terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O sono e os sonhos


por Marta Antunes de Moura

Categorizados por Allan Kardec como fenômenos de emancipação da alma, o sono e os sonhos são indicativos de que o Espírito encarnado nunca está inativo, ainda que mantido ligado ao corpo físico pelo perispírito:

Durante o sono, apenas o corpo repousa, pois o Espírito não dorme; aproveita-se do repouso do corpo e dos momentos em que a sua presença não é necessária para atuar isoladamente e ir aonde quiser, no gozo então da sua liberdade e da plenitude das suas faculdades. Durante a encarnação, o Espírito jamais se acha separado completamente do corpo; qualquer que seja a distância a que se transporte, conserva-se preso sempre ao corpo físico por um laço fluídico , que serve para lembrá-lo de retornar a este, desde que a sua presença ali se torne necessária. Somente a morte rompe esse laço.[1]

O resultado imediato do sono é o sonho, conceituado pelos orientadores da Codificação Espírita como “(…) a lembrança do que o vosso Espírito viu durante o sono. Notais, porém, que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais do que vistes ou de tudo o que vistes. (…).”[2]

Todas as pessoas sonham, uma vez que o Espírito continua em plena atividade enquanto o corpo físico dorme. Apenas não se recordam dos acontecimentos ocorridos na outra dimensão da vida: “(…) como o corpo é matéria pesada e grosseira, dificilmente conserva as impressões que o Espírito recebeu, já que tais impressões não chegaram ao Espírito por meio dos órgãos do corpo.”[3]

A relativa liberdade adquirida pelo Espírito encarnado durante o sono apresenta, contudo, algumas características que merecem ser assinaladas.

Ampliação das faculdades psíquicas: “ (…) Sabei que, quando o corpo repousa, o Espírito tem mas faculdades do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro. Adquire mais poder (…).”[4]

Os sonhos são efeito da emancipação da alma, que se torna mais independente pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de clarividência indefinida, que se estende aos lugares mais distantes ou que jamais viu (…).[5]

O sono é treino para a desencarnação: “O sono liberta a alma parcialmente do corpo. Quando dorme, o homem se acha momentaneamente no estado em que ficará de forma definitiva depois da morte. (…).”[6]

O sono viabiliza o encontro com entes queridos e com os bons Espíritos

Por efeito do sono, os Espíritos estão sempre em relação com o mundos dos Espíritos (…) O sono é a porta que Deus lhes abriu para entrarem em contato com seus amigos do Céu; é o recreio depois do trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a libertação final, que os restituirá ao meio que lhes é próprio.[7]

O sono possibilita oportunidades de progresso espiritual: “(…) quando dormem, vão para junto dos seres que lhes são superiores; viajam, conversam, conversam e se instruem com eles. Trabalham mesmo em obras que encontram prontas ao morrerem. (…).”[8]

Pelo sono os Espíritos imperfeitos buscam os seus afins, a eles se integrando

[Os Espíritos](…) vão, enquanto dormem, ou a mundos inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de prazeres talvez ainda mais baixos do que os que têm aqui; vão beber doutrinas ainda mais vir, mais ignóbeis, mais nocivas do que as que professam entre vós. E o que gera a simpatia na Terra não é outra coisa senão o fato de sentir-se o homem, ao despertar, ligado pelo coração àqueles com quem acaba de passar oito ou nove horas de felicidade ou de prazer. O que também explica essas antipatias invencíveis é o fato de sentirmos intimamente que essas pessoas têm uma consciência diversa da nossa, porque as conhecemos sem nunca as termos visto com os olhos. É também o que explica a indiferença de muitos homens, que não procuram conquistar novos amigos, por saberem que há outros que os amam e os querem. Numa palavra: o sono influi mais do que pensais na vossa vida.[9]

À medida que a pessoa desenvolve a capacidade de lembrar-se dos sonhos — há orientações médicas e psicológicas a respeito —, os sonhos se tornam mais nítidos. Surgem, então, com frequência cada vez maior, os chamados sonhos espíritas, assim denominados pela lucidez e coerência das lembranças. Esta situação é de grande valia para o encarnado, auxiliando-o em seu progresso espiritual.

