O alcoolismo é uma enfermidade de profundo interesse para sociedade terrena, uma vez que raras são as famílias que não tenham em seu reduto alguém, próximo ou distante, portador de tal mal.
A ciência procura de toda forma encontrar mecanismos para seu tratamento sem que tenha tido sucesso absoluto.
A verdade é que o alcoolismo, mesmo que causado por fatores genéticos ou intrínsecos, sempre será uma doença de cunho espiritual, pois que traz sua raiz nos refolhos da alma errante ao longo de várias encarnações. E, também, é um mal agravado pela presença desgastante de Espíritos homiziados com tal hábito. Pode ser um hábito adquirido em épocas de sofrimentos intensos, após quedas morais delicadas, ou mesmo um processo de vingança espiritual patrocinado por Espíritos infelizes que, por terem sofrido nas mãos de déspotas do passado, escravagistas e tais, buscam a vingança.
Seja qual seja a causa, o tratamento exige a participação do próprio enfermo, de sua família e um auxílio firme da espiritualidade superior que, por ter autoridade moral sobre os Espíritos inferiores, buscam, com a ação do amor, sensibilizá-los, a fim de demovê-los desse intento, processo esse que também pode demorar, porque os benfeitores nada impõem e dependem muito da transformação moral do doente. É verdade que, também por caridade, esses benfeitores podem afastar de forma mais imediata uma entidade viciada, mas, como ensina o mestre lionês Allan Kardec, é preciso remover a causa, isto é, tratar o enfermo.
Jesus, nosso mestre maior, também se referiu ao afastamento de entidades malévolas dizendo que, quando um espírito imundo deixa um lugar, ele, não encontrando repouso, busca outros sete piores que ele e volta ao ataque.
Portanto, o alcoolismo deve ser visto como uma enfermidade espiritual, cuja classificação pode ser encontrada entre as obsessões, particularmente aquela a que Allan Kardec se referiu como subjugação, que é quando a vontade de alguém está sob o domínio de outrem.
No texto sobre a vida Chico que apresentaremos, retirado do livro “O Prisioneiro de Cristo”, de R. A. Ranieri, publicado pela Editora LAKE, veremos importante exemplo sobre o tema em análise.
Segue o texto:
“Nós estávamos encostados na porta que dá para o gabinete de receitas. Chico ia atendendo o povo e conversando conosco nos intervalos ou no espaço que mediava entre uma e outra pessoa. Às vezes contava uma história para ilustrar a oportunidade.
- Sabe, Ranieri – dizia ele – quando eu trabalhava no Centro com José Xavier, ia lá um rapaz que bebia muito, mas que desejava deixar de beber. Falou-nos. Começamos a orar e pedir por ele. O rapaz enchia-se de boa vontade e durante a reunião ansiava se libertar, mas saía dali e tornava a beber. Nós insistíamos nas orações.
Um dia, Emmanuel me disse: ‘Você, Chico, vai acompanhá-lo quando sair daqui e verá o que ocorre com ele’. Assim fiz. Dilatou-se-me a vidência e passei não só a acompanhá-lo no plano físico como também a vê-lo no campo espiritual. Assim que saiu, na porta do Centro esperavam-no quatro entidades inferiores que logo o envolveram e o conduziram para um bar. Enquanto um lhe fazia companhia dentro do bar e absorvia-lhe aspirando a pinga que ele ia bebendo, os outros três montavam guarda. Ele bebia. O primeiro foi lá como dissemos e aspirou toda a bebida. Depois aquele saiu, e foi o segundo. Ele bebeu mais e o segundo absorveu a bebida. Saiu este e foi o terceiro e depois o quarto. Enquanto bebia, os outros três impediam que um quinto Espírito que se aproximara também bebesse com ele.
O rapaz era propriedade dos quatro Espíritos, era deles, pertencia-lhes.
Olhei o Chico e compreendi-lhe a lição.
Isto queria dizer que também no mundo espiritual, assim como na Terra, há os insaciáveis, os dominadores da alma humana, que aprisionam e escravizam a criatura da mesma forma ou pior que os gângsteres americanos que aparecem no cinema. Krishna ensinava que existe uma luta terrível travada entre o Bem e o Mal.”
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