Impostergável, nos cometimentos diários, o dever de estudar e aplicar as nobres lições do Espiritismo, no atual estágio da evolução do pensamento.
À medida que as luzes da Doutrina Espírita clarificam o entendimento humano, mais imperioso se torna o cultivo das informações que ressumam da Revelação, a fim de que a ignorância em torno dos problemas do espírito seja em definitivo combatida.
A responsabilidade dos que travaram contato com a Mensagem de Jesus, desvelada e atualizada pelos Espíritos, é muito grande, pois que àquele que usufrui a bênção do esclarecimento não se pode conceder a indulgência da leviandade, nem tampouco a reprochável conduta da indiferença em face das magnas questões que se agigantam em todo lugar.
Até hoje o egoísmo tem exercido sobre o espírito humano um soberano comando, O Espiritismo, preconizando o amor que liberta e a fraternidade que socorre, é o mais severo adversário desse sicário destruidor.
Todavia, para que o adepto do Espiritismo se integre realmente no espírito da Doutrina, exige-se-lhe aprofundamento intelectual no conteúdo da informação espírita, de modo a poder corporificá-la conscientemente no comportamento moral e social, na jornada diária.
Nesse sentido, há que fazer justa quão indispensável diferença entre o Espiritismo e o Movimento Espírita.
Vigem, em muitos setores da prática espiritista, normas e diretrizes ultrajantes à Mensagem de que Allan Kardec foi instrumento do Alto, seja por negligência de muitos dos seus membros, seja pela crassa ignorância daqueles que assumem responsabilidades definidas, ante os dispositivos abraçados, sem os necessários recursos culturais indispensáveis.
Ante a grandeza da Revelação, por estarem acostumados às limitações típicas das seitas do passado, ou porque ainda vinculados às superstições nefandas dos dias recuados, muitos pseudo-espíritas pretendem reduzir a grandeza imensurável do Espiritismo à estreiteza de uma nova seita, em cujo organismo grassem os erros derivados da incompetência e do abastardamento, de que o desconhecimento da Codificação se faz motivação poderosa.
O Movimento Espírita é o resultado do labor dos homens, enquanto o Espiritismo é a Doutrina dos Espíritos dirigida aos homens.
O Espiritismo, pois, não cessemos de repetir, é ciência de observação e investigação incessante. Tateamos agora as primeiras constatações, ante o infinito das realidades que ele busca, devassa e esclarece. Há, ainda e continuamente, infindo campo de informação a perquirir e constatar no eloqüente continente da vida espiritual.
Estudado, o Espiritismo dealba a antemanhã luminosa da humanidade do futuro, desde agora.
Como Filosofia, a sua escola de indagação não se limita às linhas clássicas da discussão, nem se empareda na estreiteza dos conceitos ultramontanos ou do debate limitado, porquanto estas não são as primeiras nem as últimas palavras das elucidações que faculta, nem dos esclarecimentos que oferta.
Religião da ciência, como ciência da filosofia, é, ao mesmo tempo, a filosofia da religião, e sua ética não se estratifica na moralidade das convenções transitórias, nem se resume a dogmas atentatórios à razão.
Com fundamentos na Revelação Moisaica, através do insubstituível código do Decálogo, sempre oportuno e novo em toda a sua elaboração — segurança para cada homem e arbítrio para todas as nações — abranda, com a excelsa beleza do Evangelho do Cristo, a aspereza severa das antigas leis de Talião, dando cumprimento às promessas dos Profetas e de Jesus.
Doutrina que acompanha o progresso do Conhecimento e estimula novas formas de averiguação e pesquisa, não se detém nas conquistas conseguidas, antes projeta para o mundo das causas as suas alocuções filosóficas, facultando empreendimentos mais audaciosos e profundos, tendo em vista o investimento homem — esse objetivo essencial da sua obstinada busca transcendental.
Convertê-lo em resíduo seitista é desfigurá-lo danosamente, ceifando os elevados objetivos a que se propõe. Mantê-lo em círculo de mediunismo desregrado, significa desconsiderá-lo no aspecto superior das suas realizações: o da pesquisa científica, por cujos roteiros a ciência e a fé se unirão na romagem para a vida e para Deus.
