sábado, 27 de janeiro de 2018

Entre a denúncia e a misericórdia, entre a crítica e a compreensão…



Por Dora Incontri

Há extremos nas atitudes que adotamos na vida em sociedade, que os espíritas e cristãos em geral, deveriam evitar. Aliás, como bem diziam tanto Buda como Aristóteles, a virtude está no caminho do meio.

É fato que o mundo em que vivemos ainda é um mundo de grandes sofrimentos e se há sofrimentos é porque há aqueles que fazem sofrer e porque nós mesmos estamos enredados em complexos de dor. As guerras, o domínio dos que exploram, as injustiças em todos os níveis, a violência contra crianças e mulheres, os abusos, a fome diante de uma civilização de fartura, em que países inteiros apresentam índices de obesidade e toneladas de comida são inutilizadas, para não “desequilibrar o mercado”… poderia preencher páginas e páginas com as mazelas do mundo. Chocamo-nos com elas todos os dias.

E elas nos cercam na intimidade também… e o pior, mesmo dentro de nós.

Então, há duas tendências comuns que se observam na apreensão desse cenário: há aqueles que se alienam e entram num processo de negação da realidade e há aqueles que se amargam.

Os primeiros são os que fogem, seja para as drogas legais ou ilegais, seja para o consumo desenfreado, seja para a autoajuda oba-oba, que prega o pensamento positivo mágico e inócuo. Anestesiam-se e parecem andar em estado sonambúlico. Não entendem e não querem entender como se estruturam as injustiças no mundo. Não querem saber como o planeta é dominado pelos bancos, pelo complexo bélico-industrial, como somos joguetes da mídia, como a educação é uma forma de sujeição das massas. Apenas exibem o sorriso pseudofeliz do Facebook e sua militância para transformar o mundo se resume a algumas carinhas tristes diante das crianças refugiadas da Síria ou algumas mornas palavras de indignação contra a corrupção política.

Entre esses, há muitos espíritas. São os que se consolam achando que as crianças que morrem de fome na África foram nazistas… Quantos nazistas são necessários para povoar um continente, encher uma boate que pegou fogo e ainda estarem todos reencarnados nas Casas André Luiz? A lei do carma, entendida de maneira simplista e punitiva, serve como uma luva para os alienados. Ela justifica toda miséria, ela os isenta de lutar para mudar o mundo… afinal quem está sofrendo é porque merece.

Essa é a versão espírita desse primeiro grupo e se esses não fogem para as drogas, vivem se anestesiando com discursos místicos, de oradores melosos, tão vazios quanto eles próprios.

Os segundos vivem revoltados ou desesperados, incrédulos do progresso, sombrios quanto ao futuro, escarafunchando a cada dia as aberrações do mundo. Gritam e se debatem, reclamam e disseminam as notícias, muitas vezes verdadeiras, mas que envenenam o nosso dia a dia de desesperança.

Ora, a grande questão é: como manter um lúcido espírito crítico, uma visão precisa da realidade, sem cairmos na depressão, na revolta e no ceticismo em relação ao futuro e ao ser humano?

Como guardar a fé e o amor à humanidade em meio a tanta barbárie, sem negar que a barbárie existe e está diante de nossos olhos?

Esse é o desafio que nos está posto nesse século agitado, cheio de horizontes sombrios.

Eu me lembro nesse momento de um belo livrinho que recomendo aqui: Diário do Guetode Janusz Korzcak. O médico e educador judeu-polonês estava confinado no gueto de Varsóvia, com suas 200 crianças, sob a barbárie nazista, e dali seguiria para um campo de concentração, onde morreria com elas, numa câmera de gás. E ele escreve um diário. Um diário triste, mas não amargo; perplexo, mas nunca com ódio. Delicado e lúcido, enquanto olha um soldado alemão e se questiona quem seria aquele ser humano… Eis alguém que vive numa situação limite e não se deixa contagiar pelas sombras. Mantém sua própria luz acesa, embora bruxuleante de fome e tristeza.

E nós espíritas?

