terça-feira, 1 de março de 2011

Novas Doutrinas, novas denominações!

Francisco Rebouças

“Mas quando ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns escarneciam e outros diziam: acerca disso te ouviremos outra vez.” – (ATOS, CAPÍTULO 17, VERSÍCULO 32.)

O encontro de antigos, dedicados e fiéis trabalhadores da Seara espírita, com diversos outros tipos de seguidores da filosofia ensinada pelos Espíritos Superiores, na Codificação do Espiritismo, codificada por Allan Kardec, traz-nos à memória o acontecido no contacto de Paulo de Tarso com os atenienses, no Areópago, que nos apresenta lição interessante sobre os possíveis novos discípulos.
Diz-nos Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, que “Enquanto o apóstolo comentava as suas impressões da cidade célebre, aguçando talvez a vaidade dos circunstantes, pelas referências aos santuários e pelo jogo sutil dos raciocínios, foi atentamente ouvido. É possível que a assembleia o aclamasse com fervor, se sua palavra se detivesse no quadro filosófico das primeiras exposições. Atenas reverenciá-lo-ia, então, por sábio, apresentando-o, ao mundo, na moldura especial de seus nomes inesquecíveis.
Paulo, todavia, refere-se à ressurreição dos mortos, deixando entrever a gloriosa continuação da vida, além das ninharias terrestres. Desde esse instante, os ouvintes sentiram-se menos bem e chegaram a escarnecer-lhe a palavra amorosa e sincera, deixando-o quase só.
O ensinamento enquadra-se perfeitamente nos dias que correm. Numerosos trabalhadores do Cristo, nos diversos setores da cultura moderna, são atenciosamente ouvidos e respeitados por autoridades nos assuntos em que se especializaram; contudo, ao declararem sua crença na vida além do corpo, em afirmando a lei de responsabilidade, para lá do sepulcro, recebem, de imediato, o riso escarninho dos admiradores de minutos antes, que os deixam sozinhos, proporcionando-lhes a impressão de verdadeiro deserto”.¹
Nós aproveitamos para dizer da nossa total concordância ao que atesta o benfeitor, pois o que mais observamos nas palavras e atitudes de tantos quanto se dizem seguidores da Filosofia Espírita, e não seguem os seus verdadeiros fundamentos é exatamente igual, uma vez que, quando alertados para as verdades ensinadas pela Doutrina Espírita, não têm a menor boa vontade de ouvir e seguem fazendo Espiritismo à maneira particular de interpretá-lo.
Continuam dessa forma, divulgando os postulados espíritas, conforme o achismo e modismo, sem o menor constrangimento, e não aceitam qualquer observação de quem quer que seja, utilizando o termo espírita como se Espiritismo fosse o absurdo que pregam e praticam nos centros que dirigem ou de que participam, onde a reforma íntima não tem lugar nem importância.
Isso, em pleno século XXI, quando o Espiritismo já está à inteira disposição dos que desejarem seguir seus ensinamentos, desde o abençoado dia 18/04/1857, e, quem quer que se diga espírita não pode prescindir de estudar essa nobre Doutrina trazida a lume pelos Imortais da Vida Maior, sob a supervisão do próprio Mestre de Nazaré, que nos presentearam com essa pérola de valor incalculável, chamada O Livro dos Espíritos.
Quando, por algum motivo, esses donos da verdade são contrariados em seus achismos absurdos e esclarecidos pelas matérias contidas na codificação, enchem-se de fúria e passam a destilar todo o veneno que armazenam em seus corações, acusando aqueles que os contrariaram de metidos, de presunçosos, etc., como se defender a pureza doutrinária fosse crime.
O próprio Codificador, já prevendo esse tipo de “espiritismo” deturpado e completamente infundado que, por certo, sabia, de antemão, que surgiria, foi o primeiro defensor da pureza de nossa Doutrina, quando colocou, em O Livro dos Médiuns, a bela e esclarecedora mensagem do espírito Erasto, donde destacamos o ensino lá contido que representa a maior de todas as defesas que alguém já se mostrou capaz de fazer, conforme segue: “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.²
Preciso se faz que todos nos empenhemos em vivenciar os postulados de nossa Doutrina, com o maior respeito e fidelidade aos ensinamentos dos Espíritos Superiores, assumindo a responsabilidade de nos dizermos espíritas, que significa seguidores da Doutrina dos Espíritos e, se não desejarmos segui-la, com a devida fidelidade e respeito a seus postulados, que não nos utilizemos desse vocábulo, criado por Allan Kardec, para definir os verdadeiros seguidores do Espiritismo, e façamos, então, uso do termo espiritualista, anteriormente existente, e que abrange todas as filosofias diferentes da ensinada pelos Espíritos Superiores, na Codificação Espírita, pois, só então, não estaremos assumindo o compromisso de aceitar, seguir e vivenciar o contido no Pentateuco Espírita e, só assim, poderemos agir como bem entendemos e desejamos, sob a denominação que nos for mais apropriada que, em nenhuma hipótese, será a de Espírita.

Bibliografia:
1) Livro: Pão Nosso – Cap. 114 - Novos Atenienses - Chico Xavier/Emmanuel.
2) Livro dos Médiuns - Cap. XX, item 230 – Allan Kardec.

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