SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás (Brasil)


A doce mãe de Jesus é o Espírito sublime que se compadece dossuicidas e lhes estende as mãos, socorrendo os Espíritos enfermosque partiram voluntariamente da Terra


Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem? – O de viver. Porisso é que ninguém tem o direito de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal.” 1

Se o homem não tem o direito de atentar contra a vida do próximo, mas odever de amá-lo “como a si mesmo”, muito menos tem o de eliminar a própriavida, sobretudo para ser fiel ao quinto mandamento, que preceitua: “nãomatarás”!

Em seu desequilíbrio, ignoram os suicidas que nãomal que o tempo nãocure. E acolhem obsessores cruéis, implacáveis, que os induzem à queda e,pouco a pouco, os submetem à sua vontade doentia, rancorosa.

Não meditam sobre a dor que seu gesto extremo causará naqueles que os amam, não levam em conta seus desdobramentos sobre os que ficam e quesão outras tantas vítimas de seu ato impensado: familiares e amigos, dos doisplanos da vida. tardiamente lamentam esse esquecimento.

Bem podemos imaginar quão pungentes dores advêm a essas almas, quandosensíveis e amorosas: para os corações das mães, dos pais, esposos, filhos, irmãs, irmãos, ou dos diletos amigos! É dor amarga, atroz, de todos osmomentos, que o tempo, a prece, a prática do bem e a ação de Espíritosnobres conseguem suavizar.

A Doutrina Espírita é, também para eles, farta em consolações, indicandomeios que aliviam sofrimentos, abreviam provas, asserenam as almas dos queforam e dos que ficaram. Todos eles podem, “aviando as receitasque aDoutrina do Amor prescreve, ajudar-se, eliminando do coração, da mente, a angústia, e amparar os que partiram.

Abre ela os caminhos à e à misericórdia infinita de Deus, pela oração sincerae a prática do bem incessanteenfim, da Caridade, melhor prece que se eleva da Terra aos Céus!

A agressão ao corpo físico lesa também o corpo espiritual

Consola saber que a doce mãe de Jesus é o Espírito sublime que se compadece dos suicidas e lhes estende as mãos, e que a “Legião dos Servos de Maria” socorre os Espíritos enfermos que partiram voluntariamente da Terra, conduzindo-os ao “Hospital Maria de Nazaré”, onde são medicados, reeducados e preparados para reencarnações reparadoras! É o que nos informa o EspíritoCamilo Cândido Botelho, pela médium Yvonne A. Pereira, no livro Memóriasde um Suicida”.2

A agressão ao corpo físico lesa também o corpo espiritual, denominado peloApóstolo Paulo de “corpo celestial” (I Cor. 15-40), que Allan Kardec chamou de perispírito. É ele a matriz que vai registrar, nos corpos das encarnaçõessubsequentes, o resultado dessas lesões, na forma de enfermidadesdificilmente curáveis. É o preço a pagar pela rebeldia contra os desígnioscelestes, pelo mau uso do livre-arbítrio.

No livroReligião dos Espíritos3, Emmanuel, comentando no capítulo Suicídioa questão 957 de “O Livro dos Espíritos”, assinala que “os resultados (dossuicídios) não se circunscrevem aos fenômenos de sofrimento íntimo, porquesurgem os desequilíbrios (...) com impositivos de reajuste em existênciaspróximas”. E relaciona enfermidades que, como consequência do suicídio, a Leiimpõe aos rebeldes. Convém-nos conhecer na íntegra esse capítulo.

Quem os livros assinalados ou a obra “O Céu e o Inferno4 (no Cap. V da 2ªPartedepoimentos de Espíritos suicidas, comentados por Kardec) ou, ainda, “O Livro dos Espíritos1, sobretudo as questões de números 943 a 957, jamaispensará em atentar contra a própria vida. Ao contrário, passará a oferecerpreces e a praticar o bem, em favor daqueles que caíram nesse abismoprofundo.

