Laços de família Lucy Dias Ramos
Estaria o instituto da família em decadência?
As crises sem precedentes com reflexos profundos na sociedade e particularmente na estrutura familiar, marcam o rompimento dos laços de família?
Analisando estas questões, na visão espírita, cheguei a conclusão que a família jamais deixará de ser a base da sociedade mesmo que sofra modificações e adaptações aos avanços sociais. Mesmo assim deverá ser norteada por regras morais que serão inerentes a cada grupo familiar e à cultura de cada povo.
Se buscarmos na história das civilizações a evolução da sociedade e da família, iremos encontrar a decadência dos conceitos rígidos e hipócritas que norteavam o relacionamento no grupo familiar, com pais ditadores, mães e filhas sendo tratadas como objetos, filhos relegados a um plano inferior, dando lugar ao respeito mútuo, a liberdade e responsabilidade de todos ante os deveres do lar, surgindo uma nova ética mais bem estruturada nos valores reais que todos os seres vão adquirindo na linha do progresso espiritual.
Ainda existem, infelizmente, culturas que estão arraigadas em costumes inadequados aos tempos modernos, mas mesmo estas estão sofrendo abalos em suas bases, pela informatização e meios de comunicação cada vez mais amplos.
A constituição do núcleo familiar está ligada ao processo de crescimento moral do ser humano. Assim como os liames sociais induzem ao progresso, os laços de família respondem pela base da sociedade, funcionando como uma estrutura que dá respaldo às leis sociais. Por ser a lei de progresso uma lei natural, acreditamos que a família vencerá a crise moral que se abate sobre os costumes e comportamentos do ser humano, saindo mais forte e bem estruturada, com definições mais amplas dos direitos e deveres de cada membro do grupo familiar.
Na questão 774 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec indaga:
“Há pessoas que deduzem, do fato de os animais abandonarem suas crias, que os laços de família entre os homens resultam apenas dos costumes sociais e não de uma lei da Natureza. Que devemos pensar disto?”
R.- O destino dos homens é diferente do dos animais. Por que, então, querer sempre identificá-los? Há no homem alguma coisa mais além das necessidades físicas: a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família tornam mais apertados os laços sociais: eis porque os laços de família são uma lei da Natureza. Quis Deus, dessa forma, que os homens aprendessem a amar-se como irmãos.” (1)
Modernamente a sociologia da família e a psicologia social, enfatizam a importância do lar na organização social, bem como na formação moral dos indivíduos, assim os dizeres dos Espíritos Superiores em resposta à Allan Kardec, são coerentes com o pensamento atual da psicologia educacional, que coloca a família como a base da preparação da vida social. “Os laços de família resumem os laços sociais”, respondem os Espíritos em concordância com o pensamento atual dos que defendem a família como a célula básica da sociedade.
Estamos vivendo um período de grandes avanços científicos e tecnológicos. Infelizmente o progresso moral não está acompanhando o crescimento intelectual. Os sentimentos nobres não conseguiram, ainda, sobrepor ao avanço do egoísmo com que muitos crescem materialmente. Falta-nos o desenvolvimento intelecto-moral, que segundo Allan Kardec será o propulsor da linha de evolução humana.
Analisando as civilizações do passado, que também tiveram um grande avanço material, mas que fracassaram espiritualmente, compreendemos que o comportamento dos homens, que sobreviverem aos desmandos e às crises atuais, serão alterados através de novos códigos morais, mais adequados à modernidade.
A família, portanto, não está em decadência, graças a Deus. O que está sendo mudado é o conceito de família, abolindo os velhos padrões impostos, para dar lugar a uma convivência familiar onde o amor e a compreensão estão tornando as estruturas mais sólidas e verdadeiras, capazes de enfrentar as crises sociais do mundo atual.
É no lar, alicerçado no amor, que iremos encontrar a primeira escola de nossas almas, facilitando nossa atuação no mundo a que fomos chamados para evoluir, resgatar velhos débitos e treinar o relacionamento em sua primeira fase para, depois, ampliar nossa convivência nos diversos setores de trabalho, de estudo e preparação profissional, usando nosso tempo na construção de um mundo melhor.
