.........Determinadas matérias tratadas na exposição da Doutrina Espírita muitas vezes perecem sem importância, mas nunca será demais saber o exato sentido e praticar a correta aplicação dos termos. .........É o que acontece com a aplicação das expressões INTUIÇÃO e INSPIRAÇÃO: há alguns companheiros da exposição doutrinária, seja na área do ensino, seja na da divulgação, que acham (e, o que pior, passam adiante) não haver nenhuma diferença entre ambas. .........Mas, com licença de suas luzes, há diferença - e muita! São coisas diferentes, com diferentes sentidos e de efeitos diferentes. .........Vejamos, não com nossas próprias convicções - pois que, como diz o ditado popular, "santo de casa não faz milagres" - mas trazendo o quanto nos ensinam os entendidos e doutrinadores. INSPIRAÇÃO: Uma definição leiga: "Inspiração - sugestão, insinuação, conselho", ou "Inspirar - incutir, infundir, insuflar, introduzir" (Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, Vol. 2 Ed. Enciclopédia Britânica). Atende-se para a etimologia (origem) dessa palavra, que vem de inspirare, ou "introduzir ar", quase o mesmo que assoprar. .........Agora, a doutrina: "A inspiração é a equipe dos pensamentos alheios que aceitamos ou procuramos" (Ceara dos Médiuns, "Faixas", Emmanuel. F.C. Xavier, FEB - 4ª edição, pg. 125, discorrendo sobre o capítulo "Evocações" do O Livro dos Médiuns). .........Léon Denis (O Problema do Ser, do Destino e da Dor, FEB, 1993, cap. 21, pg. 334), sobre a inspiração: "uma das formas empregadas pelos habitantes do mundo invisível para nos transmitirem seus avisos, suas instruções (...). Pela mediunidade o Espírito infunde suas idéias no entendimento do transmissor". ........."É o recebimento espontâneo de idéias, pensamentos, concepções, provindo de Espíritos..." (Dicionário Enciclopédico de Espiritismo, Metapsíquica e Parapsicologia, Ed. Bels. 1976, 3ª ed., João Teixeira de Paula). Ressalte-se: é espontâneo, logo, nãp precisa evocação, nem pedido de auxílio; é um socorro imediato e de bom grado. .........Em conclusão claríssima: Inspiração é a transmissão dos pensamentos e mensagens de uma mente para outra, "um assopro" do desencarnado para o encarnado possa livremente dispor de uma determinada figura, de uma idéia, de um quadro mental. INTUIÇÃO: Consulte-se Plantão, que fundamenta a intuição na preexistência (reencarnações anteriores), segundo a síntese trazida por Adolfo Bezerra de Menezes, em A Loucura Sob Novo Prisma = Estudo Psiquíco-fisiológico, FEB, 8ª Ed. - 1993, cap. 1, pg 19: "Antes de virmos a esta vida, já tivemos outras, e no tempo intermediário, que passamos no mundo dos Espíritos, adquirimos o conhecimento das grandezas a que somos destinados; donde essa reminiscência, a que chamamos intuição de um futuro, que mal entrevemos, envoltos no véu da carne". .........Segundo Ney Lobo, em Filosofia Espírita da Educação e Suas Conseqüências Pedagógicas (Ed. FEB, 1993, pg. 92), "A intuição é instrumento de prospecção do fundo anímico do educando, das camadas sedimentares de perfeições e imperfeições acumuladas nas existências anteriores". .........No livro Allan Kardec, Zêus Wantuil (ex-presidente da FEB), cuidando da mediunidade atribuída ao Codificador, afirma que "a intuição é a fonte de todos os nossos conhecimentos(...)", referindo-se aos conhecimentos que o Ser angaria ao largo de todas as suas experiências anteriores (cap. 3, pg. 41). .........Dentre as várias abordagens do Livro dos Espíritos sobre a intuição, colhemos apenas a contida na questão nº 415, quando Kardec pergunta aos Espíritos qual a utilidade das visitas feitas durante o sono, se não nos lembramos sempre delas: "De ordinário, ao despertardes, guardais a intuição desse fato, do qual se originam certas idéias que vos vem espontaneamente, sem que possais explicar como vos acudiram. São idéias que adquiristes nessas confabulações". (46ª edição, FEB, tradução de Guillon Ribeiro). .........E, afinal, o próprio Kardec, em A Gênese, Cap. XI, Doutrina dos Anjos Decaídos, item 43 (20ª ed. FEB, idem) falando das emigrações e imigrações dos seres espirituais ao largo dos tempos, afirma que alguns "são excluídos da humanidade a que até então pertenceram e tangidos para mundos menos adiantados, onde aplicarão a inteligência e a intuição dos conhecimentos que adquiriram (...)". E, pouquinho mais adiante, no mesmo item, Kardec é categórico: "A vaga lembrança intuitiva que guardam da terra donde vieram é como uma longínqua miragem a lhes recordar o que perderam por culpa própria". Com o mesmo sentido dizem os espíritos, na questão 393, sobre a "lembrança" (pela intuição) que os Espíritos têm de suas faltas passadas ao reencarnar. .........Nada mais claro resta: a intuição é o conjunto de conhecimentos próprios adquiridos ao largo das múltiplas experiências do Ser, que lhe aflora à mente espontaneamente, sem necessidade de ninguém lhe transmitir nada, pois que tais conhecimentos pertencem ao seu universo peculiar e subjetivo de conhecimentos. .........Portanto amigos, quando formos pedir "ajuda" aos Espíritos, peçamos que eles nos inspirem bons pensamentos, não que nos "intuam"; quanto à intuição, é melhor pedirmos a Deus (e até aos Espíritos, por que não?!) que nos ajude a organizar nossos próprios conhecimentos para usarmos no momento preciso e, sobretudo, em favor do esclarecimento do próximo. Ou melhor ainda, ouvir a sábia orientação de Emmanuel, no livro O Consolador, questão 122, quando lhe foi perguntado "que se deve fazer para o desenvolvimento da intuição", respondendo: "O campo do estudo perseverante, com o esforço sincero e a meditação sadia, é o grande veículo de amplitude da intuição, em todos os seus aspectos". .........É isso aí, com respeito dos mais doutos. E-mail: fagabilan@uol.com.br |
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