sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Acervo Espírita



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terça-feira, 6 de agosto de 2013

A rede do Cordeiro

MARCUS VINICIUS DE AZEVEDO BRAGA
acervobraga@gmail.com

Brasília, DF (Brasil)  
   



 
Após assistir ao excelente filme “E a vida continua”, inspirado na obra homônima de André Luiz, na psicografia de Chico Xavier, fiquei a refletir nas intensas relações entre as pessoas no decorrer das sucessivas encarnações. Alternando-se em papéis, construindo e desconstruindo relações, as famílias espirituais descritas em “O Evangelho segundo o Espiritismo” seguem sua jornada, agregando relações com outras famílias espirituais.
Lembrei-me do experimento do pesquisador romeno Jacob Moreno que, observando crianças no parquinho, mapeou as redes de relações entre estas, identificando as redes existentes e o papel de cada criança nelas, fortalecendo a visão matricial das relações humanas e as pequenas redes dentro de uma rede maior, bem como, ainda, as comunicações existentes.
A nossa evolução não se dá em uma linha, se dá em uma rede. Sim, ainda que a responsabilidade seja individual, a evolução só se dá no coletivo, nas relações com os outros Espíritos. Se assim não fosse, evoluiríamos à feição dos eremitas nas cavernas, apenas meditando e estudando. Por isso, o processo evolutivo nos convida a nascer de outros dois seres humanos e ali formarmos a nossa primeira rede, que tem reflexos em uma rede maior, da nossa família espiritual.
O que caracteriza uma rede é a interdependência de seus membros dentro de um mesmo contexto, onde cada um desempenha um papel que se referencia no papel dos outros, compondo um conjunto de forças na condução de uma tarefa, em arranjos cooperativos e competitivos, com hierarquia ou não.
A rede deve ser regada, para ser forte. As relações devem ser valorizadas, com diálogo e interação, com vontade de estar e permanecer na rede. Não é a rede o Facebook ou outra rede social. Esses aplicativos são reflexos de relações que construímos e fortalecemos: a rede que trazemos da escola, da rua, do trabalho e, como apresentado bem no drama psicografado por Chico Xavier, a rede estampada na fieira das nossas encarnações, embasada na máxima de que nada acontece por acaso.
Assim, conglomerados de Espíritos, relacionados em pequenas redes, se agrupam na Terra e no plano espiritual, formando todos uma rede maior, a rede do Cordeiro. Sim, a espiritualidade superior, aqui representada por Jesus, supervisiona as relações dessas redes para que elas sejam produtivas e possibilitem o crescimento espiritual de seus integrantes. Estar em rede não é estar estacionado, e sim estar crescendo dentro de um mesmo grupo, entre provas e expiações.
Por isso, é importante identificarmos a nossa rede de relações e por que estamos ali, ligados àquele grupo de pessoas. A rede terrena nos oferece tarefas em conjunto, de resgate, aprendizado e crescimento espiritual. Da mesma forma, sentimos diariamente a interação com a rede de companheiros espirituais que nos cercam, unidos alguns por laços de amor e outros de ódio, mas sempre de afinidade. São relações do mundo de cá e de lá que nos impulsionam, lembrando a nossa vontade de crescer, nesse planetinha azul chamado Terra.
Cabe-nos verificar, então, se estamos ajustados à nossa rede, criando e construindo um caminho de luz, antenados com as orientações do gerente maior desta, o Cordeiro, ou se estamos dissonantes, olhando apenas para os nossos problemas, isolados na periferia da rede, necessitando enxergar o mundo que nos cerca.   