Deus sempre nos dá os meios de superar as dificuldades

Se a muitos assusta a revelação dos sofrimentos atrozes por que passam ossuicidas, não apenas no plano espiritual, mas nas reencarnações reparadoras –especialmente àqueles que, ingenuamente, alimentam a ilusão de que o perdãode Deus tudo suprime de forma mágica, instantânea –, também nosconscientiza, a todos, do dever que nos cabe de valorizar o corpo de carne, deevitar o suicídio, divulgando a verdade, consolando e encorajando os aflitos, salientando o valor da prece como sustentáculo nas provas ou como recurso elenitivo intercessório, em favor dos que caíram consumando o ato trágico,doloroso.

Os Espíritos nos advertem das provações a que são conduzidos os que, frágeis, tentam fugir da vida. Mas Deus sempre nos dá os meios de superar asdificuldades, por maiores sejam elas. Se extraordinários esses sofrimentos,maior ainda é o amor de Deus, que renova a todos as oportunidades dereconstrução do equilíbrio.

Alexandre5, Espírito, consolando um suicida, afirma-lhe:

“– Nos maiores abismos, Raul, há sempre lugar para a esperança. Não se deixedominar pela ideia da impossibilidade. Pense na renovação de suaoportunidade, medite na grandeza de Deus. Transforme o remorso empropósito de regeneração.

(...) o trabalho de auxílio fraterno fora iniciado através de orações da esposacarinhosa e desolada”.

Tenhamos bom ânimo. Se essas ideias nos vierem à mente, ou se um familiarou amigo partiu da Terra por esse meio, que não elimina a vida, mas acarretadores atrozes e o submete a provas superiores àquelas de que tenta fugir, recorramos à oração sincera e à prática do bem.

Devemos aprender a confiar, agindo, orando, amando, renunciando; abatendo o orgulho, aceitando a pobreza, se perdermos a fortuna, ou a pessoa amada,por morte, abandono, ou outro motivo; submetendo-nos, enfim, às provações,que breve passam.

Todos os suicidas, sem exceção, lamentam o erro praticado

Todas as circunstâncias se modificam. No próximo minuto ou no amanhã surgem oportunidades para superar obstáculos aparentemente intransponíveise as rudes provas. É preciso confiar, fazendo o melhor de nós.

Devemos orar pelos suicidas, e por outros sofredores, compadecendo-nos desuas dores, sem condená-los. É o que nos diz o amoroso mentor Emmanuel, na obraEscrínio de Luz6, estimulando-nos, encorajando-nos a superarprovas, que sãomaterial educativo do templo em que nos asilamos”.

Esclarece J. D. Innocêncio:

Todos os suicidas, sem exceção, lamentam o erro praticado e são acordes nainformação de que a prece alivia os sofrimentos em que se encontram e quelhes pareciam eternos.”7

A prece é instrumento que atrai bálsamos celestes, que descem dos céus àTerra, aliviando, lenindo dores! A prece e a são alavancas que alevantam oscaídos nos caminhos da evolução.

Recorram, pois, aqueles que sofrem esse drama, à prece e, sobretudo, àamorosa intercessão da Mãe Celestial!

Exorta o Espírito Santo Agostinho:

“Se soubésseis quão grande bem faz a ao coração e como induz a alma aoarrependimento e à prece! A prece! Ah! Como são tocantes as palavras quesaem da boca daquele que ora! A prece é o orvalho divino que aplaca o calorexcessivo das paixões. Filha primogênita da , ela nos encaminha para a sendaque conduz a Deus. (...) 8

religiões, em oposição a tudo aquilo que nos recomenda a Doutrina de Jesus, que negam a prece aos “mortos” – eis que, conforme ensinam, selada está para sempre a sua sorte, esquecidas de que a misericórdia do Pai estimula a fraternidade e se compadece dos caídos e os busca, para os levantar.

