segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Carta de Ano Novo

Ano Novo é também renovação de nossa oportunidade de aprender, trabalhar e servir.

O tempo, como paternal amigo, como que se reencarna no corpo do calendário, descerrando-nos horizontes mais claros para a necessária ascensão.

Lembra-te de que o ano em retorno é novo dia a convocar-te para execução de velhas promessas, que ainda não tiveste a coragem de cumprir.

Se tens inimigo, faze das horas renascer-te o caminho da reconciliação.

Se foste ofendido, perdoa, a fim de que o amor te clareie a estrada para frente.

Se descansaste em demasia, volve ao arado de tuas obrigações e planta o bem com destemor para a colheita do porvir.

Se a tristeza te requisita, esquece-a e procura a alegria serena da consciência feliz no dever bem cumprido.

Novo Ano! Novo Dia!

Sorri para os que te feriram e busca harmonia com aqueles que te não entenderam até agora.

Recorda que há mais ignorância que maldade, em torno de teu destino.

Não maldigas, nem condenes.

Auxilia a acender alguma luz para quem passa ao teu lado, na inquietude da escuridão.

Não te desanimes, nem te desconsoles.

Cultiva o bom ânimo com os que te visitam, dominados pelo frio do desencanto ou da indiferença.

Não te esqueças de que Jesus jamais se desespera conosco e, como que oculto ao nosso lado, paciente e bondoso, repete-nos de hora a hora:

- Ama e auxilia sempre. Ajuda aos outros, amparando a ti mesmo, porque se o dia volta amanhã, eu estou contigo, esperando pela doce alegria da porta aberta de teu coração.



Emmanuel


Página psicografada pelo médium Chico Xavier

Extraído do site www.febnet.org.br

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Natal

Pelo Espírito Emmanuel.

Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Livro: Antologia Mediúnica do Natal. Lição nº 17. Página 53.


“Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens.” - Lucas, 2:14.

As legiões angélicas, junto à Manjedoura, anunciando o Grande Renovador, não apresentaram qualquer ação de reajuste violento.

Glória a Deus no Universo Divino.

Paz na Terra.

Boa vontade para com os Homens.

O Pai Supremo, legando a nova era de segurança e tranquilidade ao mundo, não declarava o Embaixador Celeste investido de poderes para ferir ou destruir.

Nem castigo ao rico avarento.

Nem punição ao pobre desesperado.

Nem desprezo aos fracos.

Nem condenação aos pecadores.

Nem hostilidade para com o fariseu orgulhoso.

Nem anátema contra o gentio inconsciente.

Derramava-se o Tesouro Divino, pelas mãos de Jesus, para o serviço da Boa Vontade.

A justiça do "olho por olho" e do "dente por dente" encontrara, enfim, O Amor disposto à sublime renúncia até à cruz.

Homens e animais, assombrados ante a luz nascente na estrebaria, assinalaram júbilo inexprimível...

Daquele inolvidável momento em diante a Terra se renovaria.

O algoz seria digno de piedade.

O inimigo converter-se-ia em irmão transviado.

O criminoso passaria à condição de doente.

Em Roma, o povo gradativamente extinguiria a matança nos circos.

Em Sídon, os escravos deixariam de ter os olhos vazados pela crueldade dos senhores.

Em Jerusalém, os enfermos não mais sofreriam relegados ao abandono nos vales de imundície.

Jesus trazia consigo a mensagem da verdadeira fraternidade e, revelando-a, transitou vitorioso, do berço de palha ao madeiro sanguinolento.

Irmão, que ouves no Natal os ecos suaves do cântico milagroso dos anjos, recorda que o Mestre, veio até nós para que nos amemos uns aos outros...

Natal!...

Boa Nova!...

Boa Vontade!...

Estendamos a simpatia a todos e comecemos a viver realmente com Jesus, sob os esplendores de um novo dia.

Prece de Natal


Pelo Espírito Emmanuel.

Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

Livro: À Luz da Oração. Lição nº 52. Página 108.


Senhor!...

Enquanto o júbilo do Natal acende a flama da oração, renova-nos para o mundo melhor.

Há quem diga que a fé se perdeu nas engrenagens da civilização e que a ciência na Terra apagou a luz espiritual.

Em verdade, Mestre, o homem que já controla as energias atômicas prepara-se à conquista das forças cósmicas, qual se fosse comandante da vida. Entretanto, à frente dos olhos, não temos somente o egoísmo e a vaidade que lhe comprometem a grandeza, semelhante a magnificente palácio sobre chão de explosivos...

