segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Um caso de psicometria



Psicometria é a faculdade mediúnica através da qual um sensitivo, tocando em determinados objetos, entra em relação com pessoas e fatos ligados a estes objetos. Segundo Hermínio Miranda, em seu livro Diversidade dos Carismas, "não se dispõe de uma teoria ou uma hipótese razoável que sirva indiscriminadamente para todos os casos observados. É preciso acostumar-se à ideia de que, em psicometria, temos montanhas de perguntas para montículos de respostas, se é que podemos chamar de respostas o que sabemos sobre uma das mais estranhas, curiosas e fascinantes faculdades do ser humano". Abaixo um dos casos relatados por ele em seu livro.

"Um cavalheiro por nome Samuel Jones, com quem se correspondia Hawthorne, mandava-lhe regularmente vários objetos para serem psicometrados por ela. Certa vez, foi-lhe remetido um pedaço de carvão. Naturalmente que ela não sabia do que se tratava, pois o material sempre ficava dentro de invólucros invioláveis (caixas, envelopes, pacotes, etc.).

Não vamos reproduzir toda a narrativa, que foi publicada na revista Light, de 1903, na página 214. A moça tomou o pacote nas mãos e foi anotando suas impressões, posteriormente remetidas por carta ao sr. Jones, para análise.

Hawthorne começou a ver dois ou três homens a examinarem uma parede negra. Um deles trazia uma lanterna acesa na mão. Estavam, evidentemente, fazendo uma pesquisa cuidadosa e emitiam suas opiniões cautelosamente. (Eram inspetores da mina, acrescenta Jones). O embrulho continha um pedaço de carvão de muito boa qualidade, arrancado a grande profundidade (certo). Vários homens trabalhavam ali, nas profundezas da terra, onde não chegava nem o ruído das carretas, lá em cima. Um dos homens trabalhava sozinho, numa gruta apertada, na qual ele tinha de manter-se deitado. Hawthorne sente-se aflita e ora para que não lhe aconteça nada (Jones informa, em nota, que há muito tempo não morria ninguém ali). Hawthorne acrescenta este curioso comentário:

- Coisa singular! Os pensamentos desse homem não se prendem a sua tarefa. Ele está pensando na esposa e no filho de tenra idade.

Depois da visão de grande quantidade de água na mina de carvão (posteriormente confirmada), ela percebe que o homem está morrendo, a sangrar pela boca, pelo nariz e pelos ouvidos. Uma visão que a deixa arrasada, mas que para Jones é reveladora. Ele se lembrou, então, de que realmente ali morrera um homem naquelas condições, cerca de vinte anos atrás, vitimado por uma inundação. Foi retirado ainda com vida, mas morreu quatro semanas depois. O filho nasceu horas antes de ele morrer. A família guardava o pedaço de carvão como lembrança. Fora retirado por ele.

Como é que tudo isso pode resultar do simples contato com um fragmento de carvão? Como pode um pedaço de carvão revelar a tragédia de um homem vivida vinte anos antes? Como poderia saber Hawthorne que os pensamentos dele se voltavam, naquele momento, para a mulher e a criança prestes a nascer?"

Miranda, Hermínio - Diversidade dos Carismas, Teoria e Prática da Mediunidade

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