quarta-feira, 15 de abril de 2009

Artigo

E Seguiram-no, sem tergiversações

“Aquele que beber da água que eu lhe der, nunca terá sede.” Jesus (Jo, 04h14min)

Há muito os discípulos não recalcitravam contra os alvitres do Meigo Pastor Celeste... Por mais estranha que fosse a atitude do Mestre, eles não vacilavam mais, e seguiam-nO sem tergiversações. Por isso, quando viajavam da Judéia para a Galiléia, não estranharam quando Ele – abandonando a estrada real que ligava Jericó e Batanéia sob as sombras amigas das árvores que ladeavam o suave e tranqüilo curso do Jordão – penetrou os limites da Samaria, evitados pelos judeus...

A senda que Jesus escolhera era áspera, pedregosa. Não era fácil vencer os quilômetros que separavam as duas cidades, galgando as montanhas de Efrain.

A paisagem agora se vestia de forma menos exuberante, colorindo-se aqui e ali com loendros que rivalizavam com sicômoros desgalhados. O Sol a pino dourava o imenso trigal que se esparramava pelo vale em suaves ondulações provocadas por morna aragem. Haviam subido seiscentos metros acima do nível do mar que podia agora ser visto ao longe, entre brumas. Finalmente estavam na periferia de Siquén, também conhecida como Sicar. Corpos cobertos de pó, gargantas ressequidas, músculos doloridos, descansavam junto ao “Poço de Jacó” em pausa refazente.

Algum tempo depois, enquanto os apóstolos demandavam à cidade em busca de suprimentos, Ele ficou alí, só... Armava-se o proscênio para as lições imperecíveis!...

De retorno com os víveres, os discípulos depararam com Jesus em amplo diálogo com uma samaritana chamada Fotina, mas, (também) não estranharam...

Ele estava derrogando ancestrais tabus e costumes: ninguém podia dirigir a palavra a uma mulher em público e muito menos judia se confraternizavam com samaritanos desde as recuadas eras da cisão entre as tribos, por questões de desentendimentos na interpretação das Escrituras Sagradas e da não aceitação dos outros profetas pelos samaritanos que tão somente adotavam o Pentateuco Moisaico.

Aureolada por respeitosa reverência, a mulher já havia se rendido aos Sublimes Ensinamentos, e, tal como os discípulos, passou a levar a Boa Nova a todas as criaturas, ficando, depois, conhecida sob a alcunha de a Iluminadora.

Com Ele, Fotina aprendera a semear no presente para colher no futuro. Ele lhe havia descortinado os horizontes da Imortalidade da Alma. Fazia-se urgente levar a todos as primícias do Reino, que, agora, não mais se restringiria aos recintos graves e fechados dos Templos de pedra. Deus deve ser louvado em espírito e verdade na ara singela e despojada dos corações.

Seguindo, empós, para a Galiléia, o Mestre deixou atrás de Si um Sendal de Luz a clarear os obscuros meandros do “eu”, ensejando o espírito de renúncia e ampliando o horizonte dos míopes viajores da Eternidade.

Assim, hoje como ontem, os que desejamos seguir a Jesus deverão também fazê-lo sem tergiversações, sem olhar para trás, com olhos postos na Estrela Maior, nos caminhos do Infinito, nas sendas da Imortalidade, esparzindo a Luz que Ele trouxe de Seu Jardim de Estrelas, propondo uma nova ordem lastreada na solidariedade fraternal, na Caridade sem limites e incondicional, saindo do discurso para o curso da prática e aplicação do mandamento maior, que resume todas as leis e todos os profetas: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

Rogério Coelho

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