Em toda parte, marginando a carruagem dos poderosos, arrastam-se os vencidos de todas as condições. Muitos enlouqueceram, no excesso de conforto, e vagueiam nas furnas dos entorpecentes; outros, terrificados na visão dos crimes perfeitos, nascidos da pompa intelectual, jazem mutilados mentalmente nas trincheiras do hospício. Milhões erguem os braços por antenas de dor, no imenso mar das provações humanas, quais náufragos, nos esgares da morte, junto de multidões agitadas e infelizes cansadas de incerteza e desilusão...

Por tudo isso, Senhor, nós, que tantas vezes te negamos acesso às portas da alma, esperamos por Ti, nos campos atormentados do coração.

Dobra-nos a orgulhosa cerviz, diante da manjedoura, em que exemplificas a abnegação e a simplicidade e perdoando ainda nossas fraquezas e as nossas mentiras, ensina-nos, de novo, a humildade e o serviço, a concórdia e o perdão, com a melodia sempre nova do Teu cântico de esperança: - Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra e Boa Vontade para os homens!...

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

O homem do pontinho preto


Por Marcus Vinicius de Azevedo Braga

Oswaldo era um pessimista inveterado. Os amigos diziam que ele sempre via o pontinho preto na tela toda branca. Mas ele não se via assim. Se via como um realista, precavido quanto aos dissabores do amanhã, alerta para as ameaças que poderiam surgir ali na esquina.

Entre reclamações e críticas, Oswaldo sempre olhava o copo meio vazio, o pior ângulo e em tudo esperava sempre o pior, em uma total ausência de fé e de esperança. Desconfiava de tudo e de todos, e não se abria, temeroso do que poderiam fazer aqueles que se dispusessem a ser seus amigos.

Quando pediam a sua opinião, lá vinha ele com alarmismos, julgando a todos mal e vendo sempre a má fé e a esperteza de cada um... Um verdadeiro agourento, diziam alguns, tornava-se uma pessoa isolada pela comunidade, por esse seu jeito negativo, o que reforçava a sua visão pessimista do ser humano.

Um dia, no seu leito de desencarne, confessou a um dos poucos amigos que assim agia pois havia sofrido muitas solapadas da vida, o que lhe fez ficar pessimista, sem esperança, achando que viria sempre o pior. Ao chegar do outro lado, se surpreendeu, por ver que a vida continuava, com suas lutas e desafios.

O otimismo é uma virtude, mas que se enfraquece pelo remorso, pelo sofrimento reiterado, pelas dores que traumatizam o espírito encarnado. Uma conquista, pois apesar de parecer fácil enxergar a tela branca, o pessimista se fixa ao ponto preto, aprisionado pela dor que viveu.

Assim, exigir o otimismo demanda entender por que certos irmãos se detêm a uma visão negativa da vida, repleta de desconfianças, pensando sempre o pior. Por vezes, aquele irmão não conseguiu se libertar do emaranhado de dores que ele carrega no coração, dessa vida e de outras, e precisa de ajuda.

Isso é muito comum nas reuniões mediúnicas, na qual espíritos sofredores que perambulam arrastando as suas dores cultivam a descrença em dias melhores, enxergando apenas o pior, esquecidos de que existe uma luz maior a nos guiar, bastando, por vezes, apenas levantar a cabeça.

A dor, qualquer uma, tem efeitos retardados, e isso faz com que o chamado trauma nos impeça de ver o melhor que poderá vir, construído pela nossas mãos. Como confiar, se já fomos feridos? Como pensar no melhor, se já vivenciamos tanto sofrimento?

Esse pontinho preto pode ser infinito e nele ficarmos aprisionados, sem perceber quanta coisa boa existe no mundo, produzido pelas mãos humanas, e quantas pessoas que dão exemplos de superação de seus desafios. Mas, para se desviar desse ponto preto, fixo, precisamos por vezes de ajuda. É preciso insistir nesse ponto...

Diante do amigo pessimista, que sempre espera o pior, que não confia em ninguém, ao invés do isolamento, pense que ele precisa de um abraço, de uma boa conversa, e que ele precisa de pessoas que o ajudem a reencontrar a sua “fé na vida, fé no homem”.

E para isso, não basta mostrar a ele coisas boas, mas convidá-lo a construí-las, com o seu esforço, para que ele veja, de forma desalienada, a força do bem, potência transformadora que realiza o que seria mais próximo de um milagre em nosso planeta.

Assim, os realistas de plantão colecionarão outras realidades, que mudarão as suas lentes, não para a ingenuidade que enfraquece, mas para o amor que liberta, vendo em cada um à sua essência divina.

