terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Ação do Homem sobre os Espíritos Infelizes

A nossa indiferença para com as manifestações espíritas não nos privaria somente do conhecimento do futuro de além-túmulo, pois nos desviaria também da possibilidade de agir sobre os Espíritos infelizes, de amenizar-lhes a sorte, tornando-lhes mais fácil a reparação de suas faltas. Os Espíritos atrasados, tendo mais afinidade com os homens do que com os Espíritos elevados, em virtude de sua constituição fluídica ainda grosseira, são, por isso mesmo, mais acessíveis à nossa influência. Entrando em comunicação com eles, podemos preencher uma generosa missão, instruí-los, moralizá-los e, ao mesmo tempo, melhorarmos, sanearmos o meio fluídico em que todos vivemos. Os Espíritos sofredores ouvem o nosso apelo e as nossas evocações. Os nossos pensamentos, simpáticos, envolvendo-os como uma corrente elétrica e atraindo-os a nós, permitem que conversemos com eles por meio dos médiuns. O mesmo se dá com as almas que deixam este mundo. As nossas evocações despertam a atenção dos Espíritos e facultam-lhe o desapego corpóreo; as nossas preces ardentes são como um jato luminoso que os esclarece e vivifica. É-lhes agradável perceber que não estão abandonados a si próprios na imensidade, que há ainda na Terra seres que se interessam pela sua sorte e desejam a sua felicidade. E, quando mesmo esta não possa ser alcançada por preces, contudo elas não deixam de ser salutares, arrancando-os ao desespero, dando-lhes as forças fluídicas necessárias para lutarem contra as influências perniciosas e ajudando-os a subirem mais alto. 


Leon Denis - Depois da Morte


Médiuns têm alterações genéticas, mostra estudo coordenado pela USP

Pesquisa comparou pessoas identificadas com o dom a parentes de primeiro grau sem nenhuma habilidade do tipo



Anna Virginia Balloussier
São Paulo


Ser médium não é necessariamente coisa do outro mundo. Pode estar nos genes, inclusive.

É o que sustenta um estudo que investiga as bases genéticas da mediunidade, publicado pelo Brazilian Journal of Psychiatry, revista científica em que os artigos são revisados por pares acadêmicos. A coordenação ficou a cargo de Wagner Farid Gattaz, professor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e à frente do Laboratório de Neurociências na universidade.

A pesquisa de campo, realizada entre 2020 e 2021, comparou 54 pessoas identificadas como médiuns com 53 parentes de primeiro grau delas, sem nenhuma habilidade do tipo. Umbanda e espiritismo foram as principais fontes religiosas do grupo.


"O estudo desvendou alguns genes que estão presentes em médiuns, mas não em pessoas que não o são e têm o mesmo background cultural, nutritivo e religioso", diz Gattaz. "Isso significa que alguns desses genes poderiam estar ligados ao dom da mediunidade."

O médium Chico Xavier durante sessão espírita, em 1978 - Folhapress

A seleção dos participantes seguiu os seguintes critérios: recrutar médiuns reconhecidos pelo grau de acerto de suas predições, que praticavam pelo menos uma vez por semana a mediunidade e que não ganhavam dinheiro com ela, ou seja, não cobravam por consultas.

Os resultados revelaram quase 16 mil variantes genéticas encontradas exclusivamente neles, "que provavelmente impactam a função de 7.269 genes". Conclui o texto publicado: "Esses genes surgem como possíveis candidatos para futuras investigações das bases biológicas que permitem experiências espirituais como a mediunidade".

"Esses genes estão em grande parte ligados ao sistema imune e inflamatório. Um deles, de maneira interessante, está ligado à glândula pineal, que foi tida por muitos filósofos e pesquisadores do passado como a glândula responsável pela conexão entre o cérebro e a mente", afirma o coordenador da pesquisa. Ele frisa, contudo, que essa hipótese precisaria ser confirmada experimentalmente.