“Deus é Amor” e esse Amor em tudo se expressa

Outras se recusam a orar pelos suicidas – sofredores dos mais necessitados e aos quais a prece alivia – ou, mesmo, a sepultá-los no “campo santo”, como se houvesse no Universo região que não seja obra do Pai de Amor e, portanto, sagrada, ou que as sábias Leis Divinas se submetessem à ignorância, aoarbítrio dos homens.

“Deus é Amor” e esse Amor em tudo se expressa.

A Doutrina Espírita esclarece as mentes e ajuda a evitar-se o suicídio, além decontribuir para a recuperação do equilíbrio tanto daqueles que estão com a ideia de fugir à vida, quanto daqueles que realizaram esse ato dramático, alémde consolar as ‘vítimasque ficaram: parentes e amigos.

Conhecê-la, estudá-la, divulgar seus ensinos é forma eficaz de se evitarsuicídios; de orientar e consolar familiares e amigos; pois fala aos coraçõescom o depoimento vivo dos que tentaram fugir de problemas, mergulhandoem dores inimagináveis; assim como daquilo que os alivia e favorece: a prece.

Em nenhuma hipótese se justifica o gesto tresloucado de atentar contra aprópria vida. a ignorância, a falta de em Deus, na Sua bondade, podemlevar a criatura a se rebelar contra Seus desígnios.

Espíritos superiores destacam a importância de nos submetermos à soberanavontade do Pai, que a todos nos ama e conduz às provas necessárias à nossaevolução. Cumpre-nos, pois, preservar o corpo, instrumento indispensável aoprogresso por que todos anelamos, atentos às palavras de Emmanuel:

A bênção de um corpo, ainda que mutilado ou disforme, na Terra, é comopreciosa oportunidade de aperfeiçoamento espiritual, o maior de todos os donsque o nosso Planeta pode oferecer”. 9

Referências bibliográficas:

1 - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 75 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997. 494p., p. 406: Parte 3ª, Cap. 11, Q. 880;

2 - PEREIRA, Yvonne A. Memórias de um Suicida. 8 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. p. 568;

3 - XAVIER, Francisco C. Religião dos Espíritos, pelo Espírito Emmanuel. 3 ed. Riode Janeiro: FEB, 1974, 255p., pp. 118-119;

4 - KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 37 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991. 425p., pp. 295-327: 2ª Parte, Cap. 5;

5 - XAVIER, Francisco C. Missionários da Luz, pelo Espírito André Luiz. 12 ed. Riode Janeiro: FEB, 1979. 347p., pp.144-145: Cap. 11;

6 - XAVIER, Francisco C. Escrínio de Luz, pelo Espírito Emmanuel. 2 ed. Matão:Casa Editora O Clarim, 1982. 220p., pp. 157-158;

7 - INNOCÊNCIO, J. D. Suicídio. REFORMADOR, Rio de Janeiro, v. 112, n. 1.988, p. 332, nov. 1994;

8 - KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 112 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996. 435p., p. 383: Cap. 27, it. 23;

9 - XAVIER, Francisco C. Roteiro, pelo Espírito Emmanuel. 4 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1978. 170p., p. 21.


Deus não desampara ninguém

“Qual a missão do Espírito protetor? R.: A de um pai para com os filhos: conduzir o seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus bons conselhos, consolá-lo nas suas aflições, sustentar a sua coragem nas provas da vida.” (Questão 491 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.)


Deus, na sua infinita bondade, sabedoria e perfeição, criou um código de amor e justiça onde cada criatura, de acordo com o seu grau de merecimento e responsabilidade, poderá contar sempre com a assistência da Providência Divina.

Ninguém está sozinho, por mais que pareça abandonado, dentro do contexto em que vive, sempre tem do lado o apoio incondicional de, no mínimo, um protetor espiritual.