Fonte: Correio Espírita

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Filho adotivo na visão Espírita


Sabemos que nada ocorre por acaso. A formação de um lar é um planejamento que se desenvolve no Mundo Espiritual. Assim como filhos biológicos, nossos filhos adotivos também são companheiros de vidas passadas. E nossa vida de hoje é resultado do que angariamos para nós mesmos, no passado. Surge, então, a indagação: "se são velhos conhecidos e deverão se encontrar no mesmo lar, por que já não nasceram como filhos naturais?" Na literatura espírita encontramos vários casos de filhos que, em função do orgulho, do egoísmo e da vaidade, se tornaram tiranos de seus pais, escravizando-os aos seus caprichos e pagando com ingratidão e dor a ternura e zelo paternos. 

De retorno à Pátria Espiritual (ao desencarnarem), ao despertarem-lhes a consciência e entenderem a gravidade de suas faltas, passam a trabalhar para recuperarem o tempo perdido e se reconciliarem com aqueles a quem lesaram afetivamente. Assim, reencontram aqueles mesmos pais a quem não valorizaram, para devolver-lhes a afeição machucada, resgatando o carinho, o amor e a ternura de ontem. Porque a lei é a de Causa e Efeito. Não aproveitada a convivência com pais amorosos e desvelados, é da Lei Divina que retomem o contato com eles como filhos de outros pais chegando-lhes aos braços pelas vias de adoção. Aos pais cabe o trabalho de orientar estes filhos e conduzi-los ao caminho do bem, independente de serem filhos consangüíneos ou não.

A responsabilidade de pais permanece a mesma. Recebendo eles no lar a abençoada experiência da adoção, Deus sinaliza aos cônjuges estar confiando em sua capacidade de amar e ensinar, perdoar e auxiliar aos companheiros que retornam para hoje valorizarem o desvelo e atenção que ontem não souberam fazer. Trazem no coração desequilíbrios de outros tempos ou arrependimento doloroso para a solução dos quais pedem, ao reencarnarem, a ajuda daqueles que os acolhem, não como filhos do corpo, mas sim filhos do coração. Allan Kardec elucida: "Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços de família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias".


DEVEMOS ESCONDER QUE ELES SÃO ADOTIVOS?


Um dos maiores erros que alguns pais adotivos cometem é o de esconder a verdade aos seus filhos. É importante, desde cedo, não esconder a verdade. Ás vezes, fazem por amor, já que os consideram totalmente como filhos; outros o fazem por medo de perder a afeição e o carinho deles. 

Quando os filhos adotivos crescem, aprendendo no lar valores morais elevados, sentem-se mais amados por entenderem que o são, não por terem nascido de seus pais, mas sim frutos de afeição sincera e real, e passam a entender que são filhos queridos do coração. Revelar-lhes a verdade somente na idade adulta é destruir-lhes todas as alegrias vividas, é alterar-lhes a condição de filhos queridos em órfãos asilados à guisa de pena e compaixão. 

Não devemos traumatizá-los, livrando-os do risco de perderem a oportunidade de aprendizado no hoje. André Luiz esclarece-nos quanto a este perigo: "Filhos adotivos, quando crescem ignorando a verdade, costumam trazer enormes complicações, principalmente quando ouvem esclarecimentos de outras pessoas". Identicamente ao que ocorre em relação aos nossos filhos biológicos, buscar o diálogo franco e sincero, com base no respeito mútuo, sob a luz da orientação cristã de conduta. Pais que conversam com os filhos fortalecem os laços afetivos, tornando a questão da adoção coisa secundária. 

Recebendo em nossa jornada terrena a oportunidade de ter em nosso lar um filho adotivo, guardemos no coração a certeza de que Jesus está nos confiando a responsabilidade sagrada de superar o próprio orgulho e vaidade, amando verdadeiramente e desinteressadamente a criatura de Deus confiada em trabalho de educação e amparo. E, ajudando-o a superar suas próprias mazelas, amanhã poderá retornar ao seio daqueles que o amam na posição de filho legítimo.


É CERTO A ADOÇÃO POR CASAIS HOMOSSEXUAIS?


Raul Teixeira responde: “O amor não tem sexo. 

Como é que podemos imaginar que o melhor para uma criança é ser criada na rua, ao relento, submetida a todo tipo de execração, a ser criada nutrida, abençoada por um lar de casal homossexual? 

Muita gente assevera que a criança corre riscos. 

Mas como? Nós estamos acompanhando as crianças correndo riscos nas casas de seus pais heterossexuais todos os dias. Outros afirmam que a criança criada por homossexuais poderá adotar a mesma postura, a mesma orientação sexual. O que também é falso. A massa de homossexuais do mundo advêm de lares heterossexuais. Então, teremos de concluir que são os casais heterossexuais que formam os homossexuais. Logo,não devemos entrar nessa discussão que é tola e preconceituosa. aquele que tem amor para dar que dê.”

