Octávio Caúmo Serrano
Embora as Escrituras digam que fomos criados à imagem e semelhança de Deus, ao longo do tempo, os homens entendem Deus à sua própria imagem e semelhança.
Em vez de um Ser Espiritual, Deus passou a ser humano, como nós, simbolizado por um velho de longas barbas, num trono, e com um cajado para sustentar-se. Limitamos Deus por não entender que Ele é um ser imaterial; é energia e não matéria.
O Espiritismo, no entanto, define Deus de forma diferente. Logo no início de O Livro dos Espíritos, questão número 1, informam os Superiores que Deus é a Inteligência Suprema, causa primária de todas as coisas.
Nas demais religiões cristãs, deparamo-nos com certas confusões. Misturam Jesus com Deus, como vemos no catolicismo, quando, na oração da Ave-Maria, se diz: Santa Maria, Mãe de Deus, em vez de Mãe de Jesus.
Limitado, Deus perderia seu poder absoluto, porque os acontecimentos escapariam ao controle do Administrador Maior do Universo, e as mortes coletivas seriam realmente catástrofes, acidentes imprevisíveis, sem que Deus tivesse o controle dos mundos. Para o Espiritismo não é bem assim.
É normal que os demais cristãos pensem diferente dos cristãos espíritas, porque eles não aceitam a lei da reencarnação e, portanto, não há carmas a serem corrigidos. Se ninguém tem nada a acertar, porque não há passado espiritual, como explicar os resgates que se sucedem, constantemente, inclusive de maneira coletiva? Somente como acidente, fatalidade, castigo, destino ou outras definições que nada explicam e duvidam da soberania divina. Um Deus que não pode evitar o sofrimento humano!
Imaginar que os acontecimentos se dão à revelia de Deus, ou que Ele permite semelhante maldade e nada faz para interferir ou minorar os sofrimentos humanos é considerá-Lo um Ser extremamente limitado e insensível. O tempo do “Deus castiga” já é passado. Deus é a Lei, a Lei que simplesmente se cumpre, sem privilegiar ninguém.
O Espiritismo ensina sobre a reencarnação e, portanto, diz que todos os acontecimentos se entrelaçam, e somos herdeiros do nosso passado. Mostra que a vida na Terra é uma escola de aprendizado espiritual e que deve ser aproveitada para a evolução, a fim de conseguirmos uma vida melhor, na vida verdadeira. O que não entendermos numa encarnação, aprenderemos na próxima. Ninguém morre, como dizem, convencionalmente; apenas desencarnamos e continuamos a caminhada espiritual como uma individualidade em sucessivo e permanente aperfeiçoamento.
Esse entendimento elimina as injustiças e explica as desigualdades na sorte das pessoas, quer física, quer moralmente.
O Deus ensinado pelo Espiritismo é, portanto, mais justo e mais poderoso porque é o Dono de todos os acontecimentos, e tudo obedece aos desígnios da Sua Lei.
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