http://www.espiritismoeluz.org.br/seareiro/seareiro_06_2009.pdf
Ao nos questionarmos sobre o porquê de tantas
desgraças nas famílias, não nos esqueçamos: Deus a
nenhum de nós falta, faltou ou faltará. Não deixemos de crer
que uma força bendita nos rege e que cabe a cada um se
envolver nela.
Assim como o som atravessa a massa atmosférica, o
pensamento o faz no fluido universal, em níveis de expansão
muitíssimo maiores, levando os nossos bons fluidos, se
tivermos fé, para auxílio nosso e de todos os demais que se
encontrememsituações desesperadoras.
Com o progresso material, modificamos nossos hábitos e,
consequentemente, ao recapitularmos nosso convívio
familiar de outrora e os compararmos aos de hoje, podemos
observar as alterações ocorridas, variando a forma de acordo
com as épocas, regiões e até as maneiras disciplinares que
eram aplicadas.
Era uma prática comum na educação que, quando os
adultos estivessem conversando, as crianças não poderiam
interromper ou, mesmo, transitar entre os circunstantes.
À parte algumas condutas extremadas, considerando o
equilíbrio, perdemos as rédeas da educação ao longo das
décadas. Sem saber direcionar a liberdade conquistada, o
homem adulto, desorientado, não soube se conduzir na
criação de seus filhos. A permissividade preconizada pela
psicologia moderna, pregando o direito de escolha desde a
tenra idade, surgiu como o reverso à repressão austera dos
tempos idos.
A falta de equilíbrio nos fez oscilar entre extremos,
mostrando nossa imaturidade para usufruirmos da liberdade
a nós concedida. Aconquista de emancipações e direitos, se
canalizados por nós, homens e mulheres, com maturidade,
serviria de aprimoramento e evolução na condução de nossa
caminhada e, desse modo, a educação de nossos filhos seria
melhor e mais aprimorada que a de nossos antecessores.
Mas, se erramos ao longo do caminho, o Pai, como todos
os pais que querem a nossa melhora, nos concede novas
oportunidades.
A vida continua, nós somos eternos e é sempre tempo de
recomeçar, fazer, trabalhar.
Às vezes, ouve-se falar em casamento como
instituição falida ou até de “museu da família”,
este último em alusão ao que perdemos de bom
dos convívios de outrora.
Ora! Já se disse que, se não precisássemos de mãe para
nascer, sairíamos da casca deumovo.
A família se inicia com a união de duas pessoas; elas
devem ter responsabilidade para receber um novo ser e os
compromissos são dos três. Esta é a oportunidade divina
para o resgate, entendimento, amizade e o verdadeiro amor
que, se alcançado, substituirá prováveis algemas por laços
de união.
Como se explicam essas dolorosas notícias de violência e
abuso sexual entre pais e filhos, vindas de localidades
diversas, que ferem nossas fibras mais sutis, por já não
aceitarmos tal barbárieemnossos dias?
Se entendermos que o mundo não é apenas este; que a
vida não se extingue e nem se resume a uma única
encarnação; que Deus rege o Universo e que, sendo Ele
perfeito, não poderia haver injustiças, temos que admitir que
nada é por acaso e que o homem responde, segundo a Lei de
Causa e Efeito, por todos os erros cometidos ao longo de sua
existência, sendo-lhe concedida sempre a oportunidade de
arrependimento e correção das faltas do passado. Assim,
não há vítimas, embora um erro não justifique o outro, como
diz o Evangelho: “É necessário que venha o escândalo, mas
ai daquele por quem vem o escândalo”.
Deus nos concede oportunidades e a família é um campo
vasto para as correções. O núcleo familiar é o começo de
tudo, daí a necessidade de o homem utilizar sua inteligência
para aquilatar a importância que esta (a família) tem no
contexto mundial. A educação não começa na escola, nela
apenas desenvolvemos a parte intelectual. A moral, os bons
costumes, a valorização de um caráter íntegro, digno e
correto devem se iniciar e se aprimorar no âmbito familiar,
desde a concepção, com os hábitos e procedimentos dos
pais. Lembremo-nos de que este indivíduo sairá do lar e
ocupará um lugar na sociedade, quiçá na posição de um
estadista, governando uma nação.
Como reclamar de nossos governantes se nós os
elegemos e os mesmos pertencem à mesma
sociedade de cuja educação também
participamos? Como estamos nos reeducando e
educando nossos filhos?
Para fortalecermos as nossas convicções, o
nosso ânimo e unirmos diariamente os
pensamentos com o mais Alto, faz-se necessária a
oração. Orar é conversar com Deus, é unir nossos
pensamentos àqueles que permanecem na
Espiritualidade e vibram por nós para que atinjamos
nossos objetivos de resgate e entendimento
assumidos antes de reencarnarmos. Eles, por nos
amarem, torcem pelos nossos acertos. A oração,
assim, passa a ser um refrigério para o nosso
espírito, para a recuperação das energias que tanto
gastamos com os problemas materiais.
Harmonizemos o nosso lar com a prática da
prece e eduquemos os nossos filhos, direcionandoos
para que, desde cedo, aprendam a não buscar a
felicidade nas coisas terrenas, auxiliando-os a
se perderem pelas imperfeições que possam
trazer de seu passado. Dessa maneira,
estaremos, verdadeiramente, nos permitindo o
auxílio dos amigos espirituais e dando as
condições possíveis para que a criança, que
recebemos, seja educada e cresça não só na
matéria, mas, principalmente, no campo moral.
Este é o único legado que nossos filhos poderão
levar, ao retornarem à pátria espiritual.
O Evangelho no Lar é o remédio indicado para todos os
lares, sem contraindicação. Que possamos viver em lares,
não importa que sejam construções suntuosas ou modestas,
higienizando-os com o Evangelho e pensamentos salutares.
Rosangela
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