Amemos nossos filhos, sem cogitar se nos vieram aos braços pela descendência física ou não, como encargo abençoado com que o Céu nos presenteia. Encerremos com Emmanuel:"Recorda que, em última instância, seja qual seja a nossa posição nas equipes familiares da Terra, somos, acima de tudo, filhos de Deus".


domingo, 9 de dezembro de 2018

Kardec esclarece: Influência Moral dos Médiuns, parte 5

(continuação)
É essa a pedra de toque das imaginações ardentes. Porque, levados pelo ardor das suas próprias idéias, pelos artifícios dos seus conhecimentos literários, os médiuns desprezam o ditado modesto de um Espírito prudente e, deixando a presa pela sombra, os substituem por uma paráfrase empolada. Contra esse temível escolho se chocam também as personalidades ambiciosas que, na falta das comunicações que os Espíritos bons lhe recusam, apresentam as suas próprias obras como sendo deles. Eis porque é necessário que os dirigentes de grupos sejam dotados de tato apurado e de rara sagacidade, para discernir as comunicações autênticas e ao mesmo tempo não ferir os que se deixam iludir.

Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos antigos provérbios. Não admitais, pois, o que não for para vós de evidência inegável. Ao aparecer uma nova opinião, por menos que vos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. O que a razão e o bom senso reprovam, rejeitai corajosamente. Mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma única mentira, uma única teoria falsa(11).

Com efeito, sobre essa teoria podereis edificar todo um sistema que desmoronaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento construído sobre a areia movediça. Entretanto, se rejeitais hoje certas verdades, porque não estão para vós clara e logicamente demonstradas, logo um fato chocante ou uma demonstração irrefutável virá vos afirmar a sua autenticidade.

Lembrai-vos, entretanto, ó espíritas! De que nada é impossível para Deus e para os Espíritos bons, senão a injustiça e a iniqüidade.

O Espiritismo já está hoje bastante divulgado entre os homens, e já moralizou suficientemente os adeptos sinceros da sua doutrina, para que os Espíritos não se vejam mais obrigados a utilizar maus instrumentos, médiuns imperfeitos. Se agora, portanto, um médium, seja qual for, por sua conduta ou seus costumes, por seu orgulho, por sua falta de amor e de caridade, der um motivo legítimo de suspeição, rejeitai, rejeitai as suas comunicações, porque há uma serpente oculta na relva. Eis a minha conclusão sobre a influência moral dos médiuns. – ERASTO.


Fonte: O Livro dos Médiuns

Kardec esclarece: Influência Moral dos Médiuns, parte 4

(continuação)
230. A instrução, sobre este assunto, nos foi dada por um Espírito de que já reproduzimos muitas comunicações:

Já o dissemos: os médiuns, como médiuns, exercem influência secundária nas comunicações dos Espíritos. Sua tarefa é a de uma máquina elétrica de transmissão telegráfica entre dois lugares distantes da Terra. Assim, quando queremos ditar uma comunicação, agimos sobre o médium como o telegrafista sobre o aparelho. Quer dizer, da mesma maneira que o tique do telégrafo vai traçando, a milhares de léguas, numa tira de papel, os sinais reprodutores do despacho, nós também nos comunicamos através das distâncias imensuráveis que separam o mundo visível do mundo invisível, o mundo imaterial do mundo encarnado, aquilo que desejamos vos ensinar por meio do aparelho mediúnico.

Mas, assim também como as influências atmosféricas freqüentemente atuam sobe as transmissões telegráficas e as perturbam, a influência moral do médium age algumas vezes sobre a transmissão dos nossos despachos de além túmulo e os perturbam, por que somos obrigados a fazê-los atravessar um meio contrário. Entretanto, na maioria das vezes essa influência é anulada pela nossa energia e a nossa vontade, e nenhuma perturbação se verifica. Com efeito, os ditados de elevado alcance filosófico, as comunicações de moralidade perfeita são transmitidas às vezes por médiuns pouco apropriados a essa função superior, enquanto de outro lado, comunicações pouco edificantes chegam às vezes por médiuns que se envergonham de lhes servir de condutores.(7)

De maneira geral, pode-se afirmar que os Espíritos similares se atraem, e que raramente os Espíritos das plêiades elevadas se comunicam por mal condutores, quando podem dispor de bons aparelhos mediúnicos, de bons médiuns, numa palavra.