          

sábado, 3 de agosto de 2013

O Deus da Polinésia


MARCUS VINICIUS DE AZEVEDO BRAGA
acervobraga@gmail.com
Brasília, DF (Brasil) 



O humor em toda a história da humanidade teve como propriedade romper estruturas, questionar poderes e permitir ao homem por vezes rir da sua própria tragédia, de suas situações ridículas, típicas da natureza humana, viajor da estrada da evolução. Rir para refletir, refletir para contestar e contestar para agir!
O contexto atual não é diferente. A internet tem servido de canal para mensagens, vídeos e situações engraçadas, algumas replicadas em programas televisivos. Dessas, se destaca recentemente pela sua audiência o “Porta dos Fundos”, que nos fornecerá por meio de um de seus vídeos, contando na data de confecção desse artigo, com mais de 4,5 milhões de visualizações, uma profunda reflexão no campo religioso.
 O vídeo a que me refiro, intitulado “Deus”, mostra em seus quase quatro minutos a história de uma jovem que ao desencarnar descobre que o céu correto era aquele suportado por uma doutrina de povos tribais da Polinésia, ilhas retiradas no Oceano Pacífico. Ou seja, que o Deus certo a se acreditar era o “Deus da Polinésia” e, como ela escolheu o Deus errado, estava fadada a perdição no fogo do inferno, por não ter se filiado à escola religiosa correta.  Assim, a jovem incauta descobre, ante a pilhéria de um caracterizado Deus polinésio, que o fato dela ter seguido os ritos de sua religião, como ir à missa semanalmente, não foram úteis na sua salvação.
Piadas a parte, rimos do absurdo que não é tão irreal assim. A ideia de um Deus certo, de um povo eleito, como caminho exclusivo da salvação, permeia a teologia de crenças predominantes no globo terrestre e comparece de forma incidente em discursos e textos, onde achamos normal tudo isso, rindo ao mesmo tempo do Deus da Polinésia. Afinal, os polinésios são tão primitivos... E pior, essa ideia vincula a crença e a salvação a práticas exteriores, a filiação a grupos, subordinando a divindade a agremiações humanas ou, ainda, a adesão a determinadas ideias.