Os avisos por meio dos sonhos desempenham grande papel nos livros sagrados de todas as religiões. (…) É com frequência a ocasião que os Espíritos protetores aproveitam para se manifestar a seus protegidos e lhes dar conselhos mais diretos. São numerosos os exemplos autênticos de avisos por sonhos; porém, não se deve concluir daí que todos os sonhos são avisos, nem, ainda menos, que tudo o que vê em sonho tem uma significação qualquer. Deve-se incluir a arte de interpretar os sonhos no rol das crenças supersticiosas e absurdas.[10]

Referência Bibliográfica 

[1]. KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. Pt. 1, cão. IV, it. 24, pág. 74/75.
[2]. _____. O Livro dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 4ª ed. 1ª imp. Questão 401, pág. 209. Brasília: FEB Editora, 2013.
[3]. ____. Questão 403, pág. 210.
[4]. ____. Questão 402, pág. 207.
[5]. ____. Pág. 209.
[6]. ____. Pág. 208.
[7]. ____. Pág. 209.
[8]. ____. Obras Póstumas. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. Pt. 1, cap. IV, it. 24, pág. 75.
[9]. ____. Pág. 75/76.
[10]. ____. A Gênese. Os Milagres e as predições. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. Cap. XV, it. 3, pág.265.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

A Reencarnação



"A questão da vida após a morte está intrinsecamente ligada ao amor, porque só vale o sacrifício por amor se há o contínuo da vida... A reencarnação é um produto do amor." Dr. Sérgio Felipe.

Fonte: Pozati Filmes, via Fraternidade Espírita Cristo Consolador.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Puxão de orelha dos espíritos


Francisco, estudioso da Doutrina Espírita, palestrante, praticamente criado no centro, passava por um período conturbado em sua vida, daqueles que todos nós vivenciamos, nas quebradas da reencarnação.

Saudades de um parente desencarnado, problemas no ambiente profissional, arrependimento por posturas adotadas, confusão diante das decisões... Aquela nuvem negra pairava sobre a cabeça de Francisco, que andava para lá de atormentado.

Amigo do trabalho indicou a Francisco uma dita casa espiritualista, na qual os médiuns, incorporados, davam consultas aos visitantes. Disse lá ser muito bom e que com certeza encontraria a ajuda que buscava.

Meio ressabiado, Francisco tomou o rumo do templo indicado no dia agendado, é lá se juntou à fila de consulentes. Na vez anterior à sua, o espírito, com o linguajar apropriado daquela circunstância, orientava uma mulher que havia sido abandonada pelo marido. Na vez de Francisco, curiosamente, o espírito manifestante deixou de lado o linguajar típico e de forma sutil perguntou o que ele fazia ali, no mais puro vernáculo.

Francisco, meio envergonhado, narrou suas angustias e o espírito, de maneira firme e afetuosa, informa-o que ele já detinha os elementos necessários à superação daquela situação, recomendando que ele lesse determinado capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo e que não descuidasse da prece e da vigilância dos pensamentos.

Nosso consulente sorriu para o espírito, percebendo o puxão de orelha fraterno, agradeceu a orientação e seguiu reflexivo, com disposições renovadas para a mudança de atitudes.

André Luiz, na obra Agenda Cristã, psicografia de Chico Xavier, afirma que “Não viva pedindo orientação espiritual, indefinidamente. Se você já possui duas semanas de conhecimento cristão, sabe, à saciedade, o que fazer”. Gandhi, conforme obra de Humberto Rohden, dizia que “(...) se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido”. Os caminhos evolutivos são simples na teoria e complexos na prática.

Conselhos diretivos provocam mudanças, mas o primado é da reflexão. Ignoramos o tesouro que trazemos, nos conhecimentos libertadores da Doutrina Espírita, um manancial que esclarece, consola, orienta e que nos dá base segura para prosseguir. Não é adorno, é ferramenta de evolução, colete salva-vidas nas situações difíceis, farol nas nossas decisões, chave libertadora dos medos.