Os médiuns levianos, pouco sérios, chamam, pois, os Espíritos da mesma natureza. É por isso que as suas comunicações se caracterizam pela banalidade,a frivolidade, as idéias truncadas e quase sempre muito heterodoxas, falando-se espiritualmente.(8) Certamente eles podem dizer e dizem às vezes boas coisas, mas é precisamente nesse caso que é preciso submetê-las a um exame severo e escrupuloso. Porque, no meio das boas coisas, certos Espíritos hipócritas insinuam com habilidade e calculada perfídia fatos imaginados, asserções mentirosas, como fim de enganar os ouvintes de boa fé.

Deve-se então eliminar sem piedade toda palavra e toda frase equívocas, conservando no ditado somente o que a lógica aprova ou o que a Doutrina já ensinou.

As comunicações dessa natureza só são perigosas para os espíritas que agem isolados, os grupos recentes ou pouco esclarecidos, porque, nas reuniões de adeptos mais adiantadas e experientes, é inútil a gralha de se adornar com penas de pavão, pois será sempre impiedosamente descoberta.(9)

Não falarei dos médiuns que se comprazem em solicitar e receber comunicações obscenas. Deixá-los que se comprazam na sociedade dos Espíritos cínicos. Aliás, as comunicações dessa espécie exigem por si mesmas a solidão e o isolamento. Não poderiam, em qualquer circunstância, senão provocar o desdém e a repugnância entre os membros de grupos filosóficos e sérios.

Mas onde a influência moral do médium se faz realmente sentir é quando este substitui pelas suas pessoas aquelas que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir. É ainda quando ele tira, da sua própria imaginação, as teorias fantásticas que ele mesmo julga, de boa fé, resultar de uma comunicação intuitiva. Nesse caso, há mil possibilidades contra uma de que isso não passe de reflexo do Espírito pessoal do médium.

Acontece mesmo este fato: a mão do médium se movimenta às vezes quase mecanicamente, impulsionada por um Espírito secundário e zombeteiro.(10)


Kardec esclarece: Influência Moral dos Médiuns, parte 3

(continuação)
228. Todas as imperfeições morais são portas abertas aos Espíritos maus, mas a que eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é essa a que menos a gente se confessa a si mesmo. O orgulho tem posto a perder numerosos médiuns dotados das mais belas faculdades, que, sem ele, seriam instrumentos excelentes e muito úteis.

Tornando-se presa de Espíritos mentirosos, suas faculdades foram primeiramente pervertidas, depois aniquiladas, e diversos se viram humilhados pelas mais amargas decepções.

O orgulho se manifesta, nos médiuns, por sinais inequívocos, para os quais é necessário chamar a atenção, porque é ele um dos elementos que mais devem despertar a desconfiança sobre a veracidade das suas comunicações. Começa por uma confiança cega na superioridade das comunicações recebidas e na infalibilidade do Espírito que as transmite. Disso resulta um certo desdém por tudo o que não procede deles, que julgam possuir o privilégio da verdade.(5)

O prestígio dos grandes nomes com que se enfeitam os Espíritos que se dizem seus protetores os deslumbra. E como o seu amor próprio sofreria se tivessem de se confessar enganados, repelem toda espécie de conselhos e até mesmo os evitam, afastando-se dos amigos e de quem quer que lhes possam abrir os olhos. Se concordarem em ouvir essas pessoas, não dão nenhuma importância às suas advertências, porque duvidar da superioridade do Espírito que os guia seria quase uma profanação.

Chocam-se com a menor discordância, com a mais leve observação crítica, e chegam às vezes a odiar até mesmo as pessoas que lhes prestam serviços.

Favorecendo esse isolamento provocado pelos Espíritos que não querem ter contraditores esses mesmos Espíritos tudo fazem para os entreter nas suas ilusões, levando-os ingenuamente a considerar os maiores absurdos como coisas sublimes.

Assim: confiança absoluta na superioridade das comunicações obtidas, desprezo pelas que não vierem por seu intermédio, consideração irrefletida pelos grandes nomes, rejeição de conselhos, repulsa a qualquer crítica, afastamento dos que podem dar opiniões desinteressadas, confiança na própria habilidade apesar da falta de experiência – são essas as características dos médiuns orgulhos.(6)

Necessário lembrar ainda que o orgulho é quase sempre excitado no médium pelos que dele se servem. Se possui faculdades um pouco além do comum, é procurado e elogiado, julgando-se indispensável e logo afetando ares de importância e desdém, quando presta o seu concurso. Já tivemos de lamentar, várias vezes, os elogios feitos a alguns médiuns, com a intenção de encorajá-los.

