Todos os homens são médiuns, todos têm um Espírito que os dirige para o bem, quando sabem escutá-lo.
Que uns se comuniquem, diretamente, com ele, valendo-se de uma mediunidade especial; que outros não o escutem, senão com o coração e com inteligência, pouco importa: não deixa de ser um Espírito familiar quem os aconselha.
Chamai-lhe espírito, razão, inteligência, é sempre uma voz que responde à vossa alma, pronunciando boas palavras, que eleva o homem acima de si mesmo, que o transporta a regiões desconhecidas, chama sagrada que inspira o artista e o poeta, pensamento divino que exalça o filósofo; arroubo que arrebata os indivíduos e povos, que ergue o homem e o aproxima de Deus, entendimento que o conduz do conhecido ao desconhecido e lhe faz executar as coisas mais sublimes.
Escutai essa voz interior, esse bom gênio que, incessantemente, vos fala, e chegareis, progressivamente, a ouvir o vosso anjo guardião, que do alto dos céus vos estende a mão.
Repito: a voz íntima que fala ao coração é a dos bons Espíritos, e é deste ponto de vista que todos os homens são médiuns. (L.M. XXXI – X)
O dom da mediunidade é tão antigo quanto o mundo.
Os profetas eram médiuns. Os mistérios de Elêusis se fundavam na mediunidade. Os Caldeus, os Assírios tinham médiuns. Sócrates era dirigido por um Espírito que lhe inspirava os admiráveis princípios da sua filosofia; ele lhe ouvia a voz.
Todos os povos tiveram seus médiuns, e as inspirações de Joana D’Arc não eram mais do que vozes de Espíritos benfazejos que a dirigiam. (L.M. XXXI – XI)
Quando quiserdes receber comunicações de bons Espíritos, importa vos prepareis para esse favor pelo recolhimento, por intenções puras e pelo desejo de fazer o bem, tendo em vista o progresso geral.
Tende fé na mansuetude do nosso Mestre; ponde sempre em prática a caridade; não vos canseis, jamais, de exercitar essa virtude sublime, assim como a tolerância.
Estejam sempre as vossas ações de harmonia com a vossa consciência. (L.M. XXXI – XIII)
O desinteresse deve ser uma das qualidades essenciais dos médiuns, tanto quanto a modéstia e o devotamento.
Não é racional se suponha que Espíritos bons possam auxiliar quem vise satisfazer ao orgulho ou à ambição. (L.M. XXXI – XIV)
Todos os médiuns são, incontestavelmente, chamados a servir à causa do Espiritismo, na medida de suas faculdades, mas bem poucos há que não se deixem prender nas armadilhas do amor-próprio.
É uma pedra de toque, que raramente deixa de produzir efeito.
Assim é que, sobre cem médiuns, um, se tanto, encontrareis que, por muito ínfimo que seja, não se tenha julgado, nos primeiros tempos da sua mediunidade, fadado a obter coisas superiores e predestinado a grandes missões.
Os que sucumbem a essa vaidosa esperança, grande é o número deles, se tornam, inevitavelmente, presas de Espíritos obsessores, que não tardam a subjugá-los, lisonjeando-lhes o orgulho e apanhando-os pelo seu lado fraco.
Quanto mais pretenderem eles elevar-se, tanto mais ridícula lhes será a queda, quando não desastrosa.
As grandes missões só aos homens de escol são confiadas, e Deus mesmo os coloca, sem que eles o procurem, no meio e na posição em que possam prestar concurso eficaz.
Nunca será demais que eu recomende aos médiuns inexperientes que desconfiem do que lhes podem certos Espíritos dizer, com relação ao suposto papel que eles são chamados a desempenhar, porquanto, se o tomarem a sério, só desapontamentos colherão, nesse mundo, e, no outro, severo castigo. (L.M. XXXI – XV)
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