É verdade que se alastram formas primitivas de mediunismo em toda parte, merecendo esta questão mais cuidadoso exame, para melhor serem debeladas as nefastas conseqüências de tal fenômeno. E, por essa razão, maior deve ser o nosso empenho na sadia divulgação dos postulados espíritas, lavrados no estudo sistemático e constante do contexto doutrinário, para que o medicamento com que pretendemos amenizar ou erradicar os males morais da sociedade hodierna, não venha a produzir maiores danos, como resultado da sua má dosagem e aplicação.
A princípio, o Cristianismo foi eficiente remédio aplicado sobre as feridas do Paganismo. A indiscriminada e irracional utilização da Doutrina do Cristo, deformada nos seus pontos básicos, sobre as chagas sociais da época, produziu cânceres mais virulentos do que aqueles que visava a combater e de cujos danos ainda sofrem as comunidades modernas...
Fenômeno consentâneo pode ocorrer nestes dias com o Espiritismo... Sem dúvida, a Doutrina é irreversível e sadia. Todavia, a Boa Nova também o é. . .
Dilatam-se as referências espíritas no organismo social do momento; multiplicam-se as Casas Espíritas; há adesões em massa ao Espiritismo; surgem os primeiros sintomas de cultos espíritas; aparecem fartas concessões ao Espiritismo. . . Respeitando e considerando todas as formas de divulgação, não nos podemos furtar à conclusão de que a quantidade tem recebido maior valorização do que a qualidade, que deve manter o caráter específico de pureza que não podemos subestimar.
O movimento espírita cresce e se propaga, mas a Doutrina Espírita permanece ignorada, quando não adulterada em muitos dos seus postulados, ressalvadas as excelentes e incontáveis exceções.
O que se possa lucrar pela quantidade pode redundar em prejuízo na qualidade.
No que diz respeito ao capítulo das obsessões, aventureiros inescrupulosos se intrometem, inspirados por mentes desencarnadas afeiçoadas à lavoura da perturbação, fazendo que promovam espetáculos lamentáveis, nos quais a mediunidade se transforma em chaga espiritual, por cuja purulência exsudam as misérias pretéritas...
Alardeiam perseguições, esses malfazejos diretores de trabalhos, e, em nome do esclarecimento, apavoram os neófitos, fazendo que, pelo medo e através do desconhecimento do Espiritismo, se vinculem aos seus desafetos desencarnados, mediante a fixação mental ou ao pavor que os dominam, após as incursões inconscientes em misteres de tal monta.
O Espiritismo é doutrina de otimismo, de educação integral, de higiene mental e moral. É o retorno do Cristo ao atormentado homem do século ciclópico da Tecnologia, através dos seus emissários, renovando a Terra e multiplicando a esperança e a paz nas mentes e nos corações que Lhe permaneçam fiéis.
Nos redutos em que o estudo da Doutrina Espírita é considerado desnecessário, afirma-se que ele se faz adversário da cultura e, a pretexto de auxílio aos que sofrem, atenta-se contra a ciência médica, principalmente, reduzindo-o a superstição danosa e inconseqüente.
Destinado aos infelizes, estes não são apenas os que sofrem as dificuldades econômicas e são conhecidos como constituintes das c1asses humildes. A dor não se limita a questões de circunstância, tempo e lugar. Dessa maneira, não prescreve a ignorância, mas proscreve-a.
lmpostergável, portanto, o compromisso que temos, todos nós, desencarnados e encarnados, de estudar e divulgar o Espiritismo nas bases nobres com que no-lo apresentou Allan Kardec, a fim de que o Consolador, de que se faz instrumento, não apenas enxugue em nós os suores e as lágrimas, mas faça estancar, nas fontes do sofrimento, as causas de todas as aflições que produzem as lágrimas e os suores.
Nesta aferição de valores, para o elevado mister da divulgação espírita, oremos e vigiemos, conforme a recomendação do Mestre, para que nos desincumbamos a contento do cometimento aceito, dando conta da nossa responsabilidade, com o espírito tranqüilo e a mente pacificada.
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, na sessão da noite de 4-11-1970, no Centro Espirita “Caminho da Redenção”, em Salvador, Bahia).
( Extraído de http://www.oespiritismo.com.br )
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