terça-feira, 20 de julho de 2010

Ler Matéria - Revista RIE

Ateísmo
Abel Glaser

A falta de crença em Deus e na vida espiritual leva a criatura a uma das formas de materialismo.
Essa atitude, individual ou grupal, não é nova.
Existiu na Antiguidade (Epicuro e Lucrécio), na fase moderna (Helvécio e Holbach), no materialismo dialético marxista, no existencialismo de Sartre.
A postura ateísta, negando a possibilidade de se conhecer o que é Absoluto, afasta-se da busca de provar, racionalmente, a existência de Deus e, consequentemente, de estudar o que existe de concreto acerca da vida espiritual.
Para o ateísta a fé inexiste. Não consegue associar fé e razão.
Na atualidade, Richard Dawkins, com seu livro best-seller “A Delusão Divina”, defende o ateísmo e o divulga de maneira militante (Folha de S.Paulo de 27.11.2006, pág. A-15).
Marcelo Gleiser (Folha de S.Paulo de 28.03.2010, pág. 4 mais) afirma que “à medida em que a ciência foi progredindo, foi também ameaçando a presença de Deus no mundo”.
A Doutrina Espírita, seguindo o planejamento do Alto, vem, em boa hora, unir ciência e religião, tanto no aspecto filosófico-moral como no experimental.
Kardec, no item 8 do capítulo I de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, assevera:
“A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana: uma revela as leis do mundo material e a outra, as do mundo moral, tendo, no entanto, umas e outras o mesmo princípio: Deus, razão por que não podem contradizer-se”.
Às ciências é aplicado o axioma não há efeito sem causa.
Todo efeito inteligente tem de decorrer de uma causa inteligente, acentua Kardec (A Gênese, capítulo II, item 9).
“A harmonia existente no mecanismo do Universo patenteia combinações e desígnios determinados e, por isso mesmo, revela um poder inteligente”. (Kardec, “O Livro dos Espíritos”, questão nº. 8)
Existe lógica maior que essa?
Fenômenos mediúnicos sempre existiram, demonstrando, de maneira ostensiva, os laços que ligam o mundo espiritual e o mundo material.
Manifestações de efeitos físicos e de efeitos inteligentes não faltaram, em todas as épocas da Humanidade.
Kardec, estudando as mesas girantes e, posteriormente, inúmeras outras modalidades de manifestações mediúnicas, traz inestimável contribuição para que, apoiada em fatos inequívocos, a fé conte com o apoio da razão, tornando-se raciocinada.
O Espiritismo, portanto, no aspecto teórico (estudo) e no prático (fenômenos), representa instrumento de combate ao ateísmo, para que o ser humano valorize sua programação reencarnatória do ponto de vista espiritual.
O ateísmo é uma postura muito mais racional do que outra coisa. Reflete o malabarismo do raciocínio e da retórica, para dispensar a ideia de Deus e a existência de Suas leis, que regem o contínuo progresso do nosso ser.
No fundo, todo homem possui uma chama divina, aí colocada por Deus, ao criá-lo imortal e perfectível. Ela se desenvolve, continuamente, no curso do tempo.
O ateísta não o foi sempre.
Desde a condição de homem primitivo, intuitivamente teve a noção de sua pequenez, diante do Criador, ou, pelo menos, das forças da Natureza.
A missão do homem inteligente na Terra nada tem a ver com destruir a ideia de Deus e da Providência, como Kardec transcreve no item 13 do capítulo VII de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
Quando optamos por seguir o ateísmo, estamos nos colocando na posição de “autistas espirituais”, por buscarmos o desligamento da nossa realidade imaterial.

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