229. Ao lado desse quadro,vejamos o do médium verdadeiramente bom, em que se pode confiar.

Suponhamos, primeiro, uma facilidade de execução suficientemente grande para permitir que os Espíritos se comuniquem livremente, sem o embaraço de qualquer dificuldade material. Isso posto, o que mais importa considerar é a natureza dos Espíritos que o assistem habitualmente, e para tanto o que mais nos deve interessar não são os nomes, mas a linguagem. Jamais ele deve esquecer-se de que a simpatia que conseguir entre os Espíritos bons estará na razão dos esforços para afastar os maus. Convicto de que a sua faculdade é um dom que lhe foi concedido, para o bem, não se prevalecerá dela de maneira alguma, nem se atribuirá qualquer mérito por possuí-la. Recebe como uma graça às boas comunicações, devendo esforçar-se por merecê-las através da sua bondade, da sua benevolência e da sua modéstia. O primeiro se orgulha de suas relações com os Espíritos superiores; este se humilha, por se considerar sempre indigno desse favor.


Kardec esclarece: Influência Moral dos Médiuns, parte 2

(continuação)
10. Se ele simpatiza apenas com os bons Espíritos, como estes permitem que seja enganado? (2)

— Os Espíritos bons permitem que os melhores médiuns sejam às vezes enganados, para que exercitem o seu julgamento e aprendam a discernir o verdadeiro do falso. Além disso, por melhor que seja um médium, jamais é tão perfeito que não tenha um lado fraco, pelo qual possa ser atacado. Isso deve servir-lhe de lição. As comunicações falsas que recebe de quando em quando são advertências para evitar que se julgue infalível e se torne orgulhoso. Porque o médium que recebe as mais notáveis comunicações não pode se vangloriar mais do que o tocador de realejo, que basta virar a manivela do seu instrumento para obter belas árias.

11. Quais as condições necessárias para que a palavra dos Espíritos superiores nos chegue sem qualquer alteração?

— Desejar o bem e repelir o egoísmo e o orgulho: ambos são necessários.

12. Se a palavra dos Espíritos superiores só nos chega pura em condições tão difíceis, isso não é um obstáculo à propagação da verdade?

— Não, porque a luz chega sempre ao que a deseja receber. Aquele que deseja esclarecer-se deve fugir das trevas, e as trevas estão na impureza do coração. Os Espíritos que consideras como personificações do bem não atendem de boa vontade aos que têm o coração manchado de orgulho, de cupidez e falta de caridade. Que se livrem, pois, de toda a vaidade humana, os que desejam esclarecer-se, e humilhem a sua razão ante o poder infinito do Criador. Será essa a melhor prova de sua sinceridade. E todos podem cumprir essa condição.(3)

227. Se o médium, quanto à execução, é apenas um instrumento, no tocante à moral exerce grande influência. Porque o Espírito comunicante identifica-se com o Espírito do médium, e para essa identificação é necessário haver simpatia entre eles, e se assim podemos dizer, afinidade. (4)

A alma exerce sobre o Espírito comunicante uma espécie de atração ou de repulsão, segundo o grau de semelhança ou dessemelhança entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, de onde se segue que as qualidades morais do médium têm influência capital sobre a natureza dos Espíritos que se comunicam por seu intermédio.

Se o médium é de baixa moral, os Espíritos inferiores se agrupam em torno dele e estão sempre prontos a tomar o lugar dos bons Espíritos a que ele apelou. As qualidades que atraem de preferência os Espíritos bons são: a bondade, a benevolência, a simplicidade de coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, e sensualidade e todas as paixões pelas quais o homem se apega à matéria.


Kardec esclarece: Influência Moral dos Médiuns, parte 1



QUESTÕES DIVERSAS

DISSERTAÇÃO DE UM ESPÍRITO SOBRE A INFLUÊNCIA MORAL


226. 1. O desenvolvimento da mediunidade se processa na razão do desenvolvimento moral do médium?

— Não. A faculdade propriamente dita é orgânica, e portanto independente da moral. Mas já não acontece o mesmo com o seu uso, que pode ser bom ou mau, segundo as qualidades do médium.

2. Sempre se disse à mediunidade é um dom de Deus, uma graça, um favor divino. Porque, então, não é um privilégio dos homens de bem? E porque há criaturas indignas que a possuem no mais alto grau e a empregam no mau sentido?