A visão espírita, se bem introjetada, é aquela que nos descerra a eternidade, que nos faz compreender o lado sombrio do ser humano, como um desequilíbrio momentâneo; a dor, como um processo de amadurecimento e aprendizagem; mas sobretudo é aquela que nos permite enxergar o bem em cada pessoa (mesmo nas piores) e termos a certeza de que esse bem sempre vence, dentro, fora e em torno de nós.

É uma visão que dá força, mas não nos deve fazer insensíveis e indiferentes ao sofrimento humano.

É uma visão que nos projeta além do tempo e do espaço, mas não deve nos arrancar do momento presente, que é bem aquele em que devemos atuar.

É uma visão que nos educa para o caminho da esperança ativa, dos que querem a justiça, sem vingança e a paz, sem passividade e covardia.

Que bom seria se pudéssemos contar com muitos espíritas assim: que se comprometessem com a mudança do mundo, lúcidos em relação às suas estruturas injustas e sombrias, mas que esse comprometimento fosse cheio de misericórdia e piedade, inclusive para com aqueles que provocam a dor e a miséria, a violência e o abuso.

Não se trata de um discurso meloso sobre “nossos irmãozinhos infelizes”… Trata-se de um amor compassivo, mas que se empenha em tocar as almas endurecidas, esclarecer energicamente os vendilhões do templo, espalhar a verdade com clareza e responsabilidade…

Olhando espiritamente esse episódio de Janusz Korzcak, narro algo que se deu em nossa reunião mediúnica da ABPE, anos trás, quando estávamos trabalhando na publicação de um livro sobre ele e nos conectamos profundamente com esse espírito e com os acontecimentos que viveu. Inesperadamente e de forma muito emocionante, ocorreram inúmeros trabalhos mediúnicos em que esse mesmo educador, morto pelos nazistas, veio ajudar no resgate deles, que ainda estavam presos ao momento trágico da perseguição. Ele lhes aparecia e a simples visão da vítima transformada num ser luminoso e acolhedor, fazia soluçar os mais desesperados. Eis um sentido sublime da dor: aquele que foi injustiçado, perseguido e morto tem o poder único de tocar seus verdugos com um gesto de amor e perdão.

Por isso, não nos rendamos ao ódio, quando verificamos as barbaridades desse planeta e quando sabemos quem as praticou ou ainda pratica. Primeiro, porque todos nós já passamos por esses desvarios e, quem sabe, em certas circunstâncias, até poderíamos repetir algum desses atos. E segundo, porque, como dizia Jesus, só o amor cobre a multidão de pecados e só ele pode salvar o mundo.

Portanto, denúncia sim, mas com misericórdia e crítica sim, mas com compreensão…

Fonte: Blog da ABPE

Como assistir o filme espírita "Deixe-me Viver"



O filme que está encantando o Brasil foi considerado pelo canal NOW como um dos melhores do ano de 2017.
O filme já saiu dos cinemas, está agora nos canais de locação e DVD pelo site candeia - link - 

CANAIS DE LOCAÇÃO ON-LINE-
NOW - (com desconto de 50%) categoria - PROMOÇÃO FÉRIAS NO NOW - CINEMA NACIONAL (Digite no busca se não achar)
LOOKE - smart TV e internet - categoria RELIGIOSO
VIMEO - Qualquer aparelho - entrar no busca e digitar o nome do filme. (temos link com instruções em nossa página - primeira postagem)
YOUTUBE - Funciona apenas para computador - digitar o nome do filme no YOUTUBE - (Temos link com instruções em nossa página - primeira postagem)

Sinopse: Movidos pelo amor incondicional, uma equipe de socorristas trabalham para resgatar espíritos que foram rejeitados. Também procuram trabalhar junto as famílias para que aceitem os espíritos reencarnantes.

Filme do livro do mesmo nome, ditado pelo espirito de Luiz Sérgio e psicografado por Irene Pacheco Machado. 
Convidamos a comunidade espirita a ajudar a divulgar o filme, compartilhando e recomendando. Gratos. Abraços fraternos a todos.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

5 coisas que acontecem quando doentes morrem

O desencarne pode ser uma passagem difícil para uns e mais fácil para outros. O espírito André Luiz, em Obreiros da Vida Eterna, nos fala sobre alguns fatos que ocorrem comumente em desencarnes, especialmente em casos de pessoas doentes. Confira abaixo.


