A divulgação da Doutrina Espírita encontrou nos últimos
anos um grande aliado no meio acadêmico. Mesmo que incipiente, a produção de pesquisas científicas sobre a existência e sobrevivência do Espírito cresce em várias regiões do Brasil. Quem já se dedicou a quantificar essa produção, como é o caso do economista e pesquisador espírita Marco
Antonio Figueiredo Milani Filho, descobriu, por exemplo, que a maior concentração de teses sobre esse tema está em São Paulo, e em áreas relacionadas
às ciências sociais. Na pós-graduação, os cursos que mais produzem teses e dissertações sobre o Espiritismo, são os de Ciências da Religião,
História, Antropologia e Educação.
Em um levantamento que Milani fez sobre a produção
acadêmica no período de 1989 a 2006 no Brasil, foram identificados 51 trabalhos com temática
espírita, sendo 40 dissertações e 11 teses. Desse
total, 48% foram apresentadas em universidade
paulistas, 18% em instituições mineiras e 14% em instituições fluminenses. Os 20% restante da produção estavam distribuídos por outras regiões. A Universidade de São Paulo – USP foi a maior produtora de trabalhos dessa natureza, representando
20% do total. Os trabalhos estavam vinculados,
principalmente, aos programas de Ciências da Religião (16%), História (14%), Educação (12%) e Antropologia (10%). As categorias mais frequentes foram ações sociais (16%), obras psicografadas (16%) e princípios doutrinários (16%).
Para Milani, o crescimento de temas relacionados ao Espiritismo no meio acadêmico, se deve mais a iniciativas individuais de espíritas e não-espíritas, do que à existência de um programa de pesquisa espírita. Mesmo assim, ele considera que os trabalhos
voltados para a constatação da existência e sobrevivência do Espírito oferecem contribuições significativas para o desenvolvimento da ciência e para a compreensão racional desses fenômenos.
“O importante não é o fato de rotular a pesquisa de espírita, mas a qualidade e o rigor metodológico do estudo. Destaco como significativas as investigações
sobre a reencarnação e a comunicação mediúnica, as quais são realizadas por alguns pesquisadores
do mundo inteiro e a maioria deles não é espírita”, afirma.
Em sua opinião, no Brasil ainda se estuda mais a sanidade do médium do que propriamente o fenômeno
mediúnico. Ele explica que a diferença é sutil, mas relevante, pois muitas investigações do primeiro tipo nem consideram a mediunidade como um fato real. Milani acrescenta que é muito mais fácil analisar alguém que se diz médium do que se investigar (comprovar ou negar) o fenômeno mediúnico.
“É sobre esse fenômeno que deveríamos ter mais pesquisas. Com relação às análises sobre a sanidade
do médium, não consideraria isso uma questão
de preconceito, mas apenas de curiosidade científica. Aliás, a maioria das pesquisas sobre a saúde mental dos médiuns apontou que eles não apresentavam distúrbios ou transtornos, o que é muito bom!”, afirma.
O pesquisador lembra que a Doutrina Espírita nasceu
e se propagou num ambiente intelectualizado. Kardec era um cientista e fez questão de priorizar o rigor metodológico, no processo de organização do conhecimento espírita. Além disso, pesquisadores como Charles Richet, Ernesto Bozzano, Gabriel Delanne, Alexandre Aksakof e Albert de Rochas, dentre muitos outros, são exemplos claros de que sempre houve o interesse de cientistas sobre os fenômenos espirituais. No seu entender, isso não quer dizer que o Espiritismo seja elitista. Ao contrário,
ele oferece elementos racionais para que todos possam compreender a realidade de maneira objetiva e sem misticismo.
“Dessa forma, clareza, fundamentação e objetividade
são as forças do Espiritismo que atraem pessoas sérias e comprometidas com a busca da verdade. Além disso, a pesquisa científica é uma alavanca do conhecimento. Os princípios doutrinários
devem ser expostos e testados para comprovar
a sua solidez. Quanto mais se conhece sobre a realidade espiritual, mais se divulga o corpo teórico espírita”, conclui.
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