A dramaturgia portuguesa da era de Cabral, no texto teatral do “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente, já indicava ao Sapateiro que pergunta ao diabo no momento pós-morte: “Quantas missas eu ouvi, não non hão elas de prestar?”, eis que recebe como resposta: “Ouvir missa, então roubar, é caminho per'aqui”. Sempre perturbou a humanidade, em seus conceitos mais naturalistas de justiça, a ideia de que apenas algum povo nesse “mundão de meu Deus” possuísse a chave da salvação e que o bem proceder não lhe adiantasse de nada. Porém, a religião sempre extrapolou os papeis de ligação com a divindade, servindo de instrumento de poder e de dominação.
Entre as lutas pelo poder terreno e as disputas econômicas, serviu a religião como elemento ideológico que motivou (e motiva) guerras, dissensões, atentados, opressões e toda ordem de ações contra a humanidade, pela promessa da salvação e pelo medo da perdição. Discursos e jogos de palavras, doutrinas e hábitos que formam a identidade de grupos, prometendo a seus membros o paraíso diante das agruras da vida terrestre, tornando a todos obedientes e mantendo a razão distante, isolada lá nos rincões da Polinésia.
Jesus, nesse sentido, foi revolucionário. Ele colocou a chave da vida em amar ao próximo como a si mesmo. Kardec, estudando as palavras do Mestre, indicou de forma ampla que fora da caridade não há salvação. Fórmulas que se aplicam a qualquer tempo, a qualquer local e a qualquer pessoa, independente de crenças, de dogmas, de rituais ou de filiação a grupos. Amar, simplesmente, como se isso fosse de alguma forma simples. E a religião, esta tem nesse contexto um relevante papel de agregar valor à nossa capacidade de amar, para que sejamos reconhecidos como discípulos do mestre por essa característica. O que fugir disso é acessório, longe do essencial que é invisível aos olhos.
Como assevera também Kardec n’ O Evangelho segundo o Espiritismo, a ideia do “Fora da caridade” se assenta num princípio universal e abre a todos os filhos de Deus acesso à suprema felicidade. Reflete assim a visão de um Deus justo, bom, pai de todos, sem predileções ou povos eleitos. Podemos acrescentar que a visão de evolução e de vida após a morte é uma decorrência da nossa visão de Deus, e o Espiritismo, de forma coerente, assim se posiciona. Deuses vingativos, com preferências, defensores de determinados grupos, em um arremedo de antropomorfismo, decantam em teologias salvacionistas e segregacionistas, enxergando irmãos e não-irmãos.
Assim, como espíritas temos nessa singela peça de humor disposta na internet uma oportunidade ímpar de reflexão, sobre o que trazemos na nossa consciência em relação ao que realmente importa na vida ou se descansamos em berço esplêndido na prática religiosa morna, que iria nos garantir o acesso às benesses do paraíso. Esquecemos, por vezes, que o Espiritismo nos coloca que a vida é trabalho em ambos os planos da vida e que a criatura constrói seu processo de evolução, no tempo e ritmo definidos pelo seu esforço e pela sua vontade. No Espiritismo, há céu para todos, mas há também inferno, quando alojamos em nós os caminhos para esses estados de espírito.
A filiação à casa espírita, a prática das atividades doutrinárias, tudo isso não nos faz diferentes ou melhores que ninguém; nos faz melhores que nós éramos, se interiorizarmos aqueles ensinamentos. Não temos privilégios e temos amparo, como tem apoio da espiritualidade nossos irmãos da Europa, da África e, também, da Polinésia. Assim, nossa religião não nos garante a salvação, mas se apresenta como uma das ferramentas de apoio à nossa evolução como encarnados, assim como são as outras religiões ou, ainda, a família, a escola e tantas outras oportunidades que surgem.
Difícil pensar assim... Afinal, nos esforçamos, vamos à casa espírita toda semana, tomamos o passe, bebemos a água fluída. E ainda assim, nada nos garante. Garante-nos, ainda tomando emprestado o pensamento kardequiano, o esforço por uma conduta reta e se tudo isso – água, passe, reunião – não contribuir para o projeto maior do “Homem de bem”, voltaremos às antigas fórmulas de sepulcros caiados, das quais já fomos advertidos há mais de dois milênios pelo meigo nazareno. O Espiritismo traz um novo paradigma religioso, e não apenas uma transposição de práticas de outras religiões, com outros nomes.
Por isso tudo, achamos graça do Deus da Polinésia, de suas exigências ridículas para garantir o acesso ao paraíso. Achamos graça da forma que nós vemos Deus, que não é muito distante da divindade pintada pela genialidade dessa peça humorística, mas que, se observada com os “olhos de ver”, pode nos trazer uma reflexão, que, de cômica, passa a ser perturbadora, de que a senda da evolução é complexa e que demanda de nós muito mais que fórmulas exteriores, em um compromisso nosso com a divindade, forjado no momento de nossa criação.

