Assunto de encarnação
Octávio Caúmo Serrano
Falava de reencarnação no nosso Centro quando me lembrei de uma conversa ocorrida lá por 1980.
Tínhamos uma casa de campo em Mairiporã, São Paulo, e um jovem senhor, nosso vizinho, ia de vez em quando nos visitar.
Certa vez confessou-nos que havia descoberto um centro espírita e que começara a participar dos trabalhos, parecendo-lhe algo muito interessante. Não me recordo se sabia que eu era espírita, mas o fato é que começamos a trocar informações.
Depois de algumas visitas convidou-me a ir à sua casa ver o viveiro de orquídeas. Uma beleza! Todavia, recomendou que não se falasse de Espiritismo com a esposa, protestante, que não aceitava tal doutrina. Respondi que não havia por que tocar no assunto.
Lá chegando, ela logo faz o seguinte comentário:
– Viu como anda o seu amigo? Agora descobriu umas mandingas e vive falando em reencarnação. Você acredita em reencarnação?
– Eu não, respondi.
Ela se sentiu aliviada, quando prossegui.
– Há uma coisa, porém, que eu não entendo.
– O que é?
– Você acredita em Deus?
– Claro.
– Que tipo de Deus?
– Um Deus justo e misericordioso. Pai de todos nós; boníssimo!
– Pois aí está a minha dúvida. Se Ele é bom e justo como você diz, por que faz uns bonitos e outros feios, uns que vivem muito e outros que morrem cedo, uns saudáveis e outros doentes, uns ricos e outros miseráveis, uns caridosos e outros tão malvados? Se Ele é tão bom deveria criar todo mundo para ser feliz, já que todos vamos viver só uma vez e depois tudo se acaba. Não lhe parece que seria mais justo?
Ela, uma mulher alta e imponente, fitou-me com profundidade no olhar e, intrigada, respondeu:
– Sabe que eu nunca tinha pensado nisso...
– Pois é! Eu também não, cara amiga. Mas creio que é hora de começarmos a pensar...
Ensinar, despertar e orientar são tarefas que não podem ser impostas a ferro e fogo. Tentar convencer alguém que esteja blindado para uma ideia é perda de tempo. Temos que fazer como Jesus fazia: perguntas ele respondia com outra pergunta, forçando o interlocutor a pensar.
No caso relatado, temos certeza de que não convencemos a nossa amiga. Mas que a enchemos de dúvidas temos certeza. E a dúvida é sempre o primeiro passo para se rever conceitos.
Fizemos uma pregação indireta sem criar problemas para o amigo, graças a Deus.
Octávio Caúmo Serrano
Falava de reencarnação no nosso Centro quando me lembrei de uma conversa ocorrida lá por 1980.
Tínhamos uma casa de campo em Mairiporã, São Paulo, e um jovem senhor, nosso vizinho, ia de vez em quando nos visitar.
Certa vez confessou-nos que havia descoberto um centro espírita e que começara a participar dos trabalhos, parecendo-lhe algo muito interessante. Não me recordo se sabia que eu era espírita, mas o fato é que começamos a trocar informações.
Depois de algumas visitas convidou-me a ir à sua casa ver o viveiro de orquídeas. Uma beleza! Todavia, recomendou que não se falasse de Espiritismo com a esposa, protestante, que não aceitava tal doutrina. Respondi que não havia por que tocar no assunto.
Lá chegando, ela logo faz o seguinte comentário:
– Viu como anda o seu amigo? Agora descobriu umas mandingas e vive falando em reencarnação. Você acredita em reencarnação?
– Eu não, respondi.
Ela se sentiu aliviada, quando prossegui.
– Há uma coisa, porém, que eu não entendo.
– O que é?
– Você acredita em Deus?
– Claro.
– Que tipo de Deus?
– Um Deus justo e misericordioso. Pai de todos nós; boníssimo!
– Pois aí está a minha dúvida. Se Ele é bom e justo como você diz, por que faz uns bonitos e outros feios, uns que vivem muito e outros que morrem cedo, uns saudáveis e outros doentes, uns ricos e outros miseráveis, uns caridosos e outros tão malvados? Se Ele é tão bom deveria criar todo mundo para ser feliz, já que todos vamos viver só uma vez e depois tudo se acaba. Não lhe parece que seria mais justo?
Ela, uma mulher alta e imponente, fitou-me com profundidade no olhar e, intrigada, respondeu:
– Sabe que eu nunca tinha pensado nisso...
– Pois é! Eu também não, cara amiga. Mas creio que é hora de começarmos a pensar...
Ensinar, despertar e orientar são tarefas que não podem ser impostas a ferro e fogo. Tentar convencer alguém que esteja blindado para uma ideia é perda de tempo. Temos que fazer como Jesus fazia: perguntas ele respondia com outra pergunta, forçando o interlocutor a pensar.
No caso relatado, temos certeza de que não convencemos a nossa amiga. Mas que a enchemos de dúvidas temos certeza. E a dúvida é sempre o primeiro passo para se rever conceitos.
Fizemos uma pregação indireta sem criar problemas para o amigo, graças a Deus.
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