1 - Podemos melhorar de uma doença e morrer logo depois

"É comum ouvir narrativas de pessoas que apresentam aparente melhora, no dia do desencarne, ou na véspera. Os espíritos providenciam temporária melhora para o agonizante, a fim de sossegar a mente aflita daqueles que o amam. As correntes de força, exteriorizadas por aqueles que não querem o desencarne do ser amado, infundem vida aparente aos centros de energia vital, já em adiantado processo de desintegração".

2 - A influência dos entes queridos

"O choro e os cuidados dos que velam os moribundos emitem forças de retenção amorosa capazes de prendê-lo em vasto emaranhado de fios cinzentos, dando a impressão de peixe encarcerado em rede caprichosa. A melhora fictícia do doente tem por finalidade tranquilizar os parentes aflitos."

3 - A ajuda dos espíritos

"Através dos passes, os Espíritos de Luz desfazem os fios magnéticos que se entrecruzam sobre o corpo abatido dos enfermos, para possibilitar o seu desprendimento do corpo físico, tecendo uma rede fluídica de defesa, para que as vibrações mentais inferiores sejam absorvidas."

4 - Nosso espírito pode estar preparado

"Os que se aproximam da desencarnação, comumente se ausentam do corpo, em ação quase mecânica. Os familiares terrestres, por sua vez, cansados de vigílias, tudo fazem para rodear os enfermos de silêncio e cuidado. Desse modo, não é difícil para os Espíritos de Luz afastá-los, para realizar o trabalho de preparação para o desencarne."

5 - A separação do corpo 

"Há três regiões orgânicas fundamentais, que demandam extremo cuidado nos serviços de liberação da alma:

O centro vegetativo, ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas;

O centro emocional, zona dos sentimentos e desejos, sediado no torax;

O centro mental, mais importante por excelência, situado no cérebro.

Através dos passes, os Espíritos de Luz desfazem os fios magnéticos que se entrecruzam sobre o corpo abatido dos enfermos, para possibilitar o seu desprendimento do corpo físico, tecendo uma rede fluídica de defesa, para que as vibrações mentais inferiores sejam absorvidas."


Fonte: André Luiz, em Obreiros da Vida Eterna

sábado, 6 de janeiro de 2018

Sementeiras e Ceifas

"Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção." - Paulo. (GÁLATAS, 6:8.)

Plantaremos todos os dias.

É da lei.

Até os inativos e ociosos estão cultivando o joio da imprevidência.

É necessário reconhecer, porém, que diariamente colheremos.

Há vegetais que produzem no curso de breves semanas, outros, no entanto, só revelam frutos na passagem laboriosa de muito tempo.

Em todas as épocas, a turba cria complicações de natureza material, acentuando o labirinto das reencarnações dolorosas, demorando-se nas dificuldades da decadência.

Ainda hoje, surgem os que pretendem curar a honra com o sangue alheio e lavar a injustiça com as represálias do crime. Daí, o ódio de ontem gerando as guerras de hoje, a ambição pessoal formando a miséria que há de vir, os prazeres fáceis reclamando as retificações de amanhã.

Até hoje, decorridos mais de dezenove séculos sobre o Cristianismo, apenas alguns discípulos, de quando em quando, compreendem a necessidade da sementeira da luz espiritual em si mesmos, diferente de quantas se conhecem no mundo, e avançam a caminho do Mestre dos Mestres.

Se desejas, pois, meu amigo, plantar na Lavoura Divina, foge ao velho sistema de semeaduras na corrupção e ceifas na decadência.

Cultiva o bem para a vida eterna.

Repara as multidões, encarceradas no antigo processo de se levantarem para o erro e caírem para a corrigenda, e segue rumo ao Senhor, organizando as próprias aquisições de dons imortais.