Coautor do estudo e diretor do Nupes (Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde), da Universidade Federal de Juiz de Fora, Alexander Moreira-Almeida justifica a opção por contrastar os médiuns com seus familiares. "Se eu pegasse um grupo de controle que fosse uma outra pessoa qualquer, aleatória, poderia ter muita diferença sociocultural, econômica e também da própria genética. Quando a gente pega um parente, vai ter uma genética muito mais parecida e um background sociocultural muito mais próximo."

Os pesquisadores analisaram o exoma dos voluntários, que contém os genes que vão codificar as proteínas. Muitas partes do genoma, que é a sequência completa do DNA, não têm função muito clara. "Já o exoma é aquela que provavelmente é mais ativa funcionalmente, com maior impacto sobre a formação do corpo da pessoa", explica Almeida-Moreira.

Darcy Neves Moreira, 82, serviu de objeto de estudo para a trupe da ciência. Ela é professora aposentada e coordena reuniões num centro espírita na zona norte carioca.

Descreve o dom que lhe atribuem como a capacidade de "sentir a influência dos espíritos". Tinha 18 anos quando detectou a sua, conta. "Senti uma presença do meu lado. Comecei a pensar algumas coisas sobre o nosso trabalho. Percebi que não eram propriamente minhas ideias, mas ideias sugeridas pelo amigo que estava ali pertinho de mim."

São mais de seis décadas "tentando aprimorar esse canal de comunicação com os espíritos, o que me traz muita alegria", ela afirma. "É a certeza de que continuamos a viver em outro plano."

Roberto Lúcio Vieira de Souza, 66, também cedeu uma amostra de sua saliva para a pesquisa. Diz que compreendeu seu potencial mediúnico na adolescência, quando apresentava sintomas que os médicos não conseguiam explicar. Tinha câimbras dolorosas durante o sono, "acompanhadas da sensação iminente de morte, o que me desequilibrava emocionalmente".

Integrava um movimento católico para jovens na época e queria inclusive virar padre. Acabou numa casa de umbanda para entender as agruras físicas. "Lá fui informado sobre a mediunidade e comecei a desenvolvê-la."

Souza diz que mais tarde descobriu por que se sentia tão mal. Numa vida passada, fora um senhor de escravizados que, irritado com um deles, mandou amarrá-lo no pátio da casa e passar uma carroça sobre suas pernas. Ele foi deixado por dias ali, até morrer.

O próprio espírito do homem assassinado teria lhe contado essa versão. "Ele gritava que queria as suas pernas de volta e que eu deveria morrer com muita dor nas pernas, como ele. Segundo um amigo espiritual, essa era uma atitude comum da minha pessoa naquela encarnação. Eu teria sido um homem muito irascível, orgulhoso e cruel."

Psiquiatra e autor de livros psicografados, Souza é diretor de uma instituição espírita em Belo Horizonte que se diz especializada em saúde mental e dependência química.

Gattaz, no comando da turma que esquadrinhou sua genética, afirma que não é preciso ter um determinado combo de genes para ser um médium. "O nosso estudo mostra apenas que alguns desses genes são candidatos para serem estudados em novas pesquisas e podem contribuir para o desenvolvimento do dom da mediunidade."

Ele já havia liderado outro front do estudo, que apura a saúde mental nos ditos médiuns. Saldo: eles não se diferenciam de seus parentes na prevalência de transtornos mentais, apresentando inclusive maior qualidade de vida psicológica. Não apresentaram sintomas de quadros psicóticos, como desorganização cognitiva ou paranoia.

Pontuaram mais, contudo, nos itens que avaliaram alterações na sensopercepção —por exemplo, ver ou ouvir o que outros não percebem.




quarta-feira, 31 de julho de 2024

Um Homem de Bem Teria Morrido

FÉNELON
Sens, 1861


22 – Dizeis freqüentemente, ao falar de um malvado que escapa a um perigo: Se fosse um homem de bem, teria morrido. Pois bem, ao dizer isso, estais com a verdade, porque, efetivamente, Deus concede muitas vezes, a um espírito ainda jovem na senda do progresso, uma prova mais longa que a um bom, que receberá, em recompensa ao seu mérito, o favor de uma prova tão curta quanto possível. Assim, pois, quando empregais este axioma, não duvideis de que estais cometendo uma blasfêmia.