— Todas as nossas faculdades são favores que devemos agradecer a Deus, pois há criaturas que não as possuem. Podias perguntar porque Deus concede boa visão a malfeitores, destreza aos larápios, eloqüência aos que só a utilizam para o mal. Acontece o mesmo com a mediunidade. Criaturas indignas a possuem porque dela necessitam mais do que as outras, para se melhorarem. Pensas que Deus recusa os meios de salvação dos culpados? Ele os multiplica nos seus passos, coloca-os nas suas próprias mãos. Cabe a eles aproveitá-los. Judas, o traidor, não fez milagres e não curou doentes, como apóstolo? Deus lhe permitiu esse dom para que mais odiosa lhe parecesse à traição.

3. Os médiuns que empregam mal as suas faculdades, que não as utilizam para o bem ou que não as aproveitam para a sua própria instrução, sofrerão as conseqüências disso?

— Se as usarem mal, serão duplamente punidos, pois perdem a oportunidade de aproveitar um meio a mais de se esclarecerem. Aquele que vê claramente e tropeça é mais censurável que o cego que cai na valeta.

4. Há médiuns que recebem comunicações espontâneas, quase freqüentemente, sobre um mesmo assunto, tratando de certas questões morais, por exemplo, relativas a determinados defeitos. Terá isso algum fim?

— Sim, e a finalidade é esclarecê-los a respeito do assunto constantemente repetido, ou corrigi-los de certos defeitos. É por isso que a uns os Espíritos falam sempre do orgulho, a outros da caridade, pois somente a insistência poderá por fim abrir-lhes os olhos. Não há médium empregando mal a sua faculdade, seja por ambição ou interesse, ou prejudicando-a por um defeito essencial, como o egoísmo, o orgulho, a leviandade, e que não receba de tempos em tempos alguma advertência dos Espíritos. O mal é que na maioria das vezes ele não a toma para si mesmo.


Observação de Kardec: Os Espíritos dão lições quase sempre com reserva, de maneira indireta, para deixarem maior mérito aos que as aproveitam. Mas são tais a cegueira e o orgulho de certas pessoas, que elas não reconhecem nas lições recebidas. E ainda mais: se o Espírito lhes dá a entender que se referem a elas, zangam-se e chamam o Espírito de mentiroso ou de atrevido. Bata isso para mostrar que o Espírito tem razão.

5. Ao receber lições de sentido geral, sem aplicação pessoal, o médium não age como instrumento passivo ao serviço da instrução dos outros?

— Quase sempre esses avisos e conselhos não são dirigidos a ele, mas a outras pessoas que só podemos atingir através da sua mediunidade. Mas ele também, se não estiver cego pelo amor próprio, deve tomar a sua parte. Não penses que a faculdade mediúnica seja dada apenas à correção de uma ou duas pessoas. Não. O objetivo é maior: trata-se da Humanidade. Um médium é um instrumento que, como indivíduo, importa muito pouco. Por isso, quando damos instruções de interesse geral, utilizamos os que nos oferecem as facilidades necessárias. Mas podes estar certo de que chegará o tempo em que os bons médiuns serão muito comuns, para que os Espíritos bons não precisem mais se servir de maus instrumentos.

6. Se as qualidades morais do médium afastam os Espíritos imperfeitos, porque um médium dotado de boas qualidades transmite respostas falsas ou grosseiras?

— Conheces todos os segredos da sua alma? Além disso, sem ser vicioso ele pode ser leviano e frívolo. E pode também necessitar de uma lição, para que se mantenha vigilante.

7. Por que os Espíritos superiores permitem que pessoas dotadas de grande mediunidade, e que poderiam fazer muito bem, se tornem instrumentos do erro?

— Eles procuram influenciá-las, mas quando elas se deixam arrastar por um mau caminho, não as impedem. É por isso que delas se servem com repugnância, porque a verdade não pode ser interpretada pela mentira.(1)

8. É absolutamente impossível receber boas comunicações por um médium imperfeito?

— Um médium imperfeito pode às vezes obter boas coisas, porque, se tem uma boa faculdade, os bons Espíritos podem servir-se dele na falta de outro, em determinada circunstância. Mas não o fazem sempre, pois quando encontram outro que melhor lhes convém, lhe dão preferência.


Observação de Kardec: Deve-se notar que os Espíritos, ao considerarem que um médium deixa de ser bem assistido, tornando-se, por suas imperfeições, presa de Espíritos enganadores, quase sempre provocam circunstâncias que revelam os seus defeitos e o afastam das pessoas sérias, bem intencionadas, de cuja boa fé poderiam abusar. Nesse caso, sejam quais forem as suas faculdades, nada se tem a lamentar.

9. Qual seria o médium que poderíamos considerar perfeito?

— Perfeito? É pena, mas bem sabes que não há perfeição sobre a Terra. Se não fosse assim, não estarias nela. Digamos antes bom médium, e já é muito, pois são raros. O médium perfeito seria aquele que os maus Espíritos jamais ousassem fazer uma tentativa de enganar. O melhor é o que, simpatizando com os bons Espíritos, tem sido enganado menos vezes.