Fonte: Xavier, Francisco, Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel

A palavra dos Espíritos e o argumento de autoridade


Por Dora Incontri


O que caracterizava o pensamento medieval – o que significa dizer, um pensamento em que a razão deveria ser submetida à fé – era o argumento de autoridade. Autoridade da Bíblia, autoridade de Aristóteles, por exemplo. Muita gente não sabe que vários absurdos científicos que eram aceitos na Idade Média não eram apenas por conta da Bíblia, mas por conta de Aristóteles. Embora o filósofo grego recomendasse a observação empírica da natureza, ele era citado como fonte de autoridade filosófica e científica. Tomás de Aquino, que formulou a maior síntese entre a visão de mundo cristã (leia-se católica) e Aristóteles, o citava a torto e a direito, como autoridade. Então, por exemplo, toda a polêmica em torno do geocentrismo ou heliocentrismo, tinha como fonte argumentativa, a posição geocêntrica de Aristóteles…

O que significa um argumento de autoridade? Significa que não é preciso demonstrar, observar, verificar, comprovar, argumentar em relação a uma ideia, uma teoria… Basta simplesmente dizer: porque está na Bíblia, porque Aristóteles disse, porque Kardec disse, porque Chico Xavier disse, porque os Espíritos disseram…

Ora, essa postura diante do conhecimento é medieval e pode ser entendida como uma das características do pensamento fundamentalista. A razão se encolhe, tem que aderir cegamente, sem necessidade da observação dos fatos. A concatenação argumentativa se torna raquítica – e sobra a fé cega, a dogmatização de ideias empobrecidas, que se tornam apenas narrativas inconsistentes.

Ora, o Espiritismo é, ou deveria ser, o contrário de tudo isso. Toda a proposta de Kardec é baseada na observação, na argumentação racional e na abertura para novas reformulações – pois ele disse que onde a ciência demonstrasse que as teorias propostas por ele estivessem erradas, o Espiritismo deveria se reformular diante das novas descobertas e teorias (é bom reafirmar, científicas e baseadas na observação e não qualquer novidade estapafúrdia)! Ou seja, Kardec já deixou o antídoto contra o dogmatismo e contra o argumento de autoridade em seus próprios escritos. Mas os espíritas não leram, ou não entenderam. Ou citam Kardec como Tomás de Aquino citava Aristóteles ou querem abrir o Espiritismo para novas reformulações, sem o menor critério científico e racional – então surgem as práticas e ideias místicas, sem nenhum estudo ou referência. Poderia citar aqui centenas delas – mas cada uma mereceria um artigo especial.

O mais grave: Kardec dessacralizou a revelação dos Espíritos, chamando-os de meros colaboradores e não de reveladores predestinados, (ver o capítulo Caracteres da Revelação Espírita no livro A Gênese). Então, mesmo diante daquilo que vem do Além, que sempre na humanidade foi considerado intocável, sagrado – como a Bíblia, o Alcorão, só para citar duas fontes – para Kardec, a nossa atitude tem que permanecer crítica, racional, questionadora. Quando Kardec explica que os Espíritos são homens e mulheres desencarnados, que podem guardar os mesmos preconceitos, os mesmos equívocos, as mesmas idiossincracias que quando na terra, então, eles não podem mesmo ser considerados como reveladores predestinados.

Quer dizer os Espíritos não podem nos ensinar nada? Podem. Segundo Kardec, eles podem nos ensinar duas coisas: dar informações sobre o mundo espiritual (mas isso deve ser referendado por outros Espíritos, com as mesmas informações) e orientações morais, desde que revelem as características de espíritos elevados – que são absolutamente desconhecidas e desconsideradas no movimento espírita brasileiro. Só para citar algumas dessas características: Espírito elevado tem linguagem simples, objetiva, nobre, sem rebuscamentos excessivos e sem vulgaridades (isso já elimina uma montanha de livros mediúnicos que correm em nossas bibliotecas espíritas); Espírito elevado não traz teorias fantasiosas, elucubrações não confiáveis, não demonstráveis, irracionais; Espírito elevado não faz ciência – essa é uma responsabilidade nossa, ciência tem método, não pode ser fruto de uma revelação; Espírito elevado não se mete em política e não dá palpite na vida alheia…

Diante de tudo isso, quando vamos defender uma ideia no movimento espírita, não podemos simplesmente usar argumentos de autoridade, seja dos Espíritos, seja de Kardec, seja de qualquer médium, por mais confiável que nos pareça.