A prática espírita nos apresenta ferramentas que trazem autonomia ao religioso, como o estudo que fomenta a reflexão, a prática que abranda o coração e a reunião mediúnica de socorro aos espíritos sofredores, que nos trazem uma percepção produtiva do fenômeno mediúnico.

Faz-se necessário reconhecer a dádiva do espiritismo vivo e praticado e de como ele pode servir de instrumento para a nossa encarnação. Fórmulas mágicas, atalhos, rituais, simbolismos, elementos naturais do espírito encarnado e que nos ajudam a nos encontrar, mas que podem nos escravizar a forma. A tática espírita vem munida da reflexão vinculada à prática e tem um caráter libertador, que nos possibilita prosseguir, a passos firmes.

Cada credo, cada segmento trabalha a espiritualidade dos seus, de acordo com a cultura, com a afinidade, a história e o seu grau de entendimento. A doutrina espírita apresenta um caminho, por nós escolhido, que também possui os elementos necessários para a nossa libertação espiritual, nos possibilitando avançar sem muletas.

Quem nunca tomou seu puxão de orelha? Quem nunca esperou uma palavra mais diretiva dos espíritos? O convite posto é a caminhada e o espiritismo é um dos caminhos nos permite isso de maneira autônoma, consciente, em um desafio da nossa tarefa de evolução, que aceitamos pouco a pouco, a cada dia.


Amar sem apego


 Por Marcus Vinicius de Azevedo Braga

Amar é bom... Fundamental como potencialidade humana e fonte de felicidade. Amar é a Lei, dito por Jesus no “amai-vos uns aos outros” e reforçado por Kardec no “Fora da caridade...” O amor é a força que alimenta o universo, que nos faz mais, que nos permite acreditar no melhor.

Mas é preciso saber amar. Independente das formas de amor, aquela mais individualizada do amor romântico, ou aquela mais universalizante, mais fraternal do chamado ágape, o amor, em todos os momentos da vida, da infância à melhor idade, necessita se precaver de um outro fator de deterioração: o apego.

Parece contraditório que o amor, pautado na união, na vontade de se estar junto e se querer o bem, possa ser desvirtuado pela questão do excesso de aproximação. O apego transita pela dependência, descambando para o ciúme e para a dominação, fazendo do amor as vezes uma fixação, descolada da realidade. Contamina o amor por torná-lo algo escravizante, o que rompe a visão emancipatória deste sentimento.

Muitos crimes que estampam páginas policiais derivam de um amor dominado pelo apego. Muita dor e sofrimento se faz em nome desse amor.

O amor verdadeiro é saudável, produtivo, traz o bem, em todos os sentidos. É libertador! Quem ama não mata! O amor nos faz não precisar dos outros de forma inconteste, mas sim nos sentirmos fortes justamente por amarmos. O amor nos faz humanos e ainda, nos permite ver a essência humana em cada espírito encarnado, nos ligando por uma tênue energia de interdependência, que é algo muito maior que a dependência.

Não digo que é fácil amar com desapego. É um desafio... A morte, o afastamento compulsório, a doença... São provas que nos levam a experimentar em que medida nosso amor está apartado do apego. Não reputo como simples ser desapegado, amando, mas percebo ser um objetivo a trilhar, para que possamos nos libertar das amarras, transcendendo as questões transitórias da posse.

Como amar uma pessoa sem amar o mundo? Como amar o mundo sem ter amado uma pessoa? Amar é um estado íntimo que modifica a nossa visão da existência, nos motiva a sacrifícios, nos fazendo avançar no sentido espiritual. Distantes estamos, nesse planetinha de provas e expiações, de saber o real sentido dessa palavra, mas certamente sua essência não se liga ao apego, ao medo da perda e do abandono.

Como dizia Paulo de Tarso, na Primeira Epístola aos Coríntios: “O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. O Amor nunca falha”. Palavras que devemos trazer no coração quando abandonados, livre ou compulsoriamente, pelo amor das nossas vidas, mas que devemos lembrar também quando experimentamos a plenitude do amar, recordando da natureza real desse sentimento.