A tarefa desse Espírito amigo, designado pelo Pai Celestial, para nos acompanhar os passos, é a de propiciar condições que possibilitem o nosso progresso espiritual, na caminhada que estamos encetando na direção da perfeição, aonde a paz e a felicidade, definitivamente, virão morar em nossos corações.

Desde o nosso nascimento esse protetor espiritual está conosco, no entanto, em momento algum ele tolherá a iniciativa que devemos tomar diante das tarefas e atribuições que são exclusivamente nossas. Ele nos ajuda, mas não realiza o serviço que nos pertence.

Como um pai amoroso e justo, sempre está à disposição do filho para lhe garantir as condições de sobrevivência, sem interferir nas experiências necessárias que o rebento precisa colher.

Nosso protetor espiritual não se apresenta em nossas vidas de forma ostensiva, para não atrapalhar o roteiro natural da nossa existência, mas intuitivamente está sempre ao nosso lado. A ele devemos nos dirigir em preces, solicitando seus préstimos, pedindo sua proteção e agradecendo a sua constante preocupação para conosco.

Esse amigo espiritual fica imensamente feliz com as nossas reais conquistas e lamenta quando tomamos deliberações infelizes que nos proporcionam prejuízos, no entanto, identificando a nossa pequenez, sabe compreender os nossos enganos e equívocos e trabalha intensamente para que erremos o mínimo possível.

No entanto, quando deliberamos seguir por caminhos incertos e perigosos, depois de nos advertir insistentemente, percebendo que não queremos vínculos com uma vida digna, poderá se afastar, momentaneamente, permitindo que colhamos os reflexos dolorosos das nossas realizações infelizes.

Não nos abandona de forma definitiva, mas se distancia e espera o momento do nosso despertar para os reais valores e objetivos da vida, isso, obviamente, quando estivermos repletos de dores e arrependimentos, e, então, nos acolherá para dar a sustentação que necessitarmos.

A presença desse amigo ao nosso lado é a prova inequívoca da bondade divina, tudo fazendo para que cada filho de Deus tenha todos os recursos necessários para a sua ascensão espiritual.

Em momento algum podemos afirmar estarmos sozinhos, mesmo ante os mais difíceis e intrincados problemas ou diante dos mais dolorosos quadros de sofrimento, pois que a nos amparar o ânimo e a nos tonificar as forças estará sempre presente o nosso protetor espiritual. Confiemos nele e nossos dias serão mais serenos e tranquilos.

Reflitamos...

A inexorável lei de causa e efeito

Deus não tem preferências nem exclusões; Ele dá a cada filho segundo as suas obras


“A cada um será dado de acordo com as suas obras.”
- Jesus. (Mt., 16:27.)

A terrível explosão provocada pelas labaredas fez com que a temperatura na torre de lançamento de foguetes na Base de Alcântara, no Brasil, Estado do Maranhão, atingisse três mil graus centígrados em apenas alguns segundos, matando 21 engenheiros do programa espacial.

Resgatados todos os corpos, foi realizado o velório coletivo, no qual, através de reportagem do jornal “O Globo”, do dia 25.09.2003, pudemos ver a foto de duas meninas de menos de 6 anos de idade, tristemente abraçadas à urna mortuária do pai, fato que causou profunda quão pungente comoção nacional...

Para melhor compreensão de tão recente drama, podemos resgatar uma antiga página escrita pelo Dr. Bezerra de Menezes sob o pseudônimo de Max[1], no tempo que ainda existia a escravidão dos negros no Brasil, sob o título:

AS EXPIAÇÕES SÃO INDIVIDUAIS E COLETIVAS

“O mundo olha para tantos e tantos fatos com a indiferença com que olha para os campos cobertos de relva, para as montanhas, ensombradas de árvores, para os rios, em seu eterno rolar de águas, para o mar, com seus misteriosos abismos... O hábito mata a sensação e tira-lhe a curiosidade de penetrar o escrínio, que guarda, para aqueles fatos, as mais sublimes leis, cujo conhecimento será a Ciência da criação.