O Espiritismo tem que andar alinhado em diálogo com o conhecimento contemporâneo. Os espíritas devem usar argumentos racionais, recorrer a evidências científicas, precisam manter uma linguagem objetiva, clara, sólida, atualizada e não ficarmos nessa melosidade chiquista, que não é nem um pouco kardecista… se me permitem a crítica.

Ser kardescista aliás é não citar Kardec como argumento de autoridade, mas adotar seu método racional e de observação, em diálogo com o mundo atual, prosseguir com o Espiritismo, como uma ideia de emancipação e de vanguarda e não como um “pentateuco” bíblico e dogmático.

Fonte: Blog da ABPE

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Doação de Órgãos na visão espírita



Muitos se perguntam o que a Doutrina Espírita diz a respeito da doação de órgãos, sabendo-se que o desligamento total do espírito pode às vezes ocorrer em até 24 horas e que, para a medicina, o tempo é muito importante para a eficácia dos transplantes. Será que o Espiritismo é contra ou a favor dos transplantes?

O espírito Emmanuel por meio da psicografia de Chico Xavier responde: "O benefício daqueles que necessitam consiste numa das maiores recompensas para o espírito. Desse modo, a Doutrina Espírita vê com bons olhos a doação de órgãos.

Mesmo que a separação entre o espírito e o corpo não se tenha completado, a Espiritualidade dispõe de recursos para impedir impressões penosas e sofrimentos aos doadores. A doação de órgãos não é contrária às Leis da Natureza, porque beneficia, além disso, é uma oportunidade para que se desenvolvam os conhecimentos científicos, colocando-os a serviço de vários necessitados".


FONTES:


1- Xavier, Francisco Cândido. Evolução em dois Mundos – Ditado pelo Espírito André Luiz. 5ª Ed. Rio de Janeiro, RJ: Ed FEB, 1972, cap. “Células e Corpo Espiritual”.
2- Franco, Divaldo Pereira. Dias Gloriosos, Ditado pelo Espírito Joana de Angelis. Salvador: Ed. LEAL, 1999.
3- Kardec, Allan,. O Livros dos Espíritos, RJ: Ed FEB/2003, questão n° 155, Cap. XI.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Por que não lembramos de vidas passadas?



Se formos mesmo todos reencarnados, por que não nos lembramos das existências passadas? É uma questão intrigante, causa mesmo de dúvidas em muita gente. O esquecimento do passado (existências anteriores) indica a sabedoria de Deus.

A lembrança viva de episódios vividos anteriormente traria vários inconvenientes, entre os quais relacionamos: 

a) poderia humilhar-nos intensamente, pela lembrança desagradável de muitos deslizes morais, especialmente quando envolvendo terceiros; 
b) exaltação do orgulho e da prepotência, em virtude de posições de destaque no passado; 
c) danosos efeitos nas relações sociais, pois se tivéssemos as nossas lembranças, teríamos a dos outros também; 
d) traumas continuariam impedindo condições de felicidade e progresso; 
e) ódios e vinganças estariam minando os relacionamentos e provocando novos agravamentos.

Entre as inumeráveis vantagens, fruto da Sabedoria Divina – repetimos –, encontramos: 

a) oportunidade de recomeço, sem lembranças perturbadoras; 
b) o progresso efetuado permite-lhe, agora com mais lucidez, optar por novos aprendizados; 
c) reconciliação com antigos adversários sem que necessariamente haja o constrangimento das recordações que a poderiam impedir; 
d) superação de traumas passados em circunstâncias ora renovadas; 
e) novas vivências e aprendizados sem que o passado venha a importunar; 
f) aquisição de novas experiências sem qualquer ligação com o passado.

Os que desconhecem o processo alegam que o esquecimento seria impeditivo para a reconstrução do próprio caminho, quando na verdade este apagar das lembranças significa verdadeira benção. Deus nos beneficia com o esquecimento, colocando como que um véu em nossa memória para que os erros e equívocos do passado não sejam amarras ou pesos que nos impeçam de construir ou reconstruir a própria felicidade.

