Eduardo do Couto Ferreira
Infelizmente, movidos mais pelo instinto que pela razão, vive o ser humano constantemente a transgredir as leis de Deus, malgrado já conhecê-las. A observância dos princípios guiadores da vida induzem, inevitavelmente, à vivência dos mesmos, sem o que não haveria observância de fato.
Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, sem o que não há salvação. No entanto, toda mensagem para ser vivida passa pelos seres responsáveis por vivê-la, assim como a água passa pelo vasilhame antes de ser sorvida. Sendo o vasilhame portador de impurezas, estas influenciarão no líquido, e é exatamente com o que ocorre nos ensinamentos de Jesus: puros e simples na sua plenitude, manchamos essa nobreza com as deficiências que nos são próprias.
De todas essas mazelas a nos inquietar a todo o momento, destacamos a questão do julgamento. Os dicionários assim definem a palavra julgar: “proceder como juiz; sentenciar”. Ao lançarmos um julgamento contra alguém, comportamo-nos como juízes, coisa que não somos. No dia a dia, em todos os locais, vemos os demasiados julgamentos e censuras feitas, sem qualquer compromisso com a verdade. Derrapamos num dos mais conhecidos ensinos do Cristo: “Não julgueis, a fim de não serdes julgados; porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; empregar-se-á convosco a mesma medida de que vos tenhais servido para com os outros”1. Erramos duplamente ao procedermos com essa postura. Primeiramente, por não sabermos se o objeto de nossa crítica é ou não real, pois até que ponto poderemos ter certeza de que estamos fazendo uma avaliação correta ou de que a informação ventilada não seja mentirosa? E, segundo, mesmo que seja verdade a informação, o erro está em quem o pratica e não será uma censura de nossa parte a corrigir; pelo contrário, somente agravará o quadro. É notória essa postura nos meios de comunicação, onde vivemos à mercê de informações e notícias veiculadas, sem nenhuma condição concreta de confirmar a veracidade dos fatos. Por essa razão, campeiam na imprensa casos de pessoas famosas que têm momentos de grande dor e sofrimento, com seus nomes despedaçados por denúncias e, mais tarde, em ocasiões fortuitas, ou após suas mortes, virem a público indivíduos afirmarem a falsidade e a tentativa de se aproveitar de um ser famoso, sem compromissos com a verdade, que deveria ser o único compromisso de nossa vida. Criaram denúncias em benefício comercial, financeiro, e conta com a complacência daqueles, como nós, que ingenuamente acreditamos e julgamos. Não é que devamos duvidar de tudo, mas não acreditar em tudo. E olhar as pessoas como irmãs, com bondade.
A verdadeira postura crítica é fruto de um amadurecimento emocional e não apenas intelectual. Não devemos compactuar com o mal, tampouco ser complacentes com o erro, mas é nosso dever analisar as ideias, pois são elas que movem o mundo. Allan Kardec, em sua imensa sabedoria, desenvolvia análises críticas muito bem elaboradas em seus memoráveis artigos, mas percebemos que jamais atacou, sob nenhuma forma, pessoas ou instituições. Pautava seus escritos no âmbito do pensamento, pois é dele que partem todos os atos humanos. Quando Jesus se encontrava na cruz, o povo deixou-se comportar como juiz. Censurou, criticou, condenou o quê? A massa reunida ali não sabia o que fazia. Era o simbolismo em alta escala de um comportamento habitual em menor escala. Ainda nas palavras de Jesus, com grande atualidade: “Como é que vedes um argueiro no olho do vosso irmão, quando não vedes uma trave no vosso olho?”2
É necessário olharmo-nos como irmãos. Nas tradições da História, são sempre admiráveis homens e mulheres que se entregaram a ideais nobres e trabalharam pelo bem da humanidade, mas, paradoxalmente, esses seres somente são reconhecidos depois que partem para a pátria espiritual através da morte. Enquanto estão entre nós não são entendidos e veem-se alvejados por muitos. Foi assim com os heróis do mundo, foi assim com Jesus. Foi assim com Allan Kardec. Bom seria se os homens os tivessem entendido enquanto estavam entre nós. E hoje todos reconhecem a grandeza desses dois faróis.
Em qualquer local, seja qual for a situação, a famosos ou anônimos, olhemo-nos com amor. Essa palavra resume tudo.
1 - KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. X, item 11. Brasília: FEB, 1944.
2 - KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. X, item 09. Brasília: FEB, 1944.
