domingo, 31 de maio de 2009

Saibamos confiar - Ler Matéria - Jornal O CLARIM

Walkiria Lúcia de Araújo Cavalcante

“Não andeis, pois, inquietos” – Jesus (MATEUS, 6:31). (Vinha de Luz, cap. 86)
Paciência, a arte de saber esperar. Confiar nos desígnios de Deus, sabendo que o nosso momento presente corresponde ao nosso melhor momento de aprendizagem. O qual não o faremos, se assim não o quisermos.
“O Livro dos Espíritos” em sua questão 709 desdobra o tema: “Meios de Conservação”. Mas o que achei interessante foi a resposta dada pelos espíritos, que tomamos a liberdade de aplicá-la ao tema proposto: “Já respondi dizendo que há maior mérito em suportar todas as provas da vida com coragem e abnegação.” Retornamos para “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo IX, item 07 e nos deparamos com a seguinte mensagem: “A dor é uma bênção que Deus envia aos seus eleitos; não vos aflijais, pois quando sofrerdes, mas bendizei, ao contrário, o Deus todo-poderoso que vos marcou pela dor neste mundo para a glória no céu.”
Não há sofrimento sem causa pregressa. Este é um dos itens (A Paciência) do Evangelho que, particularmente, mais leio. Como se pudesse adquirir a paciência por osmose. Sei que não é assim. Mas aprendi com a doutrina que quanto mais uma lição é repassada, mais permanece fixada em nossa mente, ficando mais fácil para a prática diária em nossas vidas. Só fazemos aquilo que sabemos. Antes de tudo temos que ter a informação. E isto a doutrina faz por nós. Não existem mistérios. Tudo está na natureza. Com a evolução vamos compreendendo melhor as informações que nos fogem no momento atual.
Ao mais desavisado que se depara com a afirmação que devemos nos sentir os eleitos de Deus e ainda bendizê-Lo, pode parecer, no mínimo, uma fé cega. Mas isto não é verdade. Aprendemos nos itens 01 a 03 do capítulo V, Justiça das Aflições, do próprio Evangelho, que não recebemos nenhuma herança que não é nossa. Isto já é muito reconfortante. Mas, ao mesmo tempo, aprendemos que a responsabilidade não é do outro e sim nossa. Constatamos que ainda sofremos por nossa irresponsabilidade.
Ser pacientes também é uma forma de sermos caridosos. “A caridade que consiste na esmola dada aos pobres é a mais fácil de todas. Outra há, porém, muito mais penosa e, conseguintemente, muito mais meritória: a de perdoarmos aos que Deus colocou em nosso caminho para serem instrumentos do nosso sofrer e para nos porem à prova a paciência.” Realmente às vezes damos a esmola não numa atitude de ajuda ao próximo, mas como uma forma de nos livrarmos naquele momento de quem nos incomoda. Mas perdoarmos, na acepção da palavra, é bem mais difícil. Mas não é impossível. Há uma outra diferença: aquele que nos pede algo, pede e vai embora; aqueles que estão conosco a caminho, estão ao nosso lado. E parece que quanto mais tentamos nos “livrar”, mais “grudados” ficamos. É a lei de afinidade que nos “puxa” uns para os outros. E sem sabermos direito quem foi o ofensor ou o ofendido estamos juntos novamente para nos reajustarmos com as Leis Divinas. E dependendo dos laços que nos vinculam ao passado, somos os dois ao mesmo tempo. Tendo a certeza que só o amor e o perdão mútuos nos libertarão e unirão.
Por isso fazemos questão de difundir o estudo da doutrina espírita e o evangelho no lar, que servem não-somente de purificador moral, mas, também, como antídoto diário contra males futuros. Em alguns casos não os impedindo, mas dando-nos força moral para enfrentá-los. Não podemos ganhar a guerra se não nos dispusermos a vencermos a batalha. Momentos difíceis vivemos todos nós; sofrimentos, temos em quantidade, mas não podemos nos deixar abater por eles.
A proposta é clara. Devemos suportar todas as provas da vida com coragem e abnegação. Com galhardia. Quando alguém nos faz um mal não devemos conjecturar o porquê. Devemos analisar como resolver o problema, não deixando que ele crie raízes em nossas vidas. Que à semelhança de uma árvore que tem raízes profundas, essas situações mal resolvidas, que geram mágoas, não acabem por se enraizar em nosso subconsciente, criando cicatrizes difíceis e demoradas para serem solucionadas. Nos momentos mais difíceis de nossas vidas não nos perguntemos que mal fizemos em outra encarnação para merecermos o que estamos vivenciando. Antes, perguntemos a nós mesmos o que já aprendemos, no decorrer de tantas encarnações e desencarnações, o que poderemos colocar em prática. E se, mesmo assim, o mal persistir por alguns momentos, elevemos o nosso olhar para o Alto e procuremos em nossas lembranças mais remotas as benesses que Deus já nos enviou. Fortaleçamos o evangelho no lar e confiemos que a noite mais escura termina com um sol fulgurante.
Lembremos sempre da seguinte frase: “A vida ensina que sempre ganha, aquele que cede, que serve, que perde, por mais estranho que esse comportamento pareça ao utilitarismo materialista” (Livro Nas Fronteiras da Loucura, Manoel P. de Miranda, psicografado por Divaldo P. Franco, capítulo 22, Atendimento Coletivo). Não percamos nunca de vista os princípios basilares da doutrina. E nem douremos demais a pílula para que a mensagem trazida pelos espíritos e codificada por Kardec não perca sua essência.

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