'Egoísmo poderia ter extinguido seres humanos', diz pesquisa







A evolução não favorece às pessoas egoístas, segundo uma nova pesquisa realizada por cientistas americanos. O resultado contraria uma teoria anterior que sugeria ser melhor tomar decisões favorecendo a si mesmo. Ao contrário disso, o novo estudo afirma que ser cooperativo traz vantagens sobre o egoísmo.
Divulgado pela publicação científica Nature Communications, o estudo concluiu que se todos preferissem exercer ações egoístas os seres humanos poderiam ter sido extintos.
Para conduzir a pesquisa, os cientistas usaram uma teoria que envolve a simulação de situações de conflito ou de cooperação. Ela também permite desvendar estratégias de tomadas de decisão complexas e estabelecer porque certos tipos de comportamento surgem entre os indivíduos.
Dilema do prisoneiro
O estudo, realizado por uma equipe da Michigan State University, nos Estados Unidos, usou como modelo o chamado "jogo do dilema do prisioneiro", onde dois suspeitos são interrogados em celas separadas e devem decidir se delatam um ao outro ou se preferem se calar.
Nesse modelo, um acordo de liberdade é oferecido a cada prisioneiro se eles decidirem denunciar o outro. A liberdade só é alcançada por aquele que denuncia, desde que o outro oponente decida ficar calado, o que leva este último a ser punido com seis meses de prisão.
Se ambos os prisioneiros denunciam um ao outro, os dois pegam três meses de prisão - delação. No caso dos dois decidirem ficar em silêncio juntos - cooperação - eles ficariam apenas um mês na prisão.
O importante teórico matemático John Nash demonstrou, nesse modelo, que a tendência mais observada era a de não cooperar.
"Por muitos anos, as pessoas se questionaram se Nash estava certo. Por exemplo: por que vemos cooperação no reino animal, no mundo dos micróbios e até mesmo dos humanos?", diz o autor da pesquisa, Christoph Adami, da Michigan State University, que começou a questionar o conceito de Nash.
A resposta
A resposta, afirma Adami, é de que a comunicação entre os indíviduos do "jogo do dilema do prisioneiro" nunca havia sido levada em consideração.
"A teoria parte do pressuposto de que os dois prisioneiros interrogados não podem falar entre si. Caso isso acontecesse, eles fariam um pacto e ganhariam a liberdade em um mês. Mas, proibidos de conversar, a tentação é de que haja uma delação, de um ou de outro", diz o cientista.
"Agir de má fé pode dar uma vantagem competitiva a curto prazo mas certamente não a longo prazo. E, inevitavelmente, levaria à extinção da nossa espécie".
Essas últimas descobertas contradizem um estudo realizado em 2012. A pesquisa revelou que os egoístas apresentariam uma vantagem frente aos que prezassem pela cooperação.
O resultado foi batizado como a estratégia "egoísta e de má fé" e dependeria de que o participante soubesse da decisão prévia de seu adversário, ao que adaptaria sua estratégia de acordo com esse conhecimento.
Crucialmente, em um ambiente evolucionário, conhecer a decisão de seu adversário poderia não se tornar uma vantagem a longo prazo, porque o oponente poderia desenvolver o mesmo mecanismo de reconhecimento que o seu, explicou Adami.
Essa foi exatamente a conclusão a que a equipe chegou. Para obter tal resultado, eles usaram um poderoso modelo de computador para realizar centenas de milhares de combinações, simulando um simples intercâmbio de ações que, no entanto, levou em conta uma comunicação prévia entre os "usuários".
"Nós criamos um modelo no computador para coisas muito generalistas, notadamente decisões entre dois tipos de comportamentos. Nós as chamamos de cooperação e deserção. Mas no mundo animal há todos os tipos de comportamentos que são binários (com apenas duas opções), por exemplo, fugir ou combater", afirmou Adami à BBC News.
"É como se tivéssemos uma corrida armamentista durante a Guerra Fria - mas essas corridas armamentistas ocorrem todo o tempo na biologia evolutiva".
Darwin
O professor Andrew Coleman da Universidade de Leicester, no Reino Unido, disse que o novo trabalho "freia interpretações com excesso de zelo" da estratégia prévia, que propôs o avanço de padrões egoístas e manipuladores.
"Darwin ficou intrigado com o que observou na natureza. Ele se atinha particularmente aos insetos e seu modelo de cooperação", explicou.
"Pode-se pensar que a seleção natural poderia favorecer indivíduos que são exploradores e egoístas, mas, na verdade, nós sabemos agora, depois de décadas de pesquisa, que essa é uma visão simplista das coisas, especialmente se o "gene egoísta" da evolução for levado em consideração".
"Explico-me: não são os indivíduos que têm de sobreviver, mas sim seus genes. Os genes só usam os organismos - de animais ou de humanos - como veículos de propagação. "Os 'genes egoístas' se beneficiam, portanto, de organismos que cooperam entre si", conclui.





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