Compliance e a cura

Por Marcus Vinicius de Azevedo Braga

Com o escândalo de Watergate na década de 1970 nos Estados Unidos, surgem as primeiras movimentações legislativas no sentido de se punir empresas que compactuassem com atos corruptos, o que redundou na Lei Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), promulgada em 1977, e de onde saíram diversas outras leis similares no mundo, como o The Bribery Act (2010) na Inglaterra e a brasileira Lei nº 12.846/2013, também conhecida como Lei Anticorrupção.

Essas leis se fundamentam não somente na punição de empresas corruptoras, mas na promoção do Compliance, ou seja, no fomento para que as organizações empresariais tenham mecanismos próprios que deem conta do risco de seus funcionários se envolverem em práticas corruptas na relação com os órgãos governamentais, o que traria prejuízos de imagem da empresa e a punição pela lei (multa).

Assim, Compliance é uma estratégia das empresas não só de reconhecer a existência e a possibilidade destas, por meio de seus prepostos, participarem de atos corruptos nas relações com os governos, mas também para criar medidas preventivas que deem conta dessas situações, mitigando o risco dessa ocorrência e as suas consequentes perdas.

Apesar de ser um assunto em voga, de que forma ele se encontra com a prática do movimento espírita? Simples. Pegaremos um exemplo comum no cotidiano das casas espíritas, as reuniões de cura, de todas as espécies e tipos, magnetização, receitas, cromoterapia etc. Concordando ou não, esta é uma realidade cotidiana e nelas a casa recebe diversas pessoas de fora, algumas desenganadas e desesperadas, na busca da cura corporal.

Ainda que de modo geral as casas sérias se pautem pela máxima evangélica do “dai de graça o que de graça recebestes”, se existem várias pessoas envolvidas, existem riscos. E pela ótica do Compliance, qual o risco que se apresenta? O risco de algum colaborador, movido por oportunismo ou pela ganância, cobrar por locais na fila, por tratamentos especiais ou ainda, por coisas que são oferecidas gratuitamente, como a agua fluidificada. Muitas vezes explorando o desespero dos pacientes.

Esse é um risco real, o que leva as casas a adotar medidas de Compliance interessantes, tais como munir seus colaboradores de crachás, tornar as regras de atendimento públicas no sítio na internet e ainda, espalhar cartazes indicando que nenhum colaborador é autorizado a cobrar nada, pois o serviço é gratuito.

Esse exemplo da atividade de cura pode se expandir para outras práticas da seara espirita, como a atividade assistencial, que pode ser, em épocas de eleição, objeto de captura de interesses locais. Ou ainda, nas palestras públicas, nas quais se deve evitar a divulgação de serviços prestados pelo orador na sua vida profissional. A cantina, as mensalidades dos mantenedores, com o balanço sempre visível aos frequentadores, cultivando a transparência. Coisas simples, mas essenciais.

A boa imagem do espiritismo e das casas no qual ele é praticado depende de pequenas coisas, de enxergarmos alguns riscos, típicos da natureza humana e de adotarmos medidas para mitigá-los. Sim, aplicamos o Compliance à casa espírita, como local de relações humanas e que podem sim ser subvertidas, em especial no trato de coisas de alto valor percebido, como dinheiro e a cura, com prejuízos espirituais não somente aos agentes que praticam, mas também a toda uma comunidade que naquela casa trabalha a sua espiritualidade.


FEB esclarece sobre atuação de médiuns curadores

A Doutrina Espírita atua com o trabalho de caridade material e espiritual desinteressada, sem nenhum propósito a não ser o de auxiliar os necessitados.

“Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: Dai de graça o que de graça recebestes” (O evangelho segundo o Espiritismo, cap. 26).

O Espiritismo orienta que o serviço espiritual não deve ocorrer isoladamente, apenas com a presença do médium e da pessoa assistida. Não recomenda, portanto, a atividade de médiuns que atuem em trabalho individual, por conta própria. Estes não estão vinculados ao Movimento Espírita, nem seguindo sua orientação.

A Federação Espírita Brasileira, junto ao Movimento Espírita, fundamentada na tríade Deus, Cristo e Caridade, pratica o bem, levando consolo e esclarecimento à humanidade.

“Não é a mediunidade que te distingue. É aquilo que fazes dela”. (Emmanuel, em Seara dos Médiuns, cap. 12, psicografado por Chico Xavier).


terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Chico e a reencarnação