Infelizmente, movidos mais pelo instinto que pela razão, vive o ser humano constantemente a transgredir as leis de Deus, malgrado já conhecê-las. A observância dos princípios guiadores da vida induzem, inevitavelmente, à vivência dos mesmos, sem o que não haveria observância de fato.
Toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, sem o que não há salvação. No entanto, toda mensagem para ser vivida passa pelos seres responsáveis por vivê-la, assim como a água passa pelo vasilhame antes de ser sorvida. Sendo o vasilhame portador de impurezas, estas influenciarão no líquido, e é exatamente com o que ocorre nos ensinamentos de Jesus: puros e simples na sua plenitude, manchamos essa nobreza com as deficiências que nos são próprias.
De todas essas mazelas a nos inquietar a todo o momento, destacamos a questão do julgamento. Os dicionários assim definem a palavra julgar: “proceder como juiz; sentenciar”. Ao lançarmos um julgamento contra alguém, comportamo-nos como juízes, coisa que não somos. No dia a dia, em todos os locais, vemos os demasiados julgamentos e censuras feitas, sem qualquer compromisso com a verdade. Derrapamos num dos mais conhecidos ensinos do Cristo: “Não julgueis, a fim de não serdes julgados; porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; empregar-se-á convosco a mesma medida de que vos tenhais servido para com os outros”1. Erramos duplamente ao procedermos com essa postura. Primeiramente, por não sabermos se o objeto de nossa crítica é ou não real, pois até que ponto poderemos ter certeza de que estamos fazendo uma avaliação correta ou de que a informação ventilada não seja mentirosa? E, segundo, mesmo que seja verdade a informação, o erro está em quem o pratica e não será uma censura de nossa parte a corrigir; pelo contrário, somente agravará o quadro. É notória essa postura nos meios de comunicação, onde vivemos à mercê de informações e notícias veiculadas, sem nenhuma condição concreta de confirmar a veracidade dos fatos. Por essa razão, campeiam na imprensa casos de pessoas famosas que têm momentos de grande dor e sofrimento, com seus nomes despedaçados por denúncias e, mais tarde, em ocasiões fortuitas, ou após suas mortes, virem a público indivíduos afirmarem a falsidade e a tentativa de se aproveitar de um ser famoso, sem compromissos com a verdade, que deveria ser o único compromisso de nossa vida. Criaram denúncias em benefício comercial, financeiro, e conta com a complacência daqueles, como nós, que ingenuamente acreditamos e julgamos. Não é que devamos duvidar de tudo, mas não acreditar em tudo. E olhar as pessoas como irmãs, com bondade.
A verdadeira postura crítica é fruto de um amadurecimento emocional e não apenas intelectual. Não devemos compactuar com o mal, tampouco ser complacentes com o erro, mas é nosso dever analisar as ideias, pois são elas que movem o mundo. Allan Kardec, em sua imensa sabedoria, desenvolvia análises críticas muito bem elaboradas em seus memoráveis artigos, mas percebemos que jamais atacou, sob nenhuma forma, pessoas ou instituições. Pautava seus escritos no âmbito do pensamento, pois é dele que partem todos os atos humanos. Quando Jesus se encontrava na cruz, o povo deixou-se comportar como juiz. Censurou, criticou, condenou o quê? A massa reunida ali não sabia o que fazia. Era o simbolismo em alta escala de um comportamento habitual em menor escala. Ainda nas palavras de Jesus, com grande atualidade: “Como é que vedes um argueiro no olho do vosso irmão, quando não vedes uma trave no vosso olho?”2
É necessário olharmo-nos como irmãos. Nas tradições da História, são sempre admiráveis homens e mulheres que se entregaram a ideais nobres e trabalharam pelo bem da humanidade, mas, paradoxalmente, esses seres somente são reconhecidos depois que partem para a pátria espiritual através da morte. Enquanto estão entre nós não são entendidos e veem-se alvejados por muitos. Foi assim com os heróis do mundo, foi assim com Jesus. Foi assim com Allan Kardec. Bom seria se os homens os tivessem entendido enquanto estavam entre nós. E hoje todos reconhecem a grandeza desses dois faróis.
Em qualquer local, seja qual for a situação, a famosos ou anônimos, olhemo-nos com amor. Essa palavra resume tudo.
1 - KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. X, item 11. Brasília: FEB, 1944.
2 - KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. X, item 09. Brasília: FEB, 1944.
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