Apegados ao objeto do amor, não permitimos que ele cresça, que ele se torne ele. Mas, ao mesmo tempo, o afastamento, a distância não faz bem ao amor. Tênue equilíbrio entre se estar junto e se permitir que o outro cresça me parece ser um dos fundamentos do amor sem apego. Um exercício constante, construído no cotidiano, de quem não se furta a essa maravilhosa experiência que é amar.

Concluímos com a fala do psicanalista Erich Fromm, espírito sensato, que ao escrever sua obra magistral, A Arte de amar, indica que o amor infantil segue o princípio: “Amo porque sou amado”, e o amor amadurecido se pauta pelo: “Sou amado porque amo”. Da mesma forma, o amor imaturo diz: “Amo-te porque necessito de ti”, e o amor maduro pensa: “Necessito de ti porque te amo”. Um amor maduro, que sobrevive as intempéries, busca, na medida do possível, se desapegar, sem estar longe. Pois sabe que o amor está ali, fora e dentro do seu coração.


Se liguem nessa


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

O Melindre na Casa Espírita



Por Rafaela Paes

Todos os círculos da vida humana onde se convive com pessoas sofrem com peculiaridades que nascem do orgulho e do egoísmo de seus participantes. Não seria diferente na Casa Espírita nossa de cada dia.

Os dicionários trazem a definição de melindre como sendo a delicadeza no trato, cuidado para não magoar ou ofender por meio de palavras ou obras. Entretanto, no dia-a-dia, esse significado varia em decorrência de quem o visualiza. Se quem o olha é aquele que provocou o melindre, conceitua-o como uma suscetibilidade exagerada; já se for aquele que se melindrou, a definição incorre no sentimento de uma justa indignação, de uma injustiça e de autopiedade.

Não, o presente artigo não é um meio para tecer críticas às Casas Espíritas nem aos seus trabalhadores, mas apenas um alerta: Abel Glaser, pelo Espírito Cairbar Schutel, no livro “Fundamentos da Reforma Íntima”, demonstram que o egoísmo e o orgulho são as bases de todas as imperfeições do ser humano. Representam o princípio elementar de toda doença sentimental, emocional e psicológica. São fontes dos males que abraçam a humanidade.

E como o melindre se faz presente na Casa Espírita? Exemplifica Francisco Aranda Gabilan, no artigo “Melindre: A Síndrome do Orgulho Ferido" que: É o médium que não se conforma com a análise direta feita por companheiros estudiosos, quando ele, ao receber os Espíritos, bate os pés, as mãos, fala alto demais, repetitivamente, com linguagem às vezes inadequada, etc. Melindra-se e não aceita as observações e conselhos, retirando-se do trabalho ou isolando-se na crítica à Casa e seus dirigentes. É o expositor que não cumpre os horários, nem o programa, que desvia sempre do assunto da palestra ou da aula, descambando para análises outras, não raro pessoais ou sem importância doutrinária, e que não aceita as recomendações da direção de manter-se fiel ao programa ou à conduta em classe ou na tribuna, melindrando-se com facilidade, afirmando que “nessa etapa da vida” não está mais para ouvir críticas “especialmente de quem sabe menor e é muito mais moço”... É o dirigente de área da Casa que se julga autossuficiente em tudo e não aceita conselhos e recomendações para melhoria do setor, ameaçando retirar-se, entregar o cargo, exigindo se promova reunião de Diretoria para ouvir suas reclamações. É o diretor que tem sua proposição refugada e se sente desprestigiado, desaparecendo das reuniões e das assembleias. E até mesmo o doador de donativos, cujo nome foi omitido nos agradecimentos, magoando-se e fugindo a novas colaborações”.