Por outro lado, se quisermos saber o que fomos ou fizemos antes desta existência, basta observar com atenção nossas tendências, habilidades, quedas morais, laços que nos ligam a certas pessoas e poderemos avaliar que tipo de procedimento ou vivência adotamos nas existências anteriores.

Esta análise íntima permite corrigir os caminhos atuais. Para conhecer mais, leitor, procure ler e estudar as questões 392 a 399 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

O assunto é empolgante, mas a Doutrina Espírita recomenda muito discernimento, evitando curiosidades desnecessárias. Essencial mesmo é o bom comportamento agora para construir um futuro melhor.

O Espiritismo trata do sobrenatural?

"[...] as manifestações espíritas, de qualquer natureza, nada têm de maravilhoso e sobrenatural; são fenômenos que se produzem em virtude da lei que rege as relações do mundo visível com o invisível, lei tão natural quanto as da eletricidade, da gravitação, etc.

O Espiritismo é a ciência que nos faz conhecer essa lei, como a mecânica nos ensina as do movimento, a óptica as da luz, etc. Pertencendo à Natureza, as manifestações espíritas se deram em todos os tempos; a lei que as dirige, uma vez conhecida, vem explicar-nos grande número de problemas, julgados sem solução; ela é a chave de uma multidão de fenômenos explorados e amplificados pela superstição. Afastado o prisma maravilhoso, nada mais apresentam esses fatos que repugnem à razão, pois que assim passam a ocupar o seu lugar no meio dos outros fenômenos naturais.

Nos tempos de ignorância, eram reputados sobrenaturais todos os efeitos cuja causa não se conhecia; as descobertas da Ciência, porém, sucessivamente foram restringindo o círculo do maravilhoso, que o conhecimento da nova lei veio aniquilar. Aqueles, pois, que acusam o Espiritismo de ressuscitar o maravilhoso, provam, só por isso, que falam do que não conhecem."

Kardec, Allan - O que é o Espiritismo.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Espiritismo e formação da matéria

Segundo o Modelo Padrão de partículas, o bóson de Higgs deu massa à matéria expelida pelo Big Bang há 14 bilhões de anos, o que permitiu o surgimento de tudo o que existe no cosmos. Segundo Peter Higgs, as partículas não possuíam massa logo após a grande explosão que deu origem ao universo. Conforme o cosmos esfriou, formou-se um campo de força, o "campo de Higgs", que dá massa às partículas.

Curiosa similaridade com o fluido universal mencionado na obra espírita: "... ao elemento material é necessário ajuntar o fluido universal, que exerce o papel de intermediário entre o espírito e a matéria propriamente dita, demasiado grosseira para que o espírito possa exercer alguma ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, se pudesse considerá-lo como elemento material, ele se distingue por propriedades especiais. Se fosse simplesmente matéria, não haveria razão para que o espírito não o fosse também. Ele está colocado entre o espírito e a matéria; é fluido, como a matéria é matéria; suscetível, em suas inumeráveis combinações com esta, e sob a ação do espírito, de produzir infinita variedade de coisas, das quais não conheceis mais do que uma ínfima parte. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o espírito se serve, é o princípio sem o qual a matéria permaneceria em perpétuo estado de dispersão, e não adquiriria jamais as propriedades que a gravidade lhe dá." Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos (grifos nossos)
A primeira edição de O Livro dos Espíritos foi lançada em 1857. O trecho acima é a resposta à questão 27, capítulo 2, sobre os elementos gerais do universo. Lembrando-se que o bóson de Higgs, parte do atual Modelo Padrão de partículas, ajuda a elucidar apenas uma pequena parte do universo, a matéria convencional (~4% do universo). Ele deixa temas como matéria escura (~24% do universo) e energia escura (~72% do universo) ainda sem explicação.

Um caso de psicometria



Psicometria é a faculdade mediúnica através da qual um sensitivo, tocando em determinados objetos, entra em relação com pessoas e fatos ligados a estes objetos. Segundo Hermínio Miranda, em seu livro Diversidade dos Carismas, "não se dispõe de uma teoria ou uma hipótese razoável que sirva indiscriminadamente para todos os casos observados. É preciso acostumar-se à ideia de que, em psicometria, temos montanhas de perguntas para montículos de respostas, se é que podemos chamar de respostas o que sabemos sobre uma das mais estranhas, curiosas e fascinantes faculdades do ser humano". Abaixo um dos casos relatados por ele em seu livro.

