O que é a morte – o que é o espírito
Cairbar Schutel
Publicado em 26 de setembro de 1936
A expressão morte, em sua significação literal, não exprime a verdade do fenômeno, que nós, espíritas, com muito justa razão, denominamos desencarnação, porque o ser não se extingue. O Espiritismo demonstra, com a razão, a lógica e os fatos, que, não sendo a alma o produto das conjunções físico-químicas, mas, sim, o agente produtor desses fenômenos, e continua a existir, cessada a sua ação sobre o organismo.
A morte é o despimento do invólucro material, é o abandono do Espírito do seu envoltório carnal. Não sendo este estável, fixo, pois que a matéria corporal se acha sempre em transformação contínua, em mutações, devido ao fluxo e ao refluxo dos elementos que o compõem, não poderia esse agregado de substâncias que se substituem, a todos os momentos, gerar e manter um ser estável, dotado de memória e que se pronuncia com inteligência e virtudes crescentes, tal como observamos, absolutamente independentes dos alimentos que ingerimos, da água que bebemos, do ar que aspiramos.
O Espírito é o tudo dessa máquina humana, é o seu construtor, é o seu mantenedor (mens agitat molem).
O Espírito não é uma entidade abstrata e mitológica, um ser vago, indefinido que, semelhante a uma chama, se extingue quando acaba a vela. É um ser concreto, substancial, também constituído de matéria, quanto à sua parte exterior, mas de matéria ultrarradiante, em cujo corpo se caracterizam sentidos muito mais aperfeiçoados do que os que temos na terra.
O Espírito é um ente limitado pelo seu organismo etéreo, assim como, quando encarnado, (o homem) é limitado pelo seu organismo corpóreo-material.
A constituição do ser humano não é só biológica, física, mas, sim, meta-biológica, metafísica.
As fotografias dos duplos, as moldagens e impressões digitais demonstram, positivamente, a existência, em nós, dos duplos-etéreos, que constituem os nossos corpos espirituais, que não são atingidos nem pelo ferro, nem pelo fogo, nem pela morte.
Por isso é que dizemos: não há morte, mas, sim, separação do Espírito do corpo ou desencarnação. “O que é espírito é espírito, o que é corpo é corpo; há muita diferença entre um e outro”.
Uma é glória do corpo terrestre (glória efêmera); outra é a glória do corpo celestial (glória perene).
Deus não é “deus dos mortos”, mas, sim, dos vivos e, assim como Deus vive e viverá sempre, nós, que somos seus filhos, vivemos e também viveremos sempre.
Tal é a verdade experimental, estudada e que pode ser comprovada a qualquer hora.
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