Onde mora a salvação?
Octávio Caúmo Serrano
Jamais nos atreveríamos a afirmar que a salvação está no Espiritismo. Da mesma forma, parece-nos pretensioso que outras doutrinas afirmem que só na igreja delas se pode encontrar o caminho para o Céu.
O que não podemos ignorar, porém, é que a clareza e objetividade do Espiritismo é um fator favorável para que as pessoas compreendam a finalidade da vida na Terra. A inteligência das lições trazidas pelos Espíritos e reveladas a nós por Allan Kardec e outros escritores que o sucederam, facilita para que vivamos com mais esperança, serenidade e responsabilidade. Ninguém explica a Lei de Ação e Reação como a Doutrina Espírita.
Já pertencemos a outra religião, como ocorre com a maioria do povo brasileiro pela sua tradição católica. Respeitamos essa doutrina e somos gratos a ela porque foi ali que fomos apresentados a Jesus e informados que somos filhos de Deus e, portanto, contamos com a sua proteção permanente. Todavia, é uma crença onde não há uma aceitação racional, produto da fé compreendida. Tudo é dogmático.
Imaginávamos, naquele tempo, que deveríamos amar Deus e o próximo porque Moisés registrou a “palavra de Deus” nas pedras da lei. Era uma ordem, mas não fomos informados por que deveríamos ter esse comportamento. Seguíamos por ser a Lei de Deus e temíamos o castigo divino!
Com o conhecimento do Espiritismo, e a aplicação sábia da Lei de Causa e Efeito, ficou claro que devemos amar Deus e o próximo no nosso próprio interesse como espíritos imperfeitos que buscam seu crescimento espiritual para serem mais felizes, quer na Terra, quer no mundo espiritual, onde estagiaremos no aguardo da nova encarnação, o que fatalmente ainda acontecerá conosco, por muito tempo.
Se formos bons, honestos, trabalhadores e solidários, sentiremos interiormente um bem estar porque a consciência não nos acusará de erros ou agressões contra a natureza e o mundo que nos cerca. Só por isso já vale a pena. Todavia, independente disso, estaremos valorizando a passagem pelo mundo para ter direito a ocupar melhores posições na espiritualidade, onde podemos ser ativos participantes na obra da Criação, que está em evolução permanente
Portanto amar Deus e o próximo deixou de ser um compromisso penoso, compulsório, para ser algo prazeroso e que colabora para a autoeducação que nos traz alegrias no presente e no futuro.
Essa é a diferença entre o Espiritismo e outras doutrinas que divulgam a palavra de Jesus como uma ordem a ser cumprida sob pena de arder no fogo do inferno. Para o Espiritismo, o inferno, assim como o céu, se encontra no interior de cada criatura. Ela tem o livre-arbítrio de sofrer ou ser feliz, sem escravizar-se a nada e a ninguém; nem mesmo aos espíritos, por mais que estes tentem influenciar-nos em nosso comportamento. Só conseguem ajudar-nos ou prejudicar-nos se deixamos. Diz o poeta Eurícledes Formiga, por Chico Xavier, numa singela trova: “Em nossa casa mental / por mais se mantenha alerta, / obsessor só penetra / quando encontra a porta aberta”.
É por isso que eu agradeço por ter encontrado, um dia, o ESPIRITISMO.
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