"Um cavalheiro por nome Samuel Jones, com quem se correspondia Hawthorne, mandava-lhe regularmente vários objetos para serem psicometrados por ela. Certa vez, foi-lhe remetido um pedaço de carvão. Naturalmente que ela não sabia do que se tratava, pois o material sempre ficava dentro de invólucros invioláveis (caixas, envelopes, pacotes, etc.).

Não vamos reproduzir toda a narrativa, que foi publicada na revista Light, de 1903, na página 214. A moça tomou o pacote nas mãos e foi anotando suas impressões, posteriormente remetidas por carta ao sr. Jones, para análise.

Hawthorne começou a ver dois ou três homens a examinarem uma parede negra. Um deles trazia uma lanterna acesa na mão. Estavam, evidentemente, fazendo uma pesquisa cuidadosa e emitiam suas opiniões cautelosamente. (Eram inspetores da mina, acrescenta Jones). O embrulho continha um pedaço de carvão de muito boa qualidade, arrancado a grande profundidade (certo). Vários homens trabalhavam ali, nas profundezas da terra, onde não chegava nem o ruído das carretas, lá em cima. Um dos homens trabalhava sozinho, numa gruta apertada, na qual ele tinha de manter-se deitado. Hawthorne sente-se aflita e ora para que não lhe aconteça nada (Jones informa, em nota, que há muito tempo não morria ninguém ali). Hawthorne acrescenta este curioso comentário:

- Coisa singular! Os pensamentos desse homem não se prendem a sua tarefa. Ele está pensando na esposa e no filho de tenra idade.

Depois da visão de grande quantidade de água na mina de carvão (posteriormente confirmada), ela percebe que o homem está morrendo, a sangrar pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos. Uma visão que a deixa arrasada, mas que para Jones é reveladora. Ele se lembrou, então, de que realmente ali morrera um homem naquelas condições, cerca de vinte anos atrás, vitimado por uma inundação. Foi retirado ainda com vida, mas morreu quatro semanas depois. O filho nasceu horas antes de ele morrer. A família guardava o pedaço de carvão como lembrança. Fora retirado por ele.

Como é que tudo isso pode resultar do simples contato com um fragmento de carvão? Como pode um pedaço de carvão revelar a tragédia de um homem vivida vinte anos antes? Como poderia saber Hawthorne que os pensamentos dele se voltavam, naquele momento, para a mulher e a criança prestes a nascer?"

Miranda, Hermínio - Diversidade dos Carismas, Teoria e Prática da Mediunidade

Pensamento e matéria mental



No livro Mecanismos da Mediunidade, o espírito André Luiz afirma que o pensamento é composto de matéria cuja estrutura e leis de formação ainda desconhecemos do ponto de vista científico. O texto abaixo não é dos mais simples, mas vale a pena a leitura.

"Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial. Entretanto, ele ainda é matéria, - a matéria mental, em que as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos prevalecem sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos achamos submersos e no qual surpreendemos elementos que transcendem o sistema periódico dos elementos químicos conhecidos no mundo.

Temos, ainda aqui, as formações corpusculares, com bases nos sistemas atômicos em diferentes condições vibratórias, considerando os átomos, tanto no plano físico, quanto no plano mental, como associações de cargas positivas e negativas.

Isso nos compele naturalmente a denominar tais princípios de 'núcleos, prótons, nêutrons, pósitrons, elétrons ou fótons mentais', em vista da ausência de terminologia analógica para estruturação mais segura de nossos apontamentos.

Assim é que o halo vital ou aura de cada criatura permanece tecido de correntes atômicas sutis dos pensamentos que lhe são próprios ou habituais, dentro de normas que correspondem à lei dos 'quanta de energia' e aos princípios da mecânica ondulatória, que lhe imprimem frequência e cor peculiares.

Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos ou estado de agitação pelos impulsos da vontade, estabelecem para cada pessoa uma onda mental própria."


Espírito André Luiz - Mecanismos da Mediunidade
Psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira

Fonte: Traço de União