O mundo vê criaturas nascerem cegas, mudas, surdas, aleijadas, idiotas, e porque muito se veem destes fatos, o mundo não procura conhecer-lhes a lei determinativa. Vê uma criança, antes mesmo de ter consciência do seu livre­-arbítrio, manifestar fulgores intelectuais e morais, que se podem dizer, congênitos; ao passo que outras manifestam opostas disposições, e, ainda pela mesma razão, o mundo deixará de perguntar qual a causa de tão profunda antítese, no meio da natureza humana... Vê, finalmente, para não irmos ao infinito, o Bom sofrer torturas físicas e morais, como um excomungado fruir alegrias e felicidades da Terra, ao passo que o mau, o perverso, desfruta, em meio das grandezas e das honras mundanas, o que se chama: a felicidade da vida, e, sempre, por aquela razão, deixa passar, como coisa sem valor, esse fato, que encerra em si a chave de ouro daquele escrínio.

Os sábios, os pretendidos sábios, se julgam grandes, porque conhecem meia dúzia de verdades, que só lhes servem para afastá­los da verdade absoluta. Os sábios, que deviam saber que nada se apura no Universo sem razão de ser; sem causa suficiente, sem obedecer a leis eternas e imutáveis; ou participam do mal geral, nenhuma atenção dando àqueles fatos; ou lhes dão atenção, e, como eles nada dizem a seus sentidos como o apreciar da matéria, os atiram fora, como o cego atira o cascalho que encobre um brilhante; ou, dominados por ideias obsoletas, geradas no meio da Humanidade, em sua infância, os sábios, ainda, se satisfazem com explicações, que chamam ortodoxas, que, no fundo, são aríetes com que a razão humana, já em sua idade adulta, destrói os fundamentos da justiça e da misericórdia de um Deus, que eles tornam impossível de ser Deus. (...) Ensinam a vida eterna da alma, mas negam a expiação, que, em última expressão, significa preexistência corpórea, ou seja: vidas múltiplas da alma...

Explicam os sábios aquelas ordens de fatos como méritos e deméritos que fazemos, nesta vida única, para subirmos ao Céu, diretamente, ou com escala pelo purgatório, e para descermos ao inferno de penas eternas, mais depressa do que se chega ao Céu.

Não nos embrenhamos em discussão por mostrar que, mesmo em tese, isto é uma monstruosidade, é uma blasfêmia. Digamos, somente, o que encerram, contra tal modo de ver os fatos que escolhemos e apontamos. Como explicar, pela vida única, o nascimento de criaturas cegas, surdas, mudas, aleijadas, idiotas, com o estigma, enfim, de uma condenação?

São os privilegiados que não gozam os prazeres do mundo, para terem os do Céu? Então Deus tem preferências!.. Não distribui Seu amor igualmente por Seus filhos, dando a uns a chave do Céu, e deixando que os outros a descubram por entre as trevas que os envolvem na Terra!

Nós, os espíritas, os possessos do demônio, diremos: expiação! E temos explicado o fato a bel-prazer da razão e da consciência, em perfeita harmonia com a justiça indefectível e com a misericórdia e o amor do Pai, que não tem preferências nem exclusões, que dá a cada filho segundo as suas obras.

Este cego, ou mudo, ou surdo, cometeu em existências passadas grandes faltas, dessas que, segundo a Igreja, levam diretamente ao inferno; mas o Pai, que não quer a perda de nenhum de Seus filhos nem mesmo do ímpio, como disse Ezequiel, em vez de condená-lo sem remissão, como seria o gosto da Igreja, dá-lhe nova e novas existências; dá-lhe o tempo na Eternidade, para remir aquelas culpas, e dá-lhe, em cada vida, a moeda com que resgata sua dívida: o sofrimento.