Se morrer um homem de bem, vizinho de um malvado, apressai-vos a dizer: Seria bem melhor se tivesse morrido aquele. Cometeis então um grande erro, porque aquele que parte terminou a sua tarefa, e o que ficou talvez nem a tenha começado. Por que, então, quereis que o mau não tenha tempo de acabá-la, e que o outro continue preso à gleba terrena? Que diríeis de um prisioneiro que, tendo concluído a sua pena, continuasse na prisão, enquanto se desse à liberdade a outro que não tinha direito? Ficai sabendo, pois, que a verdadeira liberdade está no desprendimento dos laços corporais, e que enquanto estais na Terra, estais em cativeiro.

Habituai-vos a não censurar o que não podeis compreender, e crede que Deus é justo em todas as coisas. Freqüentemente, o que vos parece um mal é um bem. Mas as vossas faculdades são tão limitadas, que o conjunto do grande todo escapa aos vossos sentidos obtusos. Esforçai-vos por superar, pelo pensamento, a vossa estreita esfera, e à medida que vos elevardes, a importância da vida terrena diminuirá aos vossos olhos. Porque, então, ela vos aparecerá como um simples incidente, na infinita duração da vossa existência espiritual, a única verdadeira existência.





Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo.

segunda-feira, 3 de junho de 2024

I – Bem Sofrer E Mal Sofrer

LACORDAIRE
Havre, 1863


18 – Quando Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, porque deles é o Reino dos Céus”, não se referia aos sofredores em geral, porque todos os que estão neste mundo sofrem, quer estejam num trono ou na miséria, mas ah!, poucos sofrem bem, poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzir ao Reino de Deus. O desânimo é uma falta; Deus vos nega consolações, se não tiverdes coragem. A prece é um sustentáculo da alma, mas não é suficiente por si só: é necessário que se apóie numa fé ardente na bondade de Deus. Tendes ouvido freqüentemente que Ele não põe um fardo pesado em ombros frágeis. O fardo é proporcional às forças, como a recompensa será proporcional à resignação e à coragem. A recompensa será tanto mais esplendente, quanto mais penosa tiver sido a aflição. Mas essa recompensa deve ser merecida, e é por isso que a vida está cheia de tribulações.

O militar que não é enviado à frente de batalha não fica satisfeito, porque o repouso no acampamento não lhe proporciona nenhuma promoção. Sede como o militar, e não aspireis a um repouso que enfraqueceria o vosso corpo e entorpeceria a vossa alma. Ficai satisfeitos, quando Deus vos envia à luta. Essa luta não é o fogo das batalhas, mas as amarguras da vida, onde muitas vezes necessitamos de mais coragem que num combate sangrento, pois aquele que enfrenta firmemente o inimigo poderá cair sob o impacto de um sofrimento moral. O homem não recebe nenhuma recompensa por essa espécie de coragem, mas Deus lhe reserva os seus louros e um lugar glorioso. Quando vos atingir um motivo de dor ou de contrariedade, tratai de elevar-vos acima das circunstâncias. E quando chegardes a dominar os impulsos da impaciência, da cólera ou do desespero, dizei, com justa satisfação: “Eu fui o mais forte”!

Bem-aventurados os aflitos, pode, portanto, ser assim traduzido: Bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua firmeza, a sua perseverança e a submissão à vontade de Deus, porque eles terão centuplicado as alegrias que lhes faltam na Terra, e após o trabalho virá o repouso.

Justiça das Aflições

1 – Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Bem-aventurados os que padecem perseguição por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. (Mateus, V: 5, 6 e 10).