“O grupo familiar é santuário de renovação coletiva, onde todos os membros se encontram para crescer juntos, reconciliar-se, aprender a servir e ampliar a capacidade de amar. (...) Reunidos novamente, devem-se ajudar no processo de libertação em que se encontram comprometidos.” (2)
Vamos compreendendo, à luz da Doutrina Espírita, que o lar é nosso primeiro estágio, neste aprendizado sublime que é a vida de relação, propiciando-nos meios para enfrentar as lutas e as responsabilidades com que iremos enriquecer nossos espíritos nos momentos de testemunho e na busca crescente do conhecimento e da paz que tanto almejamos.
Embora alguns indivíduos acreditem que a família está destinada a desaparecer um dia e que os valores morais estão, cada vez, mais decadentes, uma visão mais realista e humana nos leva a acreditar que jamais seremos relegados ao abandono, vitimados pelo egoísmo e pela volta à barbárie, já que o Bem será sempre o vencedor na luta contra a licenciosidade e à degradação moral.
Mesmo analisando a evolução social, encontramos o respaldo necessário a acreditar que nosso progresso está alicerçado em bases morais sólidas e indestrutíveis.
“Embora haja o bem social, o de natureza legal, aquele que muda de conceito conforme os valores éticos estabelecidos geográfica ou genericamente, paira, soberano, o Bem transcendental, que o tempo não altera, as situações políticas não modificam, as circunstâncias não confundem. É aquele que, não obstante, muitas vezes, anestesiem-no, permanece e se impõe oportunamente, convidando o infrator à recomposição do equilíbrio, ao refazimento da ação.” (3)
(...)Eis porque o ser tem a tendência inevitável de buscar o amor...”(4)
“Qual seria para a sociedade o relaxamento dos laços de família?
R- Uma recrudescência do egoísmo.”(5)
E não há como resistir ao chamamento do amor...
1- KARDEC, O Livro dos Espíritos. Edição do Sesquicentenário. 2006.FEB. Rio de Janeiro. Questão 774, p. 470.
2- FRANCO, Divaldo P. Manoel Philomeno de Miranda. Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. LEAL. Salvador, 2008. P. 10 e 11.
3- _____________________Joanna de Ângelis. Amor, Imbatível Amor. LEAL, Salvador. 1998. P. 62.
4- Ibid id – P. 63.
5- Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 775.
Estaria o instituto da família em decadência?
As crises sem precedentes com reflexos profundos na sociedade e particularmente na estrutura familiar, marcam o rompimento dos laços de família?
Analisando estas questões, na visão espírita, cheguei a conclusão que a família jamais deixará de ser a base da sociedade mesmo que sofra modificações e adaptações aos avanços sociais. Mesmo assim deverá ser norteada por regras morais que serão inerentes a cada grupo familiar e à cultura de cada povo.
Se buscarmos na história das civilizações a evolução da sociedade e da família, iremos encontrar a decadência dos conceitos rígidos e hipócritas que norteavam o relacionamento no grupo familiar, com pais ditadores, mães e filhas sendo tratadas como objetos, filhos relegados a um plano inferior, dando lugar ao respeito mútuo, a liberdade e responsabilidade de todos ante os deveres do lar, surgindo uma nova ética mais bem estruturada nos valores reais que todos os seres vão adquirindo na linha do progresso espiritual.
Ainda existem, infelizmente, culturas que estão arraigadas em costumes inadequados aos tempos modernos, mas mesmo estas estão sofrendo abalos em suas bases, pela informatização e meios de comunicação cada vez mais amplos.
A constituição do núcleo familiar está ligada ao processo de crescimento moral do ser humano. Assim como os liames sociais induzem ao progresso, os laços de família respondem pela base da sociedade, funcionando como uma estrutura que dá respaldo às leis sociais. Por ser a lei de progresso uma lei natural, acreditamos que a família vencerá a crise moral que se abate sobre os costumes e comportamentos do ser humano, saindo mais forte e bem estruturada, com definições mais amplas dos direitos e deveres de cada membro do grupo familiar.
Na questão 774 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec indaga:
“Há pessoas que deduzem, do fato de os animais abandonarem suas crias, que os laços de família entre os homens resultam apenas dos costumes sociais e não de uma lei da Natureza. Que devemos pensar disto?”
