quarta-feira, 11 de março de 2009

Entrevista com o Espirito da bela Atriz Marilyn Monroe


Caminhávamos, alguns amigos, admirando a paisagem do Wilshire Boulevard, em Hollywood, quando fizemos parada, ante a serenidade do “Memoriam Park Cemetery”, entre o nosso caminho e os jardins de Glendon Avenue.
A formosa mansão dos mortos mostrava grande movimentação de Espíritos libertos da experiência física, e entramos.
Tudo, no interior, tranqüilidade e alegria.
Os túmulos simples pareciam monumentos erguidos à paz, induzindo à oração.
Entre as árvores que a primavera pintara de verde novo, numerosas entidades iam e vinham, muitas delas escoradas umas nas outras, à feição de convalescentes, sustentadas por enfermeiros em pátio de hospital agradável e extenso.
Numa esquina que se alteava com o terreno, duas laranjeiras ornamentais guardavam o acesso para o interior de pequena construção que hospeda as cinzas de muitas personalidades que demandaram o Além, sob o apreço do mundo. A um canto, li a inscrição: “Marilyn Monroe – 1926-1962.” Surpreendido, perguntei a Clinton, um dos amigos que nos acompanhavam:
- Estão aqui os restos de Marilyn, a estrela do cinema, cuja história chegou até mesmo ao conhecimento de nós outros, os desencarnados de longo tempo no Mundo Espiritual?
- Sim – respondeu ele, e acentuou com expressão significativa: - não se detenha, porém, a tatear-lhe a legenda mortuária...Ela está viva e você pode encontrá-la, aqui e agora...
- Como?
O amigo indicou frondoso olmo chinês, cuja galharia compõe esmeraldino refúgio no largo recinto, e falou:
- Ei-la que descansa, decerto em visita de reconforto e reminiscência...
A poucos passos de nós, uma jovem desencarnada, mas ainda evidentemente enferma, repousava a cabeça loura no colo de simpática senhora que a tutelava. Marilyn Monroe, pois era ela, exibia a face desfigurada e os olhos tristes. Informados de que nos seria lícito abordá-la, para alguns momentos de conversa, aproximamo-nos, respeitosos.
Clinton fez a apresentação e aduzi:
- Sou um amigo do Brasil que deseja ouvi-la.
- Um brasileiro a procurar-me, depois da morte?
- Sim, e porque não? – acrescentei – a sua experiência pessoal interessa a milhões de pessoas no mundo inteiro...
E o diálogo prosseguiu:
- Uma experiência fracassada...
- Uma lição talvez.
- Em que lhe poderia ser útil?
- A sua vida influenciou muitas vidas e estimaríamos receber ainda que fosse um pequeno recado de sua parte para aqueles que lhe admiram os filmes e que lhe recordam no mundo a presença marcante ...
- Quem gostaria de acolher um grito de dor?
- A dor instrui...
- Fui mulher como tantas outras e não tive tempo e nem disposição para cogitar de filosofia.
- Mas fale mesmo assim...
- Bem, diga então às mulheres que não se iludam a respeito de beleza e fortuna, emancipação e sucesso...Isso dá popularidade e a popularidade é um trapézio no qual raras criaturas conseguem dar espetáculos de grandeza moral, incessantemente, no circo do cotidiano.
- Admite, desse modo, que a mulher deve permanecer no lar, de maneira exclusiva?
- Não tanto. O lar é uma instituição que pertence à responsabilidade tanto da mulher quanto do homem. Quero dizer que a mulher lutou durante séculos para obter a liberdade... Agora que a possui nas nações progressistas, é necessário aprender a controlá-la. A liberdade é um bem que reclama senso de administração, como acontece ao poder, ao dinheiro, à inteligência...
Pensei alguns momentos na fama daquela jovem que se apresentara à Terra inteira, dali mesmo, em Hollywood, e ajuntei:
- Miss Monroe, quando se refere à liberdade da mulher, você quer mencionar a liberdade do sexo?
- Especialmente.
- Porquê?
- Concorrendo sem qualquer obstáculo ao trabalho do homem, a mulher, de modo geral, se julga com direito a qualquer tipo de experiência e, com isso, na maioria das vezes, compromete as bases da vida. Agora que regressei à Espiritualidade, compreendo que a reencarnação é uma escola com muita dificuldade de funcionar para o bem; toda vez que a mulher foge à obrigação de amar, nos filhos, a edificação moral a que é chamada.
- Deseja dizer que o sexo...
- Pode ser comparado à porta da vida terrestre, canal de renascimento e renovação, capaz de ser guiado para a luz ou para as trevas, conforme o rumo que se lhe dê.