O sofrimento, pois, nesta vida terrena, é o meio de expiação; é a moeda que o Pai nos oferece para resgatarmos nossa dívida; é a escada para subirmos aos mundos da felicidade, se recebermos o sofrimento com resignação. É claro que, sendo a pena proporcional ao crime, uns sofrerão mais do que outros, por terem feito maior mal; daí, sofrerem estes mais do que aqueles, e sofrendo menos, de certo tempo em diante, se se têm levado com resignação as dores que se tenham tido, pela simples razão de já se terem livrado de uma parte da carga que trouxeram.

E a expiação de cada um tem sempre uma relação, mais ou menos apreciável à nossa razão, com as faltas dos que a sofrem. Assim, o mudo fez o mal pela palavra (é hipótese); foi um homem de grande eloquência, que arrastou muitas pessoas à perdição, pregando ideias perniciosas para o alto fim da Humanidade, que é chegar até a Casa do Pai pelo saber e pela virtude... O juiz venal, que condenou o inocente a ser castigado na praça pública, virá pagar esta dívida, para com Deus e para com seu semelhante, na mesma espécie, sendo também, inocente, castigado na praça pública.

E este justo que sofre os horrores de uma sorte adversa? É um Espírito, que foi perverso, e felizmente aceitou a expiação de suas culpas, até fazer-se justo, ao contrário do mau, que possui as grandezas da Terra, e, usando do seu livre-arbítrio, repeliu a expiação, que veio fazer, sobrecarregando-se de mais culpas, que lhe exigirão maiores sofrimentos em posteriores reencarnações.

A expiação, ou antes a preexistência, explica, satisfatoriamente, a índole boa ou má, as disposições vantajosas ou desvantajosas, pelo lado intelectual, com que nascem as crianças, como explica a morte destas, dos recém-nascidos, e dos fetos...

As expiações são individuais ou coletivas, segundo o mal que foi praticado, isoladamente, ou em concomitância. Neste caso, os corréus se reúnem, na nova existência, para fazerem, juntos, a expiação, como fizeram o mal. É a razão de vermos uma família perseguida da sorte em todos os seus membros, e é a razão pela qual vemos um povo inteiro sofrer os rigores da adversidade, como o judeu, como o polaco, como tantos outros.

Ouvimos de Oseias: que o povo hebreu sofreu as torturas do cativeiro do Egito, sendo levado, a chicote, para trabalhar na elevação dos famosos monumentos dos Faraós, por expiação, porque era composto dos mesmos Espíritos que, voluntariamente, por orgulho, e para afrontar o poder de Deus, empreenderam levantar a grande torre, que se chamou de Babel, que deveria subir até o céu. Foi a expiação coletiva de um povo.

*

Outra torre se erguia em Alcântara, apontando os rumos do infinito na necessária conquista espacial, exigida pelo progresso da Humanidade...

Mas, no passado medieval, na velha Europa, quantas fogueiras acendidas queimando inocentes, criando, assim um carma – provavelmente – hoje resgatado!

É da lei a necessidade de se resgatar individual ou coletivamente, até o último ceitil para continuarmos, empós, desembaraçados dos equívocos pretéritos, no rumo da Grande Luz, na direção de nossa destinação feliz, ou seja: a perfeição relativa e a felicidade sem mescla.



[1] - Pseudônimo do Dr. Bezerra de Menezes (Vide: Estudos Filosóficos. Ed. FAE, vol. III, cap. 85.)


Breves reflexões sobre o casamento entre espíritas

Recentemente ocorreu uma tragédia numa festa de “casamento” no estado de Pernambuco. O noivo se matou após assassinar a noiva e o padrinho. Conforme informou o programa “Fantástico” da Rede Globo (1), o evento era uma cerimônia “espírita”.

Cerimônia espírita?... Que absurdo!