São muitas as situações dentro da Casa Espírita que podem suscitar o melindre. Na maior parte das vezes, ela nasce da divergência de opiniões, dos nãos que se recebe ou se dá... É orgulho... É egoísmo. Mais uma vez Cairbar Schutel, no livro citado anteriormente, demonstra que:

“Outro ponto fundamental para a renovação do âmago é cada um controlar com isenção de ânimo o natural desequilíbrio que rege as relações humanas. O homem é um ser que tende ao protecionismo e, consequentemente, à injustiça [...]. O mesmo critério que utiliza para avaliar a ação do seu semelhante deve o encarnado usar para consigo [...]. Quanto à reforma íntima, precisa a pessoa exercitar o equilíbrio dos seus julgamentos. O indivíduo deve saber avaliar: se o critério – e o rigor – utilizado, ainda que exagerado ou não ideal, for equânime (para si e para o outro), já é um bom começo [...]. Não se nega a ninguém o valor de um conselho bem dado nem de uma observação bem feita, na hora certa, com a devida pertinência e de forma fraterna. Quer-se, no entanto, que essa mesma sugestão ou crítica – quando lhe é dirigida – seja bem recebida e criteriosamente analisada”.

Sendo assim, entende-se, de forma resumida, que da mesma forma que se emite opiniões e sente-se propenso a tecer críticas e comentários, deve-se estar abertos para receber opiniões, críticas e comentários. Se quem recebe, ou se nós mesmos, ao recebermos, reagirmos de forma negativa, aí se verifica o melindre. Saber conviver com as diferenças em todas as suas nuances é exercitar a reforma íntima, é evoluir, é se amar e amar ao próximo.

Por fim, para concluir de forma esclarecedora e rica, aduz O Livro dos Espíritos:

Questão 917Qual o meio de se destruir o egoísmo?

Resposta – De todas as imperfeições humanas, a mais difícil de desenraizar-se é o egoísmo, porque ele se prende à influência da matéria, da qual o homem, ainda muito próximo da sua origem, não pode se libertar, e essa influência concorre para o sustentar: suas leis, sua organização social, sua educação. O egoísmo se enfraquecerá com a predominância da vida moral sobre a vida material e, sobretudo, com a inteligência que o Espiritismo vos dá de vosso estado futuro real e não desnaturado pelas ficções alegóricas. O Espiritismo bem compreendido, quando estiver identificado com os costumes e as crenças, transformará os hábitos, os usos e as relações sociais. O egoísmo se funda sobre a importância da personalidade; ora, o Espiritismo bem compreendido, eu o repito, faz ver as coisas de tão alto, que o sentimento da personalidade desaparece, de alguma forma, diante da imensidade. Destruindo essa importância, ou tudo ou pelo menos fazendo vê-la como ela é, combate necessariamente o egoísmo. É o choque que o homem experimenta do egoísmo dos outros que o torna, frequentemente, egoísta, porque sente a necessidade de se colocar na defensiva. Vendo que os outros pensam em si mesmos e não nele, é conduzido a se ocupar de si mais do que dos outros. Que o princípio da caridade e da fraternidade seja a base das instituições sociais, das relações legais de povo a povo, e de homem a homem, e o homem pensará menos em sua pessoa quando verificar que os outros nele pensam. Ele sofrerá a influência moralizadora do exemplo e do contato. Em presença desse transbordamento do egoísmo, é preciso uma verdadeira virtude para esquecer-se em benefício dos outros que, frequentemente, não são agradecidos. É, sobretudo, àqueles que possuem esta virtude que o reino dos céus está aberto; àqueles, sobretudo, está reservada a felicidade dos eleitos, porque eu vos digo em verdade, que no dia da justiça, quem não pensou senão em si mesmo, será colocado e lado e sofrerá no abandono (FÉNELON).

Comentários de Kardec: 

