Nesta entrevista, ele nos relata a rica experiência proporcionada pela emissora, das dificuldades iniciais, das metas conquistadas e da grande expectativa em relação ao futuro.
Como nasceu a Rádio Boa Nova?
Esta história é tão bonita quanto a das Casas André Luiz e se funde com a aquisição da Rádio Clube de Sorocaba. Com a primeira emissora, percebemos o grande valor deste meio de comunicação para a divulgação da Doutrina Espírita. Então, começamos a procurar uma segunda emissora em vários lugares, até que soubemos que o Grupo Paulo Machado de Carvalho, antigas Emissoras Unidas, estava vendendo a Rádio Difusora Hora Certa de Guarulhos. Em 31 de maio de 1964, já com um pouco de experiência obtida com a rádio de Sorocaba, compramos esta emissora, sendo que em 1975 se deu a troca de nome para Rádio Boa Nova.
Quando e como iniciaram suas atividades na emissora?
Logo depois da alegria de termos adquirido essa emissora, os espíritos congratularam-se conosco. Assim como aconteceu com a Rádio Clube, nós precisávamos de alguém para dirigir a emissora. E a indicação, disseram, "recaiu sobre você, Osmar". Eu me surpreendi muito. Pedi tempo para pensar, e foi-me dado... cinco minutos!
Como foi tomar esta decisão?
Eu trabalhava há 19 anos em uma indústria alemã, e tinha um bom padrão de vida. Então, os espíritos disseram ser uma valiosa oportunidade para mim. Diante disso, aceitei. Pedi demissão da empresa. Logo no início, caí em depressão devido à mudança radical. Mas para nós naquela época, e ainda hoje se tivéssemos de renunciar, faria o mesmo pelo ideal, pela Casa e pela Causa e, por fim, pelo futuro promissor, que eu vi na rádio, para o Espiritismo. Entretanto, é difícil imaginar dirigir algo sem experiência. Exemplificando, nos meus primeiros dias na rádio, havia um jornal falado e quando o repórter não trazia notícias, eu utilizava a ajuda do "gilette-press’’, isto é, recortava notícias dos jornais impressos, para colocar no ar. Dirigia a emissora, buscava discos nas gravadoras, vendia publicidade, ia cobrar, fazia o caixa, emitia faturas à noite, substituía apresentadores... Era uma dedicação total. Em 1966, foi construído o prédio da administração das Casas André Luiz e o auditório Lísias. Foi quando nos mudamos. Quando íamos vender publicidade, a emissora, conhecida como religiosa, encontrava grandes dificuldades junto aos anunciantes e gravadoras que, levadas pelo preconceito, negavam-se, muitas vezes, a nos atender.
Enfim, era muito difícil o nosso trabalho.
Qual foi o aconselhamento proveniente dos Espíritos nesta ocasião?
Aceitar todas as nossas conquistas como verdadeiras. Os espíritos nos aconselhavam a prosseguir incansavelmente neste trabalho de radiodifusão, dizendo que fomos preparados no plano espiritual antes desta atual encarnação para a tarefa de difusão e do esclarecimento moral que não pudemos realizar antes. Eles pediram que fôssemos fortes, pois esta é a nossa luta, que devíamos dar exemplo aos que virão depois, para dar continuidade à obra que não é nossa, mas do Cristo, e sendo dele, ele enviará os trabalhadores e os recursos na hora certa.
O movimento espírita, à época, já participava da programação?
Bem poucas pessoas no movimento espírita tinham prática com radiodifusão. Os primeiros, iniciaram com a divulgação das obras de André Luiz, limitando-se a ler suas páginas, o que tornava os programas pouco atrativos.
A emissora também integrou-se às iniciativas do mundo artístico. Como foi isso?
A Boa Nova colaborou muito para o lançamento de artistas do mundo musical como Roberto Carlos, que fez vários shows beneficentes para as Casas André Luiz, e outros que doavam seus cachês, como Wanderléia, Agnaldo Rayol e os Vips.
Como foi o encontro com Chico Xavier?
Alguns conselheiros da Instituição queriam vender a rádio. As dificuldades econômicas eram enormes. E pensavam, não havia como sustentar as Casas e as Rádios. Tanto a Rádio Clube, como a Boa Nova, já tinham programações espíritas e eram tidas como emissoras com tendência religiosa. Desta maneira, muitos evitavam fazer publicidade na emissora. A viagem à Uberaba, foi a maneira do grupo aconselhar-se com Chico Xavier quanto ao rumo a se adotar. Diante do incentivo do Chico, prevaleceu o formato híbrido (espírita e leigo) até que nova situação surgisse. Daí, resolvemos transformar a emissora, tanto a Boa Nova quanto a Clube de Sorocaba, em fundação. Por que isto? Porque ao tornarem-se fundação, elas não poderiam mais ser vendidas, ao passo que enquanto permanecessem em nome de pessoas físicas, poderiam perfeitamente ser comercializadas. Desde 1979, quando surgiu esta idéia, passamos por várias contrariedades e só conseguimos viabilizar a Fundação em 1990. A partir deste momento, o grupo percebeu que era melhor dar à Rádio Boa Nova a finalidade primeira pela qual ela foi adquirida, ou seja, a de divulgar a Doutrina Espírita codificada por Kardec e cumprir com as recomendações dos Espíritos, de que o evangelho deveria penetrar pelos telhados.
Nestes anos em que estou aqui na direção da emissora, sinto-me realizado plenamente por tudo o que está sendo concretizado. (DA REDAÇÃO DA RÁDIO BOA NOVA)
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