domingo, 22 de novembro de 2009

Ler Matéria - Jornal O CLARIM


Vida passageira
Jaime Facioli

Uma inegável realidade de nossa existência é a passagem do tempo. Quando folheamos os álbuns da vida, vemos fotos de nossa infância e nos deliciamos com os acontecimentos passados na nossa jornada da vida. Tantos momentos felizes. O abraço carinhoso dos pais. A família reunida nas efemérides. O dia do nosso enlace matrimonial, o nascimento dos filhos e dos netos. Oh! meu Deus! Quantas coisas boas já vivenciamos. É verdade também que momentos amargos fizeram parte da nossa cesta básica da vida. É assim mesmo. Alimento sem sal é sem graça e sem sabor. Deus sabe o que precisamos para o nosso crescimento. São os desafios, as dificuldades e as lutas que nos fazem crescer em direção aos altiplanos celestiais. Cada dificuldade que a vida nos oferece é uma alavanca para o nosso crescimento.
Ao lançar nosso olhar para o nosso passado, tomamos consciência do quanto nossa vida é passageira. Oxalá meditemos por essa mesma razão, duas vezes antes de jogar fora as oportunidades que temos de ser e de fazer os outros felizes. Esse é o caminho e a direção que oportunamente o futuro nos mostrará no filme da vida, como um jardim florido pelos nossos atos de amor, de justiça e de caridade. Nada de se colher as flores cedo demais. Sabemos que há sementes que nunca brotam e outras que vivem a vida inteira sem despertar para a realidade do espírito, e pétala por pétala, vividas na consciência do sono, são entregues ao vento. É verdade que não somos adivinhos e nem predestinados, para conhecer o futuro de nossas vidas; nem mesmo sabemos se teremos tempo para florir e enfeitar o Éden de nossa viagem pelo planeta Terra.
Exatamente por não sabermos a duração de nossa viagem pelo planeta de provas e expiações é que nós descuidamos dos nossos compromissos com a vida, com o reto proceder, com a família e com a religiosidade. Esquecemo-nos das lições do Divino Jardineiro: Orai e Vigiai. Cuidamos pouco de nosso espírito e da lei que o Homem de Nazaré nos trouxe em nome do imenso amor que Ele nos dedica: a Lei de Amor, de Justiça e de Caridade. Insisto: descuidamos de nós e dos outros; deixamo-nos entristecer por coisas pequenas e contrariedades do dia a dia, perdendo minutos, horas, meses e anos preciosos em relação aos compromissos assumidos na pátria espiritual.
E assim é que nos calamos quando deveríamos falar; falamos demais quando deveríamos silenciar. Não abraçamos a esposa, os filhos e os amigos como anela nossa alma com sofreguidão, porque algo em nós impede essa aproximação. O ósculo como Jesus fazia então nem pensar. Dizemos para nos justificar: “não estamos acostumados com isso”. Mais ainda: não dizemos que gostamos de alguém porque achamos que o outro sabe automaticamente o que sentimos. Mesmo que ele saiba, é bom e faz bem à alma recordar o nosso amor ao próximo. Quando sentir em seu espírito que deseja externar esse sentimento de amor, pela palavra articulada ou por um gesto de carinho, um abraço ou um beijo, não o reprima. Diga a sua esposa, ao seu filho, ao seu amigo: Eu te amo.
Estamos convicto por conhecer de cátedra essa postura, que nessa ensancha se perceberá o brilho da luz que se acende nos olhos do ente querido. Não raras vezes, esse brilho se fará acompanhar de lágrimas que lavam a alma e purificam o espírito em nome da excelência do amor que o Cristo de Deus nos trouxe para ser vivenciado em Seu nome e do Pai Celestial. Não nos permitamos que a noite nos entregue nos braços de Morfeu e o dia renasçamos nas mãos de Cronos para continuarmos as mesmas criaturas fechadas em nós mesmos, eternamente reclamando nada ter, ou achando que o que temos não nos basta.
Não por outra razão estamos sempre cobrando, implacavelmente, procedimentos e graças dos outros, da vida e de nós mesmos. Já nos acostumamos a comparar nossas vidas com as daqueles que possuem mais do que a gente. Olvidamos que aquele que se compara se exalta ou se diminui perante a vida e a Divindade. Cada ser tem o seu próprio valor e é um ser personalíssimo. Basta confiar no Senhor da Vida. Ele sabe o que faz. Por isso Ele é Onipotente, Onisciente e Onipresente.
É com esse sentido que o tempo passa e muitos de nós acabamos passando pela vida sem vivê-la em plenitude. Sobrevivemos porque nos falta a religiosidade e não sabemos fazer outra coisa se não reclamar. Chegará, todavia, para todos os filhos da Consciência Cósmica, indistintamente, o momento em que acordaremos e olharemos para trás e nos questionaremos: E agora? Agora amigos, hoje, ainda é tempo de reconstruir nossas vidas, na fraternidade e no amor que nos trouxe o Divino Galileu. O amor não tem nem hora nem tempo, é sempre oportuno dar o abraço amigo, dizer uma palavra carinhosa, agradecer pelo que temos: a saúde, o corpo perfeito, a família, as provas e os desaires da vida, ferramentas de crescimento para os filhos da Providência Divina alcançarem os páramos celestiais.
De fato, nunca se é velho ou jovem demais para se amar, dizer uma palavra gentil ou fazer um gesto carinhoso. Por essa razão, não olhe para trás. O que passou, passou. Foram aulas preciosas para a nossa elevação espiritual. Agora é hora de olhar para frente. Ainda é tempo de apreciar as flores que estão inteiras ao nosso redor. Ainda é tempo de voltar-se para Deus e agradecer pela vida que, mesmo passageira nas existências terrenas, ainda está em nossas mãos pelo exercício do livre-arbítrio; fazê-la bela, colorida e consentida, pois somos sempre eternos. Não se esqueça que o ontem é passado, o amanhã a Deus pertence, mas o hoje, como o conhecemos na conjugação dos verbos é o tempo presente. Presente que o Sentimento Divino nos concede para que possamos implantar a reforma íntima de que carecem nossos espíritos em direção às estrelas.
Afiance-se por isso que, conhecendo o fato de que quando chegar o momento de nossa grande viagem, único fatalismo que existe neste planeta de Deus, levaremos na nossa bagagem apenas a edificação do bem. Estejamos preparados, alegres, felizes e com a alma repleta do perfume de Jesus, para quando chegarmos aos esplendores celestes nosso traje seja de pureza como carta de alforria para haurir as bênçãos do Senhor da Vida.

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