"Empregam-se, sem dúvida, louváveis esforços para fazer avançar a Humanidade; encorajam-se, estimulam-se; honram-se os bons sentimentos mais do que em nenhuma outra época e, todavia, o verme roedor do egoísmo é sempre a chaga social. É um mal que recai sobre todo o mundo e do qual cada um é, mais ou menos, vítima. Para isso, é preciso, pois, combate-lo como se combate uma doença epidêmica. Para isso, é preciso proceder à maneira dos médicos: ir à fonte. Que se procure, pois, em todas as partes do organismo social, desde a família até os povos, desde a cabana até o palácio, todas as causas, todas as influências patentes ou ocultas, que excitam, entretêm e desenvolvem o sentimento do egoísmo. Uma vez conhecidas as causas, o remédio se mostrará por si mesmo. Não se tratará senão de as combater, senão, todos de uma vez, pelo menos parcialmente e, pouco a pouco, o veneno será extirpado. A cura poderá ser demorada, porque as causas são numerosas, mas não é impossível. A isso não se chegará, de resto, senão tomando o mal em sua raiz, quer dizer, pela educação; não essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas a que tende a fazer homens de bem. A educação, se bem entendida, é a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres como se conhece a de manejar as inteligências, poder-se-á endireita-los, como se endireitam as plantas jovens. Todavia, essa arte exige muito tato, muita experiência e uma profunda observação. É um grave erro crer que basta ter a ciência para exercê-la com proveito. Todo aquele que segue o filho do rico, assim como o do pobre, desde o instante do seu nascimento e observa todas as influências perniciosas que reagem sobre ele em consequência da fraqueza, da incúria e da ignorância daqueles que o dirigem, quando frequentemente, os meios que se empregam para moralizá-los falham, não pode se espantar de encontrar no mundo tantos defeitos. Que se faça pelo moral quanto se faz pela inteligência e se verá que, se há naturezas refratárias, há, mais do que se crê, as que pedem apenas uma boa cultura para produzir bons frutos. O homem quer ser feliz e esse sentimento está na Natureza. Por isso, ele trabalha sem cessar para melhorar sua posição sobre a Terra, e procura a causas dos seus males, a fim de os remediar. Quando compreender bem que o egoísmo é uma dessas causas, a que engendra o orgulho, a ambição, a cupidez, a inveja, o ódio, o ciúme, que o magoam a cada instante, que leva a perturbação em todas as relações sociais, provoca as dissenções, destrói a confiança, obriga a se colocar constantemente na defensiva contra seu vizinho, a que, enfim, do amigo faz um inimigo, então ele compreenderá também que esse vício é incompatível com a sua própria felicidade e mesmo com a sua própria segurança. Quando mais ele o tenha sofrido, mais sentirá necessidade de combatê-lo, como combate a peste, os animais nocivos e todos os outros flagelos. Ele o será solicitado pelo seu próprio interesse. O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver o outro, tal deve ser o objetivo de todos os esforços do homem, se quer assegurar sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro."

Irmãos, que tenhamos sempre a consciência de que conviver com o diferente é a chave do sucesso dessa missão terrena. Que entendamos que somos diferentes uns dos outros, e que cada um só faz conosco aquilo que permitimos que façam. Sendo assim, melindrar-se é deixar que o outro nos incomode, é permitir que as críticas (muitas vezes bem intencionadas) nos firam e nos afastem daqueles que nos querem bem. A Casa Espírita é lugar de reflexão, estudo, aprendizado e irmandade. Que adentremos sempre às suas portas com o coração aberto, sem deixar que os olhos do orgulho e do egoísmo ceguem a visão dos nossos corações.

Paz a todos.


Fonte: Blog Letra Espírita

sábado, 17 de fevereiro de 2018

A Evolução dos Mundos na Doutrina Espírita



Na casa de meu Pai há muitas moradas; João 14:2

Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra (Mt 5.5)


Por Alexandre Caldini, via Interação Espírita.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Espíritos divergentes na mesma família


Os laços de sangue não estabelecem necessariamente os laços espirituais. O corpo procede do corpo, mas o Espírito não procede do Espírito, porque este existia antes da formação do corpo. O pai não gera o Espírito do filho: fornece-lhe apenas o envoltório corporal. Mas deve ajudar seu desenvolvimento intelectual e moral, para o fazer progredir.

Os Espíritos que se encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, são os mais freqüentemente Espíritos simpáticos, ligados por relações anteriores, que se traduzem pela afeição durante a vida terrena. Mas pode ainda acontecer que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns para os outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem também por seu antagonismo na Terra, a fim de lhes servir de prova. Os verdadeiros laços de família não são, portanto, os da consangüinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamentos, que unem os Espíritos, antes, durante e após a encarnação. Donde se segue que dois seres nascidos de pais diferentes podem ser mais irmãos pelo Espírito, do que se o fossem pelo sangue. Podem, pois, atrair-se, procurar-se, tornarem-se amigos, enquanto dois irmãos consangüíneos podem repelir-se, como vemos todos os dias. Problema moral, que só o Espiritismo podia resolver, pela pluralidade das existências.