Infelizmente têm surgido confrades em torno dos quais se formam grupos e “indivíduos portadores de mediunidade, nobre ou não, que não poucas vezes tornam-se líderes esquisitos e esdrúxulos, com comportamentos alienados, procurando apresentar propostas de exaltação do seu ego e gerando à sua volta uma mística que infelizmente vem desaguando em determinadas posturas incompatíveis com o Espiritismo, como o casamento espírita, por exemplo”. (2) (grifei.)

Observam-se algumas vezes, entre alguns dirigentes de casas espíritas, posturas tradicionalmente religiosas (igrejeiras) na maneira de entender e de se relacionar com a Doutrina Espírita. Esse entendimento dá margem a gravíssimos transtornos ao Movimento Espírita, como a ritualização de certas práticas, abuso de poder nas hierarquias e outras lamentáveis práticas. Como se não bastassem tantas asneiras, há dirigentes espíritas celebrando cerimônia de “casamentos”, assumindo uma postura de “oficiantes”, na condição de “dirigente-mor” de algumas instituições. Tais dirigentes “oficiantes” (pasmem!) estão com agendas lotadas, inclusive para “celebrarem batizados”. Ficamos estupidificados diante de tais anomalias doutrinárias.

No casamento entre espíritas só deve haver cerimônia civil; JAMAIS cerimônia religiosa. E nenhum presidente (“dirigente-mor”) de centro espírita ou sociedade de orientação espírita deveria “oficiar” casamentos, pois o Espiritismo não instituiu sacramentos, rituais ou dogmas.

Se, por força das circunstâncias, o cônjuge não-espírita possuir sincero fervor pela religião que professa, e tiver tendência a ficar traumatizado sem a cerimônia tradicional, o espírita poderá aceitar (sem traumas) a cerimônia religiosa do casamento, segundo o costume da religião do seu pretendente. Esta condescendência, todavia, tem suas linhas demarcatórias. Só é aceitável se houver uma profunda necessidade espiritual da(o) noiva(o), porém, não se justifica quando a pessoa for apenas uma religiosa de fachada, por convenção social, ou quando a exigência é feita pela família dela. Todavia, se houver por bem ceder, que o espírita não se submeta aos sacramentos individuais como no caso do batismo, da confissão, da comunhão etc., etc., etc. Nesse aspecto, caberá ao cônjuge não espírita providenciar a dispensa dos sacramentos individuais para o espírita.

Reflitamos o seguinte: quem é que dá a um homem o direito de estabelecer esse vínculo sagrado entre duas pessoas? Casamento não depende de nada exterior, de nenhuma ação alheia aos noivos. As duas criaturas se casam e ninguém tem o poder de estabelecer vínculos entre elas. Nem o Juiz de Paz promove o casamento. Essa autoridade apenas registra nos anais da sociedade, para os efeitos legais, o casamento que é diante dela declarado. Portanto, “o casal espírita apresenta-se diante da autoridade civil apenas para declarar o seu casamento, solicitando seja ele registrado, e não para receber qualquer tipo de legitimação. A legitimidade do casamento é dada pelo grau de responsabilidade e de amor que presidiu a formação do casal”. (3)

Naturalmente, os noivos espíritas devem ter consciência de como se casar perante a sociedade e a espiritualidade, respeitando as convicções dos familiares “não espíritas”, mas tentando fazer prevalecer as suas certezas doutrinárias. O legítimo espírita precisa colaborar para que haja a renovação das concepções religiosas, e não logrará êxito se em nome de uma “falsa humildade e fingida tolerância” ocultar o que já conhece e se curvar ante os costumes religiosos tradicionais. Se somos espíritas, por que então nos mantermos algemados às fórmulas religiosas que nada significam para nossos ideais?