- Ser-lhe-ia possível clarear um pouco mais este assunto?
- Não tenho expressões para falar sobre isso com o esclarecimento necessário; no entanto, proponho-me a afirmar que o sexo é uma espécie de caminho sublime para a manifestação do amor criativo, no campo das formas físicas e na esfera das obras espirituais, e, se não for respeitado por uma sensata administração dos valores de que se constitui, vem a ser naturalmente tumultuado pelas inteligências animalizadas que ainda se encontram nos níveis mais baixos da evolução.
- Miss Monroe – considerei, encantado, em lhe ouvir os conceitos -, devo asseverar-lhe, não sem profunda estima por sua pessoa, que o suicídio não lhe alterou a lucidez.
- A tese do suicídio não é verdadeira como foi comentada – acentuou ela sorrindo. Os vivos falam acerca dos mortos o que lhes vem à cabeça, sem que os mortos lhes possam dar a resposta devida, ignorando que eles mesmos, os vivos, se encontrarão, mais tarde, diante desse mesmo problema... A desencarnação me alcançou através de tremendo processo obsessivo. Em verdade, na época, me achava sob profunda depressão. Desde menina, sofri altos e baixos, em matéria de sentimento, por não saber governar a minha liberdade...Depois de noites horríveis, nas quais me sentia desvairar, por falta de orientação e de fé, ingeri, quase semi-inconsciente, os elementos mortíferos que me expulsaram do corpo, na suposição de que tomava uma simples dose de pílulas mensageiras do sono...
- Conseguiu dormir na grande transição?
- De modo algum. Quando minha governanta bateu à porta do quarto, inquieta ao ver a luz acesa, acordei às súbitas da sonolência a que me confiara, sentindo-me duas pessoas a um só tempo... Gritei apavorada, sem saber, de imediato, identificar-me, porque lograva mover-me e falar, ao lado daquela outra forma, a vestimenta carnal que eu largara... Infelizmente para mim, o aposento abrigava alguns malfeitores desencarnados que, mais tarde, vim a saber, me dilapidavam as energias. Acompanhei, com indescritível angústia, o que se seguiu com o meu corpo inerme; entretanto, isso faz parte de um capítulo do meu sofrimento que lhe peço permissão para não relembrar...
- Ser-lhe-á possível explicar-nos porque terá experimentado essa agudeza de percepção, justamente no instante em que a morte, de modo comum, traz anestesia e repouso?
- Efetivamente, não tive a intenção de fugir da existência, mas, no fundo, estava incursa no suicídio indireto. Malbaratara minhas forças, em nome da arte, entregara-me a excessos que me arrasaram as oportunidades de elevação... Ultimamente fui informada por amigos daqui de que não me foi possível descansar, após a desencarnação, enquanto não me desvencilhei da influência perniciosa de Espíritos vampirizadores a cujos propósitos eu aderira, por falta de discernimento quanto às leis que regem o equilíbrio da alma.
- Compreendo que dispõe agora de valiosos conhecimentos, em torno da obsessão...
- Sim, creio hoje que a obsessão, entre as criaturas humanas, é um flagelo muito pior que o câncer. Peçamos a Deus que a ciência do mundo se decida a estudar-lhe os problemas e resolve-los...
A entrevistada mostrava sinais de fadiga e, pelos olhos da enfermeira que lhe guardava a cabeça no regaço amigo, percebi que não me cabia avançar.
- Miss Monroe – conclui -, foi um prazer para mim este encontro em Hollywood. Podemos, acaso, saber quais são, na atualidade, os seus planos para o futuro?
Ela emitiu novo sorriso, em que se misturavam a tristeza e a esperança, manteve silêncio por alguns instantes e afirmou;
- Na condição de doente, primeiro, quero melhorar-me... Em seguida, como aluna no educandário da vida, preciso repetir as lições e provas em que fali...Por agora, não devo e nem posso ter outro objetivo que não seja reencarnar, lutar, sofrer e reaprender.
Pronunciei algumas frases curtas de agradecimento e despedida e ela agitou a pequenina mão num gesto de adeus. Logo após, alinhavei estas notas, à guisa de reportagem, a fim de pensar nas bênçãos do Espiritismo Evangélico e na necessidade da sua divulgação. (IRMÃO X)
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Texto extraído do livro “Estante da vida” (Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira), autoria do Espírito Irmão X, psicografado por Francisco Cândido Xavier.


