sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Grupos mediúnicos

Richard Simonetti

Temos a informação de que, no Centro Espírita Amor e Caridade, do qual você participa, há 76 grupos mediúnicos. Por que esse empenho?
O intercâmbio com o Além distingue o Espiritismo das religiões tradicionais, permitindo que nossa crença na imortalidade não seja especulativa, um mero problema de fé. É o aspecto sagrado do Espiritismo. Entendo que todo espírita consciente deve participar.

Além de fortalecer a fé dos participantes, há outros benefícios?
Há vários. Em primeiro lugar, a ajuda que podemos e devemos prestar a Espíritos desencarnados em estado de desequilíbrio, que sequer sabem de sua condição, presos às impressões da vida material ou às circunstâncias de sua morte. Quem desencarna num acidente, por exemplo, se não tiver preparo, vai sentir-se vivendo horrível e interminável pesadelo, preso às ferragens do veículo acidentado.

Esses Espíritos não são amparados pelos mentores espirituais?
Sem dúvida, mas não podemos esquecer que se situam como sonâmbulos que falam e ouvem, com dificuldade para perceber a presença dos mentores. No contato com as energias físicas do médium e do ambiente mediúnico, experimentam um despertar. É nesse momento que o doutrinador, que hoje chamamos esclarecedor, poderá ajudá-los.

Há espaço para tantas reuniões mediúnicas no CEAC?
Temos perto de 20 salas, usadas em reuniões, à tarde e à noite. Nos sábados e domingos, são usadas também pela manhã. Há muito espaço ocioso nos Centros Espíritas. A semana tem 168 horas. Há centros que usam a sala, uma vez por semana, para reuniões mediúnicas, o que representa pouco mais de 1% da capacidade ociosa. No CEAC, uma mesma sala pode ser usada nos três períodos e mais de uma vez em cada período.

Como se formam esses grupos mediúnicos?
Seguindo a orientação de Kardec, em o Livro dos Médiuns, não temos reuniões mediúnicas públicas. São todas privativas. Os interessados em participar inscrevem-se num curso de Espiritismo e Mediunidade, que dura dois anos. Ao final do aprendizado, o grupo iniciante transforma-se num grupo mediúnico.

Como conseguir médiuns para tantas reuniões?
Os médiuns surgem nos próprios grupos, quando é iniciado o intercâmbio. As reuniões, em princípio, são de desenvolvimento mediúnico. Com a evolução do grupo e a disponibilidade de médiuns, podem surgir trabalhos de desobsessão, de psicografia, de receituário, de cura…

Como funcionam as reuniões de desenvolvimento mediúnico?
Em linhas gerais: prece de abertura, estudo de uma obra doutrinária sobre mediunidade, leitura de uma página de comentários evangélicos, vibração em benefício de pessoas, prática mediúnica, prece de encerramento. Logo após, há uma chamada para registro de presenças, com avaliação do que aconteceu. Não se trata de burocratização, mas de disciplina. É fundamental que o dirigente controle a frequência, e que os participantes se habituem a trocar ideias em torno da reunião, objetivando o aprimoramento do serviço.

O que dizer de Centros Espíritas que não realizam reuniões mediúnicas? Alegam seus dirigentes que o tempo do fenômeno já passou. Que agora é preciso cogitar da divulgação da Doutrina e de sua aplicação no meio social.
Estão fora da realidade. Parecem não saber que há multidões de Espíritos perturbados e perturbadores, na psicosfera do planeta, que podem ser muito amparados nas reuniões mediúnicas. Por outro lado, não podemos esquecer que Kardec escreveu O Livro dos Médiuns justamente para estimular e orientar o intercâmbio com o Além. Ao que me parece, em nenhum momento ele proclamou que a prática mediúnica seria datada no Espiritismo. Engano semelhante promoveu um desastre no movimento cristão medieval, quando se suprimiu o intercâmbio com o Além, e as comunidades cristãs deixaram de receber os orientadores espirituais, denominados, genericamente, Espírito Santo.

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