Há, portanto, duas espécies de famílias: as famílias por laços espirituais e as famílias por laços corporais. As primeiras, duradouras, fortificam-se pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das diversas migrações da alma. As segundas, frágeis como a própria matéria, extinguem-se com o tempo, e quase sempre se dissolvem moralmente desde a vida atual. Foi o que Jesus quis fazer compreender, dizendo aos discípulos: “Eis minha mãe e meus irmãos”, ou seja, a minha família pelos laços espirituais, pois “quem quer que faça a vontade de meu Pai, que está nos céus, é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.


Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

A Quaresma no plano espiritual



A Quaresma é um período litúrgico de conversão, que a Igreja Católica, a Igreja Anglicana e algumas protestantes marcam para se preparar para a Páscoa.

Neste período, de 40 dias, fiéis são convidados à penitência e meditação, por meio da prática do jejum, da caridade e da oração.

Mas qual a importância da quaresma para o espiritismo?

Esta é uma época importante, pois muitos de nós contribuem com o plano espiritual por meio das atitudes e vibrações.

São milhares de cristãos que mudam a psicosfera do plano físico e tocam aqueles que lhes são queridos, especialmente os que estagiam nas zonas umbralinas, pois ficam mais suscetíveis aos socorristas.

A espiritualidade está sempre receptível a todas as possibilidades de ajuda, de resgate e de esclarecimento dos nossos irmãos desencarnados que estão passando por momentos de pertubação.

Mas lembre-se, devemos ter sempre boa vibração e atitude fraterna, independente do período do ano.


sábado, 10 de fevereiro de 2018

Cientistas identificam substância química no cérebro que suprime maus pensamentos



Por Jody Serrano
Publicado no Gizmodo

Você já teve um pensamento negativo que você não conseguiu tirar da cabeça? Você não é o único. Isso acontece com pessoas saudáveis e também com quem sofre de problemas mentais mais graves, como a ansiedade, o estresse pós-traumático, a depressão, entre outros. É possível que os cientistas descubram a chave para detê-los?

Pesquisadores da Universidade de Cambridge e da Universidade de Utah identificaram uma substância química na região do hipocampo do cérebro – que está associado com a memória – que ajuda as pessoas a bloquear pensamentos negativos de sua mente. A substância, na realidade, é o neurotransmissor GABA, que é o inibidor principal do cérebro. Quando uma célula nervosa libera GABA, ela suprime as atividades das outras células com as quais está conectada.

Em sua pesquisa, que foi publicada na revista científica Nature Communications deste mês, os cientistas realizaram um experimento com 25 homens entre 19 e 36 anos. Eles pediram aos participantes para estudar pares de palavras não relacionadas e, então, aprender a associá-las. Por exemplo, um par poderia incluir as palavras “praia” e “África”.

Logo, os pesquisadores ensinaram aos participantes uma palavra do par e um sinal vermelho ou verde. Quando observavam a palavra junto com o sinal verde, significava que tinham que recordar a outra palavra. Por outro lado, se eles observavam o sinal vermelho, tinham que evitar pensar na outra palavra.

Durante o experimento, os cientistas analisaram os cérebros dos participantes usando o procedimento de ressonância magnética funcional (que detecta mudanças no fluxo de sanguíneo) e a espectroscopia por ressonância magnética (que mude as mudanças químicas).

Eles descobriram que as pessoas que tiveram a maior concentração de GABA eram mais bem sucedidas no bloqueio de pensamentos indesejados. De acordo com os pesquisadores, o que deixa o estudo em destaque é a sua especificidade. Antes só era possível identificar a parte do cérebro que afetava a memória, mas agora eles podem comentar sobre o neurotransmissor envolvido no processo.

Os pesquisadores declaram que a capacidade de controlas nossos pensamentos é “fundamental para nosso bem-estar”. Eles pensam que sua descoberta pode ajudar a comunidade científica a obter um conhecimento mais profundo de doenças que fazem com que as pessoas perderam o controle de seus pensamentos.

