Ângelo é o protagonista de “Não se Pode Viver Sem Amor”, o último filme exibido na competição do Cine PE. No longa, ele vive Pedro, professor que é confrontado com vários acontecimentos importantes e simultâneos em sua vida, como a morte do pai e o encontro inesperado com uma moça e um menino que vêm do interior.
Como em “Chico Xavier”, o filme é permeado de eventos sobrenaturais, mas desta vez não é o personagem de Ângelo que vive essas experiências. “O Jorge Durán é um diretor intuitivo que traz essa dimensão mágica pro cotidiano. Ele deixava a história conduzir o seu trabalho”, diz ele, em entrevista exclusiva ao UOL Cinema.
Mesmo sendo um ator global conhecido há quase 20 anos, Ângelo viu o seu assédio aumentar (e mudar) com “Chico Xavier”, que já soma mais de 2,5 milhões de espectadores e é o terceiro filme mais visto nos cinemas brasileiros neste ano. “É impressionante como o cinema chega às pessoas. Muitos espíritas vêm falar comigo, mas não só eles. Aqui no Recife, até o cara que vende coco veio me cumprimentar e falar do filme. E uma mulher começou a contar todos os sofrimentos da vida dela. Fiquei lá ouvindo um bom tempo e percebi que ela estava falando com o Chico de certa forma”, conta ele, rindo.
Católico de formação, hoje ele não pratica nenhuma religião. “O que me interessa é a espiritualidade. Interpretar o Chico foi uma possibilidade de trilhar esse caminho. Desde os meus tempos de estudante de teatro com o Antunes Filho, também me interessei pelo conceito do zen e os preceitos do budismo”.
Para viver o grande médium mineiro no cinema, ele preferiu não ler nenhum dos mais de 400 livros psicografados por Chico, e sim os livros que ele costumava ler, como “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, além de diários escritos por pessoas que conviveram com ele na cidade natal de Pedro Leopoldo e em Uberaba (MG).
Ângelo conheceu Daniel Filho, diretor de “Chico”, em 1997 na Globo, quando fez uma participação na série “A Justiceira”. “O Daniel me disse uma vez: ‘Você é um ator de cinema’. E nunca me explicou o que queria dizer com isso”.
Recém-saído de “Cama de Gato”, ele ainda não sabe qual será sua próxima novela na Globo. Mas seu futuro no cinema já está garantido com mais três filmes. Ele vive um pajé em “Amazônia Caruana”, de Tizuka Yamazaki; encena depoimentos de casais reais em “Amor?”, de João Jardim; e faz uma participação especial em “À Beira do Caminho”, novo filme do diretor de “Dois Filhos de Francisco”, Breno Silveira.
"Não Se Pode Viver Sem Amor"
A noite de ontem foi marcada por um filme no mínimo estranho que desagradou grande parte dos jornalistas. “Não Se Pode Viver Sem Amor” é o terceiro longa de Jorge Durán, chileno radicado no Brasil que fez há pouco tempo o sensível “É Proibido Proibir”, com Maria Flor e Caio Blat.
No novo filme, um menino sensitivo e sua mãe de criação (Simone Spoladore) saem do interior e chegam ao Rio em busca do pai do menino. Em paralelo, um professor (Ângelo Antônio) vive uma crise no casamento e busca conforto no pai (Rogério Fróes). Numa terceira história, um advogado desempregado que não consegue passar em concursos públicos (Cauã Reymond) resolve assaltar para poder bancar a mulher que ama, uma dançarina (a excelente Fabíola Nascimento, de “Estômago”).
Por obra do acaso e da obstinação do menino sensitivo, cuja força de vontade pode fazer até chover, esses personagens vão se encontrar de forma completamente imprevisível, mas ligados pela necessidade de afeto expressa no título.
Ainda que um pouco quadrado na direção, Durán faz um filme corajoso, que não tem medo de incorporar elementos de sobrenatural para mostrar como as pessoas carentes buscam reconstruir uma família. Será mais que merecido se levar algum prêmio importante na premiação deste domingo à noite.
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