Muitas vezes, confrades nos indagam se poderia e como seria realizada uma cerimônia de casamento espírita. Considerando que o assunto é de alta gravidade e de grande repercussão, atestamos, sem muitas delongas, que não existe ritual nem cerimônia religiosa para o casamento entre espíritas. O Espiritismo é uma doutrina filosófico-religiosa, com aspectos científicos e consequências éticas e morais, mas não se constitui numa estrutura clerical formalizada. Dessa forma, diferentemente de outras correntes religiosas, não comporta em suas práticas nenhum cerimonial, rito ou aspecto específico ligado ao casamento convencional. Ou seja, não há cerimônia de casamento religioso espírita.

"O Espiritismo não tem sacerdotes e não adota, e nem usa em suas práticas, altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.” (4) No local escolhido para a cerimônia civil, uma prece singela poderá ser feita por um familiar dos noivos. Não há necessidade de convidar um presidente (“dirigente-mor”) de centro, um orador espírita, um médium, nem é preciso que um “guia” se comunique para “abençoar” o consórcio.

Aliás, sendo a prece sincera a sublimação do sentimento e a exaltação do amor, em realidade, por questões de afinidade e afetividade, certamente os familiares e os amigos amam mais os noivos que o dirigente espírita, o “oficiante”; portanto, a oração feita por eles será bem mais produtiva. Ainda, os noivos espíritas, junto à família, no abençoado reduto do lar, poderão fazer o Culto do Evangelho, usufruindo de um ambiente espiritual mais sereno e pacificado do que a exposição pública no ato da cerimônia civil ou de festas, onde muitas criaturas lá comparecem com o único interesse social.

Dessa forma, o dirigente espírita, consciente das suas enormes responsabilidades e conhecedor das bases doutrinárias do Espiritismo, saberá esquivar-se dos convites que recebe para “oficiar” casamentos, informando, com humildade e educação, aos pretendentes, quase sempre pouco conhecedores do Espiritismo, que na Doutrina Espírita tal prática não existe. Se aceitar o convite demonstrará que conhece o Espiritismo ainda menos que os noivos.

O casamento é a eliminação do egoísmo; não fere as leis da Natureza; “é um progresso na marcha da Humanidade. Sua abolição seria regredir à infância da Humanidade e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes”. (5) O casamento, enfim, é um compromisso livremente assumido por dois Espíritos perante o altar de suas consciências. Está muito acima de qualquer bênção religiosa ou da assinatura de qualquer documento diante de uma autoridade civil ou religiosa. Trata-se de uma sociedade conjugal, estabelecida pelo próprio casal, num plano eminentemente moral, ético.

O que nos parece deve prevalecer, em vez da ritualística que lentamente vai sendo introduzida e aceita por desconhecimento doutrinário, é que se leve em consideração a proposta filosófica de uma visão ampla, de uma observação cuidadosa dos fatos da vida e de como o Espiritismo os explica e os orienta, ensejando, deste modo, um comportamento ético-moral mais compatível com a Terceira Revelação.

Em tese, não há e NUNCA haverá espaço no universo doutrinário para a celebração de um "casamento religioso espírita". E para os contumazes dirigentes “oficiantes” de casamentos, recomendamos buscarem outros quintais “espiritualistas” e se distanciarem depressa do Espiritismo para não conspurcá-lo ainda mais!

Referências bibliográficas:

(1) Disponível no link http://olhar45.blogspot.com/2010/12/noivo-mata-noiva-e-padrinho-em-festa-de.html, acessado em 25 de dezembro de 2010.

(2) Entrevista do orador espírita Divaldo Pereira Franco concedida para a equipe de redação do Jornal Mundo Espírita, durante a 8ª Conferência Estadual Espírita, em Curitiba, PR, no dia 24 de março de 2006.

(3) José Passini. Artigo O Casamento, Disponível em http://doutrinaespirita.com.br/?q=node/35, acessado em 24 de dezembro de 2010.

(4) Disponível no site http://www.febnet.org.br/site/conheca.php?SecPad=9&Sec=247, acessado em 25/12/2010.

(5) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2000, questão 695.