O professor Michael Anderson da Universidade de Cambridge, que foi um dos pesquisadores do estudo, diz que os humanos começam a ter problemas quando esse controle está comprometido.

“Quando essa capacidade está enfraquecida, ela causa alguns dos sintomas mais debilitantes das doenças psiquiátricas”, disse Anderson. “Isso inclui memórias intrusivas, imagens, alucinações, lamentações e preocupações patológicas e persistentes”.

Referências

Schmitz, Taylor W., et al. “Hippocampal GABA enables inhibitory control over unwanted thoughts.” Nature Communications 8.1 (2017): 1311.

O Amor é sempre muito... uma breve história de Chico Xavier

No sábado do dia dez de 10 de dezembro de 1983, uma multidão de vinte mil pessoas se acotovelava diante dos portões do Grupo Espírita da Prece, onde aconteceria a tradicional distribuição natalina de Chico Xavier.
Na véspera, várias jamantas chegaram de São Paulo abarrotadas de roupas, alimentos, brinquedos, enxovais para recém-nascidos, balas.
Por volta das 08hs, a festa teve início. O Chico parecia uma criança durante a distribuição, várias vezes, discretamente, enxugava as lágrimas que escorriam por detrás dos óculos de lentes grossas.
A cada um que desfilava diante de sua cadeira, entregava um pequenino óbolo, acompanhado de um beijo na mão.
Á noite, no “Grupo Espírita da Prece”, o Chico psicografa e chora.
Quando a reunião se encerra, debaixo de forte emoção, o Chico se prepara para autografar os livros.
D. Yolanda Cezar, uma das organizadoras da distribuição diz:
- “Olha Chico, eu estava pensando. Não sei se vale a pena...O que distribuímos é tão pouco, diante das necessidades dos nossos irmãos. Eles ficam a noite toda ao relento; crianças, idosos, senhoras grávidas... O que repartimos é tão pouco...”
Calmamente, sem desviar a atenção dos autógrafos, Chico responde:
- Não é pouco; é Amor. O Amor é sempre muito”.


(Extraído do Livro Chico Xavier, mediunidade e luz de Carlos Bacelli).






quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Breves esclarecimentos sobre o Carnaval



O período do carnaval deve ser um período normal para nossas atividades nos Centros Espíritas. Em regra, nós não nos recolhemos; até pelo contrário, continuamos trabalhando no desenvolvimento de nossas atividades rotineiras. Porém há em alguns Estados encontros de jovens espíritas durante os dias de Carnaval, mas não é uma obrigatoriedade ir para estes retiros que são apenas opções para quem não curte o Carnaval.

Outro ponto interessante a ser destacado é que no espiritismo não tem nenhuma proibição com relação ao Carnaval ou festas, há sim, orientações. Devemos ter a consciência de que o espírita deve conduzir a sua vida dentro da autoresponsabilidade, de acordo com os preceitos da moral Espírita, tão bem definidos em "O Livro dos Espíritos".

Sabemos o que é certo e o que é errado e sabemos que nossa sintonia e nossa vibração atrairão espíritos mais ou menos esclarecidos para perto de nós. Quem quiser brincar o Carnaval, não será proibido, poderá fazê-lo, possui o livre-arbítrio, tendo a consciência de sua responsabilidade, pois o Espírita, onde e quando estiver, deverá manter a sua conduta sempre de acordo com a orientação moral elevada.

Leonardo Medeiros é escalado para viver Allan Kardec em filme espírita



Caberá ao ator Leonardo Medeiros foi escalado para viver Allan Kardec, no novo filme espírita intitulado "Kardec", que irá ser uma cinebiografia do Codificador do Espiritismo. 

O filme conta com um orçamento de quase R$ 10 milhões de reais e será dirigido pela mesma equipe de "Nosso Lar". As gravações tem previsão de início em junho deste ano de 2018, mas o filme deve estrear em 2019 nas telas dos cinemas de todo o Brasil. 

Outro projeto cinematográfico espírita é o filme sobre Yvonne do Amaral Pereira, em que a atriz Mariana Ximenes é cotada para viver Leila, a filha de Charles, uma das encarnações da médium espírita.