ONGs fazem autopromoção e atrapalham ajuda no Haiti, diz 'Lancet'
Revista médica britânica critica falta de liderança única para coordenar esforços após terremoto.
Em entrevista à BBC, o médico e editor da revista Richard Horton disse que muitas entidades não aprenderam com os erros do passado e estão se concentrando mais em se autopromover do que trabalhar por um objetivo comum.
"O que precisa acontecer é as ONGs, as agências, os grupos humanitários e os governos trabalhando juntos sob uma liderança única. Mas isso não está acontecendo agora", afirmou.
"Vimos os Estados Unidos assumindo a liderança, vimos a Organização Mundial de Saúde (OMS) falando em comandar a resposta à tragédia, vimos outros governos mandando equipes de auxílio às vítimas, mas como tudo isso está sendo coordenado? Não há um mecanismo claro para isso."
Erros
Segundo o editorial da "The Lancet", muitas agências humanitárias atuando no Haiti estão "obcecadas demais" com a cobertura da imprensa e com suas campanhas de marketing, e acabam em um clima de competição.
"Muitas vezes, essas pessoas que vêm de fora caem de paraquedas em uma crise humana como a do Haiti sem saber nada daquele lugar e daquela situação", disse Horton.
Para ele, muitas entidades atuando no Haiti estão repetindo os erros cometidos durante a ajuda prestada às vítimas do tsunami na Ásia, em 2004.
"Enquanto essas agências se mantiverem competindo por uma posição no Haiti, há um risco real de que os suprimentos não sejam distribuídos corretamente."
Pelo menos 500 mil pessoas estão morando em 447 acampamentos improvisados na capital haitiana, Porto Príncipe, segundo a Organização Internacional para Migração.
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