quinta-feira, 13 de agosto de 2009

FRANCISCO DE ASSIS, IRMÃO SOL...

Quando chegaste à Terra, a noite medieval espalhava o terror, mantendo a ignorância em predomínio de que se locupletavam os poderosos para esmagar os camponeses e os citadinos pobres.

Havia superstição e medo em toda parte, caminhando a humanidade sob o estigma do pecado e do vício que eram punidos com impiedade. Tu chegaste e apresentaste a Verdade, que nunca mais deixou de iluminar a sociedade. Existiam a perversidade sem disfarce e a discriminação de todo tipo, havendo-se tornado o homem o lobo do homem, assim ficando desprezível. Na tua simplicidade santa cantasse o hino de louvor a todas as criaturas, chamando-as docemente de irmãs.

Permanecia epidêmico o ódio, que espalhava o bafio pestilento das guerras intérminas, deixando os campos juncados de cadáveres que apodreciam a céu aberto... Tua voz, suave e meiga, entoou, então o canto da paz, e te fizeste o símbolo da verdadeira fraternidade que um dia se estenderá por toda a Terra.

As epidemias dizimavam os seres humanos, reduzidos a hilotas do destino insano, dentro da terrível fatalidade do sofrimento sem termo. A fé religiosa com a sua pompa extravagante amparava-se nos fortes e os ajudava a perseguir e malsinar os fracos, mas tu tiveste a coragem de despir-te das sedas e brocados do teu pai, desnudando-te, para nascer novamente, dedicando-te, a partir daquele momento, aos leprosos de Rivotorto...

No início do teu ministério, quando se aproximaram os primeiros servidores do Amor, riscaste no chão uma cruz e enviaste-os aos quatro pontos cardeais do mundo, para que todos conhecessem o Sol de Primeira Grandeza. Enquanto Ele os houvera enviado dois a dois, tiveste a coragem de os encaminhar a sós, porque sabias que Ele seria o companheiro inseparável daqueles abençoados heróis do amor em todos os seus momentos.

Num período em que a fé religiosa inspirava pavor, aqueles que se consideravam representantes de Deus no mundo, distanciando-se cada vez mais das ovelhas que deveriam pastorear, tomaste a vestimenta de ovelha branda e reuniste aquelas desgarradas, formando um novo rebanho... Nos teus dias, e mesmo um pouco depois, ninguém te resistia a presença, a voz, a vibração de inefável amor... Nem mesmo o lobo feroz de Gúbio ou as andorinhas gárrulas, que te perturbavam a canção de amor, quando cantava aos ouvidos atentos dos sofredores no altar da Natureza, fazendo-as calar-se.

No forte verão, quando tinhas a vista queimada pelo ferro em brasa e estavas ao ar livre, percebeste pelo zumbido das abelhas que lhes faltavam pólen e flores para fabricar mel. Não trepidaste em solicitar à tua irmã Clara que providenciasse do monastério o alimento para aquelas irmãzinhas laboriosas... Quem se atreveu a comportar-se dessa forma, depois dEle, a quem tanto amaste, a ponto de imitá-Lo em todos os teus momentos, a partir do instante em que Ele te chamou para a reedificação da sua sociedade, vivendo uma insuperável noite de terror e de incertezas, necessita de ti com muita urgência.

Nunca houve tanta carência de amor quanto agora, por isso, o teu canto virá diminuir a angústia que se transformou em patética afligente na Terra sofredora. Há, sem dúvida, grandezas que defluem da ciência e da tecnologia, mas a solidão, a ansiedade, o medo e as incertezas, todos eles filhos do materialismo insensível produzem o vazio existencial, os transtornos psicológicos graves, as doenças psicossomáticas, a loucura pelas drogas, pelo alcoolismo, pelo tabaco, pelo sexo desvairado, levando suas vítimas à fuga pelo suicídio injustificável.

Volta, Irmão Francisco, para novamente reunir as tuas criaturas, todas elas à tua volta como fizeste naqueles dias já recuados, conduzindo-as a Jesus. Novamente convoca os teus irmãos Leão, Rufino, Chapéu, assim como aqueloutros que contigo construíram o mundo que te escuta há oitocentos anos, mas não tem coragem hoje de seguir-te os passos. Quantos te abandonaram após a tua volta ao Grande Lar?! Ainda escutamos o silêncio da deserção deles na turbulência das atrações de onde haviam saído e para onde retornaram com avidez... Eles estão novamente, na Terra, aturdidos, saudosos, aguardando a tua voz que conhecem e não conseguem esquecer. A tua Assis querida agora está ampliada além das muralhas em que se resguardava, e a sociedade em agonia deseja pertencer-lhe à cidadania.

Há música no ar, silêncio nos corações e lágrimas nos olhos de quase todas as criaturas destes dias de inquietações e de incertezas. Em decorrência, há uma grande expectação denunciando a espera... Volta, por favor, Irmão Alegria, a fim de que a tristeza do desamor bata em retirada e uma primavera de bençãos tome conta de tudo. O céu azul que te agasalhou e os campos verdes com lavanda perfumada que os teus pés feridos pisavam, continuam aguardando-te. Há multidões que te vêm louvar, bulhentas e festivas, mas indiferentes ao teu chamado, sem valor para te seguir.

Canta, então, novamente, a tua oração simples com que nos brindaste naqueles dias inesquecíveis, e onde houver desespero faze que se manifestem a paz e a esperança, e ante a ameaça da morte iminente, o ser ressurja em júbilos ante as certezas da ressurreição, porque é morrendo que se vive para sempre.

Irmão Sol, a grande noite moral da atualidade te aguarda ansiosa!

Joanna De Ângelis, mensagem psicografada por Divaldo Pereira Franco na tarde do dia 03 de junho de 2009, junto ao túmulo de S. Francisco, ao lado de diversos amigos, em Assis, Itália.

Fonte: Revista Presença Espírita - Jornada Doutrinária 2009.


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