domingo, 20 de junho de 2010

Matéria - Revista RIE

Abortiva ou não abortiva, eis a questão!
Ricardo Orestes Forni

“A ninguém é concedida a faculdade de interromper o fenômeno da vida, sem assumir penoso compromisso de que não se liberará sem pesado ônus.” – Joanna de Angelis.

Mais uma vez, a inteligência do homem volta a produzir uma nova pílula para impedir a chamada gravidez indesejada. Vejamos o texto de uma reportagem da revista VEJA, edição 2155, de 10 de março de 2010, páginas 107 a 108: Todos os anos 80 milhões de mulheres no mundo inteiro engravidam sem planejar. Delas, 60% optam por interromper a gestação – boa parte de forma bastante arriscada. Vinte milhões dos abortos realizados anualmente são conduzidos, segundo a Organização Mundial de Saúde, por pessoas despreparadas e em lugares sem os cuidados mais básicos de higiene e segurança. Tais descuidos matam a cada ano quase 70.000 mulheres.
Deixa-me interromper um pouco para fazer uma pergunta: se as condições desses abortos mencionados fossem seguras e higiênicas, estaria tudo bem? Se não morressem setenta mil mulheres, mas fossem abortados, com segurança, setenta mil embriões ou fetos, a moral estaria íntegra?
Enquanto cada um pensa, vamos reproduzir a opinião de Joanna de Angelis, no livro Após A Tempestade, psicografia de Divaldo: Alega-se, também, que é medida salutar a legalização do aborto, em considerando que a sua prática criminosa é tão relevante, que a medida tornada aceita evita a morte de muitas mulheres temerosas que, em se negando maternidade, se entregam a mãos inescrupulosas e caracteres sórdidos, que agem sem os cuidados necessários à preservação da saúde e da vida... Um crime, todavia, de maneira alguma justifica a sua legalização, fazendo que desapareçam as razões do que o tornavam prática ilícita.
Continuemos sobre a pílula ser ou não abortiva. Relata a reportagem: “Recentemente, o laboratório francês HRA Pharma lançou, no mercado europeu, uma versão mais duradoura da “pílula do dia seguinte”, que pode ser tomada até cinco dias depois do sexo sem proteção. (destaque do autor) Sob o nome comercial de ellaOne, a nova pílula está em análise na FDA, a agência americana de controle de medicamentos. O efeito mais prolongado da ellaOne explica-se por seu mecanismo de ação. Em relação a suas antecessoras, ela é a única a agir diretamente sobre a progesterona, inibindo a sua atuação. Do latim progestare, “a favor da gestação”, esse hormônio está envolvido em todas as etapas da gravidez. Na dosagem prescrita, uma pílula de 30 miligramas de acetato de ulipristal (seu princípio ativo) evita ou retarda a ovulação.”
Tudo parece muito bem, não? Não se iluda. Mais à frente: “Elas também podem evitar uma gravidez, caso os óvulos já tenham amadurecido. Isso porque tendem a tornar o ambiente uterino hostil ao espermatozoide.”
Meu amigo, releia o parágrafo anterior. Hostil somente ao espermatozoide ou também hostil ao ovo que procura abrigo na intimidade do útero, por desequilibrar a progesterona da mulher? Essa sutil colocação é extremamente importante porque essa pílula pode ser tomada até o quinto dia, após o relacionamento sexual, com 60% de eficácia! Ora, após cinco dias da relação, o espermatozoide já fecundou o óvulo. A vida teve início. A vinculação espiritual já está em curso. Como a gravidez seria evitada, senão através de um processo abortivo, por transformar o ambiente uterino hostil? A hostilidade que a nova substância acarreta no útero não é somente contra o espermatozoide, mas contra tudo que dependa da progesterona – “a favor da gestação” – que é inibida pela “inocente” ellaOne!
Ah! Deixa-me reproduzir um pequeno trecho: “... os contraceptivos orais de emergência, quaisquer que sejam eles, não funcionam se a fecundação já tiver ocorrido.” –defendem muitos autores da área médica. Será que o ambiente hostil, criado pela nova substância, no interior do útero, favoreceria a fixação do óvulo fecundado na parede uterina? Como provar, com absoluta certeza, que todo um sistema de hormônios envolvidos no mecanismo da ovulação e fecundação não sofre uma ação desorganizadora, através dessa substância – acetato de ulipristal – que se intromete nesse processo?
Abortiva ou não abortiva, vale a pena arriscar? Na dúvida, diz o ditado pró-réu, faça a opção por você, pela sua paz de consciência.
O aborto, portanto, mesmo quando aceito e tornado legal nos estatutos dos homens fere, violentamente, as leis divinas, continuando crime para quem o pratica ou a ele se permite submeter.
Legalizado, torna-se aceito, embora continue não moral. – Joanna de Angelis.

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