O dia que Marilyn não morreu - Acordei cedo naquela manhã. O calendário marcava dia 5 de agosto de 1962. Adolescente, já trabalhava para ajudar meus pais. Morávamos na Zona Leste de São Paulo, no então aprazível Parque São Jorge, próximo do Esporte Clube Corinthians Paulista – que minha mãe, torcedora do mosqueteiro, chamava carinhosamente de “o forte”. Sem constrangimento, eu, que já era são-paulino, freqüentava as piscinas do clube sem identificar minha preferência futebolística, convivendo pacificamente com o adversário... Acompanhado por meu pai, por volta das 5h30, embarquei naquele dia no lendário “Penha-Lapa”, um valente ônibus Mercedes-Benz que não se atemorizava com as multidões que o aguardavam impacientes nos pontos de parada da congestionada e esburacada avenida Celso Garcia. Uma hora depois, desembarcamos. Estávamos próximos da avenida da Luz, onde eu trabalhava no jornal “Última Hora”, propriedade do jornalista Samuel Wainer: “Meu filho, nunca se esqueça. A receita de um jornal de sucesso: estampar, na primeira página, futebol, política, polícia e... mulher!” Naquele ano, João Gilberto, Tom Jobim e Carlos Lyra eram aplaudidos em Nova York. A bossa-nova invadia os Estados Unidos pela porta da frente, o Carnegie Hall. O cinema exibia “O pagador de promessas”, “007 contra o satânico doutor No”, “Lawrence da Arábia” – entre outros filmes inesquecíveis que eu conseguia assistir graças aos ingressos presenteados por Ignácio de Loyola Brandão – colunista de cinema da UH, como era conhecida a “Última Hora” – hoje um escritor consagrado (meu favorito: seu livro “Zero”). A manhã estava fria, o tempo nublado. Seguindo meu pai, que caminhava decidido, pronto para me acompanhar até a porta do jornal, nos deparamos – antes de atravessar a avenida – com uma multidão rodeando a banca de jornais. Sem uma palavra, meu pai aproximou-se do expositor azul, onde se abriam as páginas principais da “Última Hora”. Letras garrafais anunciavam singelamente: “Marilyn Morreu”, em caixa-alta – letras de imprensa. “Não é possível”, pensei. “Tão jovem e tão linda...” Uma profunda tristeza tomou conta do meu coração. Ao lado do aparelho Emerson preto e branco – orgulho da minha família – quantas noites passei em sua companhia, assistindo seus filmes no “Cinema em Casa” da extinta TV Excelsior... Enquanto todos dormiam, eu ligava a televisão, o som quase inaudível, para admirar aquela mulher maravilhosa, sempre alegre, bem-humorada e... fascinante. Presença constante daquelas sessões de cinema para adultos. Qualquer barulho no quarto de meus pais era suficiente para que eu desligasse a TV e simulasse um sono profundo... Sonhos de um adolescente. Vez por outra, substituía Monroe por Brigitte Bardot – “E Deus criou a mulher”, “Babette vai à guerra” – mas não era a mesma coisa. Bardot era linda, mas Marilyn era uma deusa... Surpreendido com a notícia de sua morte, meu pai comentou: “Meu Deus, que tristeza, filho”. Ao lado da foto da atriz, o motivo de sua partida: uma excessiva dose de barbitúricos. Muitos anos mais tarde, depois de ler “Estante da vida”, um livro do Irmão X – do nosso querido Humberto de Campos, psicografado por Francisco Cândido Xavier – descobri que Marilyn estava viva, em algum lugar do outro mundo. Alegria maior foi comprovar que ela não havia cometido o suicídio, mas reconhecia ter sido vítima de “um tremendo processo obsessivo”. Se eu já admirava Humberto de Campos – antes de conhecer seu trabalho mediúnico, na leitura de tantos contos e crônicas que também povoaram minha adolescência – depois dessa reportagem de além-túmulo passei a considerá-lo um grande amigo. Obrigado, Humberto, por resgatar, com tanta dignidade, a memória de Marilyn Monroe. Obrigado por nos libertar dos mitos criados por nós mesmos para fugir de uma realidade que o Espiritismo nos ajudou a entender ser, justamente, o motivo da nossa encarnação... (AFONSO MOREIRA JR.)

AFONSO MOREIRA JR. é expositor e colaborador na "Federação Espírita do Estado de São Paulo", diretor responsável pelo "Grupo Espírita Geam", Rua Força Pública, 24 (Santana), São Paulo, SP. Telefone (11) 2221-4028, autor de obras paradidáticas e editor do Jornal dos Espíritos, e-mail redacao@jornaldosespiritos.com


Um comentário:

Anônimo disse...

Será que finalmente Marilyn reencarnou? será que seu espeírito está em paz? se esse encontro foi em 1969, já deve ter uma vida terrena agora. qual sua opinião sobre isso?
assinado: Marianne