2 – Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus. Bem-aventurados os que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque rireis. (Lucas, VI: 20 e 21)

Mas ai de vós, ricos, porque tendes no fundo a vossa consolação. Ai de vós, os que estais fartos, porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides, porque gemereis e chorareis. (Lucas, VI: 24 e 25).


JUSTIÇA DAS AFLIÇÕES


3 – As compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra só podem realizar-se na vida futura. Sem a certeza do porvir, essas máximas seriam um contra-senso, ou mais ainda, seriam um engodo. Mesmo com essa certeza, compreende-se dificilmente a utilidade de sofrer para ser feliz. Diz-se que é para haver mais mérito. Mas então se pergunta por que uns sofrem mais do que outros; por que uns nascem na miséria e outros na opulência, sem nada terem feito para justificar essa posição; por que para uns nada dá certo, enquanto para outros tudo parece sorrir? Mas o que ainda menos se compreende é ver os bens e os males tão desigualmente distribuídos entre o vício e a virtude; ver homens virtuosos sofrer ao lado de malvados que prosperam. A fé no futuro pode consolar e proporcionar paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de Deus.

Entretanto, desde que se admite a existência de Deus, não é possível concebê-lo sem suas perfeições. Ele deve ser todo poderoso, todo justiça, todo bondade, pois sem isso não seria Deus. E se Deus é soberanamente justo e bom, não pode agir por capricho ou com parcialidade. As vicissitudes da vida têm, pois, uma causa, e como Deus é justo, essa causa deve ser justa. Eis do que todos devem compenetrar-se. Deus encaminhou os homens na compreensão dessa causa pelos ensinos de Jesus, e hoje, considerando-os suficientemente maduros para compreendê-la, revela-a por completo através do Espiritismo, ou seja, pela voz dos Espíritos.



sexta-feira, 10 de maio de 2024

Prece de Cáritas

"Deus, nosso Pai, que sois todo Poder e Bondade, dai a força àquele que passa pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade; ponde no coração do homem a compaixão e a caridade! Deus, Dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso. Pai, Dai ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, à criança o guia, e ao órfão o pai! Senhor, que a Vossa Bondade se estenda sobre tudo o que criastes. Piedade, Senhor, para aquele que vos não conhece, esperança para aquele que sofre. Que a Vossa Bondade permita aos espíritos consoladores derramarem por toda a parte, a paz, a esperança, a fé. Deus! Um raio, uma faísca do Vosso Amor pode abrasar a Terra; deixai-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão. E um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e de amor. Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperamos com os braços abertos, oh Poder!, oh Bondade!, oh Beleza!, oh Perfeição!, e queremos de alguma sorte merecer a Vossa Divina Misericórdia. Deus, dai-nos a força para ajudar o progresso, afim de subirmos até Vós; dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho onde se refletirá a Vossa Divina e Santa Imagem. Assim Seja."


A prece, denominada De Cáritas, tem sido querida e contritamente orada por várias gerações de espíritas. CÁRITAS era um espírito que se comunicava através de uma das grandes médiuns de sua época - Mme. W. Krell - em um grupo de Bordeaux (França), sendo ela uma das maiores psicografas da História do Espiritismo, em especial por transmitir poesia (que se constitui no ápice da psicografia), da lavra de Lamartine, André Chénier, Saint-Beuve e Alfred de Musset, além do próprio Edgard Allan Poe. Na prosa, recebeu ela mensagens de O Espírito da Verdade, Dumas, Larcordaire, Lamennais, Pascal, e dos gregos Esopo e Fenelon. A prece de Cáritas foi psicografada na noite de Natal, 25 de dezembro, do ano de 1873, ditada pela suave Cáritas, de quem são, ainda, as comunicações: "Como servir a religião espiritual"e "A esmola espiritual". Todas as mensagens que Mme. W. Krell psicografada em transe, e, que chegaram até nós, encontram-se no livro Rayonnements de la Vie Spirituelle, publicado em maio de 1875 em Bordeaux, inclusive, o próprio texto em francês (como foi transmitido) da Prece de Cáritas. (Extraído publ. EDICEL)


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