R.- O destino dos homens é diferente do dos animais. Por que, então, querer sempre identificá-los? Há no homem alguma coisa mais além das necessidades físicas: a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família tornam mais apertados os laços sociais: eis porque os laços de família são uma lei da Natureza. Quis Deus, dessa forma, que os homens aprendessem a amar-se como irmãos.” (1)
Modernamente a sociologia da família e a psicologia social, enfatizam a importância do lar na organização social, bem como na formação moral dos indivíduos, assim os dizeres dos Espíritos Superiores em resposta à Allan Kardec, são coerentes com o pensamento atual da psicologia educacional, que coloca a família como a base da preparação da vida social. “Os laços de família resumem os laços sociais”, respondem os Espíritos em concordância com o pensamento atual dos que defendem a família como a célula básica da sociedade.
Estamos vivendo um período de grandes avanços científicos e tecnológicos. Infelizmente o progresso moral não está acompanhando o crescimento intelectual. Os sentimentos nobres não conseguiram, ainda, sobrepor ao avanço do egoísmo com que muitos crescem materialmente. Falta-nos o desenvolvimento intelecto-moral, que segundo Allan Kardec será o propulsor da linha de evolução humana.
Analisando as civilizações do passado, que também tiveram um grande avanço material, mas que fracassaram espiritualmente, compreendemos que o comportamento dos homens, que sobreviverem aos desmandos e às crises atuais, serão alterados através de novos códigos morais, mais adequados à modernidade.
A família, portanto, não está em decadência, graças a Deus. O que está sendo mudado é o conceito de família, abolindo os velhos padrões impostos, para dar lugar a uma convivência familiar onde o amor e a compreensão estão tornando as estruturas mais sólidas e verdadeiras, capazes de enfrentar as crises sociais do mundo atual.
É no lar, alicerçado no amor, que iremos encontrar a primeira escola de nossas almas, facilitando nossa atuação no mundo a que fomos chamados para evoluir, resgatar velhos débitos e treinar o relacionamento em sua primeira fase para, depois, ampliar nossa convivência nos diversos setores de trabalho, de estudo e preparação profissional, usando nosso tempo na construção de um mundo melhor.
“O grupo familiar é santuário de renovação coletiva, onde todos os membros se encontram para crescer juntos, reconciliar-se, aprender a servir e ampliar a capacidade de amar. (...) Reunidos novamente, devem-se ajudar no processo de libertação em que se encontram comprometidos.” (2)
Vamos compreendendo, à luz da Doutrina Espírita, que o lar é nosso primeiro estágio, neste aprendizado sublime que é a vida de relação, propiciando-nos meios para enfrentar as lutas e as responsabilidades com que iremos enriquecer nossos espíritos nos momentos de testemunho e na busca crescente do conhecimento e da paz que tanto almejamos.
Embora alguns indivíduos acreditem que a família está destinada a desaparecer um dia e que os valores morais estão, cada vez, mais decadentes, uma visão mais realista e humana nos leva a acreditar que jamais seremos relegados ao abandono, vitimados pelo egoísmo e pela volta à barbárie, já que o Bem será sempre o vencedor na luta contra a licenciosidade e à degradação moral.
Mesmo analisando a evolução social, encontramos o respaldo necessário a acreditar que nosso progresso está alicerçado em bases morais sólidas e indestrutíveis.
“Embora haja o bem social, o de natureza legal, aquele que muda de conceito conforme os valores éticos estabelecidos geográfica ou genericamente, paira, soberano, o Bem transcendental, que o tempo não altera, as situações políticas não modificam, as circunstâncias não confundem. É aquele que, não obstante, muitas vezes, anestesiem-no, permanece e se impõe oportunamente, convidando o infrator à recomposição do equilíbrio, ao refazimento da ação.” (3)
(...)Eis porque o ser tem a tendência inevitável de buscar o amor...”(4)
“Qual seria para a sociedade o relaxamento dos laços de família?
R- Uma recrudescência do egoísmo.”(5)
E não há como resistir ao chamamento do amor...
1- KARDEC, O Livro dos Espíritos. Edição do Sesquicentenário. 2006.FEB. Rio de Janeiro. Questão 774, p. 470.
2- FRANCO, Divaldo P. Manoel Philomeno de Miranda. Transtornos Psiquiátricos e Obsessivos. LEAL. Salvador, 2008. P. 10 e 11.
3- _____________________Joanna de Ângelis. Amor, Imbatível Amor. LEAL, Salvador. 1998. P. 62.
4- Ibid id – P. 63.
5- Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, questão 775.
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